Apressadamente, Daisuke juntava seu chakra nas pernas e saltava agilmente entre as árvores carregando o produto de seu roubo que fora encomendado há alguns dias. Feliz por ter finalmente tido sucesso em apreender o "Macaco de Jade" que levava às costas, ele tentava se livrar de seus perseguidores que ainda não tinham perdido seu rastro, o que exigiria do nukenin alguma sagacidade para despistá-los. Assim, enquanto saltava mais uma vez, avistou um rápido cervo que se assustara com sua aproximação. -
É isso! - Sussurrou, idealizando seu plano, moldando sua energia na tatuagem para trazer uma kunai com um longo fio shinobi preso em sua abertura. Arqueando o corpo para aproveitar sua velocidade, ele elevou as duas pernas na direção da próxima árvore e, com grande força nas pernas, atingiu o tronco para então ricochetear na direção do animal. Sem saber de onde o ataque viria, o cervo ziguezagueava no chão tentando ganhar distância quando o ninja arremessou sua kunai um pouco à frente do pescoço do bicho. O animal freou rapidamente, mas não em tempo de impedir que a linha se enroscasse no seu chifre esquerdo. -
Vamos com calma! - Esforçou-se o rapaz, usando todo o poder de seus músculos mais uma vez para vencer a resistência do animal, chegando a machucar suas mãos no processo. Uma vez imobilizado contra a árvore, Daisuke buscou um dos galhos derrubados pela perseguição e o amarrou há alguns metros do chifre do animal. -
Pronto. - Comemorou quando soltou o bicho que empreendeu fuga desengonçadamente para o lado de onde vieram, deixando as inúmeras folhas arrastassem-se no chão e assim apagar as suas pegadas para essa trilha.
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Isso me dará algum tempo. - Concluiu após saltar novamente nas árvores e sumir em diversos shunshins até parar bruscamente ao atingir uma grande clareira onde se plantava trigo. Aquela depressão sem árvores o obrigaria a caminhar, mas como o trigo estava alto, talvez pudesse correr através do matagal sem ser visto por ninguém. Pelo menos era o que esperava. Assim, descendo numa pirueta até a margem das árvores, Daisuke deu a última olhada nos arredores e quando teve certeza de que não havia mais ninguém, acelerou o passo e correu a toda velocidade entre as mudas da plantação. Levaria alguns minutos até conseguir atravessar o campo, mas algo lhe fez parar. Novamente seu pressentimento freou seu avanço e quando menos esperou, uma saraivada de shurikens atravessou o trigal em sua direção. Surpreso, o loiro recuou rapidamente num salto mortal para esquivar-se dos projéteis quando viu um vulto se aproximar rapidamente por terra. "Porra! Me acharam!" - Reclamou o nukenin ao levar chakra na tatuagem para trazer sua tonfa e bloquear em tempo o ataque da ninjaken de seu adversário assim que atingiu o solo. O ruído dos metais ecoou pela plantação enquanto os dois ninjas empreendiam toda força de seus músculos para manter o impasse. Só então Daisuke pôde ver enfim quem o perseguia. O rapaz também era loiro e tinha olhos claros. Ele usava calças azuis com uma camiseta branca com mangas curtas para mostrar as dezenas de tatuagens que trazia pelo corpo. Um rapaz peculiar, com a marca de konoha em seu cinto. -
Nem se apresenta e já vai me atacando? - Brincou, ao impor realmente sua força contra o homem que cedeu espaço diante da força do nuke, recuando alguns rápidos passos.
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Devolva o que roubou! Agora! - Comandou o konohanin com a lâmina em punho.
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Se vamos lutar, devemos nos apresentar. - Respondeu de maneira educada.
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Sandame Urki. Gennin de Konoha. Meus companheiros logo chegarão. - Falou.
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Eu me chamo Saru. Só isso. Saru. - Disse, derrubando a mochila que carregava no chão.
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Vamos! Devolva o Macaco de Jade! - Intimou-o, ameaçadoramente.
Sem responder, Daisuke vagarosamente recuou o pé esquerdo e levantou os punhos com a tonfa cobrindo o antebraço direito. Ele sabia que não tinha muito tempo até que o resto da equipe chegasse até eles. Seria melhor aproveitar a chance e não brincar em serviço, afinal, enfrentar um deles agora seria muito mais fácil. -
Muito bem, Sandame. Vamos nessa! - Gritou em desafio ao mesmo tempo em que arremetia sobre o rapaz. Mais uma vez a tonfa encontrou a ninjaken e quando o nuke rodopiou sua arma para atingi-lo na têmpora com um golpe lateral, o rapaz recuou novamente e com rápidos selos soprou uma bola de fogo gigantesca em sua direção. "Merda!" Aquele ataque praticamente o pegou se surpresa. Sem alternativa, Hiroshi juntou chakra no punho e atingiu o chão num forte okashô. Instantaneamente uma cratera foi criada, levantando grandes blocos de pedra que estouraram ao entrar em contato com a bola de fogo. A explosão afastou os dois adversários, mas o nuke levou a pior. Apesar de não ter sido ferido mortalmente, os estilhaços das pedras arranharam diversas partes de seu corpo além de receber algumas fagulhas no uniforme. O campo de trigo na mesma hora entrou em combustão. -
Filha da puta quer nos matar?! - Reclamou com razão pelo ataque de chamas num campo de trigo ressequido. Usando sua força para retirar algumas pedras de cima de seu corpo, o nukenin levantou-se com dificuldade quando percebeu que não via mais seu adversário, quando um círculo flocos de trigo queimados rodopiou ao seu redor. -
onde ele está? - Sussurrou o loiro, mas quando se virou seu coração gelou pela visão de seu professor cadavérico cuspindo centenas de aranhas em cima de seu corpo.
