- Cap. I - Uma Nova História
- Cap. II - Kami no Sato
- Cap. III - Chegadas
- Cap. IV - O Dia Esperado
- Cap. V - Herdeiros
Capítulo II - Kami no Sato
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Hanamichi – Caminho das Flores
O dia estava agradável próximo ao porto do Santuário de Susano'o, costa sul do País do Demônio, cem homens marchavam a escoltar uma carruagem. O ritmo dos pés dos soldados era interrompido pela voz grave do general encarregado.
_ Sua Alteza, estamos a chegar em Kami no Sato. - dizia o homem musculado montado em seu cavalo ao se aproximar da grande carruagem.
Sua Alteza é a forma de tratamento recebida por Jinsei Kaika, tia avó e sensei de Shion, Rainha e Sacerdotisa do País do Demônio. A senhora viajava com sua família em uma luxuosa carruagem com detalhes em ouro, protegida pelo grande General Ludwig que não estava muito feliz com esse serviço, mas havia atendido ao pedido direto da rainha. Muitos soldados e cavalos cercavam e protegiam o veículo real a formar uma defesa impenetrável. Agora, após uma longa viagem, estavam no solo sagrado do País do Demônio. _ Vovó, não estou me sentindo bem. - reclamava Hana ainda enjoada com a viagem de navio, além de que as roupas a incomodavam um pouco.
Kami no Sato possui uma cultura muito incomum, as damas e cavalheiros, como gostam de ser chamados os cidadãos, se vestem totalmente diferente do resto do mundo. Os homens trajam roupas sérias e sóbrias, tecidos de cores escuras, gravata ou lenço de seda em torno do pescoço, cartola, relógio de bolso com a corrente a aparecer sobre o colete e as calças levemente tubular e retas. Durante o dia vestem um casaco longo, geralmente preto. Para a noite, casaco trespassado com corte reto ou fraque com gravata. Bengalas, espadas, luvas e outros acessórios ajudam a compor a moda masculina local.
As mulheres modelam o corpo com espartilho, colocam mais de quatro camadas de anáguas, crinolina (armação para reduzir as anáguas e dar volume) e vestidos que podem chegar a ter 20 metros de tecido, reforçados com barbatanas (tiras rígidas ou semirrígidas que oferecem estrutura e suporte às roupas). Algumas, ao saírem de casa, usam um pesado xale e uma touca adornada, a ficar com até 15 quilos de roupas. Leques, luvas de renda ou tecido, sombrinhas, pequenas bolsas, flores ou laços no cabelo, colares, camafeus, broches e vários outros ornamentos embelezam as damas de Kami no Sato. Misaki, mãe de Hana, rapidamente pega um sino de mão e o balança, ordenando ao condutor que parasse.
_ Sua Alteza, o que - antes que o general pudesse terminar, a porta se abre violentamente e Hana corre a procurar espaço entre tantos soldados e cavalos, além de tentar levantar seu enorme vestido que quase se arrastava na terra.
_ Lady Misaki, algum problema? - pergunta o general assustado com aquela cena, uma dama da família real a correr sem requinte.
_ Hana-chan só estava se sentindo enjoada pela viagem, desculpe o incômodo. - sorriu Misaki que logo corria atrás de sua filha e uma moça morena também corria atrás. Todas com enormes e belos vestidos.
Ludwig von Wardenburg, um dos 13 dragões reais, é um homem com pouco mais de 30 anos, olhos e cabelos negros, uma feição bruta e corpo bastante musculado. Carrega sempre consigo sua enorme espada, com fama de ter cortado milhares de cabeças. Nervoso, instintivo e pouco racional, são características do conhecido "Sanguinário Dragão Escarlate" do País do Demônio. Enquanto isso na mansão Jinsei, ou no Palácio Real, a Rainha Shion tinha uma reunião com seu marido e oficiais de maior patente do exército.
_ E sobre Kaika-sensei? - pergunta a rainha em seu vestido branco com detalhes vinho, e com uma coroa que, embora não gostasse de usar, seu marido sempre a convencia de colocar.
_ Não há com o que se preocupar, General Ludwig já mandou um mensageiro. Em menos de trinta minutos a duquesa e sua família estarão aqui. - responde um dos oficiais comandados por Ludwig.
A reunião prosseguia até que a grande porta da sala de reuniões se abre a levar uma forte luz ao rosto dos presentes, e uma pequena figura é vista com seus olhos lilás.
_ Vossa Alteza! - assustou-se um dos oficiais a se inclinar ao ver que a princesa entrava na sala. Logo o rei se coloca pé e vai até a empregada que abrira a porta permitindo que a menina entrasse.
_ O que isso significa? - pergunta furioso o rei, um homem com traços refinados e expressão forte.
_ A princesa Elizabeth ordenou que eu a levasse até Vossa Majestade. - respondia a mulher a olhar para baixo.
