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Já passava da meia-noite, quando duas silhuetas entraram em Iwagakure. Rapidamente se dirigiram para a grande clareira, perto do portão. Ao chegarem lá, repararam nas duas árvores completamente ardidas, e em manchas de sangue, já seco, perto duma delas.
- Foi aqui – concluiu um deles, numa voz profunda.
- Ainda não percebi como é que o nosso irmão se deixou matar por uma criança. – respondeu o outro, profundamente irritado.
- Esquece lá isso e vamos procurar o rapaz.
E dizendo isto, partiram rumo à cidade, deixando atrás de si um rasto de medo.
Já de manhã, a alguns quilómetros da clareira, Ken acordou sobressaltado. Um pesadelo. Nada mais. Olhou para o relógio e viu que ainda era muito cedo. Seis da manhã… Mas ele não tinha sono. Levantou-se, atirando os lençóis e vestiu-se num ápice. Desceu para tomar o pequeno-almoço e reparou que o seu irmão já estava acordado. Devia estar acordado há muito tempo, visto que estava fresco que nem uma alface. Ainda estava chateado com Kiho, por causa dele o ter magoado no treino. Este já tinha reparado que Ken andava distante, mas ainda não tinha comentado nada com ele. Quando viu que Ken não lhe tinha cumprimentado, achou que era altura de o abordar.
-Ken, tenho reparado que tu agora não me diriges a palavra… - começou ele, escolhendo as palavras cuidadosamente – Queres partilhar comigo o que te preocupa?
-Vá lá Kiho. Poupa-me. Não te armes em psicólogo. Tu sabes muito bem o que me preocupa – retorquiu Ken, por sua vez irritado.
Kiho não aguentou mais, agarrou Ken pelos colarinhos e encostou-o à parede.
-Ouve lá, puto! Aposto que já sei o que te preocupa. Perguntas-te porquê que te magoei no treino de anteontem. Pois bem, eu quero-te preparado para seres shinobi. Está claro que, visto que te tornas-te Gennin, os treinos vão passar a ser mais difíceis.
-Está bem, mas escusavas de me ter magoado tanto. Estou cheio de marcas.
Ken soltou-se do irmão e saiu porta fora. Estava a chover, mas Ken pouco se importou. Dirigiu-se para uma taberna um pouco suja que pertencia a Goro. Este odiava os Yamada. Ken sabia-o e só entrava na taberna para poder arranjar problemas. Mas Goro nesse dia não o estava a tentar expulsar. Aliás, não parava de lhe oferecer bebidas, fazendo perguntas sobre o incidente na clareira, há cinco dias atrás. Claro que a notícia se tinha espalhado rapidamente por Iwa, pela boca de Ken. Este, está claro, não tinha dito a ninguém que quem matara o estranho tinha sido o seu irmão. Duas horas depois voltou a casa. Mal entrou, viu que havia qualquer coisa de estranho. O seu irmão tinha um ar preocupado e mal Ken fechou a porta atrás de si, Kiho foi a correr ter com ele, falando atabalhoadamente. Ken, passou por ele, frio e altivo, dirigindo-se às escadas. Já quando estava no cimo destas, é que Kiho disse uma coisa que deixou Ken aterrado:
-Podes ignorar-me, mas andam dois Jounins à tua procura. Provavelmente são irmãos do estranho que eu matei.
Ken voltou a sair de casa e começou a correr. Foi então que os viu. Os dois estranhos a entrar na taberna de Goro. Esta já tinha fechado. Ken continuou a fitar a porta da taberna, até que decidiu tentar ouvir a conversa. Entreabriu a porta e ouviu claramente Goro a descrevê-lo com todos os ínfimos detalhes. Disse também a localização de sua casa. Ken estava deveras assustado, visto que estes dois pareciam muito mais fortes que o outro. Acobardou-se e fugiu. Quando chegou à clareira, tropeçou e caiu redondamente no chão. Sentia o sabor a sangue na sua boca. Os seus olhos pesavam uma tonelada depois da cabeçada que tinha dado numa pedra. Desmaiou, acordando meia hora depois. Percebeu como tinha sido egoísta. O seu irmão, que tantas vezes lhe tinha salvo a vida, merecia no mínimo ser avisado. Levantou-se, ignorando a profunda dor de cabeça e começou a correr em direção a casa. Sabia que já não ia a tempo, mas era uma estupidez não tentar. Quando chegou perto de sua casa, o coração caiu-lhe aos pés. A parte da frente de sua casa estava a arder! Entrou, tapando o nariz com o antebraço e procurou o seu irmão. Não precisou de procurar muito para o encontrar. Este estava caído perto da porta de entrada. Sentiu uma raiva por Goro que não podia suportar. Assustou-se quando ouviu uma voz. A mesma voz que ouviu a falar com Goro. E essa voz gritou:
- Fuuton – Kamikaze.
Ken sabia o que esse jutsu significava. Eram pequenos tornados de vento, que tinham como principal objetivo dificultar a visão. Eram praticamente inofensivos, mas misturando com um jutsu Katon, o efeito era avassalador. Foi então que se lembrou que eles eram DOIS shinobis. O outro podia muito bem ser do elemento Katon. E foi assim que Ken ouviu uma outra voz a gritar:
- Katon – Goukakyuu no jutsu!
O fogo entrou em contacto com os tornados, e transformando-se numa autentica tempestade de fogo. Ken estava feito. Levantou-se e começou a correr em direção à gaveta onde o seu irmão guardava as armas. Pegou numa bolsa cheia de shurikens e kunais e apontou para um dos seus adversários. Uma das kunais acertou na cintura do oponente. Este caiu, devido ao susto. Foi então que Ken começou a ouvir muitas vozes. E um dos seus oponentes disse:
- Isto não fica assim – cuspiu ele.
E foram embora. Ken suspirou de alívio. Kiho estava a acordar. Estava tudo bem. Por enquanto…