Aquela assombração o assustou tanto que quase esqueceu que deveria atacar o genjutsu em tempo de não ser morto, mas logo sentiu um corte de raspão em sua coxa esquerda. A dor tirou um pouco sua concentração, mas não o impediu de juntar as mãos num rápido selo e levar boa quantidade de chakra para a região cerebral. Com tremores, ele abriu os olhos novamente e seu professor ainda estava lá. -
Argh! - Mais uma vez outro corte o fazia sangrar. Dessa vez seu braço fora atingido. O desespero começava a se tornar ainda mais intenso e numa atitude descuidada, ele focalizou chakra na tatuagem e invocou uma kunai, espetando-a na própria coxa. A dor foi excruciante. O suficiente para deixar de ver seu professor e encontrar o gennin que já se aproximava com um sorriso diabólico para afligir outro corte. Rapidamente Daisuke rolou lateralmente e esquivou-se a grandes penas para tentar contra-atacar com a mesma lâmina que atingira seu corpo. E num rápido shunshin, sua lâmina percorreu o espaço entre os dois e arranhou o peito do rapaz que recuou mais uma vez para fazer novamente alguns selos e cuspir várias pequenas bolas de fogo que logo corriam na direção do ninja desgarrado. Revoltado por estar perdendo a luta e mais lento por causa dos cortes que levara, Daisuke saltou lateralmente e do jeito que podia esquivou-se dos projéteis com alguma agilidade, mas mesmo assim foi atingido por duas das lâminas que, escondidas nas bolas de fogo, cauterizaram imediatamente. -
Argh! - Gritou para resistir à dor e levar chakra novamente às tatuagens para, com grande velocidade e força nos braços, atirar dezenas de kunais e shurikens na direção do rapaz, obrigando-o a recuar ainda mais e saltar desesperadamente para não ser atingido pela saraivada.
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Porque você não para desgraçado! - Gritou o loiro mais com dor do que com raiva, atingindo alguns bons arremessos no alvo. O jovem caiu dolorosamente sob algumas plantações em chamas e se transformou num pedaço de madeira quando ele viu o rapaz soprar uma névoa negra em sua direção. "Isso não é bom." - Pensou antes que o inimigo pudesse terminar o jutsu, ele usou seu chakra para invocar um papel explosivo, afixando-o num dos pedregulhos à sua frente. O papel faiscou e o loiro usou toda força que tinha num chute embebido por chakra na direção do adversário. Sandame interrompeu seu jutsu e tentou escapar, mas a pedra estourou em diversos pedregulhos e muita poeira. Agora os dois não conseguiam se ver. Então, quando a poeira baixou, o konohanin não enxergava mais o nukenin. -
Ele fugiu?! - Desesperou-se ao tentar encontrar a mochila onde o Macaco de Jade estava escondido. Procurando mais um pouco ele encontrou a mochila próxima a vários pedregulhos que o nukenin havia levantado no primeiro ataque. O jovem efetuou um shunshin até o local e buscou a mochila, abrindo-a com felicidade pelo sucesso de sua investida. -
Consegui! - concluiu ao ver a estátua intacta quando gelou ao escutar um pequeno estouro de fumaça ao seu lado. Só então Urki percebeu que seu inimigo havia usado a distração da pedra para moldar chakra pelo corpo e se transformar num dos pedregulhos próximos à bolsa após um rápido selo. E agora ele estava a mercê do nukenin que ressurgira nas suas costas.
O ninja de konoha ainda tentou escapar das mãos de Daisuke, mas não conseguiu. Agarrando o rapaz pelo uniforme, ele o puxou com toda força que tinha e deixou sua testa fazer o serviço. O estalo deixou Urki quase inconsciente, cambaleando para trás ao ser solto. -
Agora é minha vez. - Disse ao limpar o sangue que o hematoma em sua testa havia derramado. Efetuando um rápido shunshin na direção do tonto, Daisuke buscou a tonfa que estava ao chão e atingiu o ombro do adversário com grande força. O rapaz iria cair, mas o ninja tinha outros planos vingativos. Puxando-o de volta com seus braços musculosos, o nuke desferiu um forte soco na barriga que o fez vomitar seu café da manhã. -
Vai aprender bons modos! - Gritou ao puxá-lo de volta com brutalidade e atingi-lo com uma joelhada no queixo, fazendo-o perder a consciência pela vigor de cada golpe. Mas o nukenin ainda não estava satisfeito. Atingindo-o com uma tapa na face, ele usou a força de suas pernas e tronco para elevá-lo acima de sua cabeça para descê-lo com grande poder no chão. O estrondo foi alto o bastante para assustar os pássaros que já fugiam do incêndio quando se ouviu um grito à procura do rapaz: -
Urki?! Onde você está?! - Perguntava a kunoichi com a preocupação na voz. Sem aguardar o restante da equipe, Daisuke gemeu ao colocar o ninja às costas e amarrar o saco com o Macaco de Jade Em seu braço. Ele sabia que seus ferimentos o fariam ficar mais lento, mas pelo menos aproveitaria o incêndio para escapar e quem sabe ganhar um bom dinheiro com esse ninja metido a justiceiro. E assim ele foi, mancando pelo folgarei até atingir a outra margem, onde saltou sobre as árvores e se perdeu de vista enquanto os outros dois gennins procuravam pelo seu amigo.
FIM