Episódio 1 | Acto I: “Lembranças”
Os passos que se ouviam pela terra batida pertenciam a duas pessoas e um cão. Oito pernas ao todo, marcavam a poeira com as suas impressões enquanto pó era levantado. Karui estava do lado esquerdo da estrada, os seus trajes verdes escuros e encasacados não permitiam per o seu ar sério e calmo, enquanto que por outro lado Azula a rapariga do grupo, estava com uns calções negros curtos e umas meias em rede que lhe cobriam as pernas. Tinha uma camisa azul escura, duas luvas negras e cabelos amarelos que se estendiam até ao rabo. Os óculos de aros negros davam-lhe um ar de inteligente e ao mesmo tempo atrevida.
Tsibo era o cão, companheiro de vida de Azula, tal como a sua dona e amiga, também ele tinha uma bandana na cabeça com o símbolo de Konoha riscado a meio, mostrando a indignação com a sua vila ninja e indicando que eram ninjas exilados. Mais propriamente, os três eram Oinins, caçavam ninjas e entregavam-nos a troco de dinheiro.
– Nunca me explicaste como raios conseguiste afastar aquele monte de areia... - Ao fim de vários minutos de silêncio, fora esta a primeira frase de Azula.
– Nunca me perguntaste, podemos prosseguir em silêncio? - Inquiriu Karui com a voz ligeiramente abafada pelo seu lenço.
– Não. - Fez uma pausa. - Diz-me, que mal tem?
– Se prometeres calar-te eu conto. - Manifestou Karui tentando uma espécie de negócio com a rapariga que ele considerava tagarela.
– Sim, sim. Ela cala-se. - Respondeu Tsibo, o cão, em vez de Azula.
O rapaz fez um silêncio, parecia tentar reavivar algumas memórias já esquecidas, ou menos lembradas. A sua memória viajou até à idade em que tinha entre quatro a cinco anos, precisamente há quinze anos atrás. Lembrou-se da cara do seu pai e da sua mãe, não foram boas lembranças, mas eram seus progenitores e era fácil recordar.
– Nasci e vivi em Sunagakure no Sato. - Disparou sem qualquer antecipação. - Pelo menos até aos cinco anos de idade.
– Isso significa que não te formaste como gennin em Suna? - Perguntou Tsibo.
– Não, com essa idade não. - Fez uma pausa. - Como eu ia a dizer, vivi na mansão do Kazekage esse tempo todo, fui alvo de experiências por parte dos meus pais que idolatravam em demasia o Kazekage. Arranjaram meio de servirem o Kage e eram uma espécie de caseiros... - Fez uma nova pausa. Suspirou. - Os meus pais eram loucos, presumo que as experiências que me fizeram foram para tentar que eu conseguisse dominar Areia à imagem do seu ídolo.
– Quê!? Tu, como elemento areia? - A rapariga fez cara de surpresa e desânimo. - Eu nem tenho nenhum alinhamento, mas de qualquer forma... faz aí alguma tecnica para limpares a poeira da estrada.
– Mas aí é que está. Eu não sei controlar, aquilo aconteceu porque sei lá... Deve ter sido pela necessidade de fugir daqueles ninjas ou assim, e de alguma forma desviei.
– Ah, então não tens a certeza. - Respondeu Tsibo o cão. - Bem, mas tudo aponta que sim. Vamos mudar o nosso destino, tenho um amigo que te pode ajudar.
– Como assim Tsibo? - Perguntou Karui sem perceber o que o cão queria dizer.
– Já era um cão ninja antes da Azula nascer, tenho os meus conhecimentos. - O cão parou na estrada, sentou-se sobre o rabo e coçou uma pulga.
– “Quem diria... um cão ninja antes da Azula e nem consegue controlar a comichão”. - Pensou Karui.
– Bem, vamos andando então. - Comentou Azula. - Se ele diz que tem um amigo que te pode ajudar, então vamos. Faciliava-nos a vida se aprendesses a controlar as areias...
– Já falamos de mais... Preciso de sossêgo se faz favor. - Fez uma pausa. - Tsibo, segue à frente, leva-nos até esse teu amigo.
O cão deu um pequeno latido e acenou positivamente com a cabeça, já recuperado das comichões na sua cabeça. Chegou-se à frente e liderou o grupo por aquela estrada, até que adentraram numa floresta, o caminho original não era por ali, pareciam até que estavam a voltar para trás ou quase, mas seguindo um caminho diferente.
Karui estava intrigado com a vida da jovem Azula antes de a conhecer, a verdade é que caçavam ninjas juntos há vários meses, e desde que começaram a trabalhar em conjunto os lucros apesar de divididos eram maiores. Mas e Tsibo? O cão tinha dito que já era ninja antes de Azula nascer... isso significava que ainda havia muita coisa desconhecida naqueles dois. O rapaz arrependera-se, contara pormenores da sua vida que não devia ter feito, sentia-se descoberto e que podia ter revelado coisas que não devia. Verdade seja dita, a rapariga era tagarela e chata, mas inspirava-lhe confiança e esqueceu o assunto rapidamente.
Agora, o que o intrigava era, será que ele controlava mesmo Areia? As experiências e abusos dos pais, que nada se comparavam às que sofrera mais tarde na sua vila ninja, tinham talvez feito com que ele dominasse o elemento Areia. Acabara de prometer a si próprio, se isso fosse verdade, ia matar os pais com o “presente” que eles lhe deram... Só precisava de descobrir o paradeiro deles, tinha uma ideia onde poderiam estar. No Asilo de Problemas Psicológicos de Sunagakure no Sato.
Filler pequenino para introduzir algumas coisas da personagem.