Há 14 anos atrás


Subúrbios de Amegakure no Sato


A chuva era intensa, como sempre. Caía grossa e veloz como se o país ainda chorasse pelas atrocidades cometidas contra ele. Até a vida selvagem daquele país espelhava medo, escondendo-se sempre por entre as tocas e ninhos das poucas árvores que ali existiam. A poucos quilómetros da vila principal conseguia se observar uma pequena aldeia, onde cada casa tinha um símbolo que mostrava partes de corpo humano. Não como um só, mas como partes cortadas e rasgadas de um corpo apenas. Tudo naquela aldeia era macabro, fantasmagórico e assustador. Todas as casas tinham vestígios de algum tipo de luta, desde arranhões a grandes lascas em falta. 
- Hitokuijinshu-sama, eles voltaram a fugir – dizia um homem de joelho e punho no chão. O nervosismo estava a flor da pele. Este apesar de já adulto e com um aspeto bastante hostil e agressivo, tremia por tudo quanto era lado, tanto que tinha uma certa dificuldade em manter-se naquela posição de submissão e respeito.
- Hada-san... – uma figura sentada numa espécie de trono que no topo ostentava o mesmo símbolo que todas as casas da aldeia levantava a cabeça lentamente, antes apoiada no seu punho esquerdo, cerrado – ...já se passaram três meses desde que os descobrimos... – aos poucos levanta-se. O rangir dos seus dentes horripilantes era notável, digno de assombrar os sonhos das crianças. Num passo veloz colocou-se em frente do homem que estava de cabeça baixa e com os olhos fixados no chão. – Não sei o que te fazer... – disse, colocando gentilmente a mão na cabeça do homem. – Olha para mim – o homem assim o fez e com dignidade. Não eram muitos os que tinham visto de tão perto aquele... ser. Onde os olhos de um ser humano normal seriam brancos, naquele homem eram pretos e a íris de um tom vermelho escuro. A sua pele cinzenta notava-se ao longe que era áspera mas não velha, como se de um réptil se tratasse. E apesar dos seus lábios extremamente finos que contrastavam com os seus dentes grossos e afiados, o mais estranho era o facto deste não ter nariz nem sinais de alguma vez ter tido.
- Hitokuijinshu-sama... – soluçava Hada, quase em lágrimas – por favor!
A mão do “demónio”, com unhas não grandes mas afiadas, ia apertando cada vez mais a cabeça do homem. Hada estava já de joelhos, não por vontade própria mas por não conseguir aguentar  a dor física daquela mão demoníaca nem o sofrimento de falhar ao seu “rei”.
- Eu gosto de ti – ouvia-se um raspar subtil da mão cinzenta ao passar na cara do subordinado – espero que toda a gente goste.
Hitokuijunshu estendeu a mão para dois guardas e fazendo um sinal, como se estivesse a retratar uma tesoura, fez com que estes viessem a encontro de Hada para o levar.
- Por favor... – Hada, apesar de chorar e gritar por penitência, não resistia – por favor... cuide dos meus filhos... – o homem fechava os olhos à medida que era arrastado por um corredor frio e arrepiante. Como em todo lado, também aquele corredor tinha marcas de arranhões e resistência. Provavelmente de pessoas que estiveram na mesma situação que este pai de duas crianças.
Quando o homem desapareceu na escuridão do corredor, uma mulher saiu de um canto escuro, também ela demoníaca, com um olhar frio e sedutor em simultâneo. Colocava-se lentamente atrás do homem de olhos vermelhos, passando-lhe a mão pelo ombro.
- Eu preparo tudo.


Algures entre Hi no Kuni e Mizu no Kuni


-  Não podemos continuar a safar-nos à rasquinha - Ryntama descansava perto de uma árvore. A fuga, apesar de ter sido feita sem deixar qualquer rasto, havia sido longa e cansativa.
A floresta era densa e o clima tropical. Estava quente mas já se notava uma suave brisa que era, provavelmente, por se estarem a aproximar do nevoeiro frio e intenso do País da Água.
- Primeiro temos que arranjar um sítio para ficar. - disse Jin enquanto preparava um kit com alguns mantimentos que incluía tanto comida como algumas ferramentas médicas. O homem de cabelos negros e lisos era sempre o mais preocupado. Era raro o momento em que se deixava descansar uma hora que fosse - e depois temos de arranjar maneira de nos encontrarmos com a Kuzai. - neste momento até o calmo e relaxado Ryntama conseguia perceber o porquê de todo o stress do irmão. Afinal de contas, era a mulher dele que estava desaparecida.
- Hum… - o rapaz de cabelo branco ia-se levantando aos poucos, como quem não queria mas precisava mesmo. Segurava-se à árvore e inspirava profundamente como se conseguisse sentir tudo o que se passava no mundo - aposto que ela se safou. Mas tens razão, temos que a encontrar.
Partiram rumo à cidade mais próxima, na esperança de conseguir arranjar um sítio onde passar a noite. Não demoraram muito tempo até encontrar um lugar que, pelo aspecto, era acolhedor e dotado de gente carinhosa e recetiva a turistas. Em toda a parte se via um sorriso ou ouvia uma gargalhada. As pessoas estavam na rua a conviver e a fazer algumas tarefas do seu dia-à-dia. Todas as casas eram amplas e maior parte destas tinha a porta aberta. Não como se alguém tivesse saído à pouco mas sim deixando de parte a preocupação de que alguém poderia fazer algo de mau.
- Acho que podemos ficar ali. - apontou Ryntama para um edifício de três andares. Tinha dois candeeiros pendurados no alpendre e um grande sinal luminoso que dizia “Albergaria”.
- Vamos - Jin apressava-se a entrar naquele lugar. Foram recebidos de imediato como se já lá estivessem estado milhares de vezes. Era rara a simpatia que a recepcionista mostrava e a rapidez com que deixou os dois hóspedes no seu quarto. Um quarto não muito grande mas que serviria bem para ambos passarem a noite e descansarem para no próximo dia estarem aptos para uma viagem que iria ser, certamente, longa.


