A lua brilhava no alto do céu estrelado, emitindo sobre a terra os seus raios pálidos permitindo ver tudo com nitidez à noite, uma brisa suave e fresca soprava nas folhas dos carvalhos que cobriam aquela área florestal, abrigado nas ramagens densas destas árvores um jovem repousava descansando nas suas vestes negras, acima dele uma lâmina prateada encontrava-se espetada na casca mantendo-se imóvel acima da cabeça do jovem. Inspirando e expirando suavemente o vulto dormitava pacificamente absorvido no silêncio da noite que o embalava no sono profundo. Mas no ar presenciava-se uma certa estática, apesar do ambiente calmo a tempestade estava para vir, nas sombras um corpo andava sorrateiramente não querendo demonstrar a sua posição, avançava com passos calmos e deliberados em direcção à árvore onde o rapaz das vestes negras repousava. Olhou para cima avistando o grande aglomerado de massa negra repousado em cima das árvores, então levantou o seu pé grande e verde aplicando um forte empurrão à árvore fazendo o rapaz desequilibrar-se.
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Está na hora de acordar mandrião! - gritava a invocação ao derrubar a árvore, no ar o rapaz acordado do seu sono agiu num acto inconsciente libertando o seu doujutsu e fazendo um quarto de lua desaparecer lançando uma bola de fogo maciça em direcção ao chão. A explosão de chamas fez com que o rapaz fosse novamente projectado para cima, os gases empurravam-no de volta ao ar fazendo este planar por mais uns segundos.
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Foste chamado idiota minorca. - afirmava atrás dele a voz rouca do Orc feio que ele conseguia invocar. Sorrindo alegremente o kiri-nin estava feliz de rever uma cara conhecida, passara algum tempo ali sozinho e não havia encontrado muitas invocações que lhe fizessem companhia.
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Da próxima vez que acordares dessa forma juro-te que a próxima água que beber vai ser através do teu crânio. - ameaçava friamente o rapaz mantendo mesmo assim a sua alegria.
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Está bom está bom chibi... Quando cresceres... - Respondia a invocação troçando da estatura do rapaz que não se alterava à vários anos.
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Fica sabendo que há pessoas mais baixas que eu! - ripostava ofendido o kendoca começando a saltar de árvore em árvore seguindo o Orc.
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Claro que há! Mas se formos a ver também há anões... Grande resposta Zehel. - declarava o bicho verde um pouco decepcionado com o argumento do jovem Zetsubõ. -
Se bebesses mais leite ias ver que crescias num instante, mas não tu és teimoso e esquisitinho e não bebes leite, só chás e porcarias. -
Está provado que o único leite que precisamos em toda a nossa vida é o que recebemos da amamentação, o outro é apenas falatório... - defendia o kiri nin o seu ponto de vista enquanto os dois avançavam pela floresta.
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Se eu te partir um osso sequer com um dedo apenas quer dizer que necessitas de leite. - concluiu a invocação estendendo o seu indicador gigante para que Zehel visse. O Orc media cerca de 2,80 metros, aquele dedo maciço misturado com a técnica do punho de arhat podia mesmo esmagá-lo, que raio de argumento era aquele pensava Zehel olhando para o dedo verde e com verrugas.
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Se eu te conseguir fazer um corte com a katana quer dizer que precisas de fortalecer a pele... Que tal deixar-mos de usar argumentos óbvios para defender os nossos ideais e focar-mo-nos em tu me responderes onde vamos. - dizia Zehel curioso e desejoso de acabar aquela discussão inútil.
