Vários sentimentos passavam pela minha cabeça naquele momento. Medo e excitação, pressa e cautela, entre outros. Meus pés caminhavam rumo à casa de treinamento enquanto meus olhos reparavam em cada detalhe do lugar. Era bem maior do que eu me lembrava da última vez, o lugar era de formato quadrado, como um tatame de Dojo. Em volta do lugar, com comprimento de quase um metro, havia pisos de madeira típicos das casas da vila. Dei mais alguns passos e a porta se fechara atrás de mim com um barulho. Instintivamente olhei para trás e sem perceber, meu rosto demonstrava espanto devido ao susto.

  _ Ei, se acalme, só estou fechando a porta – Um leve sorriso de abriu na face de Shujinko – Fique a vontade, vou pegar os equipamentos. Você está com tempo?

  Lembrei-me que não disse a minha mãe o tempo que ficaria fora de casa, pensei um pouco, e a curiosidade falou mais alto.

  _ Sim, claro! Esperarei o senhor aqui.

  _ Por favor, não me chame de senhor, assim eu pareço um velho. E eu não sou, ou estou enganado? – Senti ironia em sua voz e tive um pouco de medo, aquele velho era sinistro. Então decidi não contestar.

  _ C-claro que não, Shujinko. – Gaguejei um pouco, resultado do nervosismo.

  _ Está bem. Você pode me chamar de Shujinko se quiser, mas se preferir pode usar a palavra Sensei de agora em diante. – Shujinko deu as costas pra mim antes que eu pudesse responder – Bom, já volto, faça o que quiser enquanto isso.

  _ Hai! – Disse alto e claro.

  Um sensei, não é? Até que não é uma má ideia, pensei. Agora que estava sozinho, olhei com mais atenção para o lugar. Tinha um saco de pancadas amarrado no teto bem ao centro e outro ao chão, no canto superior direito. Este último aparentava ser velho, e com menos da metade da areia normal de um novo. Antes eu tinha observado o velho a lutar, e me parecia que era aquele saco que ele estava usando. Shujinko devia treinar muito para que em apenas dois dias já o colocasse nesse estado.

  As mesmas artes que tinham do lado de fora estavam ali também, só que com mais detalhes. Claramente eu podia enxergar a história de uma criança até sua fase adulta, contada do lado direito até o esquerdo. Eram imagens de lutas e conquistas, como de um adolescente derrotando um tigre em uma floresta, e após isso, parando um bandido de cometer assassinato. Pouco depois também lutava contra uma garça ao defender seus companheiros. Entendi que após a batalha contra o tigre, seu estilo de luta mudou. Tive a impressão que ele lutava com suas mãos em forma de garras, e possuía agilidade como o próprio tigre. Andando em volta do Tatame fui enxergando desenhos de outros animais. Louva-Deus, Águia, Serpente, Leopardo, Garça e até mesmo... Um dragão... Pensei se realmente existisse esse tal dragão, mas logo minha atenção se voltou a outro detalhe. Antes, na luta contra o tigre, o garoto usava um pedaço de armadura bem frágil no braço, mas já na luta contra o dragão, essa armadura estava bem maior, mais brilhante e resistente. Apressei um pouco meus passos retornando ao tigre, e fazendo o mesmo caminho novamente. A cada batalha contra um animal, o artefato mudava. Ele ficava cada vez maior e mais desenvolvido. Tentei entender a lógica daquilo, mas fui interrompido pelo chamado de Shujinko.

  _ Admirado com os desenhos? – Pergunta, trazendo alguns protetores de rosto e peito.

  _ Ah, sim, estou tentando entender essa história. – Disse, reparando nos objetos que ele trouxe.

  _ História? Qual história? – Entendi que ele estava jogando verde comigo.

  _ A história desse garoto. Ele enfrenta batalhas e luta contra animais para se desenvolver, adquirindo suas técnicas, sei lá. O que ainda não consegui entender foi este artefato aqui – Apontei para a parte da armadura – Aparentemente à medida que o garoto evolui, ele evolui também, mudando sua forma e força.

  _ É um bom conceito esse que você descreveu, e isso me deu uma ideia. Vamos, sente-se aqui no chão, irei te contar uma história antes de começarmos.

  Eu sou criança pra ficar ouvindo histórias agora? Questionei-me, mas obedeci. A voz de Shujinko fez parecer aquilo mais como uma ordem do que um convite. E então, eu me sentei e dobrei as pernas.

  _ A história é a seguinte...
 
  [...]
 
  Atenciosamente Shujinko me contou a interessante história, me explicando tudo com grandes detalhes, e tendo paciência com as minhas ridículas perguntas, como: Pra que usar as mãos como garra se ele pode simplesmente dar um soco? E coisas do tipo.

