O caminho que devo trilhar
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" Nada é verdade, tudo é permitido. "
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- Anteriormente...:
— Perdoe-me a demora, senhor. Levarei você para a cidade, venha. — falei de maneira vitoriosa, enquanto que o clone vasculhava os bolsos e vestimentas dos homens procurando qualquer carta ou pista dos próximos movimentos de La Hermandad, quando de repente vi o clone protestar em alerta e apontar o arco contra o nobre que sorrateiramente deslizou para trás de mim sacando uma faca e atirando no clone antes de qualquer reação que este poderia ter.
— Vocês Assassinos estão por todos os lugares né? Não poderiam simplesmente ficam naquela maldita sala e não interferir nos planos né seus vermes? E estes inúteis tinham que carregar os documentos com eles...Tsc, desculpe garoto, mas você vai ter que vir comigo agora. — rosnou em puro ódio enquanto gradativamente apertava uma nova lâmina contra meu pescoço, fazendo com que um fio de sangue se formasse e começasse a descer por meu corpo, deixando-me sem reação ante tal traição.
— Tsk, traidor. Quando eu me soltar vou arrancar seu coração com minhas mãos. — disse calmamente, afinal, não queria morrer ali e agora.
— Cale a boca seu maldito. — protestou, soltando-me e descendo o cabo de sua arma contra minha cabeça, fazendo com que tudo turvasse e apagasse em segundos enquanto que a face de escárnio e raiva daquele homem preenchia minha consciência.
Quantos dias se passaram desde que fui capturado? Isso era o que me perguntava quase toda hora. Minha noção de tempo e espaço desapareciam gradativamente em meio aquela prisão de escuridão, onde apenas os gemidos de moribundos como eu ecoava tendo como arranjo musical o som ensurdecedor de grilhões. O ambiente era escuro, áspero, isolado e podia jurar que parecia ser uma masmorra ou alguma caverna como a de castelos, não era uma prisão normal como a de alguma vila.
— Água... — falei em súplica. Minha boca parecia a personificação do próprio deserto. Meus lábios estavam rachados, ressecados e provavelmente brancos graças ao péssimo tratamento que estava recebendo. Um soldado se aproximou, tirando uma katana da bainha e apontando para minha face (pude perceber isso graças as poucas tochas espalhadas por todo o local).
— Quer água seu verme? — grasnou o maldito, rindo em escárnio e guardando sua espada que para mim mais parecia um palito de afiar dentes. Fiz que sim com a cabeça do jeito mais miserável que me era possível (o que não era difícil), e o homem pegou seu cantil, abrindo-o e aproximando-o de meus lábios mas quando ousei abrir a boca para consumir o líquido fui incapacitado e o homem tomou seu conteúdo enquanto ria e jogava a água no solo.
— Quando... — tentei falar, mas as palavras não saiam. Apenas de abrir minha boca e mexer meus lábios eles ardiam e suplicavam por água, como náufragos que não tem água potável e torturam-se para não beberem a água do mar, esta era minha situação ao ver aquela água desperdiçada. O homem se aproximou e colocou a mão em sua orelha, de modo zombeteiro, fingindo não me escuta. — ... eu sair daqui... Eu v-v-vou... Te m-matar. — declarei em meio a um grande esforço e finalizando com uma risada moribunda que mesclava-se à tosses secas como a de um ancião.
" Morte, destruição, caos. Isso não é a resposta, meu caro. " — aquela voz em minha mente... Seria o que? Alucinação? Algum ser invisível? Estas dúvidas me preenchiam novamente dando conta de me torturar e enevoar minha mente cada vez mais, mais e mais... " Vê? Esta prisão, eu, este soldado, aquele homem... São meros intermediários, mas de vital importância. Todo esse tempo você tem se convencido de que suas ações eram a de um guerreiro, todo esse tempo você tem tentado trilhar o caminho mais nobre, como um caminho de um guerreiro. Mas você é meramente uma imitação. Um ser imperfeito. Suas ações descontroladas, seu desejo por sangue que você o esconde até ter uma justificativa para mostrá-lo, sua hostilidade e inconsequência. Tudo! Um guerreiro é muito mais que isso! Ele não é apenas alguém forte, honroso ou que busca o que quer. " — proferiu aquela voz que cada vez mais tomava a forma e parecia ser de um ser feminino, seu tom dualístico sumira assim como as imperfeições sonoras antes tão presentes em sua fala e, em questão de segundos uma mulher surgiu em minha frente.
" Você é uma alucinação, não? Sempre foi, não é? " — perguntei-lhe enquanto tentava digerir toda aquele ensinamento que tal entidade me passava.
" Sou o que você precisar. Sua alma, seu espírito, seus pensamentos, seus pensamentos mais profundos e jogados no fundo de sua mente, seu... Guerreiro. " — disse a mulher, que levitava no sob o chão. Sua vestimenta branca que se assemelhava a um vestido (igual uma toga grega) branco esvoaçava. Seu corpo era franzino e elegante, seu rosto era fino e longo assim como seu pescoço; Possuía cabelos castanhos e olhos pretos.
