Acordei após o pesadelo habitual e levantei-me. A escuridão entrava pela janela, ainda não era manhã. Mandei uma pequeníssima bola de fogo contra uma vela e esta iluminou o quarto ligeiramente, projectando a minha sombra na parede atrás de mim. Olhei em volta e encontrei-me num espelho. Pela primeira vez em dias, via-me ao espelho. Os meus olhos haviam mudado, realmente, e por explicações que o meu pai me tivesse dado sobre a mudança de cor dos meus olhos, ainda sentia que era apenas uma marca, uma marca de como eu tinha falhado e era um fraco. Por mais vezes que me dissessem que a culpa não tinha sido minha, mais culpado eu me sentia. Afinal, era eu quem deveria ter tomado conta dela. Ao ver o meu reflexo no espelho, senti raiva de mim mesmo, queria destruir o que via naquele espelho, aquele inútil que não conseguira proteger a sua própria irmã. E num rápido impulso, esmurrei-o, e embora toda a cara estivesse desfigurada devido aos pedaços do espelho que se cravaram para dentro com o murro, ainda conseguia ver aqueles olhos.

Decidi então afastar o meu olhar do espelho, numa tentativa de me acalmar e dirigi-me ao armário de onde tirei uns calções e uma camisa preta, que tinha o símbolo do Clã Uchiha nas costas. Vesti-me e desci até ao piso inferior. Dirigi-me para a cozinha e sentei-me. Aparentemente, o pequeno-almoço já estava na mesa. Esfreguei os olhos e reparei que Keitachi também já lá estava.
- Acordaste cedo – disse-lhe.
- Também não consegui dormir muito bem – respondeu-me – Aproveitei e fiz o pequeno-almoço. Sabia que ias acordar cedo.
- Harigato – agradeci, trincando uma panqueca que ele tinha feito – Estão muito boas.
- Ainda bem – disse ele, esboçando um sorriso – Então, estás pronto?
Por uns segundos vagueei pela minha mente a procura da resposta. Pronto para quê? Mas rapidamente me lembrei. Hoje era o dia o qual tinha desejado que não acontecesse durante toda a semana. Era o dia do funeral de Miyuki.
- Er…Acho que sim – tentei formular a resposta o melhor que consegui.
Depois surgiu um silêncio constrangedor e eu decidi sair dali. Levantei-me e sai pela porta do quintal.

Por esta altura, o sol já começara a nascer e já havia alguma claridade, embora parecesse que fosse chover. Sentei-me numa rocha, ao lado de um lado que havia junto a minha casa. Olhei para o lago e lá estava, o meu reflexo de novo. Procurei por uma pedra no chão e atirei-a a água. Foi então que vi, junto ao meu reflexo, o de Miyuki. Sabia que era apenas a minha imaginação a torturar-me, mas não conseguia desviar o olhar dela. Olhava-me com aqueles olhos cheios de esperança, que depois desvanecia, à medida que a vida de Miyuki terminava. Levantei-me e concentrando chakra nos pés, andei sobre a água até ao centro do lago, onde me sentei sobre a água e fechei os olhos.
Meditei por um bocado, tinha de me abstrair dos meus pensamentos por um bocado. Tinha acontecido muita coisa nos últimos dias e aquele era o dia, em que veria pela última vez Miyuki…

O tempo foi passando e quando me apercebi já era hora de almoço e os meus pais chamaram-me para ir comer e preparar-me para alguns amigos que vinham ao funeral. Amigos da família? Eram mais amigos dos meus pais, eu nunca os tinha visto mais gordos e nenhum eventual Uchiha que pudesse estar perdido pelo mundo os conhecia.
Sentamo-nos a mesa onde comemos, calados. Estávamos todos vestidos de preto. O silêncio reinava na sala de jantar até que ouvimos alguém a bater a porta. Eram os amigos dos meus pais. Ao entrarem, cumprimentaram-nos e disseram-nos o quanto lamentavam a nossa perda. Éramos agora dez pessoas. Os meus pais e os amigos sentaram-se na sala de estar e conversaram sobre a Miyuki e sobre a vida. Enquanto que eu e Keitachi nos afastamos e observamos a conversa no canto da sala onde estávamos sentados. Eram seis pessoas ao todo, os amigos dos nossos pais, dois casais, um deles com um filho e uma mulher, aparentemente, solteira. Ao longo da conversa, reparei que o filho do tal casal me olhava fixamente. Talvez fosse pela cor dos meus olhos, talvez porque não tinha mais nada que fazer do que olhar para algum sítio enquanto ouvia aquela conversa enfadonha. Continuei ali, com ele a olhar-me fixamente, tentando ignorá-lo, mas ele continuava. E acabei por perder a paciência e levantei-me, bruscamente, e voltei para o lago e lá permaneci até à hora do funeral.