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Não te preocupes, estamos a chegar. - declarava a invocação apontado para a forma de torres que se avistavam acima das copas das árvores. -
É para lá que vamos, para a cidade de Valeria. ---------------------------
Assim que chegaram à gigantesca entrada da cidade abandonada e degradada, vários factos vinham à cabeça do jovem, era uma cidade com um estilo muito parecido ao dos monumentos na índia, com curvas definidas e topos quase cónicos, pilares bastante esculpidos e de aspecto rico, as casa também eram trabalhadas e dispostas simetricamente umas ás outras todas convergindo para o imenso palacete que se encontrava no fundo de qualquer uma das ruas. Avançavam calmamente por uma rua larga onde em tempos passados muito movimento tivera, as rochas estavam desgastadas e fracturadas tanto dos movimentos da crosta como dos movimentos das pessoas que antigamente habitavam. Cedo alcançaram a porta do palacete que foi aberta para Zehel entrar, o seu interior estava bastante bem conservado, porém era ali que a visita guiada acabava, o Orc ficara na rua e dentro do edifício, em pé junto à escadaria majestosa, uma mulher que o kiri nin já conhecia aguardava-o, os cabelos longos e loiros apanhados numa trança comprida denunciavam a mulher que o havia recebido na ilha e lhe dera uma rápida explicação sobre o local.
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Creio que não chegámos a ser bem apresentados Zehel, o meu nome é Mira Zetsubõ, segue-me por favor. - pedia a bonita fêmea começando a subir as escadas de madeira negra. -
Há alguém que te quer ver. Seguiu-a então até alcançar uma porta de madeira entreaberta onde a mulher parara esperando que ele entrasse.
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Vamos não te acanhes. - incentivava a mulher ao ver que o rapaz hesitava a entrar. Dentro do lugar tudo era feito de pedra cinzenta e maciça, as paredes, o tecto e o chão, era tudo feito com a mesma pedra e não havia qualquer vestígio de junção entre pedras, apenas uma cama havia no quarto contendo uma mesa de cabeceira com uma vela acesa, essa mesmo constituía toda a luminosidade do quarto. Um corpo totalmente coberto de ligaduras repousava em cima da cama apenas com a boca e com os olhos descobertos, notava-se nas zonas sem ligaduras evidencias de ser alguém velho, os olhos tinham rugas acentuadas, aproximando-se muito devagar o kiri-nin não queria que o idoso acordasse, porém fora inevitável, o cursed seal do pulso do rapaz começou a brilhar e a arder-lhe com certa intensidade no momento em que os olhos azuis com 3 quartos de lua do homem se abriram e exploraram tudo em seu redor, era como um velho confuso que estivesse a tentar perceber onde estava. De um só movimento os dois olhos muito azuis viraram-se para o jovem e focaram-no, a boca do homem abriu-se à medida que o homem abria os olhos cada vez mais em espanto.
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Estás a usá-la. Zehel ficara confuso, não sabia o que estava a usar, o que estaria o homem a falar? E quem seria ele, a mente do kendoca começou a encher-se de perguntas que não tinha ainda a resposta começando a deixá-lo nervoso.
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Tem calma, respira. - aconselhava Mira que se colocara atrás dele pousando a sua mão delicada no ombro do jovem.
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Do que estás a falar? - questionou Dendrobates respirando fundo voltando a si mesmo.
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Estou a falar dessa coisa que tens ao pescoço, ambos sabemos de onde isso vem. - respondia o homem elevando fracamente a sua mão para apontar a pulseira de Cereberus. - Não se safou pois não? Meu pobre companheiro.
Nesse momento uma luz surgiu na mente de Zehel fazendo-o ficar extremamente alegre com a conclusão que tinha chegado.
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Ashura! sobreviveste! - exclamava o rapaz avançando para o homem deitado ajoelhando-se perto da cama para ficar mais perto do seu tutor. -
Não podias ter-me avisado seu desgraçado, nem que fosse só uma das tuas cartas misteriosas, idiota... - reclamava Zehel por não ter sido avisado que o homem estava vivo.
- B
em tanta emoção em me ver bem, - risava o homem. -
pensava que ia ser recebido com elogios e saudades, mas não fui recebido com insultos, não sei se reparas-te mas eu não andei propriamente de viagem para te mandar uma carta, a única viagem que fiz foi às portas da morte e ai não há posto de correios. - comentava o homem rindo-se de tal modo que se começou a engasgar, colocando o braço atrás da cabeça enrolada o jovem Zetsubõ puxava o tronco do seu tutor para cima de modo a que ele respira-se melhor.
