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Ayame acordara naquele dia como se fosse outro dia qualquer. Sem dores nos movimentos habituais, sem quaisquer vestígios de que ficara magoada. Ainda não estava a 100%, tinha que o admitir. Se tivesse que estirar um pouco mais alguns músculos, sentia uma dor que, certamente, iria passar em breve. Fora isso, estava como nova. Hikaru era realmente um médico brilhante. Recordou-se das suas palavras acerca de Kazuma e sentiu-se revigorada com a possibilidade de finalmente poder falar com o irmão.
Olhou para o relógio. Era ainda cedo. Por muita vontade que tivesse de o ver, não o queria acordar. Aproveitou para ir tomar um duche rápido, até para empatar um pouco mais de tempo. Enquanto deambulava pelos corredores, a caminho do quarto do Midori mais velho, encontrou Azura a andar na mesma direção com o mesmo objetivo. Ele estava completamente desperto, apesar de ser cedo, e vestido com roupas tão pouco “shinobi” que se passaria por um aldeão comum.
- Bom dia. - ela falou com um sorriso.
- Dia. - Foi respondida sem rodeios. - Como se sente? - É indagada logo de seguida.
- Bem, bem. As dores sumiram, e… Aquilo… Também. - A kunoichi caminhou ao lado do rapaz, falando. - Eu acho… - Completou, sussurrando.
- Você fala do que aconteceu no torneio?
- Sim… Aquela vontade ou voz na minha cabeça… - confirmou ela. Desviou o olhar, sentindo-se culpada. - Que consegui abafar no último momento… - sacudiu a cabeça. Não queria sequer pensar no assunto. Evitou continuar nesse tema. - O Hikaru disse ontem que o Kazuma iria acordar hoje. Já está completamente fora de perigo.
- Sim. E essa é uma boa notícia. - Ele constatou, indiferente.
A kunoichi sorriu, não conseguindo evitar um pequeno saltitar de felicidade ao pensar no irmão. Bateu à porta, embora não soubesse se devia esperar ou não por resposta. O coração dela saltou uma batida quando ouviu a voz de Kazuma a dar autorização para entrarem. Imediatamente entrou e correu para os braços dele, tentando não o magoar, num longo e sentido abraço, na esperança que ele entendesse tudo num só gesto de afecto. A culpa, a saudade, o arrependimento, a felicidade.
- Vá vá, pequena. Está tudo bem - disse o Midori mais velho alguns minutos depois, afagando-lhe os cabelos. Silenciou-se quando percebeu mais alguém a entrar, um anónimo.
- Ohayo. - O kirinin falou, baixinho.
A konohanin olhou para ele e recompôs-se. Que falta de educação não o ter apresentado logo!
- Ah, desculpa, Kaz… - murmurou ela, um pouco corada. - Este é o Azura. É um shinobi de Kiri, meu amigo, com quem me cruzei aqui em Cha no Kuni. Convidei-o a ficar connosco.
- Ah… - O irmão olhou para a kunoichi, olhou para o ruivo e abafou um sorriso maldoso. - Seja bem vindo, Azura-san. - Falou por fim.
- Obrigado. - O kirinin fez uma breve saudação. Começava a entender a estrutura hierárquica dentro daquele grupo e, sendo assim, devia respeito ao irmão mais velho da sua protegida.
- Yooo! - Ouviram a porta a abrir-se atrás deles. Foi quando o médico entrou, anunciando sua entrada com um sorriso cortês. - Aaaah! Parece que já conheceste o Azura, Kazuma! Que bom, que bom. E então, já se abraçaram hoje? - E desmanchou-se a rir. Já os conhecia há demasiado tempo para prever aquilo e para saber que lhe esperava um calduço vindo da Midori do meio, algo que não tardou em chegar.
- Erm… - Azura tentou entender o comentário, mas desistiu. - E temos algo planejado para investigarmos hoje? - Indagou, esperando um roteiro completo de atuação, como era comum quando se tratava da liderança do médico.
- Hoje? - Ele pareceu estranhar a pergunta. Todos olharam para ele, curiosos, esperando qualquer que fosse a notícia que viria a seguir. - Vocês ainda não sabem do jantar?
- Jantar? - murmuraram em uníssono.
O ruivo olhou para os três presentes no quarto enquanto se entretinha a rever os curativos de Kazuma e lá explicou:
