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Se houver alguma asneira, perdoem-me, fiz isto às pressas por estar completamente sem inspiração para continuar os treinos que já iniciei
Tora levantara-se cedo, tomando seu café tão rapidamente que Nobuo assustou-se. Como era de costume, dirigia-se à velha clareira na floresta, perto do rio, onde já havia deixado sete bonecos de areia amarrado a troncos. Jogou sua mochila num canto e começou a aquecer-se, iniciando uma corrida em algumas voltas e uma série de vinte flexões. Ao fim destas, focalizava um pouco de chakra na região dos pés, onde com a ajuda do kinobiri, escalava sem dificuldades, acabando por ficar de ponta-cabeça, presa a um galho. Sua meta inicial era fazer vinte abdominais, mas decidiu parar à metade, quando começou a perceber que, devido ao esforço físico, começava a desconcentrar no uso do chakra:
- Tsc, estou mesmo fora de forma! – dizia para si, saltando do galho para o chão, enxugando o suor que escorria de sua face.
Decidiu então treinar aquilo a que estava um tanto desacostumada, depois de melhorar o controlo de seu chakra: combates corpo-a-corpo. Como os bonecos já estavam arrumados, a Nara fechava seus punhos e encarava-os, colocando-se em posição ofensiva. Correu em direção ao primeiro alvo, saltando e acertando-lhe um potente chute na região peitoral, rasgando-o um pouco. Não contente, a garota dava um giro de 360°, atingindo um novo chute agora na região abdominal, seguido por um soco de esquerda. Um pontapé ascendente era desenhado pela kunoichi em direção a um dos braços, este que era decepado devido à força, e com um salto, Tora enterrava seu pé na região estomacal, sorrindo ao ver a areia escorrer.
Sem perda de tempo, a Nara partia para acabar o segundo alvo. Iniciou uma seqüência alternada de socos, distribuídos na cabeça – que logo rompeu-se, devido à primeira concentração dos golpes – e abdômen. Desta vez decidiu não usar as pernas, e ao fim de algum tempo, o corpo do boneco cedia à força de seus punhos. Um tanto cansada, a garota bebia uns goles de água pouco antes de retirar de sua mochila alguns pesos, que logo foram atados aos tornozelos, joelhos, cotovelos e pulsos. Cada um pesava cerca de setecentos gramas, e à primeira vista, não faziam muita diferença.
Doce engano: ao tentar dar o primeiro soco no terceiro boneco, Tora percebia o quanto seus membros estavam pesados, limitando-lhe os movimentos. Pensou que talvez tivesse começado com algo um tanto exagerado, mas decidiu tentar daquele jeito mesmo. Como esperado, seus movimentos estavam lentos de início, e poucos murros foram o suficientes para deixá-la ensopada com suor. Estava quase desistindo e retirando os pesos para voltar a treinar, porém lembrou-se que daquela forma, seus punhos sempre ficariam com a mesma força, algo que realmente não queria. Com ânimo renovado, a garota levantou-se e desferia diversos socos, cotoveladas e até mesmo cabeçadas, conseguindo por fim acabar com o boneco.
Chegara um tanto ofegante ao quarto alvo, decidida a descansar os doloridos membros superiores. Seus chutes ascendentes estavam fracos por conta dos pesos, que chegavam a custo na região da cintura, mas a chuunin não estava disposta a desistir. Além dos chutes, também desferia diversas joelhadas na região abdominal, e ao fim de alguns minutos, este boneco também cedia às investidas da kunoichi. Todos os seus membros doíam por conta do esforço excessivo, levando à garota a deixar-se cair na relva após a destruição do alvo, completamente exausta e suada.
Ficou naquela posição por uns bons minutos, até sua respiração voltar ao normal e sentir-se novamente com forças. Levantou-se e foi em direção ao quinto boneco, colocando-se logo em postura ofensiva. Iniciou o ataque com dois socos e uma cotovelada, afastando-se o suficiente para desenhar um pontapé de direita ascendente na região das costelas, e logo depois dava um rápido giro, acertando um chute de esquerda em sua cabeça. Não contente, imobilizava os braços do boneco com os seus, aplicando-lhe uma joelhada na região estomacal, seguida por uma cabeçada. O boneco ainda resistia, e a Nara desferia um violento chute na região abdominal, seguido por uma cotovelada no pescoço, uma joelhada na parte direita das costelas e uma cabeçada na fronte; depois, afastou-se e deu um salto para realizar um chute descendente, e mal apoiou-se no chão, girava todo o seu corpo acertando um pontapé no joelho e um tapa na cabeça do alvo.
