Primeiro derrotem a Sekima!

- Agora que vocês já se conhecem... - Falou Katsu, agarrando nos ombros de Ayame e de Takeshi e juntando-os forçadamente, para contragosto de ambos - Que tal treinarem e primeira mão com a minha pequena prodígio?
Os dois, fazendo força para se livrarem do aperto do "professor" deles (mais de Takeshi do que de Ayame) olharam desconfiadamente para o Imagawa, que se limitava a virar-lhes um sorriso.
- Não se preocupem, a Sekima é mais do que suficiente para vocês os dois! - Gargalhou, para descontentamento da Midori e do Uchiha que, além de não se conhecerem assim tão bem, não estavam muito confiantes no novo método de treinamento.
- Eu pensei que íamos trabalhar em equipa, Katsu! - Interrompeu Ayame, claramente insatisfeita com as decisões precipitadas do seu parceiro, dando um passo em frente e olhando-o com seriedade - Falta pouco tempo para a nossa estreia no torneio e ainda não sabemos quase nada um sobre o outro!
Mas a adolescente nem reparou que este tempo todo estava a falar para as costas do seu parceiro, que já há muito as havia virado, dirigindo-se para a pequena Sekima. Fervendo de raiva, Ayame virou-se para o alvo mais próximo de si, Takeshi, e tentou socá-lo na cara. Assustado pelo súbito ataque, o ruivo gritou de susto, agachando-se e conseguindo desviar-se da ofensiva.
- Ei, o que pensas que estás a fazer?! - Perguntou, sentindo o seu cabelo longo ruivo balançar-lhe à frente da cara - Merda, ainda não estou habituado a esta porcaria longa...
A Konohanin respirou profundamente na tentativa de se acalmar, cruzando os braços e olhando insatisfeita para o seu parceiro a falar animadamente com a sua filha, que lhe respondia com um sorriso doce. Ela teria de lutar contra aquela criança? Tal coisa não lhe cabia na cabeça, além de que não sabia se o Takeshi estava mesmo com ideias de ferir a pequena Sekima. Deu-se consigo mais preocupada em proteger Sekima do Uchiha do que lutar propriamente com ela. Um pouco mais animada, voltou a respirar profundamente e sorriu. Enquanto Takeshi a observava na sua tentativa de descontrair, desconfiado por outro ataque repentino, os dois observaram a pequena Imagawa a aproximar-se deles com passos mansos e um largo sorriso carinhoso.
- O papi pediu-me para que eu lutasse com vocês um pouco. E para tentar não magoar-vos muito... - Explicou com o seu tom e semblante infantis, razões que levaram tanto Takeshi como Ayame a duvidarem se ela seria realmente um desafio - Vamos começar?
Hesitantes por não saberem como agir, surpreenderam-se quando, de um Shunshin, Sekima surgiu à frente de Takeshi, tentando um pontapé ascendente. O Uchiha não foi veloz o suficiente para esquivar, sendo atingido fortemente no queixo e caindo para o chão de costas. Surpresa pela velocidade da criança, Ayame não foi rápido o suficiente para perceber que ela era o alvo a seguir, sendo socada na barriga e consequentemente pontapeada nos calcanhares, caindo também no chão sem qualquer hipótese de retaliar. Com dificuldades em respirar, pousou a mão no dorso e ergueu-se, a custo, para ver o olhar de desapontada de Sekima.
- Assim não consegues ajudar o meu pai a ganhar o torneio... - Suspirou a pequena, agarrando no cabelo grisalho, até agora solto, e prendendo-o num rabo de cavalo - Tens de ficar mais forte, pelo menos mais forte que eu!
Apesar das palavras algo duras da criança, Ayame sentiu-se um pouco envergonhada por estar a ser ensinada por alguém mais novo. Ergueu-se, ignorando qualquer dor na barriga, e fitou a pequena seriamente. Takeshi não demorou a segui-la, sentindo que as palavras de Sekima também o afetavam.
- É isso mesmo, agora tentem lutar um pouco! - Motivada, a pequena saltou para trás ao mesmo tempo que realizava alguns selos, colocando os seus oponentes em alerta - Suiton: Mizurappa!
Colocando as mãos em frente da boca na forma de trompete, a pequena Imagawa expeliu um potente jato de água, largo o suficiente para colocar em perigo tanto o Uchiha como a Midori. Takeshi, ante o elemento que mais o desfavorecia, não teve escolha senão saltar pela sua vida, conseguindo evitar o ataque e rebolando para um dos flancos de Sekima, vendo-a atenta ao seu Ninjutsu e Ayame, absorta da posição dele. A Konohanin, por sua vez, tentou ripostar, aglomerando algum chakra e realizando alguns selos.
