Ainda não consigo acreditar nisso. Não sei realmente o que faria se isso fosse verdade já que é algo que não esperava e que mexia muito comigo. Sinto minha raiva crescer dentro de mim e percebo logo que ainda não tinha superado o que aconteceu. Maldito seja Haytan Konan por mexer com minha cabeça quando pensava que estava a me livrar desses fantasmas. Nesse exato momento minhas cicatrizes se abrem, deixando à mostra meus ferimentos. Uma fraqueza começa a correr pelo meu corpo e sinto até dificuldade em respirar. Tento falar alguma coisa, mas as palavras ficam presas em minha garganta. Fico a me perguntar como vou expelir as palavras se nem consegui engolir a informação, mas tinha que ter forças e continuar para conseguir saber a verdade.     

- O que você está me dizendo? Os Tyrell são os responsáveis pela morte de Anya? _ falei com alguma dificuldade, usando minhas forças para continuar a conversa e descobrir o máximo possível. Seria possível que estaria a proteger as pessoas que mataram aquela que conseguiu ter meu coração?

 

- Isso mesmo meu jovem, eles fazem parte da La Hermandad. Afirmo também que eles estão diretamente ligados sobre o que aconteceu com a pequena aldeia de Yumi e seus moradores. _ ele falou, firme. Mas talvez fosse ser apenas um modo de me convencer a trabalhar para ele.

- Está querendo me dizer que Twin era apenas um subordinado? Que provas você tem para me mostrar que isso é verdade? _ desdobrei. Tinha que obter provas sobre os Tyrells, palavras vazias não me levaria a fazer nada contra eles. Além do que podia ser apenas uma estratégia para me ludibriar.

 

- Infelizmente não tenho provas contra eles. Sem contar que não esperava que você viesse a escoltar eles, mas admito que desconfiava que seria seu clã a realizar esse trabalho por causa da luxuria desses nobres. Logo, a Tsuchikage iria dar esse serviço a pessoas mais nobres e quem é mais nobre que o clã Kusanagi? Esperava me encontrar com Sayshu-sama, só que pensei quem viria seria Kyoko e não você. _ O jeito que ele falava de minha mãe me irritava, parecia que tinha alguma intimidade com ela e isso me incomodava muito. Mas tinha que me preocupar mais com o que ele havia me falado das pessoas a qual escolto e esquecer um pouco esse ciúme de filho.

 

- Então sem provas não espere que eu acredite em você. Mesmo que você tenha salvado a minha vida, não irei acreditar em suas palavras a não ser que prove o que acaba de me dizer. _ Eu estava determinado. Não podia acreditar e também não queria. Não sei bem o que ele pretendia com isso, pois para apenas chegar e contar isso, não creio que esperasse que passasse para o lado dele.  

 

- Sei que é difícil de acreditar e nem espero que venha logo para meu lado. Só que preferi lhe falar isso para você fazer sua própria investigação, pois, se não me engano, os herdeiros de lótus estão no País da Terra há um tempo, não é mesmo? _ falou com sinceridade e certo de si. Mas era um fato para o qual eu nunca tinha dado a atenção.

 

O roubo da chave no monastério aconteceu pouco depois que eles vieram ao País. Agora, algum tempo depois do ocorrido, eles se apresaram para finalizar os acordos. O maior problema é que eles haviam colocado vários embargos nas negociações de inicio o que atrasou em muito um acerto, só que alguns dias depois do meu retorno eles facilitaram tudo para logo partir para sua terra natal. Eles teriam ido antes se não fosse o Senhor Feudal, que os segurou por um tempo para que eles conhecessem melhor a vila da pedra. Isso poderia ser coincidência e ele estaria usando esses fatos para me confundir, só que era coincidência demais e merecia ser investigado. Mesmo assim, não queria demonstrar para ele que tinha dúvidas e não faria nada contra os Tyrells sem ter provas, além do que isso poderia romper um acordo muito vantajoso para meu país e desencadear até uma guerra.

 

- Isso é verdade, mas não serve como prova para nada. _ falei. Fato que era verdade, nenhum júri iria punir eles só por isso.

