Você não pode desistir, não agora, nem nunca! Você não pode desistir. Era isso que soava em minha mente durante meus sonhos. Essa voz feminina me alertando e me incentivando, não a reconhecia direito, bem, pelo menos em parte. A voz parecia um pouco distorcida como se duas pessoas falassem ao mesmo tempo, o tom de melancolia era facilmente notado. Minha cabeça doía intensamente só de pensar nisso, seria mais fácil abandonar tudo e viver um vida simples aqui, reconstruir minha casa e me dedicar ao trabalho braçal quem sabe.
— Acorde! Acorde! Vamos, acorde!_ Senti uma mão tocar em meu ombro esquerdo e me balançar freneticamente, reconheci sua voz. Era minha sensei.
— Mais que merda, o que foi? Arghh... minha cabeça._ Proferi bravo levando a mão direita rapidamente a testa e em seguida retirando as sujeiras dos olhos, tossi intensamente devido aos hematomas que deixaram alguns traumas físicos em mim porém, eles não se igualavam aos psicológicos. Fui destruído com tanta facilidade que até mesmo eu me espantava só de pensar nisso.
— Bem tenho algo para te falar... O Raikage encerrou as buscas por ela e disse que já se passou muitos dias. Disse também que como não acharam ela nesse tempo acredita-se que ele tenha sido morta._ Disse olhando para o chão, ela nem conseguia me encarar nos olhos.
— Não! Não pode! Eles tem que continuar. Eu já lhe disse, ele tem algo em mente, ele não a mataria assim. Eu preciso conversar com o Raikage!_ Vociferei, os músculos de minha face se contraíram em raiva e ódio intenso por aquele que um dia eu prestei serviços e minha lealdade.
— Não, você tem que entender. Eles estão gastando recursos que poderiam ser empregados para o benefício da vila! Você sabe disso, não banque o idiota._ Vociferou ela me agarrando nos ombros e me balançando. Seus olhos se manteram fixos aos mesmo por alguns segundos que pareceram eternidades, seu semblante era de desaprovação e raiva. Raiva de mim eu acho. Ela estava com raiva de mim por não querer desistir de um companheiro? Como assim?
— Eu ouvi certa vez uma frase. Aqueles que não obedecem as regras são lixo, mas aqueles que abandonam seus amigos são piores que lixo. EU NÃO VOU ABANDONAR ELA!_ Exclamei com a voz mais firme e autoritária que me era possível, imediatamente, ela se assustou com a frase e olhou para a janela. O sol já nascia. Creio que ela entendeu.
— Sim, já ouvi essa frase. Mas... olhe o seu estado, está sem um braço. Como vai lutar?_ Perguntou ela numa tentativa vã de me desencorajar.
— Tsc, acha que um braço a menos vai me impedir de ir esmurrar a cara do Raikage? Eu ainda tenho o direito. E não importa, existe próteses que usam em marionetes e muitos outros modelos._ Gritei no quarto do hospital. Peguei a maçaneta de ferro, estava quente, rapidamente a girei e abri a porta saindo do quarto. Imediatamente os enfermeiros me avistaram e protestaram contra minha saída, praguejavam e diziam que receberia alta no fim do dia, não me importei. Corri mais rápido que pude mas a falta do braço prejudicava tal ação.
De repente um alarme ecoava pelos corredores e sirenes vermelhas acopladas as paredes tocavam e giravam freneticamente alertando os funcionários sobre minha fuga, não bastou isso uma voz feminina proferia minha localização por um interfone que abrangia todo o edifício. Todas as saídas estavam fechadas. Sorri, como um bêbado de primeira viagem. Uma janela aberta estava a minha frente, não pensei duas vezes e saltei no telhado de um prédio próximo mas infelizmente me feri, devido a falta do braço para controlar melhor meu pouso cai de mau jeito e rolei debruçado no teto. Os funcionário me observavam da janela junto de Emi, esta por sua vez sorria, talvez devido a minha imprudência ou até mesmo pela minha garra.
” Acham que um bando de enfermeiros vão me capturar? “_ Pensei vitorioso. Então abri a porta da saída de emergência que deu nas escadas e desci a edificação indo as ruas. O roupão branco de hospital esvoaçava com a forte brisa daquele dia. As nuvens corriam no céu como nunca antes, uma tempestade estava por vir.
Todos os civis me observavam, julgando-me eu pouco ligava. Com o braço que me restava, penetrei a multidão empurrando-as com meu braço direito e evitando-as quando podia. Poucos minutos de caminhada já me cansavam. Toda a batalha, os ferimentos e a falta de exercício me prejudicaram intensamente. Entrei em uma viela suja e cheio de estranhos, me encostei na parede de um bar velho. Apenas minha respiração ofegante ecoava, meu testa estava inundada de suor assim como minhas têmporas que além disso, latejavam incessantemente.
— (Respiração ofegante) Malditos bastardos...(Pausa para respirar) Por que ficam embaçando com essa história de alta? ,.. Arrrghh que merda! _ Proferi irritado, de repente uma mão tocou no ombro e me puxaram. Virei para ver que me abordara e encontrei um homem adulto segurando um espada qualquer que precisava ser afiada com mais maestria e precisão.
— O que você tá fazendo aqui moleque?_ Perguntou o sujeito. Tinha um 1,80. Cabelos pretos e olhos castanhos, corpo definido mais carregava uma expressão vazia e besta que já denunciava sua pouca aptidão intelectual, o típico montanha de músculos e cérebro de ervilha. Ele brincava com aquela espada como uma criança com um guarda chuva, fingindo ser um espadachim habilidoso. Sorri inocentemente e com uma semblante de fragilidade respondi.
— O hospital me expulsou moço, me ajuda, minha mãe não sabe disso eu sou pobre e preciso comer!_ Falei apontando para meu braço esquerdo que não existia mais e depois para minha barriga, sinalizando a necessidade de alimento. Ele sorriu, abaixando-se para se igualar com a minha altura ele levou as mãos aos meus cabelos loiros, que estava maiores ainda e soltos. Afagou meu cabelo gentilmente.
— Não se preocupe, venha eu vou te ajudar garoto onde sua ma-..._ O resto da palavra foi suprimindo quando lhe dirigi um chute nos países baixos, sem esperar, flexionei os joelhos e saltei contra sua face lhe dirigindo uma joelhada no nariz derrubando para trás. No exato momento ele caiu para trás soltando a espada e massageando os documentos numa dor excruciante.
— Obrigado. Tio-burro-kun._ Proferi sorridente e alegre como uma criança que acaba de ganhar um brinquedo novo. Agarrei a espada com a mão que me restava e corri do beco, logo logo seus parceiros estariam ali isso era certo! — Pervertido! Acha que não sei qual é sua praia? Tsc.
” Raikage... você me deve explicações! “_ Pensei furioso com sua atitude.
Chegando perto do edifício central onde ficava o kage adentrei a multidão me mesclando a ela. Observei os guardas. Eles certamente não deixariam eu passar, estava sem o hitaite, com um braço, vestes médicas e uma katana em mãos provavelmente achariam que eu tinha fugido de um hospital psiquiátrico e não de um normal.
” Tsc, já sei! “_ Pensei num plano para distrair os guardas e passar sem ser detectado.
Continua...
Considerações: Já fiz as maiores partes das minhas obrigações escolares e consegui tempo para postar esse filler. Enjoy!