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Ele já sabe da guerra? - questionou muito preocupado Ashura olhando para a sua irmã.
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Sim Ashura, eu já sei de tudo não te preocupes. - respondeu o kendoca não dando oportunidade a Mira para falar.
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Não na verdade ainda não sabes de nada rapaz. - Afirmava a mulher olhando para o homem deitado na cama.
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Zehel, meu querido Zehel, eu não sou Ashura. - começou o homem a falar deixando logo a bomba cair para abrir o discurso. - Ashura era a tua mãe que como sabes morreu às mãos do teu padrasto. Na verdade o esse homem odiável era membro da Hantã no me, ele prendeu a tua mãe e forçou-a a viver como se fosse esposa dele. Teve Nagasuke contra a sua vontade uma vez que o teu padrasto apenas se interessava em possuir o doujutsu dos Zetsubõ, ele queria ficar com o teu irmão e levá-lo para a Hantã no me onde nos combateria. Mas felizmente tu nasceste e vieste inverter os papéis, a Hantã no me ficou espantada com o nascimento e ao mesmo tempo temeu que aquele pudesse ser quem ia sentar-se no trono futuramente. E temiam bem... Zehel nem conseguia acreditar no que estava a ser dito, parecia que tudo o que tinha vivido até ali tinha sido uma mentira, vivia num mundo criado para ocultar coisas pelos mais poderosos e essa era a verdade, por trás de tudo no mundo havia algo negro e impuro que era escondido.
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Assim que tu nasceste era óbvio que estavas predestinado ao trono, pois possuís poderes que nem imaginas e alguns deles que te podem ser da maior importância. Como podes imaginar o teu padrasto não gostou muito da história então decidiu matar-te...-
Sim e foi ai que Nagasuke o conseguiu matar e salvou-me da morte. - completou o kiri-nin.
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Errado, o teu pai conseguiu sobreviver e fugiu, ainda o tentei perseguir durante alguns dias mas ele já levava muito avanço e não fui capaz de alcançá-lo. -
Então isso quer dizer que esse monstro ainda anda à solta? - perguntou Zehel começando a ter um pequeno vislumbre de mais uma razão para espezinhar a Hantã no me.
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Sim infelizmente ainda ai anda à solta e por isso te temos de manter bem seguro, tens de ter extremo cuidado... Continuando, és quem está destinado a tomar o trono, o último sangue puro a nascer de dois Zetsubõ, não existe mais nenhum sangue puro no mundo exceptuando aqueles que se encontram nesta sala. - terminou assim o seu discurso.
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Mas então porque não sobe Mira ao poder, porque tenho de ser eu? Eu sou novo demais para tanta responsabilidade, que tenho eu que Mira não tem? - protestava Zehel não querendo ser o escolhido para ascender o trono.
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És tu que estás destinado ao trono, as razões vão surgir a seu tempo, não te preocupes tanto com o assunto que tudo se vai revelar a ti quando a altura for correcta. - falava calmamente o homem tentando manter o ambiente calmo, mas Zehel não parecia estar a querer coperar com eles e continuava a reclamar.
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Mas quem és tu para dizeres me o que eu sou ou o que haveria de ser! Porque tenho de seguir o que me dizes? Eu tenho vida e não és tu quem manda nela, quem és para achar que sim? - falava Zehel exaltado fazendo o homem levantar-se de rompante e atingi-lo com uma bofetada na cara fazendo o jovem calar-se.
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Eu sou Akira Zetsubõ e fazes o que eu mandar porque eu sou teu pai! - gritou o homem a Zehel deixando-o abismado com a revelação.
Continua
- Spoiler:
Mais uma vez peço desculpa se alguém ler os meus filler, desculpa por serem um pouco grandes, parte disso é só conversa mas é a minha escrita não sei porque não me contento com um filler pequenino, sinto que falta qualquer coisa ahahha anyway sorry.