 

- Não peço que acredite em mim, só que analise o que vou lhe falar e com isso poderá investigar por conta própria. Então me escute... Você se lembra que Twin havia aberto um portal onde ganhou poderes? _ ele indagou. Seria difícil esquecer o que aconteceu naquele dia e era lógico que eu me lembrava dos fatos ocorridos.

 

- Sim, lembro. Ele ficou muito forte e quase me matou com aquele poder. Mas ele abriu a guarda, me deixando cravar minha kunai de terra em seu peito e petrificar seu coração. Depois desmaiei por causa da grande perda de sangue e acordei com você ao meu lado e aquela mulher a me curar. _ expliquei. Onde será que ele queria chegar?

 

- Então você não se lembra de quem fechou o portal? _ Ele despertou minha mente num clique. Tinha tanta coisa na cabeça que nem pensei muito nisso. Tinha visto matar Anya na minha frente e me transformei em um assassino matando todos ali de forma cruel, por isso não estava a pensar em nada. Mas imaginava que eles haviam fechados.

 

- Pensava que tinha sido vocês.

 

Ele balança o dedo indicador, negando meu palpite. Levanta da caixa onde estava acomodado e caminha a minha direção até passar por mim. Fica a olhar para o vazio a mexer em seu cavanhaque. Todo mistério que ele fazia me deixava mais nervoso, onde agora aguçou minha curiosidade para saber o que realmente aconteceu naquele local.

 

- Quando chegamos lá só vimos seis corpos no chão, um local onde se mostrava a ocorrência de uma batalha e você muito ferido, só que vivo.  O portal já havia sido fechado e a chave não estava no local. Salvei você para me contar o que havia acontecido só que você não sabia nada que pudesse ajudar a encontrar os demais integrantes da La Hermandad. Por isso deixamos logo aquele lugar e fomos à caça dos outros. _ explicou para depois ficar em silêncio novamente.

 

O que ele dizia eram informações vazias e nada os incriminava. A única informação importante foi o sumiço do artefato, o que não queria dizer nada. Falar apenas aquilo me irritava e queria logo que ele falasse o que sabia, pois até agora só escuto fatos que de nada mudará minha opinião.

 

- Aonde você quer chegar? O que me disse não mudou nada sobre o que eu penso. _ indaguei. Não queria ficar muito tempo ali e ele parecia que estava a enrolar.

 

- Pensei bem, garoto, e junte os fatos. Eles tinham um cronograma, só que houve um problema que, pela minha investigação, foi você. Não é verdade que você havia conseguido roubar o artefato de Twin? Isso os atrasou e fez que a senhora Ollena fizesse tanto embargo nas negociações. Eles tinham que recuperar o artefato antes de voltarem para se país, só depois que recuperaram puderam voltar para casa. _ falou. Tudo o que ele falava se encaixava, mesmo assim eram sós especulações.

 

- Verdade. Mas se eles já tinham o artefato por que não voltaram logo para casa? Eles continuaram alguns dias antes de voltarem para casa, não foi? _ questionei, raciocinando. Havia me lembrado desse fato.

 

- Eles precisaram acabar com as testemunhas. Por isso aconteceu aquilo com a aldeia. _ ele explicou, pausadamente. Mesmo assim não entendi o que ele quis dizer. Pelo jeito ele notou que não fiquei abalado com isso, então não hesitou em continuar: _ Você não sabe o que aconteceu em Yumi? Todos eles foram mortos, a aldeia virou pó. Um emissário Tyrell foi enviado para vila para acabar com tudo e pelo visto foi bem sucedido, pois não sobraram nada e ninguém do lugar que um dia foi chamado de Yumi. Se não acredita em mim, pergunte a sua amiga Yabuki, ela foi até o local e viu tudo destruído.

 

Foi nessa hora que veio em minha mente o que Mai me falou em meu quarto, onde em uma missão viu um homem que usava o elemento Jinton. Será que era a mesma pessoa? Pois se isso for verdade significaria que meu avô desaparecido desde a última guerra pode ser aquele homem. Se isso fosse verdade me dava uma boa dica onde ele esteve, só que junto também trazia uma possível dor, o meu Avô poderia fazer parte da La Hermandad.