Pergaminho VI
Mentiras
A situação estava tensa na sala parcialmente destruída. O vulto sob o controle de Zef estava a sangrar de tal maneira que o chão em sua volta estava completamente ensopado, e o corpo começava agora a fraquejar. Zef mantinha a sua pose rígida apertando com força na katana e mantendo-a junto à espinha do inimigo. O outro estava de pé controlado por Izuda que mantinha a katana na sua garganta e segurava na mão direita do individuo com a esquerda.
-Se estão aqui pelo pergaminho podem esquecer, o vosso fim é aqui.
O vulto que sangrava fraquejou por fim e caiu no chão com o joelho direito enquanto tentava fazer pressão no seu braço completamente obliterado.
-Zef não vaciles, ele já não pode ser salvo, dá-lhe o golpe de misericórdia.
Disse Izuda enquanto apertava a kunai cada vez mais na garganta do segundo vulto. Aquilo tinha chocado Zef, nunca tinha matado ninguém, muito menos alguém ferido. Mas era seu inimigo e a missão estava primeiro que tudo. Com isto as palavras do pai ressoaram-lhe na mente.
“-Mata se tiveres de matar, inimigo ou amigo, a missão vem sempre em primeiro lugar.”
Com isto a katana de Zef deslizou sem grande esforço para dentro do corpo do homem. Localizada entre duas vertrebas o homem perdeu primeiro a força nas pernas, que já era pouco, depois tentou respirar por ar e na sua última inalação do tao precioso ar acabou por falecer caindo de cara no seu próprio sangue que agora jorrava da sua barriga. Izuda distraiu-se com o que acabara de acontecer e o vulto aproveitou para se tentar libertar da katana mas esqueceu-se que tinha o braço direito preso, quando se tentou virar para Izdua, este num movimento rápido quebrou-lhe o pulso deixando o a gemer no chão.
-Zef vai ver como estão as raparigas.
Assim fez o rapaz guardando a katana na sua bainha correu para fora da sala. Izuda pegou no homem ferido e aproximou-o da sua cara. Para sua surpresa trazia uma mascara branca adornada com o símbolo de Kiri.
-Nós íamos a caminho, qual foi o propósito disto.
-Argh…ordens superiores…e…não somos só nos dois…argh
Izuda estava agora com a kunai enterrada nas entranhas do homem.
-Falhas-te, em qualquer que fosse a tua missão, não mereces voltar.
Quando o corpo inanimado caiu no chão ouviu-se outra explosão vinda do quarto ao lado. Izuda pegou nas mascaras dois shinobis e partiu-as antes de ir ver o que se passava. Quando chegou ao segundo quarto Zef encontrava-se enconstado a um canto com Oroi nos braços, a explosão tinha projetado os dois contra a parede. O resto do quarto eram fragmentos de madeira, uma espessa cortinha de fumo e uma enorme cratera que tinha comido grande parte do quarto.
-O que se passou aqui?!
Disse Izuda correndo para Zef.
-Eram mais dois, surpreenderam-nos e levaram a Inoue, acho que não estão á procura do pergaminho mas sim da Inoue, por causa da kekkei genkai dela.
Respondeu Zef. De seguida Oroi acordou e deu por si nos braços de Zef, esta corou e levantou-se depressa gritando com o ninja.
-Porque me seguras-te! Devias ter ido atras dos ninjas, eles tem a Inoue! Temos de ir já ou podemos perder o rasto deles!
-Acalma-te, e não grites com o teu parceiro se não fosse ele a aparar-te a queda podias estar gravemente ferida. Em relação a Inoue é perigoso agiremos de cabeça quente, está escuro e eles conhecem melhor a floresta do que nós. Vamos esperar pelo amanhecer e tratar disso.
Zef levantou-se vagarosamente, doíam-lhe as costas do impacto e estava envergonhado devido ao sucedido, quando olhou para Oroi esta fez uma expressão carrancuda e virou-lhe a cara.
-Eu vou até ao jardim, descansar um pouco, agradecia que me deixassem sozinho.
Izuda fez um aceno com a cabeça, e Oroi apenas o ignorou. Zef chegou ao pequeno jardim onde momentos antes tinham estado os três ninjas a falar pacificamente, como três grandes amigos. A ideia de terem levado a Inoue também não lhe agradava e não conseguia perceber o porque de a Oroi ter reagido daquela maneira. Aquilo enfureceu-o, realmente não conseguia perceber as pessoas. O sono demorou a chegar e a manhã ainda mais, mas houve algo que o ajudou a dormir. Quando finalmente estava a conseguir adormecer deitado na relva suave a Oroi foi ter com ele, e falando numa voz suave disse.
-Queria…queria pedir desculpa pela minha reação exagerada, eu sei que também não deve ser fácil para ti. E queria saber se me podia juntar a ti… lá em cima não estou a conseguir adormecer.
-S…sim podes.