— Por que você não fala logo o que quer? Todo este enigma! Todas estas charadas! Essas palavras enigmáticas, imagens... O QUE VOCÊ QUER!? — vociferei descontroladamente, agitando os grilhões em raiva e tentando me libertar enquanto via sua imagem se desvanecer aos poucos tomando o lugar do soldado novamente.
" Já é um começo, descendente. Agora, tome suas decisões e atitudes com sabedoria, calma e reflexão. Um guerreiro não é um ser raivoso ou odioso, lembre-se disso e você será guiado para o caminho correto, descendente. " — declarou, e em seguida desabei sobre meus sentidos, apagando completamente antes de poder ver a tal figura sumir completamente.
Aquelas alucinações cessaram após meu desmaio repentino e ainda mais surpreendente, o soldado estava a me soltar, retirar meus grilhões utilizando sua chave enquanto me entregava sua katana e seu cantil apontando uma direção que indicava o fundo daquela masmorra, relutei primeiramente em seguir seu conselho e devo confessar que meu sangue ferveu em ódio e ânsia pelo sangue daquele homem que zombara de mim anteriormente, mas de alguma maneira não senti necessidade em fazê-lo, não queria fazê-lo. Após beber do cantil e pegar sua espada, o homem desabou e desmaiou mas estranhamente acordou novamente e arregalou os olhos ao ver que eu estava com seus pertences... e livre.
— Soldados!!! — gritou, fazendo sua garganta vibrar intensamente enquanto se levantava e se lançava para cima de mim, fazendo-me iniciar um combate para me desvencilhar do homem (o que se provava ser a tarefa mais difícil que já fiz graças a minha condição completamente debilitante).
— Shhh... Você me ajudou não lembra?! — falei tentando trazer a razão para a mente do homem novamente.
— Não sou um traidor!! Soldados!! — gritou furiosamente, atingindo-me na face com um soco e depois uma ajoelhada em meu abdômen. Mordi sua perna com toda a força, utilizando de minha mandíbula para feri-lo ao máximo enquanto permanecia com a perna erguida devido ao golpe em meu abdômen. Em seguida retirei sua katana da bainha com o conceito do iaido aplicado, batendo a empunhadura na sua barriga e fazendo-o cuspir algumas gotas de sangue.
" Os guardas estão chegando! Droga! " — pensei, tentando organizar um plano de fuga. A porta da frente não era uma opção, e então uma ideia tomou conta de minha mente. Sacando a katana do homem a finquei profundamente em seu pé direito e atingindo o solo, prendendo seu pé ao chão e impedindo-o de sair do lugar graças a dor, e então seus gritos invadiram aquela masmorra, incentivando seus amigos a irem mais depressa ainda. Rapidamente agarrei suas chaves, focando-me nos novos alvos que estavam prestes a aparecer.
— Hey! Pare! — gritou um terceiro elemento, sacando duas katanas e acumulando chakra nelas, fiz o mesmo, e disparei uma rajada de chakra contra as suas duas ondas que vinham contra mim e foi então que reparei num detalhe que passara despercebido de mim até agora.
" São samurais... " — pensei, atirando outra rajada para o teto da masmorra fazendo com que este desabasse em minha frente e bloqueasse a visão e o caminho dos samurais por um curto período de tempo e, aproveitando a oportunidade criada, corri na direção oposta, aquela que o homem apontara antes.
— Não... — diziam os presos, tentando me aconselhar enquanto que outros suplicavam pelas chaves.
" Se eu soltá-los eles podem investir contra os guardas e atrasá-los, ajudando na minha fuga. " — pensei rapidamente, e segundos depois soltei um preso e atirei a chave para outro deixando-os fazerem o resto do trabalho, soltando-se-m, se equipando com pedras e correntes e correndo na direção dos samurais com gritos de escárnio que transmitiam meramente a liberdade e alívio que foram conferidos a eles.
Correndo de maneira desajeitada e cansada, não demorou para eu chegar no final da linha, numa parede estranhamente lisa e com algumas marcações quase invisíveis a olhos comuns (não que eu seja portador de doujutsu especial como sharingan ou rinnegan), e realizando alguns selos adentrei na parede e fui até o subterrâneo, como um peixe, só que em terra. De repente, caí do "solo" e atingi um lago subterrâneo que fazia parte de uma caverna com pouca iluminação do sol (que era conferida pelos buracos, frestas e qualquer bifurcação que eram abundantes naquela caverna).
" Muito bem, descendente. " — disse a mulher novamente.
Considerações: Estou bem desanimado com essa saga e o personagem, e a saga principalmente está me tomando mais tempo do que eu gostaria e portanto não tenho frequentado tanto o fórum, mas esta saga está finalmente na reta final e assim poderei voltar mais mais gás. Enjoy!