Nota: O spoiler abaixo é somente pra saber como raios apareceram duas crianças pra ela cuidar. É a parte "filler" do treino, então não é de leitura obrigatória
Nota 2: Sei que talvez a avaliação disto não seja muito alta, porém se eu fosse fazer o treino pra ganhar os seis pontos ia ficar demasiadamente cansativo, então preferi separar
- Spoiler:
O dia amanhecia como outro qualquer em Konoha. O sol invadia o quarto de Tora, obrigando-a a cobrir o rosto com o edredom. Nobuo batia à porta, avisando-lhe que o café estava pronto, conseguindo finalmente que a pequena kunoichi criasse coragem para levantar-se. Fez sua higiene matinal, descendo velozmente em direção à cozinha. Seu pai cumprira a promessa do início da semana, e havia preparado um tipo de pão especial que ela adorava, além de bolo, frutas e um delicioso suco de morango. Os olhos da chuunin brilhavam, e esta não perdia tempo algum em sentar-se e saborear todas aquelas delícias.
A campainha ecoava após alguns minutos, revelando ser uma conhecida de Nobuo. Esta trazia um casal de gêmeos consigo, que não deviam ter mais que cinco anos. Explicou que o seu marido jounin havia ferido-se numa missão, e ela estava indo vê-lo; porém, não tinha com quem deixar as crianças, perguntando finalmente se Nobuo podia cuidar delas:
- Ora, mas é claro! Minha filha ajudar-me-á, não é Tora? – dizia, olhando para a chuunin que havia engasgado-se com um pedaço de bolo.
- Mas pai... – tentava protestar.
- A Tora adora crianças, eles dar-se-ão muito bem. Venham com o tio Nobuo, querem comer algo? – o Nara estendia as mãos para as crianças. – Não se preocupe, Mayu-chan, cuidarei delas. Melhoras para o Akihito, assim que puder, irei vê-lo!
- Arigatou, Nobuo-san! Venho buscá-las à tarde, pode ser? – a mulher perguntava.
- Hai!
A mulher agachou-se para beijar seus pequenos, logo depois tomando a direção do hospital de Konoha. Tora terminava seu desjejum, lavando a louça de seguida. Avisou ao pai que iria treinar no local de sempre, subindo para pegar seus equipamentos. As crianças olhavam-na admiradas, quando viram-na descendo com o imenso tessen às costas, e as habituais vestimentas e bolsas ninja, além da hitaiate atada ao braço esquerdo:
- Tio Nobuo, ela também é ninja? – a garotinha perguntava.
- Hai, Yuka-chan. Garotas são ótimas ninjas também! – respondia o jounin.
- Tsc, duvido que ela seja tão boa assim – o garotinho era quem falava agora.
- Tsc, até parece que eu ligo para o que um pirralho de cinco anos pensa... – Tora respondia, mal-humorada.
- Minha filha, ele é uma criança, tenha paciência. – Nobuo repreendia a filha.
- Kouta, não fale assim! Mulheres são fortes, afinal, tivemos uma Hokage! – a menina protestava.
- Yuka, pare de dizer besteiras! – o garoto retrucava.
Uma pequena discussão acontecia entre os dois irmãos. Tora não tinha muita paciência, e seu mundo desabou quando um pássaro trazia uma mensagem do Hokage para seu pai, solicitando sua presença. A chuunin sabia bem que agora, ela quem devia cuidar daqueles pequenos:
- Gomen, Tora, eu realmente não esperava por isto... – Nobuo desculpava-se, beijando-lhe a testa. – Tente ao menos não bater nos garotos... – pedia, saindo pela porta e dirigindo-se ao edifício hokage.
A Nara não queria cancelar seu treino, e acabou tendo uma idéia: convidou-os para verem-na treinar, e quem sabe eles não participassem também. Ambas as crianças gostaram da idéia, admiravam a profissão de shinobi por o pai ser um. Tora então suspirava fundo e dava as mãos a elas, dirigindo-se ao seu local de treino favorito: a clareira próxima ao rio.
