- Não vai atacar, Kou? – ele me provocou.

Eu empunhei minha tanto com a mão esquerda enquanto puxava, com a outra, duas shurikens do bolso. Corri em sua direção atirando as duas estrelas, e imediatamente em seguida a outra arma, com mais força. Sempre, em minhas batalhas, a kunai desviava a direção de uma das shurikens, pegando o oponente de surpresa. Entretanto o "Outro Kou" as desarmou com senbons no ar como se fosse brincadeira. Ele correu em minha direção tentou me acertar um chute o qual bloqueei com meu antebraço. Ele rodopiou e tentou uma rasteira, mas eu a travei com meu próprio pé. Ele sacou sua tanto e eu saquei a minha. Ambas se cruzaram, rangendo faíscas, depois nos afastamos.

Disparei, canalizando um fluxo de chakra, uma rajada de água – Suiton: Mizurappa – pela boca, em sua direção, mas ele fixou os pés na grama com o Kinobiri no Jutsu e resistiu bem apenas com os braços. A rajada não era forte o suficiente nem pra destruir um clone. Eu atirei a tanto que estava em minha mão para fincá-lo nele, mas o "Outro Kou" foi mais rápido e, fugindo da rajada, a rebateu no ar com uma kunai. Aproveitou minha guarda baixa e atirou outra, que se fincou em minha frente. Um barulho característico anunciou o que eu não consegui evitar: ela explodiu, queimando a carne dos meus membros superiores.

Eu gritei. Na verdade, urrei. Aquela dor era insuportável. Quando caí alguns metros pra trás e rolei no chão, não pude nem esperar para curar o ferimento: o garoto atirou uma série de senbons e dardos vazios. Eu não havia como bloqueá-los. Desesperado, ergui o pé, fazendo com que algumas seringas se fincassem na sola de borracha do meu sapato. Duas agulhas rasparam em meu cabelo e outra cravou-se em minha panturrilha, fazendo-me gritar novamente. Eu a arranquei com uma mão enquanto mordia a outra para aguentar a dor. Concentrei chakra de maneira precisa em minha palma, executando o Chiyute, e a sobrepus no local, aliviando o sofrimento. Meus braços estavam tremendo devido às queimaduras. Utilizei o Pacchi no Jutsu para anestesiá-los e consegui me por de pé. Ele não só previa todos os meus movimentos como arrumava um jeito de rebatê-los de modo que eu fosse quase morto. Mas também cheguei à conclusão de que eu podia fazer o mesmo. Olhei para a área onde o "Outro" deveria estar, mas este havia sumido.

"Onde eu me esconderia?", murmurei, tirando meu arco dos ombros e me preparando. Localizei, numa distância de vinte e cinco metros, entre os galhos de uma árvore alguns fios de cabelo oleosos. "Sou absurdamente previsível", pensei, mandando a primeira flecha. Num misto de agilidade e precisão, consegui mandar mais quatro nos três segundos que seguiram, e as vi cortando o ar. Quando uma nuvem de corvos começou a se formar, achei que o havia derrotado, mas as aves mergulharam num voo rápido em minha direção. Eu rolei no chão para desviar de uma. Girei os calcanhares e abati duas com uma flecha. Esquivei de outra com um Shunshin e uma kunai com um kibaku fuuda em anexo tratou de explodir mais quatro.

Entretanto, não importava o quão rápido eu era, corvos e mais corvos surgiam. Alguns até arranhavam fundo minha carne, o que causava em mim tanto dor quanto aflição.

"O que você está planejando, Kou?", indaguei, mais para mim do que para meu próprio oponente. "Pense, pense...", repeti. A quantidade absurda de corvos que já deixava o ambiente negro... Os ataques inofensivos... Aquilo era uma emboscada! Quando arregalei os olhos e virei, pude ver Kou já infligindo um golpe ascendente com a tanto, visando meu abdômen. Por reflexo, puxei o arco em minha mão e interceptei o golpe. Fiz um giro completo em torno do meio próprio eixo e, utilizando o arco com um taco de beisebol, projetei um ataque direto ao seu tórax, fazendo-o explodir em corvos barulhentos.

Todas aquelas aves aos poucos se dispersaram e, mais uma vez, conclui que havia vencido. Mas, novamente, eu estava enganado. Enquanto caminhava para pegar as armas deixadas para trás, foi atingido por um soco embebido com um pouco de chakra bem no nariz, que me fez cambalear. Esquivei do soco seguinte e, executando um salto para trás, evitei um chute. Ele puxou três senbons da bolsa e as colocou na mão como garras. Partiu para cima de mim como um louco e iniciou um gancho com aquelas armas letais. Apartei o primeiro ataque com outro, mas o segundo fez com que as agulhas ficassem cravadas em meu ombro esquerdo. Eu me lancei para trás a fim de evitar mais ataques, mas Kou aproveitou que eu estava no ar e não poderia esquivar para lançar uma kunai explosiva.

Por reflexo, puxei duas shurikens e a atingi no meio do caminho, fazendo-a explodir. O impacto me fez cair como um saco de roupas. Quando levantei, fui lerdo demais para reagir a outra entrada do oponente. Eu tentei bloquear, mas o ataque do "meu eu" que veio a seguir me surpreendeu: ele usou o pé esquerdo com o Kinobiri para se fixar no meu peito e, num giro rápido de cintura, senti seu calcanhar direito ser afundado em meu rosto. Rolei uns três metros antes de cair, desnorteado.

Meu clone não só havia feito um outro clone (o que me deixava cada vez mais confuso) como estava usando golpes pessoais que maneiras totalmente surpreendentes. Eu estaria completamente fascinado com isso se minha cara parasse de sangrar. Estanquei o sangue com outro Pacchi e, de pernas bambas, me pus de pé. Comecei a agitar meus braços de modo que algumas pétalas lá escorriam pelas mangas de minha blusa. Iniciei uma corrida rodeando meu oponente, sem perdê-lo de vista. Quando o céu já ficava embaçado devido à quantidade de flores, reparei que ele estava executando o mesmo jutsu. Desaparecemos os dois em meio as pétalas utilizando sequencias de shunshins e, quando nos encontrávamos em meio a uma batalha nos ares, bloqueavamos nossos respectivos ataques: me esquivei de um soco preciso, ele bloqueou um chute meu.

"Seja imprevisível", lembrei. No encontro de alta velocidade que se seguiu, eu o segurei firme, para seu espanto, e me atirei com força na grama, ralando parte do meu próprio rosto. Ele se debatia e, quando conseguiu se soltar, eu tentei um chute em sua nuca, iniciando um Konoha Senpuu. Ele se abaixou e preparou-se imediatamente para bloquear minha rasteira seguinte, que não aconteceu. Ao invés disso, executei rapidamente uma sequencia de selos para logo em seguida despejar água pelas minhas mangas, de modo que ela se materializou entorno do outro Kou, prendendo-o numa esfera d'água. Pude vê-lo me encarando por um tempo, mas logo um sorriso lhe veio a face. Ele se desfez que alguns corvos que assim que apareceram, explodiram em fumo dentro da prisão.

Eu desabei, exausto, assim que o clone havia de desfeito. O cansaço parecia ter se multiplicado. Ainda sim canalizei meu chakra para ainda utilizar o Chiyute em meus braços, pernas, tórax e rosto. Quando toquei em meu nariz dolorido, lembrei dos ataques que nem eu mesmo pude prever e fiquei anestesiado com essa nova descoberta.

- Surpreendente. - murmurei, antes de deixar ali mesmo e desmaiar, acabado.