A enfermaria estava completamente diferente do que era. Onde antes existiam cerca de dez leitos para atender os feridos das incursões criminosas do Buraco, naquela madrugada apenas um deles permanecia no centro da sala, enquanto os outros estavam empilhados no canto da parede norte, único lado onde não existia janelas. Cercado por duas bandejas de alumínio contendo diversos tipos de suturas e ferramentas médicas, o leito parecia arrumado e pronto para receber alguém muito machucado. -
Anda rapaz, onde você está? - Kazuki sussurrava para si mesmo, enquanto olhava para a equipe médica que se sentava nas várias poltronas espalhadas pelo cômodo, entediados e sonolentos. O relógio parecia estar quebrado, pois o tempo insistia em não passar. Já havia se passado uma hora desde o horário marcado para o retorno de Daisuke, mas até agora o sujeito ainda não tinha retornado à base. Talvez ele roubara a mulher para seu próprio "interesse". Quem sabe? Contudo, Kazuki não deixava de se sentir preocupado com o seu aliado.
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Mestre Kazuki, o senhor quer uma... - A enfermeira saía para buscar chá para o grupo quando...
Vosh! - E Daisuke aparece na lateral da cama, deitando-se pesadamente no leito enquanto uma mulher coberta por uma gosma grita e o xinga de palavrões conhecidos e outros nem tanto. Não é preciso dizer que a equipe médica foi toda pega de surpresa e no momento em que o médico começava a dar ordens às enfermeiras para cuidar do ferido, Kazuki agarrava a mulher pelo braço e praticamente a arrastava para fora da sala de cirurgia. Toda chorosa e sem entender o que acabara de se passar, Megume parecia chocada e olhava em volta tentando imaginar onde estava e quem eram aquelas pessoas até que finalmente se viu num quarto elegante e com uma vista espetacular da imagem da lua sob o mar do litoral. -
Quem são vocês? - Indagou ao ser "empurrada" para dentro do quarto para só então responder a pergunta da mulher. -
Toneri... Ele me ama! ele me ama! - E a garota começou a saltitar e abraçar Kazuki ainda sem-graça com tudo aquilo.
Já há alguns metros dali a equipe médica se esforçava para estancar o sangramento nas costas de Daisuke que permanecia virado de lado na maca, calmo e sereno, apesar da dor excruciante da intervenção em seus ferimentos e queimaduras.
A essa hora, o Daimyo deve estar recebendo a notícia do sequestro. - E o akatsuki sorria graças ao sucesso da sua missão. Ele até podia imaginar toda comoção que aquele crime causaria na Aldeia da Nuvem e certamente Darui enviaria seus mais fortes homens para recuperar a princesa, procurando-a em todos os lugares. Porém, uma lembrança inquieta surgiu em sua mente e a imagem da falsa princesa sentada naquele quarto rosa, ouvindo tudo sobre o casamento e o local onde isso aconteceria. -
Essa não. - Daisuke sussurrou para si mesmo, levantando-se mesmo contra vontade da equipe que ainda terminava as últimas suturas. -
Mas o que você está fazendo?! - Perguntou o médico, todo assustado com esparadrapos entre as mãos. -
Arruma tudo pra viagem doutor. Vamos viajar. - Ele concluiu numa careta de dor.
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Como assim, viajar? Pra onde?! - O médico indagou.
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Vamos todos para a ilha paradisíaca de Hesegawa. - Concluiu, preocupado.
***
Nada mais tinha graça. A lua estupenda quase no horizonte azul escuro do mar noturno. As dezenas de fogueiras que circundavam os bangalôs privativos e as serenatas ouvidas ao longe, em que os amantes comemoravam a felicidade. O drink à mesa do bar, com aquele pequeno guarda-chuva para adornar a taça finamente esculpida no cristal. As belas mulheres solteiras que zanzavam de um lado a outro do saguão do hotel, certamente procurando diversão custosa e tal.
Nada disso tem graça. - Toneri entristecia-se cada vez mais à medida que o tempo passava. Sentado numa das poltronas do lugar, ele deixou sua bebida no pequeno móvel à frente da poltrona e seus olhos novamente se perderam em lembranças e tristezas até que seu pai se aproximou com uma prancheta nas mãos. -
Acalme-se filho. Nossa família chegará em breve e tenho certeza de que a moça também chegará. - Comentou o senhor, tentando manter-se positivo quanto à responsabilidade doada ao nukenin musculoso. Porém, Toneri não conseguia pensar noutra coisa senão Megume.