Seus membros doíam e pediam descanso, mas o boneco ainda mantinha-se firme. Respirando fundo, a garota voltava a dar pontapés alternados com cotoveladas e joelhadas, obtendo um sucesso progressivo, conseguindo destruir o alvo num lado das costelas. Completamente dolorida e com os membros machucados, a kunoichi encarava os dois bonecos restantes. Não apetecia-lhe mais perder tempo com bonecos, afinal, que espécie de adversário manter-se-ia parado a ser espancado? Ignorando-os por completo, a Nara concentrava uma dose de seu chakra, e após um selo, invocava um kage bunshin. A kunoichi explicou-lhe que gostaria de um combate a curta distância, ao que a cópia assentia, com um enigmático sorriso.
O clone iniciava o ataque, aproximando de Tora com um shunshin, tentando aplicar-lhe um soco no seu rosto, ao que a verdadeira prontamente ampara com uma mão, enquanto com a outra tentava acertar sua oponente – que repetia a defesa. Com os braços bloqueados, o bunshin tentava acertar-lhe uma joelhada, que a Nara desviava-se a soltar a mão que segurava o punho da oponente. Uma vez livre, a cópia visava atingir-lhe um novo soco que passava direto devido ao rápido agachamento da chuunin, esta que não perdia tempo em aplicar uma rasteira e derrubar a adversária ao chão.
A oponente, contudo, não desistia fácil: ainda no chão, prendia suas pernas em forma de tesoura na perna de Tora, que surpresa, também caía. Sem perda de tempo, o kage bunshin subia na adversária, imobilizando seus braços e aplicando-lhe uma cabeçada na fronte. Apesar da tontura que sentia, a verdadeira Nara tentava libertar-se, até que num descuido da agressora, a chuunin consegue derrubá-la e levanta-se depressa antes que seja novamente presa por ela. A cópia encarava a kunoichi, que observava-a perplexa sacar suas aian nakkuru numa rapidez incrível, focalizando chakra nelas para utilizar o Hien e aproximar-se perigosamente de si.
Vendo que seu clone não estava para brincadeiras, Tora usava um shunshin para afastar-se enquanto lembrava-lhe que era um combate corpo-a-corpo, ao que a adversária ria-se dizendo-lhe que não fora bem aquilo que ela disse, e sim um “combate a curta distância”, não restringindo armas ou jutsus. A real chuunin estava indignada, e foi acertada de raspão por uma das soqueiras carregadas de chakra fuuton, que cortava-lhe o rosto. Irritada por ser enganada daquele jeito, Tora retirava os pesos de seus braços e pernas, sentindo um alívio indescritível. Mal o fez, partia em direção à oponente, que tentava acompanhar a agilidade gerada por sucessivos shunshins. A kunoichi tentou acertar-lhe um pontapé nas costelas, que fora desviado a tempo, e sem demora, a Nara dava um giro para tentar acertar-lhe a cara, que novamente era desviado com um rápido agachamento. Aproveitando-se da posição da adversária, a verdadeira Tora dava um chute na região da cabeça, que a custo conseguia desviar-se caindo para o lado:
- Uh, estás em boa forma, hein? – troçava o bunshin, a levantar-se.
- Andei praticando... – respondia a chuunin, novamente adotando uma postura ofensiva. – Gostaria que lutasses de igual para igual... – finalizava.
- Sonha, gatinha! – respondia o clone, vindo em sua direção
Tora estava furiosa por o seu clone estar agindo daquela maneira, este que aproximava-se numa velocidade absurda, tentando novamente cortar-lhe com chakra. A kunoichi segurava-lhe pelo pulso, o punho que atacava com força, e com o braço livre desferia uma cotovelada descendente na região estomacal. Pego de surpresa – e extremamente irritado – o bunshin concentrava chakra doton por toda a extensão de seu outro braço, endurecendo-o com propriedades semelhantes a ferro e tentando um contra-ataque com um soco no queixo. A chuunin percebia o ataque, e ainda segurando o pulso adversário, esquivava-se para o lado e posteriormente para a retaguarda inimiga, aplicando-lhe agora uma potente joelhada na base da coluna.
A dor do clone era lancinante, e aproveitando-se de sua baixa guarda, Tora aplicava chutes na zona por detrás dos joelhos, obrigando-a a cair, além de uma cotovelada na têmpora esquerda. Como se achasse pouco, a Nara ainda ficara à sua frente para aplicar-lhe um chute na região do peito, deixando-lhe olhar – perplexa – o seu rosto. Antes de desaparecer numa nuvem de fumo, o clone pedia desculpas por ter distorcido sua fala, e agradecia que ela havia-se mantido fiel a algo que outra pessoa ignorava. A kunoichi ficou sem palavras, e um tanto arrependida por abusar da violência, e com esses pensamentos, decidia voltar para casa.