- Recebemos uma notificação do Daimyou de Cha no Kuni para ir a um jantar na mansão principal daqui a dois dias. Pelos vistos, algo com as famílias da Kugeka, para fazer uma pequena pausa das batalhas. Foram um pouco duras para todos, embora vocês tenham passado todo e qualquer limite… - divagou um pouco e pigarreou ao voltar ao assunto que falava. - E pronto, é isso. Temos que mandar confirmação hoje.
A morena suspirou. Como odiava aquelas formalidades… Olhou para o irmão, que sorriu para ela ao entender a preocupação, em jeito de a acalmar. Ele estava a contar estar bem nessa altura. Tinham agora mais um hóspede, mais um membro no grupo. Ayame já o conhecia minimamente para saber que aquilo seria algo diferente para ele. Não sabia se ele aceitaria ir, ainda assim, tendo em conta que ele se recusava a descer para algumas das refeições. Não custava perguntar.
- Hum… - murmurou ela enquanto pensava nas palavras para se dirigir a ele. - Azura. Vens connosco? Agora estás connosco. Não é que os “ricos” se importem e eu faço questão de manter o grupo unido.
- Eu não sei… - O rapaz pareceu ponderar. - Não vejo como posso ser útil nesta situação.
Foi impossível de se evitar uma gargalhada geral. Nenhum dos outros conseguiu resistir.
- Não tens que ser útil em todas as situações, Azura. Podes simplesmente ir pela companhia - explicou a kunoichi, animada. - Vens connosco. Nenhum de nós gosta de eventos assim e sempre nos podemos divertir se formos juntos.
O kirinin não parecia ter muita vontade de ir. Ainda não entendia a utilidade daquilo, portanto porque haveriam de perder tempo com aquilo? Ayame parecia querer bastante que ele fosse com eles, ainda assim. Pela companhia, dizia ela. Não se considerava boa companhia, mas se ela o dizia…
- Depois do pequeno-almoço, enviamos a confirmação. Está decidido - acabou por declarar ela, sorrindo com um pouco de malícia por sentir que o estava a obrigar em parte. Ele acabaria por lhe agradecer um dia.
Apesar de ainda parecer que era uma data distante, o tempo pareceu voar. A previsão da kunoichi acabou por se realizar. Estavam a divertir-se mais por estarem juntos e ainda nem tinham chegado ao jantar. A tarde tinha sido animada a escolher roupas e mandar opiniões sobre o que ficaria ou não bem. Azura, apesar de um pouco indiferente à situação, era requisitado a intervir com a sua opinião pelos três konohanins, ainda que não fosse uma opinião muito produtiva.
Não valia a pena irem para a mansão do Daimyou de transporte tendo em conta que era a menos de um quilómetro e eles era shinobis, acima de tudo. Rejeitaram qualquer tentativa dos senhores Sakuragi para impingir um e foram a pé, enfrentando os olhares surpresos dos restantes nobres que se cruzavam com eles.
Para não variar, todos se voltaram para o grupo quando entraram, alguns com o ódio a cintilar nas profundezas daquelas pupilas negras. Depois da luta contra o Shirou, quaisquer ideias que pudessem ter sobre os dois irmãos Midori (e, consequentemente, sobre os seus amigos) foram reforçadas, para o bem ou para o mal. Sentia-se o silêncio de cortar à faca, o ar suspenso. Até que algumas vozes se aproximaram sem receios.
- Ayame-chaaaan! - Duas adolescentes aproximaram-se sorrindo e, com suas forças conjuntas, abraçaram a kunoichi.
- Naomi-chan! Akemi-chan! - Ela envolveu as duas pequenas com um abraço forte e sorriu. - Que bom vê-las aqui!
- Estás muito bonita, sabias? - disse Akemi, a mais nova das duas irmãs de Yugakure. Reparara nela assim que entrara no salão, tal como muitos dos presentes. Quando olhara para Naomi, viu que ela tinha ficado igualmente sem palavras. Sabia que a irmã a admirava, especialmente depois do desempenho dela contra o maldito Shirou de Kiri. Nenhum dos descendentes conseguia compreender ou sequer aceitar o ponto de vista dele.
A konohanin corou ligeiramente e agradeceu. Não estava muito confortável de vestido, apesar dos elogios.
