Acabando de pousar o ultimo pano que constituía a sua roupa o herdeiro ao clã Zetsubõ preparava as suas coisas para deixar o lugar debaixo do palácio de Valeria. Ainda se lembrava de como tinha ali entrado, um jovem transtornado e instável. Conseguia agora ver que não estava mesmo preparado para ser um herdeiro a um clã que é perseguido. A primeira coisa que iria fazer assim que chegasse ao topo da escadaria era dar um forte abraço à sua tia para demonstrar o seu agradecimento ao ajudá-lo a crescer.
- Oi cabeça de alho xôxo. - falou uma voz feminina atirando-lhe um objecto. Acertava na cabeça de Zehel com força fazendo um galo aparecer. - Não te esqueças de coisas aqui em baixo.
Coçando a cabeça no local do impacto, o rapaz sorria para Ivy colocando o cinto com as duas impact guns à volta da cintura.
- Obrigado, vemo-nos por ai? - perguntava o kendoca esperando encontrar-se com a rapariga no futuro.
- Credo espero que não! - exclamou a rapariga rindo também.
Os dois estavam sempre a mandar vir um com o outro, mas na verdade apreciavam a sua companhia. Todo o tempo que ali passaram em baixo aproximou-os bastante, tanto quando Ivy vinha ter com ele por não querer estar sozinha no quarto, como para treinos e tudo.
- Até mais. - Disse despedindo-se da Hydra e de Ivy fazendo um adeus com a sua mão.
Virando-se de costas começou a sua ascensão ao mundo aberto, subindo com passadas determinadas a escadaria negra tendo cada vez menos luz. Recordava todos os ensinamentos que tinha adquirido ali no sub-solo e que o tornavam uma pessoa mais sábia, mais equilibrada e com maiores aptidões para liderar. Não demorou muito até alcançar o topo da escadaria, encontrando de novo a porta de pedra que continha o desenho estranho que lhe tinha captado à atenção.
- Mas... São os Sephirots... - concluiu em espanto ao lembrar-se da inscrição da pedra onde Noche se sentava, era tal igual sem por nem tirar.
Não podia ser coincidência que ele tenha sido fechado ali e submetido a tal treinamento e a mente dele enchia-se de questões. Teriam existido outros numa situação semelhante a ele? Todos teriam um Noche dentro de si? E o que era Noche ao certo? Cada vez o drama se adensava mais e mais em redor da figura híbrida que residia no seu interior. Levando a mão à porta passou os seus dedos pelas inscrições dos Sephirots que ele já conhecia. As três palavras dentro dos balões começaram a brilhar intensamente fazendo surgir uma racha que dividiu a pedra em duas portas. Estava de volta... Reconhecia o cinzento dos corredores do palácio, voltara à superfície, avançou calmamente procurando por algum sinal de vida para lá da porta. Mas nada, estava desértico.
- Akira! Mira! - chamou na esperança de que alguém o viesse receber, porém essa esperança não foi concretizada.
Encolhendo os ombros o kiri-nin logo concluiu que deviam estar ocupados com alguma coisa do clã, não havia drama. Avançou pelo corredor empoeirado e cheio de teias de aranha com o objectivo de sair dali, queria ver de novo o exterior, cheirar o mundo lá fora e tudo o que havia para ver. Começou a caminhar com passos acelerados para chegar o mais depressa ao exterior, estava farto de lugares fechados, quase sentia o bolor a começar a acumular-se no seu corpo por ter estado tanto tempo debaixo de terra.
- Não te andas a baldar um pouco demais aos treinos puto? - falou uma voz idosa dentro de um dos quartos por onde Zehel tinha passado a correr. O rapaz estacou ao perceber de quem era a voz e ficou perplexo com a perna levantada no meio de um passo. O homem estava sentado de joelhos sobre uma almofada encarnada, bebendo uma xícara de porcelana de chá mantendo os olhos fechados. - Não vais dizer nada em tua defesa?
Zehel nem conseguia acreditar que ele ali estava, aquilo não fazia sentido. Como o homem tinha ali chegado? Porque? Ele não era um shinobi...
- Surpreso? - questionou o homem abrindo apenas um olho sabendo muito bem que o seu neto o estava. - Só por ser velho não posso ainda ter truques ainda para te espantar? - provocou o velhote dando uma risada.
- O que estás aqui a fazer Oji-san? Como aqui chegas-te? - perguntava Zehel estupefacto de boca aberta cheio de perguntas.
Um forte som encheu o silêncio do lugar sendo acompanhado pela queda do kiri-nin, deitado de costas no chão a sua testa fumegava com o galo que lhe tinha sido provocado. Com um movimento extremamente rápido o idoso tinha sacado do seu bokken e espetado com a ponta em cheio na testa de Zehel.
- Menos perguntas e mais treino, olha para isso, amoleceste que nem chocolate deixado ao sol. - reclamava o velho guardando o seu bokken.
"Desgraçado do velho, atingir-me assim do nada." Pensou Zehel para dentro enquanto coçava a sua testa que fervia devido ao impacto. Levantando-se do chão encarava o velho preparado para mais algum ataque inesperado, mas o homem apenas elevou a sua mão e pousou-a na cabeça do seu neto afagando o cabelo dele.
- Tivemos saudades tuas minorca. - gozou o homem sorrindo para ele. - Bem-vindo de volta.
- O mesmo digo eu velhote, como está tudo em casa? - questionou o shinobi preocupado com todos os que ficaram em Kirigakure.
- Esses estão todos à tua espera, desapareces-te tão rápido que eles só uns dias depois começaram a aperceber-se da magnitude dos teus "Assuntos Pendentes". - falava o homem começando a sair da sala para irem para o exterior. Ele tinha a total noção de que não tivera a melhor forma de partir, no entanto foi a necessária visto que não tinha muito tempo à sua disposição. - Prepara-te para trabalhar que nem um cão, a Ykarus tem feito o teu trabalho e o dela em tudo, é bom que dês à rapariga o devido valor...
O shinobi estava cheio de saudades da sua amada, custava-lhe deixá-la para trás nestes momentos. Era complicado pois não tinha a certeza se podia ou não envolvê-la em assuntos tão frágeis como aqueles eram. Alcançaram a porta, finalmente o kendoca ia poder estar ao ar livre. Abrindo-a devagar aproveitava aquele momento de felicidade e realização sentindo de novo a liberdade. Assim que chegou no exterior foi envolvido pela luz calorosa do sol, todas as suas células sentiram-se livres ali fora, sem nenhum perigo de desabar a terra toda em cima dele.
- Huaaaaa - espreguiçou-se. - Que é feito de Mira e do Akira? - perguntou ao seu avô que o olhava a espreguiçar-se contente, trazia-lhe lembranças de quando o rapaz tinha apenas 5 anos, ele fazia exactamente o mesmo movimento de braços e curvava o corpo da maneira igual de quando saia de dentro do dojo e sentia o sol depois dos treinos intensivos.
- Eles foram em missão conjunta com a Dark Destiny, estão neste momento a enfrentar a hantã no me. - respondeu o homem com um sorriso nostálgico nos lábios.
- E foram sem mim! Desgraçados! - reclamou o jovem não gostando de perder a emoção de uma batalha.
- "De facto não mudas-te nada meu pequeno jovenzinho..." - pensava o avô de Zehel ao vê-lo a reclamar como quando em pequeno por terem-no deixado para trás.