O jovem se culpava por não ter coragem suficiente de buscá-la sozinho, e a ideia de encará-la após ter contratado alguém para isso o deixava temeroso. Ou ela não viria, ou sentiria vergonha de ter um noivo covarde.-
Ah... Pai... Eu não sei... - Duvidava da realização da cerimonia quando um relâmpago cortou o céu daquela noite de uma firmamento sem nuvens. O ruído do trovão no jardim à frente do lobby chamou a atenção de todos que se esticavam para enxergar o que acontecia na área dos estacionamentos quando um grande ribombar metálico assustou os presentes que começaram a recuar aos poucos imaginando o que poderia ser aquilo. E entre o sussurro dos curiosos e gritinhos de mulheres histéricas, uma grande caixa metálica esmagava um veículo de última moda, uma febre entre os ricaços da região. Toneri ainda podia jurar que ouvira alguém chorando pelo prejuízo do carro quando seu pai se levantou para ver o ocorrido...
Vosh! E ao lado dele, Daisuke aparecia como mágica, seguido por Kazuki e a equipe médica surgia como mágica no saguão do hotel e como planejado, o rebuliço do carro distraiu os hóspedes o bastante para que sua chegada não fosse assim tão percebida.
Funcionou. - Comemorou Daisuke após gastar algum chakra após realizar alguns selos no Buraco e usar a "Transferência Divina" para enviar o material médico para o hotel desejado, enquanto Kazuki tratava de transportar o restante da equipe através do selo hiraishin posto em Daisuke. -
Toneri! - Gritou uma das enfermeiras. O rapaz e seu pai, assustados com os eventos repentinos, permaneceram calados por alguns segundos antes de digerir tudo aquilo.
Megume?! - E o rapaz choroso abriu os braços e gritou emocionado num reencontro tão açucarado que podia adocicar até o mar reluzente que beirava a ilha. Os dois finalmente se encontravam, depois de tanto tempo e sofrimento. E enquanto isso Daisuke caía nos braços de Kazuki, quase sem forças e com alguns pontos rompidos.
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Muito obrigado! Muito obrigado! - Agradecia Urushida, inclinando-se também emocionado.
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Não comemore ainda, meu amigo. Apressa o casamento. Kumo virá em poucos dias. - Respondeu Kazuki, sorrindo do destino.
HÁ ALGUNS QUILÔMETROS AO NORTE DALI...A chuva era péssima para seus cadernos de anotações. Sentado num banquinho de uma pequena casa de Lamen à beira da estrada, o moreno de óculos estranhos folheava seus rascunhos enquanto aguardava o pedido chegar. Cabelos presos num rabo de cavalo, Killer Bee coçava a longa barba loira que se entremeava com alguns fios grisalhos da idade que chegava. Em seu braço direito, a antiga tatuagem de quando ainda era jovem e suas rimas não eram assim tão boas. Ele ria ao se lembrar das idas e vindas naquele mundo agora pacífico e dos amigos conquistados durante essa jornada. -
Aqui está mestre B. - Dizia a garçonete, com um sorrisinho no rosto como se estivesse diante de uma grande celebridade. O homem abriu um sorriso e agradeceu numa rima matadora que a deixou ruborescida ao se despedir. Nesse momento alguns passos apressados espirrando na lama chamaram a atenção do ninja que fingiu não se importar, virando-se para o prato pronto para comer, quando um jovem ninja puxou de lado a persiana e falou: -
Senhor B... Uma mensagem de Kumogokure. - Disse o ninja da chuva, estendendo-lhe um scroll. -
Vamos ver, o que ou como devo proceder... Yeah! - Respondeu, pegando o papiro para abri-lo momentos depois da partida do jovem mensageiro.
- Citação :
BEE... A FILHA DE HURANO FOI SEQUESTRADA.
ELA ESTÁ NA ILHA DE HOSEGAWA.
VOCÊ É O MAIS PRÓXIMO DA REGIÃO.
FAVOR, RECUPERE A MOÇA.
ASS.: DARUI
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Hey, tio! Olha aqui! Embale a comida... Pois o Killer Bee tem missão! Pra trazer a moça sumida! Bakayaro! Konoyaro! - Apressou-se.
CONTINUA...