A noite reinava pelos céus límpidos de Cha no Kuni. Aquela hora da madrugada, a pacata vila era iluminada pela forte luz que emanava da lua cheia. O silêncio vagueava pelas ruas, acompanhado pelas sombras projetadas nas paredes dos edifícios que, mesmo na noite cerrada, continuavam pitorescos e cheios de vida. Porém, todo aquele silêncio foi cortado pelo sibilar de três vultos. Nuvens de fumo rasgaram os céus e aterraram, suavemente, na calçada escurecida. Do fumo saíram três pessoas escondidas por mantos e capuz:
- Ugh, eu não volto a andar nisto. Vou a cavalo! - falou o vulto da esquerda, mostrando uma voz grossa masculina.
O vulto do meio levou a mão ao interior do manto e retirou um cigarro e um isqueiro, acendendo-o de seguida. Depois de exalar uma boa quantidade de fumo, disse:
- Um cavalo não atravessa dimensões... - falou uma voz feminina.
O vulto mais atrás lançou o capuz para baixo, revelando-se ser Maler, e correu para a mulher na frente:
- Kiykora, é nesta vila que está o Filho do Fogo? - perguntou com uma voz trémula e preocupada.
A mulher deslizou a mão pelo capuz negro que cobria toda a sua cara e escondia a sua identidade, puxando-o para trás:
- É sim... Eu sinto-o em mim. - os seus longos cabelos negros estavam apanhados com um enorme gancho dourado. Os três caminhavam ligeiramente pela enorme largada solitária, indo no alcance de uma pelicular estalagem junto à enorme arena que embelezava todo aquele espaço. Não tardaram a chegar junto às duas portas brancas que serviam de entrada. Barrid puxou o seu respetivo manto para trás, a fim de não levantar suspeitas sobre os três forasteiros. Quando o imponente homem colocou a mão sobre as portas para as abrir, Kiykora impediu-o rapidamente:
- Fiquem aqui e aguardem a minha chegada...Não irá demorar. - levou as mãos ao cordão que segurava o seu manto e desapertou-o, deixando o tecido negro escorregar pelas suas costas até encontrar o chão. Kiykora trajava um requintado e fino quimono em marfim com pormenores dourados e azuis. Finalmente pronta a intervir, a kunoichi empurrou as portas e adentrou no pacato e acolhedor hall de entrada. Para sua surpresa, já havia gente acordada aquelas horas da madrugada, porém, elas não seriam um obstáculo. Dirigiu-se à recepção, mas, sem que alguém se apercebesse, mantivera um selo desde que atravessara as portas. Ao desfazer o selo, começaram a cair, muito lentamente, pequenas penas brancas. O genjutsu fizera efeito e agora era só esperar:
- Boa noite, minha senhora. - cumprimentou a recepcionista - Por acaso está hospedado, neste estabelecimento, um jovem entre os 17/18 anos. Provavelmente tem cabelo avermelhado, olhos amarelados....
A mulher fazia uma força tremenda para não fechar os olhos, mas o genjutsu era mais forte que ela. Com um toque na testa da mulher, Kiykora introduzira nela um novo genjutsu: Jigyaku no Jutsu:
- Lembre-se bem! Faça uma reversão até cerca de um mês atrás...É um jovem, com cerca de 17 ou 18 anos, cabelo, provavelmente, avermelhado e olhos amarelos. Lembre-se bem dos olhos dele.
A hipnotizada mantinha uma expressão calma e estática, até que finalmente abriu a boca e falou:
- É o jovem Uchiha que se apresentou há três semanas atrás. Ele tem o cabelo vermelho e comprido e uma tatuagem estranha junto ao pescoço.
- Sim, sim, sim! Agora, diga-me, em que quarto está ele?
- 245. - respondeu
Tendo, finalmente, as suas respostas, Kiykora desfez a hipnose e deixou a mulher adormecer sobre o balcão. Atravessou o hall e abriu a porta, para surpresa dos dois homens:
- Ele está aqui. Quarto 245.
Sentia-se um certo tom de ansiedade e esperança. Sor Barrid fora o primeiro a adentrar pelo hall. Os seus passos pesados pareciam querer partir os frágeis degraus da escadaria. Atrás dele vinha Maler e Kiykora, ambos quase tão apressados como o imponente guerreiro. O grupo corria como flechas pelo corredor, até pararem bruscamente em frente ao 245. Barrid cerrou o punho e socou a porta, atirando-a para dentro do quarto, quase despedaçada. Todos sabiam que aquele escabeche todo iria acordar Takeshi e todos os outros adjacentes ao quarto. Mesmo assim, entraram na escuridão daquela espécie de suite, simples, mas com o necessário para se fazer as próprias refeições ou para descontrair num sofá em frente à TV. Do nada, ouviu-se um som de metal a embater no chão. Maler apressou-se a ligar as luzes do quarto, apenas para comprovar que estava vazio:
- Ele não está aqui! - berrou Barrid - Fomos enganados. E agora Kiykora-senpai? 
- Ele está aqui....
Uma kusanagi jazia no chão, junto aos pés deles, mas só notaram a sua presença quando começou a tremer. Afastaram-se rapidamente da arma, que se elevou no ar e rodopiou violentamente:
- Eu disse.
Numa nuvem de fumo, Takeshi aparecia já em posição de combate:
- Quem são vocês?! - perguntou
Kiykora deu um passo em frente, esticando a sua mão e tentando emanar uma sensação de paz:
- Calma! Nós viemos em paz e somos amigos. Nós viemos de muito longe para te encontrar. - aquelas palavras da mulher abriram uma pequena curiosidade da parte do Uchiha, curiosidade essa que Kiykora tentou de imediato responder - Viemos das Terras Distantes, uma dimensão paralela a esta, mas num ambiente totalmente oposto. Eu chamo-me Kiykora e vim desta dimensão. Este é Sor Barrid, um nobre cavaleiro das Terras Distantes e este é Maler, um exímio arqueiro. Uma tremenda ameaça começa a corroer toda a nossa dimensão e em breve, todos nós estaremos infetados. 
Takeshi não sabia se devia acreditar, mas mesmo assim decidiu dar uma chance:
- Continuem...
- Nós achamos que sejas uma lenda.... - começou Maler - ... Alguém que possui um enorme dom chamado...."Karyuka"! - ao ouvir o nome do seu fogo, Takeshi arregalou os olhos ao perceber que afinal a sua estranha habilidade tem um passado que lhe era desconhecido - Pouco se sabe sobre a verdadeira história do Karyuka, mas para os científicos trata-se de uma mutação do ADN, rara, mas poderosa. Quem sofre desta tão grande probabilidade de se mutar, está propício a desenvolver novas habilidades a partir do Karyuka. Mas, por favor, diz-nos que és um Filho do Fogo... - nessa altura, a voz do pobre rapaz tremeu e um sentimento de desolação ecoou pelo quarto. Takeshi baixou os braços e a cabeça, fitando o chão e os seus pés descalços. Por breves momentos, houve um silêncio agoniante no quarto e quase que se podia ouvir o bater frenético dos corações, mas finalmente Takeshi erguera a cabeça. A sua face expressava um sentimento de confiança e os seus olhos brilhavam enquanto se incendiavam. Seguido deles, a tatuagem pegou fogo e por fim todo o braço estava em chamas, para surpresa dos presentes. Kiykora sorria de emoção por agora saber que havia uma nova oportunidade para eles, Maler olhava maravilhado e Barrid estava boquiaberto com o que via:
- Era isto que procuravam? - perguntou o lança-chamas humano. Desativando o seu Karyuka, Takeshi caminhou para a sua cama e começou a calçar-se, agarrando de seguida num casaco de cabedal preto. Mesmo estando de pijama, o Uchiha pouco se preocupava como estava vestido. Levantou-se e caminhou para a porta, ou para a falta dela, com uns óculos de sol na cara. Os primeiros raios de sol queriam começar a romper pela noite quando o grupo saiu do quarto:
- Espero não me arrepender... - murmurou
Kiykora colocou a mão no ombro do Uchiha:
- Não te preocupes, vais ser aclamado um herói quando lá chegarmos.
Takeshi parou de repente:
- "Lá" onde....?
Um estranho vazio percorreu o corpo dele e, antes que pudesse pestanejar, já não se encontrava no meio do corredor da adormecida estalagem, mas sim no centro duma espécie de tasquinha onde os bêbados conhecidos da vila se aglomeravam e berravam enquanto bebiam mais e mais. Porém aquela estava vazia:
- Aqui. - sorriu a mulher, retirando a mão do ombro dele.
- Onde porra estou eu?
Maler deu um salto na sua frente, assobiou duas estridentes vezes:
- É seguro. - murmuraram várias vozes e, aos poucos, pessoas foram saindo de diversos esconderijos. Todos elas sorriam quando viam Takeshi, o Filho do Fogo. Maler saltou para cima do balcão, com um sorriso de orelha a orelha, e falou bem alto para todos:
- Aqui está ele: o herói que todos consideravam uma lenda. Uchiha Takeshi, o Filho do Fogo! - todos olhavam para ele....para o Filho do Fogo, tão "mal e porcamente" apresentado de pijama e óculos de sol. Mesmo assim, todos o aplaudiram e saudaram calorosamente. Sabia bem ter aquele pico de fama e, por momentos, Takeshi esqueceu-se de quem tinha deixado para trás em Cha no Kuni: Katsu, Sekima e Ayame. Agora, eles não importavam e, mais uma vez, Takeshi metia-se em algo que não conhecia minimamente e talvez seja desta que o tiro lhe saia pela culatra.  Mas no meio de toda a aquela confusão e festividade, o Uchiha apenas tinha olhos para as promessas que lhe foram feitas, mesmo tendo acabado de conhecer as pessoas.

Eu já tinha lido antes mesmo de o postares, portanto nem sei bem o que te dizer.

Opah, eu acho que, a partir deste momento, podes fazer muita coisa interessante. Não acho nada neste Filler forçado e que te proíba de escreveres mais, mas teres esse tipo de bloqueios como escritor também já é normal. Será uma pena não ver a continuação .

Continua ^^

Então agora Takeshi virou o fogo heróico que aquece os corações com a chama da esperança de um mundo melhor. Será uma responsabilidade bem grande para ele e vamos ver como ele se saí com esse peso nos ombros. Só espero que toda essa bajulação não o faz perder o verdadeiro foco.
 

Força na Historia!!!