Dez minutos haviam passado desde que saíra de casa, e não avançara quase nada por os passos dos gêmeos serem vagarosos. Suspirando, agachou-se e ordenou-os que subissem às suas costas. Yuka tinha um pouco de medo, mas Kouta já havia subido, desafiando silenciosamente sua irmã. Esta finalmente encorajava-se, também subindo e agarrando fortemente ao ombro direito, enquanto seu irmão fazia o mesmo do lado esquerdo. A chuunin levantava-se com alguma dificuldade, utilizando depois alguns shunshins para avançar rapidamente, chegando ofegante à beira do rio.
Concentrou seu chakra na sola dos pés, e utilizando o mizu no kinobiri, atravessou-o sem grandes dificuldades. Dirigiu-se à sua área de treinamento, agachando-se para as crianças descerem, sentindo um alívio indescritível.
Os bonecos estavam arrumados desde o dia anterior, pois tinha tal costume para não perder tempo. Resolveu primeiro aquecer-se, fazendo uma seqüência de vinte flexões, e correndo por cerca de cinco minutos. As crianças estavam sentadas perto dos equipamentos ninja, e a Nara teve uma idéia para entretê-las, enquanto treinava, assim faria duas obrigações ao mesmo tempo. Correu até uma área que os gêmeos não avistassem-na, e com um selo, invocava dois kage bunshins. Explicou rapidamente o que tinha em mente, voltando para perto dos garotos.
Aproximou-se de um dos bonecos, iniciando golpes alternados de murros e pontapés, quando um barulho de algo cortando o ar, fez-se ouvir. Kouta e Yuka tremiam da cabeça aos pés, pois Tora estava à frente deles com o tessen aberto, protegendo-os de shurikens arremessadas. Dois homens desconhecidos apareciam com um olhar ameaçador, assustando os pequenos. A kunoichi fechava seu leque e perguntava o que eles queriam, enquanto eles apenas riam e diziam que matariam as crianças. Yuka abraçava Kouta fortemente, enquanto a konohanin dizia que teriam de derrotá-la primeiro:
- Tsc, muito bem garota, nós não iremos pegar leve!
Um dos homens sacava uma kunai, correndo em direção à chuunin. Esta rapidamente colocava o tessen fechado como barreira, apoiando-se nele para tentar um chute descendente. O homem desviou-se, tentando contra-atacar com a mão armada, mas a chuunin agilmente dava um salto lateral, afastando as crianças com um braço, que acabou sendo raspado de leve pela kunai.
Mesmo com o ardor e um fio de sangue que escorria do braço direito, Tora tentou golpear o “meliante” com o tessen, que rapidamente agachava-se e rodava sobre si mesmo, executando uma rasteira bem-sucedida. O desconhecido avançava pronto para espetar a kunais, mas a Nara projetava suas pernas contra o abdômen do mesmo, deixando-o levemente sem ar após cair cerca de um metro dali.
O outro intruso sacava uma kunai e agarrava Yuka após o uso de um shunshin. O irmão dela ficara sem reação, e continuava do mesmo jeito enquanto observava boquiaberto algumas pedras inesperadamente levitarem atrás do homem. Tora sorria, arremessando aquelas pedras envolvidas em seu chakra doton nas costas e pernas daquele homem, aproximando-se dele num shunshin e desferindo-lhe um potente soco em seu rosto, deixando-o atordoado enquanto recuperava a garota e reagrupava-se com Kouta.
O que havia sido atingido primeiramente levantava-se com um sorriso triunfante, enquanto Tora levitava algumas kunais após concentrar algum chakra. Lançara os projéteis rapidamente, mas o oponente concentrava e rotacionava uma certa quantidade de chakra, criando uma barreira que defletia-os facilmente. A chuunin não parecia nem um pouco surpresa com aquilo, e aproveitando-se que as crianças encontravam-se atrás de si, concentrava chakra fuuton e abria seu leque, sacudindo-o e criando violentas bolsas de vento altamente cortantes. Porém, os adversários previram tal movimento ao notar a sua postura com o tessen, e concentrando chakra doton, afundaram rapidamente na terra, escapando do ataque:
- Nada mal para clones meus... – pensava orgulhosa, enquanto voltava-se, tentando adivinhar os próximos passos dos seus kage bunshins disfarçados com henge.