  A história é a seguinte: Um jovem monge se considerava o melhor de todos os outros em combate corpo-a-corpo, possuía grande força e agilidade. Para provar seus talentos para o mundo, esse monge chamado Shukaisho abandonou seu mosteiro a procura de desafiar todos os monges que encontrasse em seu caminho. E foi isso que ele fez. Carregando somente o necessário consigo mesmo, Shukaisho desafiou vários mosteiros e estava indo bem, vencendo todos. Certo dia, Shukaisho entrou no mosteiro mais famoso da região, cujo todos diziam que possuía vários monges com força comparadas a de um ninja Jounin. Era o mosteiro Wu-Shu.

  Chegando lá, o corajoso ex-monge desafiou logo o monge mestre para o combate, e este recusou. “Se desejas lutar contra mim, primeiro deves superar os meus discípulos. Armin, meu mais novo discípulo, por favor, lute contra esse ereje.”. Shukaisho se sentiu insultado, mas aceitou o desafio.

  O resultado não foi tão bom quanto ele esperava, e em cerca de dois minutos, Shukaisho estava imobilizado no chão pelo calouro. Se sentindo envergonhado, saiu do mosteiro sem dizer uma palavra. Nesse momento, enxergou uma densa floresta e decidiu ir até lá para acalmar os nervos. Sentou-se perto de uma árvore, e começou a refletir sobre o que acabara de ocorrer. Tanto esforço treinando com os monges para quê? Nada! Ele pensava várias e várias vezes.

  Distraído em seus pensamentos, o monge não percebeu um enorme tigre se aproximando para o bote. Shukaisho desviou, sofrendo uma grave ferida em seu braço direito. Depois de uma constante e difícil luta, o monge venceu o tigre agarrando um afiado galho com o braço não machucado, e então apunhalou o animal no coração.

  Saindo da área de combate, caminhou até o mosteiro Wu-Shu para pedir ajuda. E mesmo com sua falta de educação anteriormente, os monges o ajudaram. Ao acordar, Shukaisho se sentia bem, mas seu braço machucado estava um pouco mais pesado que o outro. Quando ele foi olhar, era parte de uma armadura que estava presa a ele. O “paciente” perguntou ao mestre do mosteiro o que era aquilo e o mestre explicou: “Você estava muito ferido e não iria sobreviver se não fosse por isso. Esse equipamento age de acordo com a necessidade do usuário, ele reconheceu sua necessidade por cura no momento, o curou e se transformou em uma armadura, interessante, não?“. Shukaisho pensou no que o homem disse e percebeu que não poderia mais retirar esse objeto de seu corpo, mas agradeceu.

  Depois de alguns dias, o já curado monge voltou à floresta onde matara o enorme tigre. Ficou lá por horas, meditando, e finalmente descobriu um modo de se sobressair para com os outros monges, e esse era: Criar seu próprio estilo de luta. Ele se lembrou da batalha que tivera naquele lugar e começou a treinar imitando os movimentos do tigre. Com as mãos em garra treinava estrangulamento, arranhões, entre outras técnicas. E assim começou a criar seu próprio estilo baseado nas grandes bestas que iria enfrentar. Um bom detalhe a ressaltar é que a armadura de Shukaisho ficava mais forte e resistente de acordo com seu desenvolvimento.
 
[...]
 
  Essa era a história que Shujinko tinha me contado, fiquei admirado ao ouvi-la desde o começo do conto. Tinha agora tinha entendido as imagens e uma outra coisa: Shukaisho era o mestre de Shujinko. Havia até uma pequena semelhança em seus nomes, o “Shu” era igual. Não sabia o motivo, mas também não queria perguntar. Fascinado pela história comecei a imaginar as grandes batalhas que esse monge enfrentou, e estava ansioso para seguir o seu caminho.

  _ Gostou da história? Agora eu irei te treinar para que seja um lutador tão bom quanto o grande “Shukaisho das agulhas negras de Wu-Shu”. Se levante, vamos começar o treinamento! – Agilmente Shujinko se pôs de guarda e eu fiz o mesmo.
 
 
Estava para começar o meu treinamento com Shujinko, meu mais novo sensei e sentia que esse era um grande passo para meu caminho como ninja.


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Link para a parte I: http://www.narutoportugalrpg.com/t12359-filler-i-o-comeco#138805
Link para a parte II: http://www.narutoportugalrpg.com/t12387-filler-ii-o-encontro#137473
Link para a parte III: http://www.narutoportugalrpg.com/t12537-filler-iii-shujinko

Muito obrigado pelo apoio e os elogios . Sério que leu todos os 4? *________________*. Eu quero continuar logo o filler, mas antes eu farei um treino, e talvez uma missão junto com o Lipe, se ele quiser, hehe. Quando fizer alguma dessas coisas já posto a quinta parte \õ/ . Tenho que ler o segundo filler seu D: , hoje não vai dar, mas amanhã eu leio com certeza . Valeu cara ^^

Bruno Moraes escreveu:

Uma boa historia para incentivar um jovem aprendiz a treinar a arte do Wu-Shu. Como será que irá se sair o jovem com essa na arte marcial que irá aprender? Ficarei a espera dos próximos para descobrir como será a evolução com essa nova doutrina.
 

Força na historia irmão.  

\õ/ . Pretendo fazer a continuação logo após terminar de criar a técnica Wu-Shu, aguarde *__*