Reunimo-nos todos em volta do caixão onde o corpo da minha irmã jazia. A minha mãe chorava nos braços do meu pai, que a tentava confortar o melhor que podia, embora estivesse ele também a sofrer o mesmo que ela. Os amigos deles, olhavam ora para o chão ora para Miyuki. Eu e o meu irmão estávamos mesmo ao pé do caixão e fixávamos o corpo de Miyuki ali deitado. Tinha um bonito vestido verde-esmeralda vestido, e um pequeno laço branco ao pescoço que disfarçava a causa da sua morte. Estava deitada numa bonita obra de carpintaria. Um caixão de carvalho embelezado por alguns desenhos de flores esculpidos na madeira, coberta de verniz. Teria sido certamente feito pelo meu pai que tinha depositado todo o amor que tinha por Miyuki naquela caixa de madeira onde ela iria descansar para sempre. Depois dissemos todos algumas palavras, que custaram muito a sair, sobre ela. Depois, sozinho, aproximei-me do caixão e olhei-lhe mais uma vez.
- Desculpa, não consegui proteger-te – disse-lhe, enquanto uma lágrima me escapa pelo canto do olho – Por minha culpa, perdeste te a vida. Sei que não posso fazer nada para te trazer de volta, mas vou vingar-te. Prometo-te. Peço-te mais uma vez, que me desculpes. Adeus, Miyuki…Descansa em paz…
De seguida, eu, o meu pai e o meu irmão levantamos o caixão e colocamo-lo numa cova que o meu pai tinha cavado previamente. Todos tínhamos uma lágrima no canto do olho enquanto estávamos ali a enterra a Miyuki. E depois preparamos para tapar a cova, depois de o meu irmão colocar uma flor branca por cima do caixão. E assim nos despedimos de Miyuki.

Dirigi-me para o lago e sentei-me na rocha em que me tinha chamado de manhã durante um bocado, até descobrir que não estava só. Virei-me e dei de caras com o puto que me fixara durante uma eternidade na sala de estar. Desta vez, não podia ser melhor. Ao seu olhar fixo de atrasado mental, acrescentara um sorriso um tanto perverso e só de olhar dava vontade de esmurra-lo na cara. Ficou ali especado até que eu finalmente falei:
- Queres me dizer alguma coisa?
Este aproximou-se com ar psicopata e falou pela primeira vez:
- Eu queria saber como foi – disse e deu uma leve gargalhada.
- Como foi o quê? – Perguntei. Não estava a gostar da direcção do nosso minúsculo dialogo.
- Como foi…ver a morte da tua irmã? – disse ele, ainda com aquele sorriso perverso.
Tentei conter-me e levantei-me antes que fizesse algo ao rapaz. Mas este seguiu-me ao mesmo tempo que ia tentando fazer perguntas sobre a morte de Miyuki.
- Como foi ver aquilo? Foi degolada não foi? O sangue a sair deve ter sido nojento – dizia ele.
Mas ao ouvi-lo a falar assim, da morte da minha irmã, enlouqueci. Cerrei os punhos e voltei-me rapidamente e esmurrei-o na cara com toda a minha força. O rapaz caiu para trás e rebolou pelo chão e quando se levantou aparentava ter partido o nariz, pois a cana do nariz estava literalmente dobrada para a esquerda, e o sangue escorria-lhe por ambas as narinas.
- Finalmente, consegui tirar-te do sério – disse ele orgulhoso dele mesmo.
Mas mesmo que ele falasse muito alto, era inútil. Estava em modo automático, agora nada me podia parar. Corri na direcção dele e dei-lhe um pontapé na barriga que o projectou contra uma árvore. Usei o Shunshin para me movimentar rapidamente na sua direcção e agarrei-lhe pelo pescoço. Embora fosse praticamente do meu tamanho, era bem leve e isso ajudou. Segurei-o pelo pescoço, enquanto o esmurrava no estômago vezes sem conta. Finalmente, finalmente podia libertar a raiva que contivera durante de dias a fio. O rapaz numa tentativa desesperada de se libertar, pontapeou ao calhas até me acertar no peito e me projectar para trás. E assim que teve oportunidade lançou-me um Fuuton: Toppa, que me projectou novamente e me fez cair no chão. Limitei-me a ficar ali deitado e quando ele correu para lá para aproveitar as situação e disferir alguns ataques mano-a-mano, uma imagem de mim começou a arder e queimou-lhe ligeiramente as mãos. Eu aproveitei para entrar no meu quarto e pegar na minha Zanbatou, que manejei com a ajuda de alguma concentração de chakra nos braços e nas mãos. Depois usei o Shunshin para me mover mais rápido, em direcção ao rapaz e tentei corta-lo em dois, mas este devido ao seu pequeno tamanho e peso, consegui facilmente fugir à lâmina. Pulou no ar e um selo, preparava-se para usar o jutsu de antes. Fiz um selo, e concentrei chakra, e de seguida lancei-lhe duas bolas de fogo que o acertaram na cara e na barriga e o projectaram alguns metros para trás.
Levantou-se, com um buraco na camisa chamuscada e com falta de algum cabelo e das sobrancelhas que tinham sido queimadas pelo Endan, tal como uma porção da sua testa. Este levantou-se, furioso e lançou-me três pequenas explosões de vento, que eu não consegui esquivar e me lançaram contra uma árvore. Depois, uma chuva de kunais veio na minha direcção, mas apenas encontraram um troco de uma árvore, pois assim que pude utilizei o Kawarimi para o apanhar de surpresa. Então, do topo de uma árvore onde me escondera, concentrei chakra nos pulmões, enquanto fazia alguns selos e depois pulei, rodando lateralmente pelo ar, e lancei-lhe cinco bolas de fogo a que ele não se conseguiu esquivar e ficou ligeiramente mais queimado. Aproximei-me dele para lhe encher de porrada, mas este estava preparado. Encontrava-se deitado de barriga para baixo, contra a relva, e quando o virei, fazia um selo e criou uma grande explosão de ar,