_ E por isso pensas que podes entrar aqui, onde o rei e a rainha tem uma reunião com os mais altos oficiais e nobres. Sua insolente! - e o rei dá um forte tapa no rosto da mulher a derruba-la, retira as luvas e as joga sobre ela.
Um sorriso era visto em vários membros presentes na sala, inclusive na pequena princesa que tanto amava o pai. Poucos eram os que desaprovavam a atitude do rei para com a serva, mas a rainha era um desses, seus olhos se enchiam de lágrimas ao ver a empregada se levantar e se dirigir à porta.
_ Onde pensas que vai? Leve Lizzy de volta, aqui não é ambiente para crianças. - ordena o rei.
_ Queridinha, papai e mamãe estão em reunião, já falei que quando estamos em reunião você não deve interromper. Amamos você. - sorriu o pai a levar a filha até sua empregada, a garotinha não falava nada, já estava satisfeita pelo espetáculo do pai.
Por debaixo da porta alguns fios negros passavam até chegar ao Capitão Silver e alguns segundos depois ele anuncia que a Duquesa Kaika e família já estavam no portão principal da vila.
_ Encerramos a reunião por hoje, vamos todos receber Kaika-sensei. - ordena a rainha a sorrir, não conseguindo conter a felicidade, até esquecera o que tinha acabado de acontecer.
_ Querida, ainda temos que discutir sobre - falava o rei, porém interrompido.
_ Todo o exército e população já estão lá fora a aguardar minha sensei, não posso faltar, assim como meus oficiais de maior patente. Estamos a falar da lendária Jinsei Kaika, uma das maiores sacerdotisas que meu país já teve. - finaliza a rainha a se levantar, e logo todos na sala fazem o mesmo.
Era visível que no País do Demônio as mulheres tinham maior poder, ainda mais as sacerdotisas do clã Jinsei que possuíam o Mangekyougan. O rei, embora oficialmente fosse o chefe de governo, não tinha tanta autoridade quanto sua esposa, o que o incomodava bastante. Apesar das mulheres recatadas e aparentemente vulneráveis, eram elas que dominavam os lares, mas gostavam de parecer submissas e dependentes. Lá fora a vila toda se concentrava nas redondezas do Palácio Jinsei, classe baixa, empresários, nobres e turistas, ninguém podia perder a chegada da lendária sacerdotisa que voltava ao país depois de tantos anos. Muitas bandeiras, faixas e gritos eram ouvidos da população, a polícia juntamente com alguns membros do exército cuidavam da segurança. Um cinturão do exército estava ao redor do palácio para proteger a família real que aparecia em público.
_ Ai mamãe, essa sua fama me deixa incomodada. - reclamava Misaki ao ver vários flashes em sua direção, sua mãe apenas sorria e acenava à todos.
_ Hana-chan... eu realmente estou assustada. - sussurrou Hirume para a amiga enquanto a carruagem passava pelo portão do palácio.
_ Eu também, Hirume-san... eu também. - respondeu Hana que não tinha noção do que acontecia ali.
O condutor da carruagem estava nervoso, sabia que apareceria em todos os jornais da região, ele para os cavalos, desce, inspira grande quantidade de ar, abre a porta, coloca uma pequena escada e inclina seu corpo à frente. A primeira a descer era Hirume em seu belo vestido amarelo com detalhes marrom, a fazer todos silenciarem com aquela figura anônima e sem importância.
_ Olhem, é a Lady Misaki! - gritou algum nobre que acompanhava de fora do palácio e via ao longe a mãe de Hana descer da carruagem com seu luxuoso vestido rosa. As pessoas voltavam a gritar para a filha da lendária sacerdotisa.
_ Quem é aquela? - perguntou o rei ao ver Hana descer em seu vestido azul celeste a mostrar uma grande barriga.
_ Hana-chan, neta de Kaika-sensei. Ela é deslumbrante, não é? - sorria a rainha emocionada em rever os poucos membros do seu clã. A população grita ao confirmarque a neta de Jinsei Kaika carregava um herdeiro do clã.
Logo todos se silenciavam, o condutor estica sua mão e logo um braço é visto sair da carruagem, os olhos de todos brilhavam e o sorriso nascia no rosto de cada espectador. Eis que surge a tão esperada senhora em seu vestido num tom de vermelho, um nobre vermelho. Shion não se contem e corre até Kaika com os olhos cheios de lágrimas.
_ Bem-vinda ao seu lar, Divino Dragão Púrpura. - e uma lágrima corre pelo rosto da jovem.
_ Jinsei Kaika. - sorriu a rainha que logo abraçava calorosamente sua sensei.
- Spoiler:
Estou a testar isso de dois narradores, um para explicar fatos e costumes, outro para descrever a situação... mas é um teste de escrita na verdade esse filler, aproveitei o caminho até a faculdade e espera em filas, tudo para escrever isso hahaha. E repito, nas férias no meio de dezembro tentarei voltar a ler as sagas que eu estava a ler u.u