Dois olhos cinzento escuro abriam-se na escuridão de um quarto vazio, anunciando o acordar de um corpo estendido na cama, a sua respiração era ruidosa e forçada por baixo das ligaduras que envolviam todo o seu corpo.
- Mira? Alguém? - chamava o homem tentando saber se alguém estava nas imediações. Uma vez que não obteve resposta o corpo mutilado colocava os seus pés descalços no chão enquanto se apoiava com esforço na cama tentando vergar-se, o seu tronco doe-lhe com a intensidade de uma katana a rasgar carne e obrigou o homem a agarrar-se com força à sua barriga. Estava bastante danificado e andava com bastante cuidado esticando o seu outro braço para tentar tocar em algo antes de embater contra este. Seguindo em linha recta o homem procurava o fim da divisão esperando encontrar uma porta apalpando com os seus dedos a parede disforme até tocar numa superfície plana. Descendo a sua mão agarrou uma maçaneta de ferro e rodou-a de modo a destravar a fechadura dando-lhe acesso ao exterior. Sentiu o vento a bater-lhe na cara e os raios de sol a incidirem no seu rosto transferindo para este calor, todo o seu corpo debaixo das ligaduras estremece com a sensação do calor a invadi-lo.
- Irmão, que fazes levantado da cama, devias estar de descanso, vamos eu volto a deitar-te. - começava a falar Mira sem dar espaço para o homem enligado falar, então agarrou no braço que o segurava e disse-lhe muito calmamente.
- Eu quero que o tragas aqui. - declarava o homem à sua irmã fazendo-a entender que aquele era um pedido de um homem cuja vida havia acabado. Deixando o lado do homem entrapado, a mulher cobria o terreno com recurso ao chakra saltando ao longo da ilha tendo um local em sua mente.
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-Fofo... está na hora de levantar. - afirmava Ykarus sentada em cima do corpo adormecido de Zehel. - Zehel, vamos... já são 11 horas... Acorda seu imprestável Mandrião!- Com toda a violência que Ykarus tinha o rapaz não teve outra escolha a não ser acordar ao ser abanado com brutalidade para a frente e para trás.
- Ohayo... estás cada vez mais simpática a acordar amor... - declarava Zehel coçando os seus olhos ainda meio fechados, começando a mover-se para fora da cama. Na mão da rapariga as roupas negras do rapaz estavam prontas para que ele as vestisse e recebendo-as da sua namorada começou a enfiar os braços nas mangas e a colocar as suas armas preparadas para serem carregadas.
- Vou te fazer o pequeno-almoço, depois chamo-te. - referia a rapariga correndo pelas escadas abaixo com o seu cabelo a esvoaçar como se fosse uma cauda de um cometa. No quarto o jovem ficava sozinho e voltava a deitar-se na sua cama a pensar na vida. Olhava para o colar que antes pertencera a Cérberus e matutava sobre o que a vida seria dai para a frente. Subitamente uma onda de fumo branco invadiu o quarto do casal puxando o kendoca para um sitio bastante afastado de Kirigakure.
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-Bem-vindo Zehel Zetsubõ. - recebia uma voz feminina o recém chegado kiri-nin. o barulho de água a cair de uma cascata servia de barulho de fundo ao templo de pedra onde o rapaz surgia, um grande círculo com um símbolo de invocação e 8 pequenos menires em vértices simétricos constituíam o espaço onde a invocação inversa era feita pelo seu Contemplador que estava acompanhado por uma bela mulher de 27 anos, cabelos loiros apanhados num grande rabo de cavalo e um corpo puramente feminino com traços bem desenvolvidos. Trazia um vestido branco até ao joelho e o decote expunha parte dos seus seios bem formados.
- Contemplador... explica-te. - ordenava o rapaz de cabelos negros saindo do círculo que estava desenhado no chão.
- Ele não se precisa de explicar. - comentava o mulher ao lado dele. - Segue-nos e eu vou te falando de tudo. - disse a mulher virando costas e começando a andar, atrás dela o rapaz Zetsubõ seguia ouvindo com atenção as palavras da mulher.
- Estás na ilha habitada pelos Shinwa-jõ no ikimono, como sabes apenas os Zetsubõs têm acesso a esta invocação pelo que o número daqueles que sabem acerca disto é bastante limitado... Ou pensávamos nós, ontem fui informada da aproximação de uma série de barcos que estão a uma semana da costa. A guerra dos Zetsubõs está também a iniciar uma guerra aqui na ilha, temos de nos preparar.
- Então fui chamado aqui para ser convocado como soldado? - questionava Zehel curioso pela sua verdadeira razão de ter sido chamado àquele lugar.
- Tudo a seu tempo rapaz... - declarava a mulher ao levá-lo a reunir-se com as primeiras linhas de defesa da ilha das invocações, atravessavam um pequeno bosque onde não se via vida, tudo estava reunido para a batalha e ali não restava ninguém. - A ilha está dividida em 4 partes, a zona exterior, mais junto à costa litoral e onde os Contempladores e Orcs habitam, na segunda área o terreno passa a ser do tipo de bosque e nestes habitam os centauros, reis da natureza, e os Ifrit que estão geralmente localizados nos vulcões extintos que existem ao longo da ilha. Seguidamente as planícies áridas abrigam espécies mais poderosas como hidras, esfinges ou céreberus, guardando geralmente locais de importância histórica deixada pelos antigos Zetsubõ. Tudo termina na montanha ancestral onde se diz habitar o lendário Behemot.
- Então se temos assim tantos soldados na ilha porque é que me tiveram de invocar aqui? - interrogava Zehel atingindo o ponto fraco do exército.
- Heee... pois....- gaguejava a mulher tentando explicar-se.
- Eles não aceitaram participar numa guerra perdida assumindo que os zetsubõ estavam mortos e que eles não tinham salvação. Por isso te invocamos, precisamos que tu reergas a honra do teu clã, que os faças de novo acreditar. És a nossa última esperança. Precisamos que tu organizes a nossa estratégia de ataque enquanto Mira invoca o Leviathan, ela irá tratar dos navios que ainda estejam a dirigir-se à costa enquanto nós chacinamos os inimigos. - explicava o Contemplador clarificando tudo o que se estava a passar.
- Existe alguma probabilidade de eles serem da Hantã no me? - o sangue do jovem começava a correr mais rápido com a elevação do ritmo cardíaco do coração do jovem, só de pensar naquela possibilidade isso dava-lhe vontade de combater contra os oponentes para vingar a morte da invocação.
- Muito provavelmente serão Zehel, quem mais iria ter conhecimento da ilha destas invocações? Quem mais quereria atacá-la? - referia a mulher mostrando quão óbvio era o facto de serem Hantã no me a dirigirem-se para lá. - Agora é tudo contigo, o futuro da linhagem está nas tuas mãos... Boa sorte.
E com estas últimas palavras a mulher desaparecia numa nuvem de fumo desaparecendo da vista deles para ir executar o ritual sagrado de chamamento de Leviathan, à frente deles um grande acampamento estendia-se por uma planície arenosa, uma grande tenda estava montada onde os Orcs e Contempladores mais experientes estavam reunidos e Zehel fora levado até estes que tentavam decidir-se numa estratégia que não iria resultar, Contempladores baseavam os seus ataques no raciocínio enquanto os Orcs regiam-se pela força, dois opostos nunca iriam entrar em acordo. Era ai que Zehel entrava, ele seria quem decidiria a estratégia e trataria de organizar tudo. Restava esperar o tempo que faltava até à guerra explodir e mais sangue ser derramado.
Continua