Zef tinha uma pequena manta a tapar a parte inferior do corpo, Oroi esgueirou-se para a sua frente ficando de costas para ele, pegou no seu longo cabelo e puxou-o para o lado, passando por cima do seu ombro e caindo-lhe sobre os seus seios. Zef não sabia o que fazer, nunca tinha estado nesta posição. A mão de Oroi esgueirou-se por entre os dois corpos e pegou na de Zef levando-a a abraça-la. A mão de Zef caiu sobre a delicada barriga de Oroi, embora estivesse coberta por uma longa camisa de dormir, chegou apenas aquilo para excitar Zef.
-Boa noite Zef.
-S…sim, boa noite Oroi.
Mesmo com a bela Oroi deitada a seu lado Zef não consegui adormecer, só a simples imagem do seu pescoço despido enchia-o de pensamentos, tudo o que ele queria era beija-la naquele momento, embora não soubesse como faze-lo era o que desejava. Ali ela parecia uma pequena garota indefesa, nada comparada á garota que o tinha derrotado no treino. As suas costas arqueavam-se cada vez que respirava assim como a sua barriga subia e descia a cada lufada de ar que inalava. Quando finalmente tinha começado a adormecer foi acordado por Izuda. Este vinha a fumar e trazia a mesma expressão da noite anterior.
-Zef acorda, preciso de falar contigo.
Zef levantou-se vagarosamente os olhos estavam baços e a claridade ali estava a magoar-lhe os olhos. Só não se viam as olheiras por causa das ligaduras.
-O que se passa sensei?
Izuda colocou-lhe a mão direita sobre o ombro e fitou-o enquanto o cigarro queimava, ficaram assim durante algum tempo depois Izuda pegou no cigarro e disse.
-É sobre a nossa missão. É urgente que entreguemos o pergaminho sem demora, mas não podemos deixar a Inoue para trás. A verdade é que temos um prazo que já expirou e a vila pode sofrer por causa disso. Vais ter de levar o pergaminho, eu vou levar a Oroi atrás dos captores da Inoue.
Aquilo abalou Zef.
-Não, manda a Oroi com o pergaminho é demasiado perigoso, ela pode morrer e o sensei também.
-Não o pergaminho é mais importante, tens de ser tu a leva-lo, lembra-te do que o teu pai te ensinou.
-Mas…como sabes o que o meu pai me ensinou?!
Izuda levou o cigarro á boca e começou a andar.
-Tens cinco minutos para te preparar, acorda a Oroi e vem ter comigo á saída.
-Não respondes-te à minha pergunta!
Mas Izuda limitou-se a desaparecer da sua vista. Zef sabia bem que a missão estava a sempre á frente de tudo, mas a inocente Inoue não tinha culpa e se fossem três á sua procura seria mais fácil e seguro. Zef levou as mãos ao pequeno lago que se encontrava no jardim e depois á cara encharcando as ligaduras da sua cara. Aquela imposição estava a deixa-lo maluco, a missão ou a Inoue, a sua nova…
-Amiga…
Ouviu-se Zef a dizer. Atrás dele Oroi que já tinha acordado e que estava já a postos dirigiu-se a ele.
-O que se passa?
O rapaz virou-se para ela e respondeu.
-Nada, temos de ir ter com o sensei.
Na rua o dono do estabelecimento estava a reclamar com Izuda que já apresentava a sua cara habitual, a todos os berros e gestos de indignação Izuda apenas respondia.
-Mande uma carta a Kirigakure, o Mizukage vai recompensa-lo e ajudar na reconstrução, agora desculpe-me tenho de fazer.
O dono entrou para dentro do albergue ainda a protestar.
-Bem aqui estamos nos…
Oroi não deixou Izuda acabar de falar e apenas disse.
-Vamos atras daqueles bastardos!
-Tudo a seu tempo, Zef sabes o que fazer.
Aquilo deixou um clima estranho entre os três ninjas.
-O que se passa?
Perguntou Oroi.
-O Zef vai levar o pergaminho até ao ponto de controlo e nós vamos atrás da Inoue.
A cara de Oroi enfureceu-se e o punho dela voou ate á cara de Zef atirando-o ao chão.
-Depois de tudo, depois de tudo é assim que tratas os teus amigos! Eu confiei em ti, dei-te uma chance assim como a Inoue que sente algo especial por ti é assim que tratas quem te estima!
Oroi precipitou-se para cima de Zef para lhe acertar novamente com um soco mas foi impedida por Izuda.
-Não dizes nada! Só és bom a ficar calado!
-D…d…desculpa…
Zef pôs-se de pé e começou a correr na direção do posto de controlo. Enquanto Izuda acalmava Oroi.
-Foi ele que decidiu fazer isto, eu bem que tentei persuadi-lo, mas ele insistiu. Vamos lá resgatar a Inoue.
-Ele para mim já não é meu amigo, e pensar que cheguei a gos…vamos lá antes que percamos o rasto.
Os dois ninjas correram para um pequeno beco da vila que dava para a floresta circundante e desapareceram dentro da imensidão verde.