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Obrigado por vi. Seu pai me falou muito de você. - Cumprimentou Kimura ao notar que um jovem coberto por ataduras acabara de chegar ao campo de treino. Na manhã daquele dia, seu pai pediu que ele ajudasse o garoto que logo estaria na terceira fase do exame. Ambos sabiam que exigiria muito esforço de Zef para que ele conseguisse se sair bem no exame, por isso o Hebi não se importou em auxiliá-lo em alguns treinos rápidos. -
Muito prazer, Kimura-dono - Respondeu ao se inclinar em reverência o ANBU. Tocando em seu ombro, este fez um sinal de que ele não precisava ser tratado dessa forma. -
No campo de treino, prefiro ser tratado como igual. - Concluiu o jounin, lembrando-se de sua época de gennin, quando não conseguia ninguém para treiná-lo. Terminando os breves cumprimentos, os dois se dirigiram ao centro do campo úmido por causa da fraca chuva da manhã. Apontando para os alvos de madeira que descansavam no canto direito, Kimura focalizou chakra nas tatuagens e retirou algumas dezenas de kunais. Jogando-as no chão, cinco à sua frente e cinco à frente do gennin, a serpente se inclinou e pegou uma das kunais no chão para então arremessá-la com toda força de seu braço em direção ao alvo. O projétil sibilou rasgando o ar e encontrou a madeira exatamente no centro num estalo peculiar. -
Tente fazer melhor - Provocou o garoto. Zef então repetiu o movimento e agarrou a lâmina, atirando-a num gingado estranho. O projétil viajou a certa velocidade e atingiu o alvo no arco exterior. -
Ah que droga! - Gritou pelo arremesso fracassado.
Sorrindo com o canto da boca, Kimura se lembrava das dificuldades do início, quando pegou outra kunai e a arremessou diretamente sobre a outra num ruído do choque entre os metais, deixando faíscas brilharem pelo ar. Assustado com a precisão, Zef pegou sua segunda kunai e a arremessou com toda força que tinha. Contudo, Kimura notou uma movimentação estranha em seu corpo no arremesso, como se este estivesse poupando algum músculo. Mas dessa vez, seu arremesso o trouxe para o arco interior, para a comemoração do garoto. -
Muito bem. - Elogiou o garoto, agora caminhando para o centro do campo. Estranhando a atitude, o gennin o seguiu, ficando na posição oposta ao Hebi, que levantou as mãos numa clara posição de taijusu. Com um suspiro de preguiça, Zef repetiu a postura e se assustou com seu sensei que havia focalizado chakra nas pernas e realizado um veloz shunshin até ele. Elevando a mão num soco direto no queixo, Kimura preferiu não atingi-lo com toda força, mas para sua surpresa, seu soco acertara um pedaço de madeira deixada pelo gennin que convergiu chakra pelo corpo e realizou num kawarimi no "timming" correto, para então usar parte de sua energia e utilizar outro shunshin para cercar Kimura e tentar um chute lateral visando sua nuca. Inclinando-se para baixo, a serpente esquivou-se do golpe, sentindo o deslocamento de ar sob sua cabeça. "Muito bom." - Elogiava em pensamento, quando rodopiou o corpo numa rápida rasteira visando o pé de apoio do garoto. Zef quase não conseguira ver o que o atingiu, só sentiu dor e começou a desabar em direção ao chão.
O gennin se preparou para cair pesadamente ao chão, fechando os olhos institivamente, quando sentiu Kimura agarrá-lo pelo uniforme, usando a força de seus músculos do braço direito. -
Primeiro erro: Não feche os olhos. Você precisa ver para poder se defender. - Disse, ao puxá-lo de volta para cima. Com mais um suspiro, Zef coçou a cabeça um pouco constrangido mas logo tentou acertar Kimura elevando o joelho tentando acertar seu estômago. Cruzando as mãos à frente, o jounin bloqueou o golpe e saltou em recuo numa pirueta para esquivar-se de mais um chute que Zef havia encaixado no combo. Satisfeito com o oportunismo do garoto, a serpente avançou noutro shunshin e ergueu a perna num chute descendente. Dessa vez, Zef esquivou-se num salto lateral e focalizou chakra após um breve selo e logo um denso nevoeiro se criou, deixando Kimura sem saber onde o garoto fora. -
Esperto! Mas de que adianta, de ainda posso te ouvir? - Exclamou o jounin, ouvindo os passos de Zef na grama encharcada na lateral esquerda. Foi quando inclinou o corpo mais uma vez e esquivou-se por pouco da katana que Zef havia sacado e lançado num corte lateral, deixando apenas um filete de sangue verde escorrer da face. Esticando o braço, velozmente ainda conseguiu agarra a parte de trás do quimono do garoto que foi obrigado a escorregar para libertar-se e então girou tentando acertá-lo com um chute giratório Kimura soltou a peça de roupa e elevou os braços para receber o golpe, bloqueando-o num estalo. A respiração de Zef já denunciava que ele estava cansado, já era hora de terminar.
