Trabalha Samael!
-Se não abrirem iremos arrombar! Viemos atrás do seu marido, sabemos que você está ai! -gritou uma voz do outro lado da porta.
A mulher que estava a espiar pela fechadura, recuou uns dois passos assutada,quase caindo ao tropeçar no pé de uma cadeira velha. Ao tropeçar ela deixa escapar um grito de angustia, abafando-o logo em seguida com as duas mãos. Os homens lá fora preparam-se para forçar a porta. Ela então sente um cutucão nas costas, e ao virar-se abraça seu filho.
- Ma...mãe, o..oque está acontecendo? - perguntou a criança, visivelmente com medo.
Sua mãe olha-o nos olhos, enquanto acaricia seus cabelos... Mais uma batida na porta, que começa a ceder. Ela carrega a criança no colo, enquanto se afasta da porta, ao chegar num armário marrom velho e com a pintura descascada. Ela abre uma porta, colocando as poucas roupas pro lado usando uma mão, e ajeitando a criança ali dentro.
- Samael, eu quero que você fique aqui quieto, e escondido. Não abra esta porta. - disse ela olhando a criança nos olhos. - Me prometa.
Samael fungou.
- Prometo mãe.. - respondeu ele por fim.
- Ótimo. Vai ficar tudo bem. - disse ela, e fechou a porta a seguir.
Escuro... Por alguns segundos tudo que Samael, ouviu foi as batidas de seu coração e sua respiração acelerada. Então ele ouviu um barulho de madeira sendo arrebentada e de algo pesado caindo ao chão. Sua respiração aumentou ainda mais. Passos e vozes eram ouvidas do lado de fora, mas Samael não podia entende-las. Uma fresta na porta abriu-se sozinha, deixando entrar um risco de luz ali dentro. Samael ficou de bruços, tentando ver alguma coisa. Conseguia avistar dois homens, um parecia estar pegando sua mãe pelos braços e sacudindo-a. Samael, cerrou os punhos de raiva, e estendeu a mão para sua kunai, presente de seu pai. Onde é que ele está?
- ... acho melhor você começar a falar, senão teremos que leva-la ao chefe de interrogatórios aqui da vila... aposto que você já ouviu falar de Osamu Damenzou e de seus... métodos. - Samael, não conseguia ver bem, um dos homens era loiro, pele muito branca e tinha cabelos lisos e longos indo até suas costas. O outro tinha cabelos castanhos curtos, pele morena, e era alto e forte. Sua mãe parecia chorar. Samael rangeu os dentes, Canalhas!
Neste instante, o homem de cabelos loiros retira uma longa katana de sua bainha, e aponta-a diretamente para o lugar onde Samael estava. Um calafrio percorre sua espinha, e ele se esconde nas sombras, em meio a cabides e roupas penduradas. O homem continua apontando a katana para o armário e fala bem alto:
- Eu deveria arrancar um olho desse menino, Setsuk - disse o homem, olhando para seu companheiro. - Será que a mãe dele não o ensinou que é feio espiar? Quem sabe se ela resolver contar algo útil...
A mulher fica de joelhos perante os dois homens, implorando para não machucarem seu filho e dizendo que não sabia nada, lágrimas escorriam-lhe pela bochecha, pingando no chão de tábuas da casa.
- Não acredito em você. - falou um dos homens, com uma expressão de desaprovação tal qual a de um professor que pega um aluno colando em flagra. - Setsuk, traga um olho do filho dela.
Samael segura a kunai, sua mão tremendo, espera até que o homem chegue perto do armário, e então dá um chute na porta e tenta sair correndo. A porta atinge a canela do homem de cabelos castanhos, e Samael tenta passar correndo, fugir para qualquer outro lugar. Ele sente algo segurando-o pela camiseta, e erguendo-o no ar.
- Achou mesmo que ia conseguir escapar? -disse o homem, Samael esmurrava-o e chutava, sua kunai tinha caido em algum lugar.