Mizu no Kuni


Kuzai estava na mesma situação mas não com tanta convicção quanto os seus companheiros de sobrevivência. A mulher havia perguntado a um dos trabalhadores da doca qual o sítio mais próximo para poder passar uma noite. Era a uns quantos quilometros da doca mas nada que a kunoichi não conseguisse suportar.
- Queria um quarto por favor - disse ao chegar a um hostel na tal vila que lhe tinham indicado. Era uma vila com bastante movimento, claramente uma vila piscatória onde maior parte do proletariado da zona se encontrava. Kuzai pôs-se prontamente no quarto que lhe havia sido atribuido e começou quase de imediato a aprontar-se para deixar que o dia acabasse.Deitou-se de costas no colchão a mirar o teto. A sua mente era constantemente assaltada por preocupação com o filho que abandonara mas o cansaço era demasiado e Kuzai caiu num sono profundo.






Presente


Kirigakure no Sato.


- Seizon! - a voz do professor da academia ecoava pelo anfiteatro onde se encontravam todos os recém promovidos a gennin - Equipa 9.
Seizon levanta-se prontamente com um sorriso na cara, pronto a começar a sua jornada como ninja junto dos seus novos companheiros. Do outro lado do anfiteatro olhavam-no com ansiedade Denki e Kuma. Denki era uma jovem rapariga, magra de cabelo azul resplandecente que se estendia até aos ombros. Ela sorria e foi a primeira a cumprimentar Seizon. A sua energia era contagiante.
- Olá, sou a Denki, bem-vindo!
- Olá! - diz Seizon, sorrindo timidamente.
O segundo elemento da equipa, um rapaz corpulento, surpreende Seizon com um aperto de mão caloroso e este, apesar de alto, estica-se para o olhar e sorri. É Kuma quem o cumprimenta, um jovem alto e forte com cabelo cinzento, ligeiramente comprido e espetado.

- Vocês os três, venham comigo - dizia um homem mais velho de cabelo branco com alguns reflexos azuis e que tinha às costas uma katana. Esta, apesar de aparentar ser normal, tinha um toque especial. Um símbolo no seu cabo, de origem desconhecida - eu sou o Zangeki e vou ser o vosso sensei! - Zangeki deu uma pequena risada - hoje começa o vosso treino.

Ainda se ficou muita coisa a ser preenchida na historia desse jovem kirinin, afinal tem 14 anos de historias não contatas entre a chegada dele ao País da Água e ele se formar Gennin. Pelo visto tem um demônio bem poderoso nessa historia e não sei como ele vai se encaixar, como também a principio os pais legítimos do rapaz estão teoricamente vivos. Agora vamos ver como se vai se sair essa nova equipe ninja e que tipo de companheiros o jovem vai ter em sua equipe.

Força na Historia!!!

Obrigado pela leitura e comentário Bruno!

Vamos a ver, talvez a história dos pais ainda não tenha acabado ali  Espero que continues a gostar dos fillers

Kiba escreveu:

A sua pele cinzenta notava-se ao longe que era áspera mas não velha, como se de um réptil se tratasse. E apesar dos seus lábios extremamente finos que contrastavam com os seus dentes grossos e afiados, o mais estranho era o facto deste não ter nariz nem sinais de alguma vez ter tido.

OMG, É O VOLDEMORT :O


Just Kidding Gostei bastante do filler, a deixar pistas sobre o passado e sobre como o passado o vai perseguir (acho eu ) Goste de estares a descrever o passado e o presente ao mesmo tempo, tambem eu estou a fazer o mesmo (embora eu seja só uma semana no passado )

Continua ^^

Sim, é impossível não imaginar o Voldemort com o demónio sem nariz . Mas acho que quando escreveste isto também te lembraste da mesma coisa.

Bem, agora sim, é algo muito bem escrito! Tivemos uma melhora significativa do último Filler para este! Assim é que se faz .

Ainda não tenho muito que comentar sobre a história, embora o passado que mostraste pareça ser muito interessante. Algumas coisas ainda me dão alguma confusão, mas acho que serão esclarecidas à medida que fores escrevendo e eu lendo.

Continua ^^