T3 – Violência. Somos ninjas
- Hey, Hitsu, como está a correr a banda? Agora raramente tens tido tempo para ser um ninja.
O meu pai falava sorrindo, mas ele estava um pouco magoado com aquilo. Queria que eu fosse alguem, que seguisse a tradição da familia. Infelizmente apenas me tenho empenhado na música. Isso não significava que não era um ninja. Apenas significava que não o tenho sido. Ele tinha razão. Não respondi.
-Hitsu, anda comigo. Terás que passar ao próximo nivel.Fiquei intrigado e fui com ele. Levou-me para uma floresta próxima da vila.
- Estou ansioso pelo dia em que me consegues derrotar num duelo – disse o meu pai. Talvez nessa altura possas perceber tudo.Aquele “perceber tudo” era claramente uma referencia para a situação da minha irma e daquele ninja que me atacou. Tinha me esquecido completamente desse plano. E curiosamente esse plano tinha-se esquecido totalmente de mim. Era esquezito.
- Então qual vai ser o desafio? – disse eu.
- Imitar-me... Sabes que nunca gostei muito de usar armas, mas tu claramente tens potencial e muito que aprender.Ele sacou um Shuriken Fuuma e começou a roda-lo na sua mão, olhando para uma àrvore a alguns metros de distância. Depois, largou-o com força. As lâminas atravessaram rápidamente o ar numa tranjectória curva, contornaram a àrvore e acertaram numa que estava atrás atravessando o tronco que caiu por cima da àrvore anterior. Parecia facil. Ele olhou para mim com um sorriso e descolou para casa dizendo:
- Volta apenas quando fores capaz de fazer isto.E partiu. Comecei por fazer umas flexões no chão, para aquecer a parte superior do corpo. Mantinha o corpo rijo e descia devagar tocando com o meu peito no chão e voltando para cima logo a seguir com força. Ao fim de três séries estava pronto para tentar.
Peguei num Shuriken Fuuma e lancei contra uma àrvore tapada por outra, tal como o meu pai. Acertei, mas apenas ficou lá espetado. Fui busca-lo e percebi que precisava de força. Então, rodei com força, na minha mão direita e larguei acertando no tronco novamente sem o quebrar. Tinha que treinar claramente a rotação da arma. Então comecei, rodando um shuriken com a mão, cada vez mais depressa. Rapidamente comecei a sentir o shuriken a fazer efeito contrário sobre o meu corpo. Aquela massa toda, de metal pesado, quanto mais rodava maior força exercia sobre o meu corpo, tirando-me controlo. Daquela maneira era impossivel acertar um golpe.
Sentei-me e pensei. Tinha de existir uma maneira. Então reparei no que estava a faltar. Tinha de manter o meu corpo rijo diminuindo as vibrações causadas pela massa do shuriken em rotação e apenas permitir a rotação do meu braço conciliando o controlo e poder destrutivo.
Levantei-me, empunhei o shuriken e comecei a roda-lo segundo o eixo da minha mão, mantendo o meu corpo rijo, o máximo que podia. Depois o meu braço começou a rodar tambem aumentando claramente a velocidade de rotação do objeto. A velocidade aumentou imenso e mantendo o corpo rijo sentia agora os meus pés perderem aderência no solo e movendo-se lijeiramente por cada volta que o shuriken dava no meu pulso. Então concentrei chakra nos meus pés, muito, acabando por abrir um buraco com poucos centimetro por baixo deles. Sentia agora novamente controlo suficiente para apontar aquela arma. Assim fiz, lançando. As lâminas voavam com força, uivando enquanto cortavam o ar e fazendo um arco típico mas acentuado, acertando na árvore. O alvo tinha-se mantido de pé, mas pouco faltava para cair.
- Não!!! Estava quase – gritei.
Precisava de mais poder destrutivo, mas estava claramente no meu limite. Restava apenas multiplica-lo. Fiz os selos necessários e concentrando chakra suiton criei dois clones que se colocaram ao meu lado, prontos para a ação. Todos nós sacamos os shurikens Fuuma e iniciamos a rotação no braço direito. Depois começamos a sentir a massa do objeto e a falta de controlo normal para um ninja pouco experiente e, então, concetramos chakra nos pés, para manter o corpo fixo ao chão. Mais uns segundos e lançariamos aquelas armas. Mas o clone da direita desfez-se em água. Eu não tinha sido capaz de manter os clones enquanto rodava a arma e me concetrava para manter no solo. Era o meu limite. Ainda assim lançamos as armas, que contornaram uma árvore e acertaram no alvo. Novamente sem atravessar por inteiro o seu tronco, mas quase
- Raios!!! – Gritei e movendo-me rápidamente finalizei a árvore com dois pontapés seguidos, do mesmo lado. Depois senti uma mão no meu obro. Era o meu pai.
“Hitsu, concentra-te”.
Fiquei espantado ao saber que ele ali estava. Mas não estava. Tinha sido um daqueles jutsos de telepatia do nosso clã. Era então altura de continuar o treino. E tinha tido uma ideia. Se o meu corpo estivesse em movimento na altura de lançamento o shuriken sairia com mais força. Segundo esse principio talvez fosse capaz de derrubar a árvore só com um golpe. Então, fiz um clone mantendo as minhas mãos unidas e calmamente realizando os selos necessários. Mantive-me agarrado ao chão concentrando o chakra nos meus pés enquanto rodava novamente e quem sabe pela ultima vez naquele dia na mão direita que já acusava algum cansaso. A arma já tinha alcançado alguma velocidade de rotação. Ordenei ao meu clone que salta-se e depois num movimento rápido pelas pétalas saltei para a sua frente. Ele agarrou os meus pés e rodando lançou-me para a frente. Com o corpo totalmente na horizontal acabei por largar o shuriken já bastante tarde não tendo tempo para proteger a queda. Desmaiei. Acordei com meu pai a segurar-me e a levar-me ao ombro para casa. Enquanto olhava para trás via a árvore tombada. Tinha conseguido.