O homem aponta uma kunai para seu rosto, e aproxima lentamente. Samael dá socos no braço do homem, mas seus ataques parecem não surtir efeito algum. Como eu sou.. fraco. Sua mãe estava paralisada, em choque. A lâmina estava quase rasgando a pele de Samael, quando uma voz se fez ouvir:
- Largue-o agora.
*
Samael acorda de sobressalto, ofegando. Fica sentado na cama, olhando a parede branca a sua frente, tentando se acalmar. Aos poucos ele controla sua respiração instável, e dá um longo suspiro. Tateia ao redor da cama, procurando o botão do abajur, este acendesse e ilumina o pequeno quarto composto por uma escrivaninha, colchão e um pequeno armário. Samael pousa os olhos sobre o despertador, que marcava quatro horas da manhã. "Ainda tenho uma hora de sono, pensou Samael, mas depois desse sonho não vou conseguir dormir mais."
Fazia frio aquela hora da madrugada em Amegakure e uma garoa fina podia ser vista pela janela do quarto. Colocou as cobertas de lado e levantou ainda com um pouco de sono, abriu uma gaveta da escrivaninha, onde tirou shampoo, sabonete e toalha. Ao tirar a toalha da gaveta, avistou por baixo, uma kunai invertida, já bastante enferrujada pela ação do tempo. Sorriu.
Após terminar sua higiene pessoal, vestiu-se e amarrou sua bandana no braço, antes de sair, apagou todas as luzes, e fechou o apartamento. Descendo as escadarias, ele encontra o porteiro do prédio. Um senhorzinho simpático e baixinho, de seus sessenta anos.
- Bom dia Sr. Akane. - cumprimenta Samael, educadamente.
- Bom dia Samael, de pé a está hora? - respondeu o Sr Akane, animado. - Foi chamado para alguma missão importante no meio da noite?
Ele suspirou.
- Quem me dera. Só estou sem sono mesmo, vou dar uma volta pela cidade antes de ir trabalhar. Até mais senhor Akane. O velhinho acenou para o garoto, e voltou aos seus afazeres.
A brisa gélida atingiu Samael com tudo, talvez este não fosse um bom dia para dar uma caminhada. Gotas de chuva salpicavam seu rosto, enquanto ele seguia pelas ruas da vila, que em sua maioria ainda dormia. Samael gostava de ficar acordada enquanto os outros dormiam, isso o fazia sentir mais... vivo. Sim, está é a palavra, vivo. Alguns mercadores abriam suas barracas e colocavam mercadorias em prateleiras: conservas, temperos, frutas, peixes e carnes de todos os tipos. Não encontrou conhecidos durante seu trajeto, ele havia saído da parte mais pobre da vila, onde morava, agora caminhava no centro da vila. A garoa fina estava começando a virar uma chuva mesmo, aquela dita chuva "pega-bobo", é tão fininha que parece que nem molha, e quando se vê, já está todo encharcado. Samael apressou o passo, já estava na hora de ir pro trabalho.
Mais alguns minutos, e ele chega ao armazém onde trabalha. Ele adentra o local, retirando o capuz que usava para proteger-se da chuva.
- Bom dia Sr Ky..
- Está atrasado! Segunda vez está semana, vou descontar a hora. - interrompeu seu chefe. - Recebemos uma carga de mercadoria hoje de madrugada, quero que organize-as no estoque.
Samael olha no seu relógio de pulso 5:06. "Velho muquirana, me descontou um hora por seis minutos!" resmungando ele vai até os fundos do armazém onde estão as caixas. Ao chegar lá, faz uma estimativa rápida, e conta quase cento e cinquenta caixas. " Mas oque... isso aqui é trabalho pra umas três pessoas! Aposto que ele não quis contratar pra não gastar, velho mesquinho.."
- Bem, vou encarar isso como um treino de força. - murmurou Samael, para si mesmo.
Ele se agacha e empilha duas caixas e então se levanta. O peso o faz cambalear "Droga!", mas ele firma os pés no chão e retoma o equilíbrio. Caminha por mais alguns metros até chegar numa escada.
