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Spoiler:

Fechando a porta prateada da divisão onde Akira repousava já fora de perigo de vida, Mira não tirava os olhos do chão, sentia-se embaraçada por terem trazido o seu sobrinho para algo tão profundo sem que ele conhecesse realmente o seu papel naquilo tudo. Limitaram-se a decidir que Zehel seria o herdeiro, porém não aprofundaram o tema, os seus deveres nem todo o interior misterioso do que é ser-se o herdeiro.
No exterior o rapaz de cabelos negros aguardava impacientemente olhando a sua tia com um ar feroz, um ar de quem a confiança foi traída, esperava receber todas as explicações e ficar finalmente ao corrente de toda a situação.

- Segue-me. - ordenou a mulher misteriosamente sem qualquer outra palavra proferida iniciando a sua caminhada ao longo do corredor. Iam-no atravessando em total silêncio passando por inúmeras portas semelhantes à que ocultava o pai de Zehel, apenas no fundo do corredor a atmosfera mudava subitamente, a luz começava a enfraquecer não conseguindo alcançar o limite do corredor, era claramente um presságio de que o que poderia encontrar no fim daquele troço não seria muito bom... Os olhos do kiri-nin captaram algo na escuridão, era a única coisa que era capaz de captar no meio daquilo tudo, havia uma estranha luz no fundo daquele caminho, uma luz fantasmagórica e arroxeada, imóvel no ar e eles avançavam na sua direção.

Duas portadas gigantes erguiam-se bem à frente dos olhos do rapaz, possuía selos que davam à porta o brilho arroxeado que era possível ver ao longe. Aproximando a mão da madeira, Mira concentrou o seu chakra para libertar o selo que prendia a sala, os papeis irromperam em chamas à medida que se consumiam e levantavam a barreira que defendia os segredos da história por trás de Valeria. Assim que a barreira foi quebrada a mulher de longos cabelos loiros afastou-se da porta dando espaço a Zehel para que ele avança-se.

- És tu quem deverá entrar, não eu... - anunciava a mulher levando as suas mãos para a nuca. - Leva isto contigo, assim estarás protegido. É lá que vais encontrar as respostas que procuras...

Com um suave aceno de cabeça, o rapaz de cabelos negros colocava a sua mão encostada à porta preparando-se para a abrir, empurrando-a suavemente o rangido da madeira quebrou o silêncio que imperava no corredor. Uma fenda negra abriu-se por onde o shinobi penetrou para a escuridão total do local, atrás dele o espaço que atravessara fechava-se com um rugido enferrujado fazendo a figura de Mira desaparecer do outro lado. Estava por sua conta. Duas filas de chamas acenderam-se dentro do corredor apertado banhando todo o espaço com luz, atrás do kirinin a porta surgia agora bastante visivel, duas placas de madeira grossas com uma estranha representação de um gráfico semelhante a uma árvore tendo várias palavras inscritas em círculos que repousavam no fim dos ramos da árvore. No topo haviam algumas letras em caracteres muito antigos com um estilo que já não era visto naquela época.

- Lig....num... Vit...ae - lia intermitente Zehel passando a sua mão por cima dos caracteres. - Lignum Vitae... A árvore da vida.

Afirmava o rapaz ao aperceber-se do que era aquilo ao certo, um esquema tão antigo como aquele, que simbolizava todo o fluxo de vida que existe na terra, de facto havia muito mais para além do que estava à vista. Rodando o seu corpo virando-se de costas para a porta o shinobi sentiu o seu coração palpitar não sabendo o que iria esperar vindo dali. Começou a caminhar pelo corredor com passos lentos e muito cuidadosos, havia em tudo aquilo uma aura misteriosa. O silencio tão absurdamente imenso que fazia confusão, parecia que estava a deixar o mundo humano sendo invadido por uma sensação estranha.

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- Ele vem ai! - Afirmava uma voz ansiosa na escuridão.

- Sinto o cheiro, o cheiro de sangue fresco. - rosnava outra voz sibilante.

- Calem-se, deixem ouvir os passos. - protestava mais uma entidade no local

- Não pudemos falhar... - declarava outro continuando o grande discurso que se passava.

- Ele aproxima-se. - anunciava outra voz presente no local.

A escuridão absurdamente cerrada permanecia quieta à frente de Zehel, o rapaz de Kirigakure encontrava-se no limite da luminosidade, mais um passo e era consumido pela escuridão total no entanto um sentimento de desconfiança assaltava o coração do herdeiro. Sentia que algo se ocultava na escuridão, aguardando pelo primeiro passo na direção da ausência de luz. Uma questão assaltava a mente do rapaz, arrisco ou não... A vida é feita de decisões que só nós pudemos tomar e temos de viver com as que fazemos. Inspirando fundo e expirando, Zehel tentava limpar a sua mente para tomar a sua decisão precisava decidir se deixava o seu corpo ser guiado pela racionalidade ou pelo impulso. Assim ficou uns minutos a olhar imóvel a escuridão que se lhe apresentava, debatendo sobre tudo na sua vida, tudo o que podia ter acontecido, acontecera e aconteceria, o seu passado, presente e futuro e por fim tomou a decisão, a mais importante da sua vida, o seu mundo não teria sido nada se este passo não tivesse acontecido. Com um salto cobriu todo o seu corpo na escuridão fechando os olhos e deixando-se levar.