- Suiton: Suijinheki! - Vociferou, expelindo alguma água à sua volta que, com o chakra nela concentrando, formou uma eficiente que bloqueou o jato inimigo com eficácia.
Vendo que Sekima sorria por ver que os seus adversários davam mais luta, Takeshi percebeu que ela era mais do que uma ótima oponente para eles. Vendo que era agora a sua altura de atacar, realizou ele alguns selos e deixou que chakra emanasse pelo corpo.
- Katon: Gōkakyū no Jutsu! - Gritou, expelindo o chakra mesclado com o ar concentrado nos seus pulmões numa bola de fogo gigante, que se movimentou velozmente para a pequena Imagawa, que apenas nessa altura se apercebeu da aproximação da técnica inimiga, gritando de espanto - Desta não escapas!
Todavia, para seu desgosto, foi surpreendido quando uma barreira de água, semelhante à de Ayame, desfez a sua bola de fogo num vapor fino, não sendo o suficiente para cobrir a visão da adversária. Surpreso pela habilidade de uma mera criança, mais surpreso ficou quando esta se aproximou dele com um imprevisível Shunshin, atingindo-o no peito com um cotovelo, em meio de salto por ela ser demasiado pequena, seguido por uma patada na face. Grunhindo de dor e cuspindo algum sangue, Takeshi cambaleou para trás, começando a irritar-se consideravelmente com o ritmo que o treino levava.
- Chikurin! - Pronunciou a Midori, consideravelmente afastada da criança de Katsu, após aglomerar chakra e realizar os selos necessários - Tenho de me manter afastada da Sekima. Ela é demasiado boa para idade dela num combate corpo-a-corpo. O Katsu ensina assim tão bem?!
Dedicando-se ao plano por si definido, Ayame, após invocar as canas de bambus que foram facilmente esquivadas por um salto de Sekima, afastou-se do cenário com um Shunshin, misturando-se com a vegetação próxima. Coberta por alguma ramagem, como arbustos e outras plantas mais rasteiras, observou que a pequena nem sequer lhe prestou atenção...

Do outro lado, Katsu sentou-se num dos troncos de uma das árvores da região e descontraiu. Aliviado por ter um tempo de folga, depressa sentiu algo estranho... Um mau pressentimento, algo que não podia explicar...
- Ukojizai no Jutsu. - Murmurou após efetuar os selos e centrar algum chakra, espalhando-o no ambiente até criar a nuvem que faria a sua água chover. A chuva podia sentir outros chakras além dos que Katsu já conhecia. Depressa sentiu as fontes de Sekima, Ayame e Takeshi a lutarem entre si, mas estes não eram as que lhe interessavam. Concentrando-se mais profundamente, sentiu que próximos a eles estavam outras duas, a caminharem rapidamente por entre árvores - Mas que...
Olhando para o sítio onde as fontes de chakra deveriam de estar, reparou num peculiar brilho metálico. Ativando o Sharingan, saltou por entre ramos e folhas, usando um Shunshin para a aproximação final. Os dois homens, de rabos virados para si, espantaram-se quando sentiram a súbita presença do Akatsuki.
- O quê é que vocês estão aqui a fazer? - Perguntou, curioso por ver que os dois homens seguravam em binóculos, as suas lentes responsáveis por aquele estranho brilho, e que estes estavam virados para o treino da sua equipa a decorrer alguns metros à frente - Esperem... Vocês estão a...
Ambos perceberam no olhar do Imagawa lançado sobre os seus binóculos, atrapalhando-se com vergonha do que estavam a fazer e guardando-as. Tentaram inventar desculpas, mas a mente de Katsu já estava plenamente decidida. Estavam a espiar a filha dele... Como podiam? Estes... Estes...
Aglomerando chakra na terra à sua frente, retirou-a debaixo da relva para criar uma súbita lança que empalearia ambos num único movimento ascendente, se eles não tivessem previsto o ataque a tempo de o evitarem com um salto (com direção calculada para não irem parar a meio do treino que estavam a espiar). Demasiado irritado para perceber a habilidade dos seus adversários, o Imagawa deixou que mais chakra emanasse, criando um súbito feixe de luz com o seu Raigen Raikochu. Os pervertidos não conseguiram evitar o Genjutsu, assustando-se com a perda de visão. Um deles foi incapaz de antever o braço aberto de Katsu a atingí-lo em pleno no peito e pescoço.