- Também estás muito bonita. E tu também, Naomi - pausou e reparou que não tinha apresentado nenhum dos que a acompanhavam. Sabia que elas reconheciam Kazuma, por isso seria escusado apresentá-lo. - Ah, desculpem. Meninas, este é o Hikaru, o meu sensei. E este é o Azura, um amigo de Kiri.
Elas sorriram educadamente, olhando um pouco desconfiadas para aquele que fora mencionado como da vila da Névoa. Não tinham boas experiências com ninguém de lá, embora estivessem dispostas a acreditar no juízo da rapariga. Antes que pudessem dizer algo, foram chamadas pela mãe, que fora identificada como sendo Daimyou de Yugakure.
- Ao menos, alguém se diverte, mesmo dentro destas roupas… - comentou a konohanin, baixo suficiente para que apenas o seu grupo a ouvisse.
- É uma questão de hábito, Ayame - acabou por dizer Kazuma, entre risos.
- Hábito? - Azura falou enquanto observava o seu fato branco, altamente desconfortável. - É mais difícil do que parece…
- Como te compreendo… - murmurou ela. Não gostava muito da ideia de usar vestido e, sobretudo, de ter atenção nela mesma, coisa que era inevitável. O azul-escuro realçava-lhe os olhos e a pele clara, para não falar que todo o corpo dela era realçado pelo corte do comprido vestido. Era incomodativo em todos os sentidos.
Os jovens tiveram sua conversa interrompida pelo apagar de algumas luzes. Um grande holofote direcionava-se para a escadaria, onde um casal de idosos surgia. O homem, vestido com um kimono verde-oliva, e a mulher, trajando um vestido longo azul-claro, acenavam para a multidão e sorriam com aparente gentileza enquanto eram respondidos por cumprimentos discretos. Pararam no meio da grande escadaria e o ancião logo estufou o peito para falar:
- Meus amigos…
Ayame olhou para Azura assim que o discurso começou. Não estava realmente a fim de ouvir aquilo, tanto quanto odiava estar cercada por aquela gente. Puxou o braço do kirinin, dando passos para trás em eterna cautela. Azura inicialmente não entendeu. Pensou em chamar Hikaru e avisá-lo que Ayame chamava, mas foi repreendido pela kunoichi e acabou a segui-la sem resistência. O sensei até percebeu a saída da pupila, mas preferiu deixar que cuidasse de si mesma… Já estava na hora de dar um voto de confiança para o novo integrante do grupo.
- Como aquilo é entediante! - Ayame sentara no parapeito do coreto que foram parar, do lado de fora da mansão. - Aqueles nobres todos deveriam falar menos! Às vezes, sinto tantas intenções malignas vindo de seus olhares que me sinto no mal no meio deles. - Ela admitiu, parecendo cansada.
- Você é uma convidada, Ayame. Isso é um desrespeito aos donos da casa… - Azura apoiou-se ao lado da garota no parapeito, olhando para o gramado. - É verdade que era um discurso completamente inútil. - E, por fim, terminado de falar, olhou para o céu.
- Sim… Eu queria sair de lá, mas não sozinha. Sabes, às vezes, sinto-me uma estranha no meio de... - Ela parou de falar - Azura? - Ela o chamou quando percebeu que estava sendo ignorada.
- Shhh…. - Ele respondeu sem, no entanto, parar de olhar para cima. - Olha, olha. - E apontou para onde olhava.

Parte II: http://www.narutoportugalrpg.com/t14191-ayame-midori-filler-22-ceu-escondido-nas-estrelas-parte-ii

Um Filler simples sem muito que se lhe diga. Pensei que ia haver um súbito desenvolvimento dessa presença perigosa, mas aparentemente querem criar algum suspense antes dela. Tudo bem, suspense é sempre ótimo para deixar a expetativa entalada na garganta do leitor!

Acho que a cena final, em que olham para o céu, vai sair algo lamechas e demasiado romântico para a mim... Mas, bem, se o Kride já fez sexo, parece que chegou a vez da Ayame. É pena que seja com alguém como o Azura... >-<

Continuem ^^

Realmente para Azura deve ser bem estranho andar com roupas de grife sendo acostumado a ser apenas um shinobi e não ter experiência com esse tipo de traje. Pelo final parece que vai ter uma descoberta interessante no coreto que o casal se encontra, vou ler o próximo para saber o que se sucede.
 

Força na Historia!!!