Primeiro capítulo: aqui!
Segundo capítulo: aqui!
Terceiro capítulo: aqui!
Existe algo pior que acordar cedo? Talvez.
Jacques tinha tido um dia anterior difícil e cheio de emoções. No final do dia, tinha a derradeira notícia que deixava a família orgulhosa: tornou-se oficialmente Gennin.
No entanto, tudo prometia para que aquele dia fosse ainda mais complicado e cheio de peripécias. Sendo o primeiro dia de treino em equipa e não conhecendo bem a sua nova professora, Jacques não sabia bem o que esperar. Acordou surpreendentemente bem-disposto para quem tinha acordado às seis da manhã.
Passou a meia hora seguinte a arranjar-se. Jacques descarta a hipótese de não tomar um banho de água quente todas as manhãs. Tomou, de seguida, um pequeno-almoço de campeão, que lhe encheu a barriga. Não havia muita gente acordada àquela hora por isso Jacques tentou ser o mais silencioso possível para não acordar nenhum Bernard.
Saiu de casa devagar e, assim que se viu fora do edifício, entrou numa correria desgraçada, atropelando qualquer fantasma das memórias daquele sítio, nos arredores da sempre em esplendor vila oculta da folha.
O local de encontro para o primeiro treino era o 5º Campo de Treinos que ficava a alguns minutos de onde Jacques vivia. Quando chegou ao sítio marcado, apercebeu-se que não deveria estar ali. As palavras de Olivia tinham sido explícitas quando disse que o ponto de encontro era o exacto sítio onde se encontravam: o cepo onde estava o pergaminho.
A tempo chegou ao sítio que desejava. Quando lá chegou, encontrou Faust – um colega de equipa – deitado numa ramificação de um tronco de um carvalho. Parecia, sem dúvida, uma preguiça.
- Feliz madrugada, senhor Diferente. – Disse, numa espécie de grito mudo, Faust. Face à expressão de confusão de Jacques, Faust prosseguiu. – És o único que não és louro na equipa…
- Claro, eu sou diferente mas tu estás deitado numa árvore. – Respondeu Jacques.
- Tenho sono. – Respondeu, sussurrando, Faust. Talvez tivesse sido imaginação de Jacques.A pessoa que chegou depois foi Sylvia, a rapariga loura de uniforme de colégio. Parecia, aos olhos de Jacques, uma rapariga sarcástica.
- Olá, olá. – Disse Sylvia, dirigindo-se a Jacques e, de seguida, ao macaco Faust.
- Sejam bem-vindos ao vosso primeiro treino oficial. – Disse Olivia Mira, a professora, que apareceu vinda de nenhum sítio. As saídas e entradas desta senhora eram misteriosas, intrigantes e esquisitas. – Em breve vou contactar com o Hokage e ele comigo para vocês receberem as vossas primeiras missões. O dia de hoje vai servir para eu vos poder avaliar individualmente e em grupo. Por isso, este treino vai ser dividido em duas partes. Como sabem, as vossas capacidades individuais enquanto ninja são bastante importantes mas, numa missão, são inúteis se não trabalharem em equipa.
- E no que é que consistem esses treinos? – Perguntou Faust, que agora pisava terra firme; literalmente, já que anda sempre descalço.
- Vamos começar com os treinos individuais. Cada um de vocês terá de lutar comigo durante um período de tempo. O vosso objectivo é lutar durante esse tempo sem caírem; o meu é simplesmente não cair. – Introduziu Olivia. – Como os nossos níveis estão distantes, eu decidi dar-vos duas pequenas grandes vantagens. A primeira, não utilizarem genjutsus ou ninjutsus demasiado elaborados. A segunda – e a mais importante – é que, dependo das vossas habilidades que eu conheço, eu vou estar, nalgum sítio, atada. Os três estavam bastante animados mas, ao mesmo tempo, nervosos por irem combater contra uma Jounin experiente.
