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Sanrō
“Neve…”
A neve caia calma e serena num enorme deserto branco que se prolongava infinitamente, ao longe pequenas montanhas podiam ser vistas dispostas de maneiras inimagináveis. No meio daquele imenso deserto apenas se ouvia o som do vento que soprava de vez em quando e o som da neve a quebrar sobre passos humanos. Se é que podemos chamar àquelas três pessoas de humanos. A equipa fora exilada da base subterrânea, se é que se pode dizer exilada.
“O meu nome é Ichinose Zef, fui torturado, manipulado e castigado. A minha mãe morreu assim como o meu amor. Provavelmente ambas assassinadas pela mesma pessoa a que chamo pai. E agora sou uma cobaia que pertence a uma qualquer experiencia de laboratório com pessoas verdadeiras. Fomos atirados para um buraco escuro onde temos de sobreviver, matando, roubando e tornando-nos superiores aos outros. Eu calhei fazer amizade com duas pessoas que partilham algo comigo, um algo que se mostra depravado e insano. Bem não lhe posso chamar de amizade, visto que de amigos não temos nada.”
Uma bola de neve voou na direção de Zef atingindo-o na nuca.
-Hey! Ajuda aqui a montar o acampamento e deixa de escrever a merda que estas a escrever!
Zef limpou o cabelo compôs o seu grande manto negro, decorado com uma lula gigante dourada que representava a Ika e dirigiu-se para o resto do grupo. Tinham acabado de ficar por baixo de uma construção natural de granito que se erguia ali perto e que iria proteger as tendas da neve impedindo que estas colapsassem sobre o peso. Naro já tinha feito um círculo de pedras e recolhido algum ramos que se encontravam por ali.
-Agora só precisamos de acender isto.
Azura aproximou-se da fogueira pegou em duas rochas que contornavam a madeira e começou a bater uma na outra soltando pequenas faíscas de vez em quando até uma delas cair na madeira, que começou a crepitar levemente enquanto Naro soprava na pequena chama fazendo-a aumentar ate preencher a madeira toda. Os três ninjas estavam sentados ao redor da fogueira, envoltos nos mantos negros só se viam as pequenas nuvens que saiam da boca dos mesmos.
-Bem já que estamos aqui longe de tudo, que tal partilharemos algumas historias entre nós.
Disse Naro apontando de imediato para Azura, que se escondia atrás de uma mascara.
-Começando por ti! De nós os dois és o mais poderoso.
Azura levou a mão á mascara para dar um ligeiro toque e coloca-la mais recostada contra o seu rosto secreto.
-A única coisa que posso dizer é que estou em missão. Foi incumbido de encontrar pessoas para a ressurreição dos sete espadachins da névoa. Ouvi uns rumores sobre o que se está a passar e sobre o que a Ika tinha planeado e foi fácil a infiltração, passei-me por um idiota como vós e pronto aqui estou.
O silêncio caiu sobre eles enquanto o leve crepitar da fogueira se começava a desvanecer por falta de combustível. Zef pôs-se de pé e afastou-se do grupo para ir escrever mais um pouco no seu bloco de notas.
“De amigos não tem nada, são os dois almas doentes e psicopatas que me arrastaram para o seu lado, mas não posso dizer que isso é inteiramente mau. Durante a nossa estadia naquele labirinto, começamos a ficar temidos por toda a população, para todos eramos selvagens sanguinários e psicopatas, quando alguém queria ver alguém morto sem se dar ao trabalho e tivesse algo com que pagar era a nós que nos procuravam. Fiz muitas coisas de que não me arrependo, pois no caos é a sobrevivência do mais forte. No fim fomos considerados sombras. O labirinto dividiu-se numa espécie de país ninja independente, dividido por distritos dos quais governados pelo ninja mais forte, alguns sobreviveram durante horas, dias ou minutos mas outros conseguiram tornar-se verdadeiros governos e potências bélicas. Se o plano da Ika é formar soldados posso afirmar que estão no bom caminho, e não são apenas soldados, são fanáticos por aquilo que acreditam. Mas por agora isso não interessa, o que nos trouxe aqui ao país do ferro é uma de muitas missões que vem aí. Fomos escolhidos por trabalharemos bem em equipa e nos destacaremos pelos assassinatos que cometemos a soldo de outros no, Buraco, chamemos-lhe assim por agora. A missão foi-nos dada pelo mais recente membro da Ika que como nós se tem vindo a destacar no Buraco, já a conheci como Inoue, agora tornou-se aquilo que traz nas veias, gelo. A missão é simples, infiltração, e assassinato. O alvo, Hiroshi Masaki, um general do exército de ferro.”
A manhã chegou cedo, mas a neve não parou, os três ninjas já estavam de pé e na direção do centro do país do ferro em direção a Sanrō, que já se via ao longe. Esta aproximava-se cada vez mais, a cada passo na neve espessa e que parecia não acabar, os três ninjas chegaram a um desfiladeiro, este dava passagem para a montanha através de uma pequena ponte, esta estava guardada por dois samurais nos seus fatos especiais contra o frio.
Quando os três ninjas se aproximaram foram imediatamente impedidos de entrar.
-Quem vêm lá?
Azura chegou-se a frente e mostrou a sua bandana de Kiri, dando a indicação que eram ninajs.
-Somos embaixadores de Kiri. Fomos mandados para falar com o general Hiroshi Masaki.
Zef e Naro puseram-se em posição de ataque preparados para atuar caso aquilo desse para o torto e os samurais não acreditassem. A neve continuava a cair sem parar e a tempestade tinha acabado de piorar diminuindo a visibilidade de todos.
-Sim, sim, o general Hiroshi. Podem entrar.
Os três ninjas começaram a andar na direção da ponte quando Naro se lembra de dar um golpe com a sua kunai nas costas de um dos guardas, ao ouvir aquilo Zef não teve escolha a não ser fazer um saque rápido da sua katana apanhando o outro samurai de costas fazendo-o cair no chão sem vida.
-A neve vai cobrir os corpos, assim não a probabilidade de seremos apanhados, só temos de nos esconder a partir de agora.
Dizia Naro com um sorriso na cara enquanto limpava a kunai e se ajoelhava perto de um dos corpos roubando duas katanas do soldado. Azura limitou-se a guardar a sua katana e a fazer um aceno com a mão dando o sinal para o resto do grupo avançar. Enquanto avançavam pela ponte, podiam-se ouvir gritos vindos da base da montanha, alguém estava a treinar. Àpos a longa caminhada Azura distribuiu intercomunicadores.
-Infiltração concluída, vamo-nos separar e iniciar as buscas pela nossa presa. É entrar, matar, sair. Não quero mais mortes desnecessárias.
Disse apontando para Naro.
-E comuniquem não nos quero às escuras aqui dentro.
E com um rápido gesto com a mão, deu o sinal para os ninjas se separarem.
Zef corria por um dos corredores exteriores que davam visão sobre as áreas de treino, vendo inúmeros soldados em exercícios.
“Tantos soldados, parece quase uma mobilização forçada. Será que se estão a preparar para a guerra.”
De facto as áreas de treino estavam cheias de soldados, perfilados, em exercícios. E em todas elas estava um general, qual deles seria o alvo.
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Não sei se será o meu regresso defenitivo ao forum, mas espero que sim, já estava com saudades disto.