O silêncio reinava, o que tornava o ambiente bastante tenso. Um barulho proveniente das árvores chamara a atenção da chuunin, que se deparava com um dos adversários com os braços revestidos por uma camada de chakra doton que recriava as qualidades do ferro, visando acertar um potente murro em seu rosto. Tora continuava imóvel, e o oponente percebia que não era a verdadeira Nara quando sentiu-a derreter em forma de lama. Ele mordia o lábio inferior, voltando rapidamente a cabeça para onde a konohanin estava, que sorria e imobilizava-o com o Soaku Kage Mane:
- Se eu estive só, dar-me-ia por rendida, mas ainda há a outra... – dizia o bunshin. – Além de quê, isto dura somente trinta segundos... – completava.
Mal terminara de proferir tais palavras, o outro kage bunshin disfarçado emergia do solo e apontava uma kunai para o pescoço de Kouta. Surpresa pelo trabalho em equipa de seus clones, acabou enfraquecendo o Kage Mane o suficiente para libertar sua prisioneira, que correu em sua direção e desferiu-lhe um potente chute ascendente, elevando-a alguns centímetros e projetando-a por cerca de um metro. Um fio de sangue escorria do canto de sua boca, enquanto o kage bunshin aproximava-se, desferindo-lhe vários pontapés nas costelas e rosto.
O agressor de Tora estava convencido que realmente ganhara, quando foi surpreendido por uma kunai encravada em seu tornozelo. Seu companheiro, ainda com Kouta como refém, olhava estarrecido a verdadeira Nara levantar-se (com alguma dificuldade, após ter sido espancada) e furar as costas do bunshin, que começou a sangrar, desaparecendo poucos segundos depois numa cortina de fumo. Quando passou pela sua cabeça que estava com um refém em mãos, já era tarde: Tora sabia que as crianças seriam reféns, então logo após ter eliminado o primeiro bunshin, jogou uma Aian Nakkuru com seu chakra na sombra do outro oponente, restringindo seus movimentos. Aproximava-se num shunshin, e espetava a kunai que segurava na sua jugular, sussurando um quase inaudível “gomenasai”. O adversário também desaparecia numa cortina de fumo, deixando cair a kunai que segurava aos pés do garoto, que ainda tremia:
- Não queria traumatizar vocês, foi uma pequena aposta que fiz com meus bunshins... – dizia uma constrangida chuunin, ao perceber que as crianças muito provavelmente chorariam.
Yuka não desapontou a previsão dela, começando a chorar desesperadamente. Kouta permanecia calado, observando agora não mais uma kunoichi que há pouco matara duas pessoas (na sua cabeça, pessoas normais), e sim uma adolescente preocupada com a vida de sua irmã – e provavelmente, a sua. Yuka parava imediatamente de chorar ao observar o tombo que Tora havia levado na lama que seu bunshin elemental deixara para trás, pondo-se a rir. Não gostara de início, afinal estava agora suja, mas era melhor que o choro de uns segundos atrás:
- Bem, não se preocupem, não eram pessoas... Vocês viram que nem estão mais aqui? – tentava explicar.
- Ha... Hai! – as crianças concordavam.
- Bem, essa lutinha me deixou com um pouco de fome... Quem me acompanha?
Ambos os gêmeos levantaram suas mãozinhas, e Tora rapidamente improvisara um local para comerem. Retirou e lavou sua blusa no rio, ficando apenas de top – que milagrosamente havia decidido usar naquele dia – e o vestuário típico de ninjas na parte superior. Enquanto comia com os pequenos, ouviu um remexer anormal por entre as folhagens...