- Faust, as tuas técnicas mais fortes consistem no Seishin dos Yamanaka. Para controlares a minha mente, eu tenho que estar parada. Desta forma, terás a vida facilitada porque eu vou estar com as minhas pernas atadas. – Para o espanto de Jacques e Sylvia, Faust estava bastante entusiasmado. – Jacques, as tuas técnicas assustam-me um pouco. Acho que vai ser mais difícil para mim se tiver as mãos atrás das costas, amarradas, porque não vou conseguir defender-me propriamente. – Jacques ficou pensativo. – Sylvia, por fim. Vou-me ver aflita contigo, especialmente. És silenciosa quando atacas e, por isso, o que me resta para identificar-te é a visão. Por isso, apesar de não estar atada, vou estar vendada. – Todos no grupo sentiram uma vibração do poder e confiança de Olivia-sensei. – As batalhas vão decorrer no 5º Campo de Treinos. Enquanto ficam aqui, à espera da vossa vez, inspirem-se e, se quiserem, treinem. Sylvia, tu vens primeiro.As duas senhoras saíram a passo rápido e, quando se encontraram em arvoredo denso, começaram a correr.
- Tenta atacar-lhe as pernas. – Propôs Faust. – Sem pernas e sem braços ela é um alvo muito fácil.
- A questão é como é que lhe vou acertar nas pernas, ela pode desviar-se. – Reflectiu Jacques.
- Tenta encurralá-la. Já eu vejo-me num mundo de hipóteses impossíveis cada vez maior. Mesmo se conseguir usar algum dos meus jutsus contra ela, o que é que eu posso fazer? – Perguntou Faust. – De qualquer das formas, acho que a Sylvia é a que tem maior vantagem.Passou cerca de meia hora e Sylvia apareceu, sozinha. Estava de rastos, com a roupa rasgada, com nódoas negras e um ligeiro corte. Andava perfeitamente e não mostrava estar com algum problema.
- Não me atacou uma única vez. Usou tudo o que eu tinha contra mim, fazendo-me cair e cortar-me. – Explicou Sylvia. – Faust, é a tua vez de ires.Faust desapareceu da vista de Jacques e de Sylvia e só apareceu meia hora depois. Tinha a roupa suja de relva e terra mas parecia contente.
- Aquela mulher é um osso duro de roer. Contra mim, ela foi mais agressiva e obrigou-me a ser mais ágil. – Comentou Faust. – É a tua vez Jacques.Jacques estava bastante preocupado com a bipolaridade das acções de Olivia: ora mais defensivas ora mais ofensivas. Não a quis fazer esperar por isso levantou-se rapidamente e foi até ao 5º Campo de Treinos a correr. Quando lá chegou, encontrou Olivia Mira a tirar as cordas das suas pernas. Notava-se que tinha sido um nó implacável e forte.
- Jacques, ata-me as mãos. Com força, de preferência. – Parecia calma e nada cansada. De facto, estava bastante limpa para quem tinha feito dois combates consecutivos contra dois ninjas que ficaram no estado em que ficaram. Jacques obedeceu, fazendo um nó forte de marinheiro. Depois de Olivia fazer um gesto com a cabeça, Jacques desloca-se para cerca de 5 metros dela e prepara-se para lutar.
- Jacques Bernard, dos Bernard, o objectivo da luta acabou de ser alterado. – Jacques parecia confuso. – Tu, em 35 minutos, tens que desatar o nó que acabaste de dar nas minhas mãos. Para tua informação, até agora, só a Sylvia conseguiu. O pobre Faust foi atraiçoado pelo nó medonho que fez. Caso tu não consigas, podemos dizer que o James Brown está errado e isto é um mundo das mulheres.Para quem tinha recebido uma notícia desta natureza, Jacques parecia bastante confiante.
- E os 35 minutos começam … agora! – Gritou Olivia.A professora com os maiores lábios de peixe começou a correr em direcção a Jacques, num pé bastante rápido e preciso. Como um ataque pode ser uma defesa perfeita, Jacques Bernard concentrou chakra nos pulmões e cuspiu uma bola de fogo, exemplificando um perfeito Katon: Endan. No entanto, devido ao reduzido tamanho da chama, Olivia escapa rapidamente e avança em direcção a Jacques. Sem hesitar, Olivia levanta a perna, dando um pontapé valente a Jacques na cara. Jacques é ligeiramente projectado e começa a sangrar do nariz.