Focalizando chakra na tatuagem, o jounin invocou sua presa-de-prata, levando-a a sua lateral, ele bloqueou mais um golpe da katana de Zef. Os metais gemeram com o choque, mas enquanto o gennin tentava se recuperar para efetuar outro corte, Kimura girou o corpo elevando a perna num forte chute no peito do garoto. Zef expeliu todo o ar dos pulmões e caiu num rolamento no chão até a beirada do campo de treinamento. Efetuando um veloz shunshin ao focalizar chakra para as pernas, Kimura chegou ao jovem em milésimos de segundo, levando sua espada lateralmente tentando cortar seu pescoço. Zef viu a morte chegar, fria e rápida, quando o jounin atingiu apenas a superfície da atadura, que se desenrolou pelo seu pescoço, mostrando uma série de hematomas. "Sabia que havia algo estranho na postura dele." - Pensou com curiosidade infantil. -
Levante-se, hora de ver como se sai contra genjutsus. - Disse estendendo a mão para ajudar o gennin ofegante a levantar. Os dois logo se dirigiram até as sombras das árvores, onde sentaram em posição de lótus para começar a treinar as técnicas ilusórias. Uma vez preparado, Kimura focalizou chakra no cérebro e após um rápido selo, enviou a energia ao gennin, que logo viu - assustado - vários papéis explosivos ao seu redor. "Isso é uma ilusão. Controle-se." - Pensou Zef, focalizando chakra pelo corpo para libertá-lo de uma vez na direção do cérebro. -
Kai! - Ele gritou. Contudo, as tarjas ainda estavam lá e dessa vez começavam a fumegar. Nervoso, ele tentaria mais uma vez quando perdeu a visão na presença de uma ofuscante luz.
Kimura acabara de efetuar outro genjutsu, após outro rápido selo, enviou mais energia ao garoto, fazendo-o pensar que ele emitia uma forte luz em seu corpo. Ainda pensando nas tarjas explosivas, apesar de saber que se tratava de uma ilusão, Zef se contorcia ao perceber que teria que escapar. Havia depositado sua katana na lateral, quando a puxou para seu lado e a desembainhou num rápido corte em sua mão. A dor foi lancinante, mas pelo menos conseguiu escapar dos genjutsus de Kimura, que surpreso com a atitude do garoto, reclamou: -
Isso é um treino. Por favor, não tente se matar. - Terminou ao se levantar para ajudar o garoto com novas ataduras. Desculpando-se com o sensei, Zef enfaixou a mão e percebeu que Kimura já arrumava suas coisas para sair. -
Já terminamos? - Ele disse. Num sinal de positivo, os dois começaram a andar perfilados na direção da saída, quando Kimura elevou sua mão para efetuar um forte soco na face do gennin. No susto, Zef cruzou os braços para bloquear o golpe quando sentiu sua barriga ser alvejada por um forte chute, jogando-o mais uma vez para a lateral do campo. -
Mas que...?! Porque você fez isso?! - Reclamou o garoto, ainda atordoado. Kimura sorriu e comentou que ele não havia percebido que na cobertura da luz ofuscante, ele havia convergido sua energia para realizar mais um genjutsu após outro selo. -
você devia ter percebido que estava sob outro genjutsu. Nunca baixe a guarda até deixarmos o campo. A arena. Ou campo de batalha. Lembre-se disso. Amanhã no mesmo horário, ok? - Sorriu a serpente, deixando o campo de treino.
FIM