O ruído das gaivotas era irritante demais para Jabu naquele final de tarde. - Ah! Onde está aquele idiota barbado?! - Ele vociferava, irritado por aguardar Barba-de-Ferro muito mais do que o previsto. As duas embarcações já estavam ancoradas no atol há algumas horas, aguardando a chegada do Yukikaze que até o momento não havia dado nenhum sinal. A ilha principal do País da Lua já despontava no horizonte sob o sol poente, e o rochedo - mais precisamente a mansão onde atacariam - estava quieto demais através da luneta em que Daketsu observava. Suspirando ao compartilhar do desagrado de sua tripulação, o líder da incursão mudou a direção do objeto para observar o horizonte azulado à espera que o último navio os encontrasse, mas o que viu além das inúmeras gaivotas que cercavam o local o desanimou. Batendo as asas rapidamente na direção deles, um pombo-correio se aproximou do primeiro navio, pousando na sua gaiola de onde o pirata retirou a mensagem. Notando a movimentação, Jabu recolheu seus dois machados gigantes, recostando-os em dois ganchos de metal presos em seu uniforme e caminhou até o parapeito com olhos vidrados no colega que abria a mensagem naquele momento. Daketsu demorou apenas alguns segundos para lê-la, mas pelo discreto sorriso que abriu, Jabu percebeu que o ataque era iminente. - AO ANOITECER! - Gritou o general, para a alegria das duas tripulações que agora esperavam o pôr-do-sol que aconteceria em poucos minutos. Logo o chiado do metal das lâminas e o ruído dos canhões deslizando para fora das aberturas laterais se fez presente, como numa melodia já conhecida para a batalha. Os homens estavam prontos e comemoraram quando a sentinela avistou o Yukikaze despontando no limiar do oceano.

Aliviado com a chegada do último aliado, Daketsu buscou sua luneta novamente, apontando-a na direção do recém-chegado. Realmente o Yukikase era um navio estupendo. Rápido como um predador e com o casco raso e forte, ele tinha sido feito especialmente para navegar através dos corais com facilidade. Num avanço constante, a nau usava suas duas cadeias de remos para direcioná-lo na direção do frotilha quando algo chamou a atenção do general. Era uma coisa tola que passaria despercebida por qualquer um. Porém, sua experiência no mar o fez estranhar o motivo pelo qual Barba-de-Ferro estava no leme. Onde estaria seu imediato? Aquela indagação conseguiu distrai-lo o suficiente para que, à medida que o navio se aproximava, ele obtivesse uma visualização mais detalhada do convés vazio. Vazio?! Não havia sequer vivalma em todo convés. Suspirando com nervosismo e ansiedade, o homem mexia a luneta incessantemente à procura por qualquer indicação de movimento além do capitão desdentado quando seu olho esquerdo foi brevemente ofuscado com um rápido sinal luminoso vindo da embarcação que se aproximava. Mas o que...? - Perguntou-se ao mesmo tempo em que - horrorizado - quase fora jogado para fora de seu navio pela grande explosão que destruiu por completo o navio de Jabu num espetáculo de chamas. Com dificuldade, Daketsu se recostou ao parapeito para poder se levantar. Seus ouvidos sangravam e pelo que pode ver rapidamente, não havia sinal de sobreviventes na água. Pelos deuses! - ABANDONAR O NAV... - Gritava para sua tripulação, já sabendo que teria o mesmo destino quando a nave rangeu, expandindo-se até o limite de explodir por inteiro.

Com o deslocamento de ar, Daketsu foi arremessado para o alto junto de seus marinheiros. Farpas e detritos de madeiras arremessados contra seus corpos tingindo a outrora água límpida do atol de um vermelho vivo. O fogo ainda teimava em calcinar os últimos pedaços de madeira enquanto o cheiro forte de pólvora queimada fazia com que os poucos sobreviventes tossissem com gemidos intermitentes de dor. Caindo pesadamente contra a água, o general tonteou e afundou alguns metros, recuperando a consciência com rapidez. Preciso sair daqui. Avisar Nero que fomos traídos. - Pensava ao nadar com suas últimas forças para retornar à superfície onde a paisagem se tornara caótica e infernal. Gritos e lamentações. Pedidos de socorro e súplicas por salvamento. Em segundos, a guerra prometida já tinha terminado antes mesmo de começar. Mas como conseguiram? Quem os sabotou? Gravemente ferido, Daketsu se agarrou à uma madeira a deriva e cuspiu a água que engolira. Seu sangue começava a escorrer por suas mucosas. Seus olhos ardiam, mas os esfregou com as costas das mãos para tentar visualizar o combate que acontecia há alguns metros dele. Segurando um único machado gigante com o braço remanescente, Jabu ofegava em posição defensiva diante de cinco marionetes que ainda fumegavam por causa das explosões. Daketsu arregalou os olhos quando as reconheceu. Eram as mesmas marionetes que havia testado em combate há alguns meses no buraco. Aqueles dois estranhos que tentaram barganhar com Nero estavam por trás disso. - O mestre está em perigo! - Desesperou-se ao perceber o plano maquiavélico que se estendia sobre eles. O Buraco estava desprotegido, seu mestre estava desprotegido. Utilizando seu chakra, Daketsu se esforçou para ficar de pé e procurou por suas ampolas... Quebradas.

- Jabu! Fuja! Eu cuido deles! - Gritou para o outro.
- Você parece que não me conhece Dan! Até o fim! - Sorriu.

Nesse momento as marionetes avançaram com grande agilidade contra o valente, terminando por matá-lo em poucos saltos e golpes certeiros na lateral desprotegida de seu corpo. Os ossos estalaram alto, fazendo o corpo de Jabu cair de joelhos por poucos segundos até que seu chakra deixou de ser controlado. Rapidamente o homem sumiu nas profundezas enquanto os bonecos já seguiam na direção do único sobrevivente, elevando água durante sua corrida. A morte estava chegando. Daketsu ainda conseguiu olhar para o Yukikase que se aproximava em velocidade. O sol enviava seus últimos raios no horizonte num tom alaranjado. Era uma visão incrível para se levar para o outro mundo. Desculpe-me mestre... Não consegui. - Despediu-se de forma singela, como um verdadeiro guerreiro. Com os olhos fechados, o general suspirou buscando coragem. Seu corpo já entumecido pela grande hemorragia na água morna. Ele esperava um alívio e conseguiu. Titânio contra seu crânio e o homem afundou inconsciente para o fundo da imensidão azul. A frotilha estava completamente destruída. - Foi mais fácil do que esperava! - Gritou Barba-de-ferro para seus convidados, ainda segurando o leme. Ele assistia sorridente às marionetes retornarem ao Yukikaze. Enquanto isso, sem esboçar qualquer emoção, as duas figuras cobertas por grossas capas de chuva e chapéus de palha estavam sentados em posição de lótus no piso inferior. O mais baixo vislumbrava uma esfera de cristal em sua mão direita estendida, revelando uma manopla de metal como um golem poderoso. De lá, o estranho conseguia controlar suas armas sem precisar de exposição. O ruído dos remos sendo recolhidos logo se fez presente, e as outras marionetes que os usavam começavam a se levantar para ajudar na ancoração. Afinal, era hora de recolher os espólios.

Ah, sim, e ainda têm o maldito Barba-de-Ferro . Então o próximo Filler será o encontro entre estas três forças? Fico ansioso por isso. Tu até que podias ter metido estes dois Fillers juntos. Daria MUITA mais emoção à eminência que tens criado. E, sinceramente, cada vez mais que leio mais sinto que esta história está a chegar ao fim. Verdadeiramente ansioso .

Continua!