- Vão! - gritou uma voz, duas cabeças de serpente atingiram o jovem Zetsubõ no pescoço mordendo-o e colocando-o inconsciente...

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Zehel apenas sentira o seu corpo a ficar subitamente leve e toda a escuridão a tornar-se branco na sua mente. As últimas imagens que tinha vislumbrado foram duas cabeças com escamas a investirem contra ele, de nada mais se lembrava.
Abriu os olhos, deitado num chão frio e húmido, estava num local estranho, sentia-se pesado, o seu corpo não queria reagir a qualquer das suas ordens como se sobre ele estivesse assente uma rocha de peso astronómico, por mais força que fizesse não conseguia elevar nenhuma parte do seu corpo, até as suas pálpebras pareciam oferecer uma resistência ao esforço que o rapaz de cabelos negros fazia para manter os seus olhos abertos.

- Onde estou eu? - questionou-se sabendo que muito dificilmente iria obter a sua resposta limitando-se apenas a percorrer o local com os sus olhos. O sítio era estranho, não havia sol, nem céu nem nada que o fizesse lembrar do mundo humano. Para cima existia apenas branco, não havia azul a limitar o que era terra ou céu, apenas branco. Num plano mais baixo viam-se umas estruturas semelhantes a árvores, ramos que se elevavam na paisagem como se fossem lanças que se erguiam do chão para empalar os inimigos, eram negras, contrastando com o céu imenso e branco, estruturas que se destacavam com o meio envolvente dando àquilo um aspecto de certo modo assustador. Não se via vida e nem um som era possível ouvir naquele lugar amaldiçoado.
- Será que eu morri? - lembrando-se das últimas imagens que tinha na sua mente a pergunta invadia-lhe a mente com bastante força, teria ele morrido do golpe disferido pelas duas cabeças?

- Encontramo-nos de novo Boy. Já faz algum tempo... - pronunciava uma voz alta que ressoava nos ouvidos de Zehel, o rapaz abriu muito os olhos em espanto total por ouvir aquela voz, o seu batimento cardíaco acelerou imenso e as suas iris moveram-se em conjunto para olhar quem falava atrás dele.
- Noche! - gritava o kendoca sentindo os seus olhos a humedecerem, no alto de uma das lanças negras estava o Anjo Híbrido que o kiri-nin havia conhecido, o seu subconsciente. Vendo as duas asas, uma de cada cor, deu graças aos céus por ver uma cara familiar naquele lugar inóspito.
- Onde estamos Noche, que raio de lugar horrível é este? - perguntava Zehel a Noche.
- OHhh!? Tu não reconheces onde estás? Claro que não... - respondia o anjo movendo-se com majestosidade e controlo, levitava suavemente tocando com a ponta dos seus pés no chão. - És um idiota que não tem noção, devias ter vergonha de ti próprio. Lembras-te da primeira vez que nos encontramos? - As memórias voltavam à cabeça do shinobi lembrando o espaço branco imenso e o seu oposto o lado maligno onde Zehel estava proibido de entrar, e subitamente na mente do rapaz ele havia compreendido o que era aquilo. - Estás correcto boy, estás nos dois sítios ao mesmo tempo. - declarava em tom calmo o híbrido.
Os eventos que o rapaz tinha vivido naqueles últimos meses tinham lhe mudado o seu interior, estava a um passo de se deixar dominar pelo que era mau.
- Então é por isso que estou aqui, preciso de endireitar as coisas. - concluía Zehel interpretando tudo o que acontecera até ali. - Foi por isso que Mira me enviou aqui, para eu obter as respostas que quero, preciso de estar em paz comigo.
À medida que as palavras saiam da boca do kendoca, Noche sorria vendo o quanto o rapaz tinha crescido, não era o mesmo que tinha encontrado daquela vez, estava a caminho de suceder a um trono e estava a atingir passo a passo a sabedoria necessária para tal.
-Estás num caminho que vai exigir muito de ti, não tanto fisicamente mas mais a nível psicológico e eu estou aqui para te preparar para isso boy! - declarou Noche enquanto erguia calmamente o seu braço direito curvando as suas costas numa vénia gloriosa. A seu lado surgia do chão uma placa bastante parecida àquela que Zehel vira atrás da porta selada, apresentava o mesmo esquema de árvore, com vários círculos na ponta dos seus ramos.
- Este vai ser o nosso método, vais dominar todos os Sephirots da Árvore da vida, para obteres a paz interior e puderes ter todo o poder que trazes contigo! - exclamava a figura enquanto se endireitava anunciando o novo capítulo que se abriria para o rapaz...

Importante ler:

Está ainda bem interessante a sua saga, agora o herdeiro tem que dominar todo seu interior para ter forças para comandar e liderar seu povo. Agora ele tem que dominar esses Sephirots da Árvore da vida para ganhar o verdadeiro poder. 


Boa historia e continua irmão