- Daitoppa! – e projectou-me vários metros para cima.
Rebolei no ar e consegui aterrar no chão sem me magoar.
- Ele sabe jutsus de Rank C? – perguntei-me – Acho que o subestimei um pouco, mas eu dou conta dele.
- Parece que não és assim tão forte – troçou – Achas mesmo que me podes vencer? Sabes quem eu sou?
- Não faço a menor ideia e também não quero saber – respondi-lhe, friamente – A questão é se TU sabes quem EU sou.
- Tu és o rapaz que lutou contra o meu sensei – respondeu-me – És o rapaz a quem ele degolou a irmã! – e soltou uma gargalhada.
Fiquei possesso de ódio e fúria, e corri na direcção dele.
- WATASHI WA UCHIHA! – gritei-lhe, enquanto corria na sua direcção.

Juntei as mãos e formei e um selo. Concentrei chakra e criei trinta clones que correram ao meu lado e o rodearam, escondendo a minha posição. Na confusão desferi-lhe um forte murro, com a força e balanço da corrida e depois um pontapé no queixo elevando-o no ar. Quando caiu ao chão, olhei o fixamente e agarrei-lhe o pescoço, o suficiente para lhe lançar o Narakumi no Jutsu e ai viu, não os seus pais, que estavam no funeral, até porque provavelmente não era os verdadeiros pais dele, mas sim o seu sensei a morrer, totalmente queimado e com grandes cortes, semelhantes aos que uma Zanbatou como a minha podiam fazer. E o ninja suplicava por ajuda ao seu pupilo enquanto dizia que o Uchiha o tinha atacado. O rapaz, que tinha o cabelo ruivo e agora falta de algum, e as roupas queimadas, rastejava até ao seu mestre. Não tinha escapatória possível, odiava o rapaz por tudo o que tinha dito e também pelo facto de ser pupilo de quem era. Agarrei na minha espada e arrastei-a até ao lado do corpo dele, e nem me preocupei em maneja-la com chakra, apenas me interessava que esta caísse e assim foi. Levantei-a e de seguida deixei a lâmina separar-lhe a cabeça do corpo. Depois com o resto das minhas forças, peguei num pouco de óleo de cozinha e derramei-o no corpo do rapaz e depois lancei lhe um pequeno Endan que incendiou o óleo e o queimou até só restarem os ossos. Voltei para casa e avisei o meu irmão do sucedido. Este rapidamente se livrou dos impostores e conseguiu informações sobre o sensei deles. Mas deixei para o dia seguinte, pois, dei o meu dia por terminado e deitei-me, sem mais energias.

Habilitações Ninja:
Ninjutsu: 5 + 0,25 = 5,25
Taijutsu: 2,75 + 1 = 3,75
Kenjutsu: 1,25 + 0,5 = 1,75
Genjutsu: 4,25 + 0,25 = 4,5
Selos: 1,5 + 0,5 = 2
Trabalho de Equipa: 0

Habilitações Físicas:
Força: 2,75
Agilidade: 3,5 + 0,25 = 3,75
Controlo de Chakra: 5,5 + 1 = 6,5
Raciocínio: 0,5
Constituição: 2

Total: 3,25/5

Bom filler :3
Adorei a parte do funeral,e de quando ele se foi despedir da irmã. Se era para chorar, eu quase que fiz isso e nao estou a gozar, foi muito sentimental
Continua, quero ver o que vem aseguir

Gosh, ele queimou o puto ._.
Acho que carne humana queimada tem um cheiro estranho, ele se calhar devia ter tomado banho

Agora a sério, bom filler! A parte do funeral estava forte :I

Continua, estou a gostar da tua escrita!

@Mary: Podes para de chorar, vá Thanks :3

@Ritta: Ele vai já lavar-se :b Obrigado e ainda bem que gostaste :3

Amei a parte do funeral... Tal como a Mary, estava quase a chorar
Quanto ao rapaz, ele só pode ser um psicopata '-'. Achei um pouco apressada a parte final, sobre o irmão, as informações do sensei e os supostos amigos dos pais, mas decerto explicas (ou explicarás, não sei) isso mais à frente

Arigato, Eve Porque ninguém chora, só quase? <.<
É algo que só é explicado muito, muito mais tarde na história e pela altura que for feito (ainda não foi explicado) a maioria dos leitores já se esqueceu deles