- Lariat! - Gritou, empregando muita força no braço para magoar o máximo possível aquele otário, arremessando-o consequentemente contra a árvore, fazendo-o embater com ainda mais violência com as costas no tronco rugoso - Nem acredito que se atreveram a espiar a minha filha...
O outro homem, livre da ilusão, lançou-lhe um olhar dúbio quando ouviu o murmúrio do seu novo oponente. Quando tentou justificar-se, viu que Katsu retirou a Gunbai das costas, apontando a sua lâmina brilhante para si. Assustado, retirou o machado das suas costas, mantendo-se firme, apesar de tremer.
- Vão pagar...
Aproximou-se de um Shunshin, varrendo o ar à sua frente com o leque. O homem conseguiu saltar para trás em esquiva, mas não era rápido o suficiente para evitar o ataque sucessivo do Imagawa, outro corte horizontal mais largo e perigoso. Colocando o machado à sua frente, conseguiu bloquear o golpe, apenas para sentir todo o seu corpo a tremer. Nessa altura iniciou-se um jogo de força em que Katsu queria, acima de tudo, completar o seu corte e assim retirar a cabeça daquele homem fora. Para seu espanto, o pervertido parecia treinado o suficiente para apresentar um desafio, rangendo os dentes e tentando ao máximo conter-se. Conseguiu esse feito tempo suficiente para que o seu parceiro acordasse do ataque anterior e o visse no perigo em que estava. Unindo alguns selos, cuspiu uma bola de chamas que atraiu a atenção do Imagawa, que não tinha meio nem espaço para a evitar. Atingido pelo Ninjutsu, o Akatsuki aguentou as dores das chamas o máximo que pôde, sendo arrastado pelo impacto até bater suavemente com as costas numa árvore. Tendo o corpo coberto de chamas, aglomerou algum chakra e criou água, manuseando habilmente para apagar o calor que o cobria.
Agora menos controlado que anteriormente, aglomerou mais chakra e colocou as mãos à sua frente. Delas surgiu uma potente rajada de ar proveniente do seu Zankūkyokuha, amplo o suficiente para afetar ambos os pervertidos, que se viram cortados por sucessivas rajadas de ventos e impossibilitados de se moverem pelo seu poder. Vendo que estavam atordoados pelo seu Fuuton, o criminoso reuniu alguns selos de mãos, emanando ainda mais chakra para cobrir a sua posição com um nevoeiro ilusório, oriundo do seu Gen no Kirigakure. Posteriormente, desapareceu do cenário com um Shunshin, refugiando-se por detrás de uns ramos de uma árvore próxima, observando os pervertidos a serem afetados pela sua ilusão. Graças à chuva criada por si anteriormente, conseguiu sentir que a sua equipa ainda treinava e que não havia percebido a movimentação aqui na floresta, pelo que decidiu acabar com a vida daqueles dois idiotas antes que tentassem algo com a sua filha. Movimentou-se agilmente por entre as ramagens, saltando para o meio dos dois inimigos. De Gunbai na mão, tentou um corte diagonal num deles, que se provou ser o usuário de machado novamente, mas foi bloqueado. O pervertido atrás de si, não mais afetado pela ilusão, atingiu as costas do Imagawa com uma cotovelada, fazendo-o grunhir de dor e cambalear para a frente. O machado então separou-se do leque de ferro, erguendo-se na tentativa de atingir o Akatsuki com o golpe final. Mas não seria assim tão fácil...
Num movimento ágil, Katsu agachou-se e sentiu a lâmina pesada rasar pelo seu cabelo longo. Aproveitando o balanço, ergueu o braço e nele concentrou chakra para criar uma rajada de fogo que atingiu o usuário de machado na cara. Enquanto este recuou, urrando de dores, deu atenção ao outro pervertido, que o atingiu com uma joelhada na barriga. Grunhindo com o ataque surpresa, as mãos do Imagawa agarraram-se no joelho adversário com todas as forças que ele tinah.
- L-larga-me! - Pediu o pervertido inutilmente, tentando agarrar na cabeça do seu inimigo que não parecia querer largar o seu joelho, mas esta evitou-o.
- Para a próxima não tentem espiar crianças!
Aglomerando chakra nas mãos que seguravam o joelho do pervertido, criou dois feixes de água que rodearam as pernas do mesmo. Essa água tornou-se tão afiada quanto uma lâmina de aço, percorrendo o corpo dele com diversos cortes superficiais que rasgaram roupas, pele e carne. Num estado caótico de dor indescritível, o homem recuou quando a torrente de água terminou o seu serviço, que caiu na relva e se perdeu pela chuva, sendo finalizado com uma potente pancada com a Gunbai de Katsu. No fim, felicitou-se por não ter morto nenhum deles...