- Droga, o estoque fica no andar de cima. - reclama, segurando firme as caixas.
Subindo devagar os degraus o garoto descarrega as duas caixas no chão, e respira longamente. Um pouco de suor já começava a escorrer de seu rosto.
- Ótimo agora só falta mais umas cento e quarenta e oito! - exclamou.
*Algumas horas e caixas depois*
-Ahh! Finalmente! - agradeceu Samael, enquanto desabava em cima de uma caixa arfando. Seu pescoço estava duro e os músculos dos braços doloridos. Ele abaixa a cabeça e começa a massagear a nuca. Neste instante seu chefe apareceu. Fala sério, se o Sr. Kyoto, fosse um ninja rastreador poderia achar inimigos que estivessem descansando a quilômetros!
- Pegando leve hoje em garoto? - diz ele, balançando a cabeça em desaprovação. O homem leva um cigarro a boca e acende, aspirando a fumaça e soltando logo em seguida.
- Eu já terminei com as caixas Senhor. - responde. Ao olhar no relógio vê que já são
13:00 em ponto, e ouve seu estomago roncando. Senhor Kyoto se senta numa caixa do lado dele, ainda fumando seu cigarro. Ele pega uma garrafa de uma prateleira e dá um longo gole. Estende ela a Samael e o convida a beber.
- Deve estar com a garganta seca, tome um gole. - oferece o homem.
Samael aceita, sua garganta estava mesmo seca como areia do deserto. Ao dar um gole, sente uma leve dormência na boca, e também uma ardência. Quase cuspiu fora.
"Que gosto horrível, como ele consegue beber isso?" Seu chefe dá uma gargalhada ao ver a reação do garoto ao provar álcool pela primeira vez.
- Fica melhor depois do primeiro gole garoto. - afirma ele, ainda com o sorriso no rosto. Samael toma mais um pouco e devolve a garrafa pra ele.
- Não muito melhor não é mesmo? - o homem pega a garrafa e dá mais um gole, limpando o líquido que escorreu pelo bochecha com as costas da mão.
Um silêncio meio constrangedor tomou conta do lugar logo depois, e quando Samael estava preste a falar que ia almoçar, seu chefe rompeu o silêncio.
- Você quer ser um grande shinobi não é? - indagou ele.
- Sim, e eu não quero ser.
Eu vou ser! E ainda irei mostrar para todos o poder do meu Clã.. Este era o desejo do meu pai, e farei de tudo para honra-lo. - respondeu Samael seriamente.
- Ainda com esse negócio de honrar seu pai. Garoto, admiro a sua força de vontade, mas você acha que alguém de um Clã esquecido como o seu, seria capaz de derrotar qualquer membro dos Cinco Grandes de Ame? - duvidou Kyoto. - Já está na hora de você aceitar que seu pai não era honrado como diz e..
Samael levantou bruscamente.
- Não aceitarei que fale desse jeito de meu pai. - desafiou. - Mesmo que eu seja seu empregado, prefiro ficar sem emprego do que ouvir alguém falando dele desse jeito!
O homem riu:
- E quem é que vai carregar todas essa mercadoria pra mim tão rapidamente se você se demitir? - falou ele, ainda com um sorriso no rosto. - E não era hoje as
14:00, que você iria conhecer seus companheiros de time e teu sensei?
Samael olha no relógio rapidamente
13:28. " Droga! Droga! Droga! O ponto de encontro fica do outro lado da cidade!"Praticamente antes de o Senhor Kyoto terminar a frase, Samael já estava correndo entre as prateleiras.
- Tenho que ir!
*
- Spoiler:
Então tá ai, primeiro filler só pra apresentar um pouco do personagem, espero que gostem. Resolvi colocar o nome de cada fase da vida do personagem como uma estação, como está é a primeira, vai ser Primavera ^^. Meu primeiro Filler pessoal quero muito seus comentários dizendo oque vocês gostaram oque não gostaram, coisas que eu tenho que melhorar e desenvolver etc. Podem criticar a vontade kkk
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Sex 31 Out 2014 - 3:59
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