“Que raio!? Ela foi muito mais passiva com os outros. Melhor, é da forma que posso mostrar melhor as minhas capacidades.” pensou Jacques.
Jacques recompôs-se rapidamente e recuou alguns metros. Pôs em prática um plano que inventou enquanto os dedos de Olivia pareciam quebrar os ossos da sua cara.
- Bunshin no Jutsu! – Gritou Jacques.Dez clones de Jacques rodearam Olivia o mais rápido possível e tiraram de bolsas iguais uma Kunai com três pontas. Todos eles seguraram na sua própria Kunai com as duas mãos, onde concentraram o chakra.
- Jovem, eu consigo apanhar uma Kunai com a boca. – Disse Olivia, entre risos. – Não é por dez clones que vou deixar de apanhar a verdadeira.
- Tente! – Gritaram os dez e o verdadeiro Jacques em uníssono. Todos lançaram as Kunais e, como dez eram ilusões, apenas uma poderia surtir efeito. Olivia apercebeu-se da verdadeira e, como prometido, agarrou-a com os dentes. Todas as ilusões desapareceram e Olivia gritou.
- Queimaste a língua? – Perguntou Jacques enquanto corria para Olivia com uma Kunai na mão. Jacques segurou no braço esquerdo de Olivia para pedir a mão e rasgar a corda.
- E tu pensavas que era assim tão fácil? – Perguntou Olivia, atrás de Jacques. Sendo que havia duas Olivia, posso supor que a primeira era um clone. – Eu não me esqueci do teu Netsu, essa habilidade de trocar temperaturas. Além disso, demoraste muito tempo, eu percebi logo o teu plano.Olivia recomeçou a batalha. Começou a correr e tentou dar outro pontapé na cara de Jacques, que defendeu com o braço. Jacques passou a perna pela outra perna da mestra que, apoiando-se no chão com as mãos, atacou Jacques com os dois pés.
Jacques recuou depois do ataque. Pensou numa forma de lhe atacar. Se a enfraquece-se conseguiria tirar a corda mais facilmente.
- Katon: Endan! – Disse Jacques.Jacques, propositadamente, atacou ligeiramente para a direita. Desta forma, previu, com sucesso, os movimentos da tutora, que escapou para a sua direita.
Depois de se desviar da bola de fogo, Olivia teve muita dificuldade em escapar da Kunai que Jacques arremessou de seguida. Para não sofrer danos, Olivia acabou deitada, a olhar o céu. Jacques aproveitou e saltou para cima de Olivia, para que ela não se conseguisse mexer com o peso do corpo do rapaz. Jacques tentou virar Olivia mas ele lutava com uma mulher forte. Olivia conseguiu-se levantar com Jacques em cima da sua barriga e afastou-se.
- A professora gosta imenso de pontapés, não é? – Perguntou Jacques a rir-se.
- Prefiro conseguir fazer selos de mão. – Respondeu.Olivia começou a correr, e levantou a perna para dar um outro pontapé a Jacques. O rapaz segura na final da perna da mulher e, em pouco tempo, a perna dela tinha sido arrefecida e depois aquecida. No entanto, Olivia salta com a outra perna e acerta nas costas do aluno.
- Isto doeu miúdo. Que habilidade horrível, a da tua família. – Afirmou Olivia. – Interessante e, sem dúvida, interessante contra inimigos. Podes usar a tua habilidade para tantas especificidades.
- Os seus pontapés não ficam atrás. – Disse Jacques com uma dor de costas tremenda.Jacques voltou a correr até à sua mestre, com uma kunai na mão. Estava cansado e desesperado para chegar às cordas nas mãos de Olivia. Porém, Olivia não desistiria do combate sem mais nem menos. Olivia pregou uma rasteira a Jacques, que caiu redondo no chão, com dificuldades em levantar-se.
Jacques ouviu o som de cordas a romperem-se.
- Já passou o teu tempo, queres uma mãozinha? – Disse Olivia, estendendo a mão para ajudar Jacques a levantar-se.
- Obrigado.