ÍndiceCapítulos I e II - Visitantes InesperadosCapítulo III - Kaika e Kohana Capítulo IV - Os Dragões CelestiaisCapítulo V - Um Chamado na EscolaIV - Os Dragões Celestiais
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Hanamonogatari - Contos da Flor
Pouco mais de um mês havia se passado desde o ocorrido no templo do Clã Jinsei, onde a sacerdotisa suprema Jinsei Wakana perdeu seu mangekyougan ao se encontrar com a misteriosa visitante Hana, acompanhada do jovem Kusanagi. Ambos não se recordam de nada antes do dia que apareceram na costa sul do País do Demônio, mas se sentem próximos o bastante para criar um vínculo de irmãos.
_ Irmão, fizemos bem em coloca-los a cargo de algo tão importante? - pergunta Abe no Seimei sentado em seu zabuton (almofada) à beira da mesa depois do anúncio oficial dos Dragões Celestiais.
_ Claro que sim, não tínhamos outra escolha. Kaika e Kohana já estão sobrecarregadas tentando amenizar toda a energia espiritual do planeta que tem como ponto de encontro nosso país, o mangekyougan delas não é forte o suficiente, então estão trabalhando com todas as forças para que o resto do mundo não sofra maiores consequências. - dizia o homem com seu chá em mãos, mas percebe alguém entrar no cômodo tradicional japonês.
_ Para o bem do resto do mundo nosso povo está a sofrer. E não apenas eles, os espíritos que aqui antes encontravam paz agora estão lidando com dificuldades por essa sobrecarga energética. - e a mulher abaixa a cabeça deixando os cabelos loiros tamparem seu rosto.
_ É verdade que nosso país está a sofrer, mas não podemos fazer nada em relação ao passado. - diz Abe no Seimei a se levantar e ir em direção à esposa.
_ Se ao menos eu tivesse previsto que isso ia acontecer... - e Wakana vira o rosto para que o marido não veja seus olhos tristes.
_ Se não previu talvez tenha algum significado, os forasteiros também estavam a sofrer por isso, todos nós estamos, mas vamos ter a força que eles tiveram em buscar melhores dias, deixe o passado como aprendizado e caminhemos juntos para dar um lugar tranquilo em que nosso povo e os espíritos que aqui habitam possam descansar. - sorria o marido a puxar a mão da esposa, ela por sua vez a aperta com força, demonstrando o quanto se sentia impotente sem sua Kekkei Genkai.
Enquanto isso Hana e Kusanagi chegavam ao vilarejo vizinho de Kami no Sato, após três longos dias de viagem eles estavam cansados, assim como os cavalos que puxavam a carroça. O sol já estava baixo e a luz do fim da tarde deixava muitas sombras na paisagem alaranjada.
_ Valeu amigão, bom descanso. - sorria Kusanagi a passar as mãos em um dos cavalos que, assim como o outro, agora descansava em um local após ter sido cuidado.
_ Estou faminta, Kusanagi-san, digo, nii-san. - diz Hana enquanto caminhava à frente de seu companheiro. Ele, por sua vez, passa a mão sobre os ombros da irmã e ambos vão até o restaurante no centro do vilarejo.
Ao chegarem no restaurante, Hana pede sushi apenas com pepino e Kusanagi pede uma grande tigela de ramen. Enquanto a garota comia ela avista um alto homem de cabelos negros entrar no restaurante, ele a observa com um rosto inexpressivo até apertar os olhos como quem tem grande interesse, ela arregala os olhos, fica corada e abaixa a cabeça.
_ O que houve, Hana-chan? - pergunta Kusanagi a sorrir já a terminar sua refeição e olhar para o dono do estabelecimento a fim de pedir mais.
_ Nada não. - responde ela ainda envergonhada, mas já volta ao normal.
_ Nii-san, não devias comer tão rápido assim, em menos de três minutos devorou toda essa tigela, dessa forma não consegues saborear a refeição. Você sabia que o cérebro demora um tempo para receber a informação que o estômago está cheio? Se você o enche tão rapidamente e não para de comer, até o cérebro receber a mensagem seu estômago já vai estar - falava ela a dar sermão no irmão até ser interrompida.
_ Com licença. - diz o homem de cabelos negros e olhos da cor castanho-avermelhado.
_ Por acaso vocês são os Dragões Celestiais? Aquele grupo criado pela sacerdotisa suprema para resolver problemas relacionados à espíritos. - pergunta ele diretamente.
_ Grande Dragão Dourado aqui e minha irmã Grande Dragão Rosa, Kusanagi e Hana. - sorria o jovem visivelmente feliz pelo reconhecimento do título.
_ Não gostariam de ter a sobremesa em minha mansão? Tenho assuntos a tratar com vocês. - diz ele com seu inexpressivo rosto.
_ Seria educado se apresentar antes de fazer esse convite. - fala Hana corada a suspeitar do homem.
_ Perdão, mas julgo não ser possível, eu não possuo um nome. - ao ouvirem tal resposta os dragões celestiais arregalam os olhos, era estranho alguém não possuir um nome, isso fez com que despertasse a curiosidade em ambos e aceitam o convite do homem misterioso, talvez aquele fosse um dos primeiros trabalhos para a dupla.
O vilarejo era pequeno, em alguns minutos a carruagem chega à mansão situada fora da cidade. O céu estava limpo, sem nuvens, a lua e as estrelas brilhavam com todo o resplendor, a dupla se assusta com a mansão, era totalmente diferente da arquitetura local, enquanto todo o país possuía um estilo japonês tradicional, a mansão era de estilo medieval, quase se assemelhava à um castelo de tão grande e imponente.
_ SUGOI! - diz Kusanagi encantado com tal construção. A carruagem entra pelos grandes portões, passa por um longo trajeto com belos jardins até chegar à entrada onde um homem aguardava.
_ Sejam bem-vindos. - diz ele a estender a mão para ajudar Hana descer, ela agradece a sorrir.
Era impossível não se encantar com aquele castelo, o hall de entrada com pé direito (altura do chão até o teto) grandioso, paredes grossas em pedra, uma iluminação à velas, decoração com tapetes, quadros e objetos delicadamente criados. O homem inexpressivo caminhava naquela imensidão seguido por Hana e Kusanagi que não se continham de tanto fascínio.
_ Por favor, sentem-se e sintam-se à vontade. - diz ele após passarem por uma grande porta e chegarem à um aconchegante cômodo com poltronas, sofás, lareira, animais empalhados e muitos outros detalhes.
_ Nossa, que bela casa você tem, dá para morar umas três grandes famílias. Aliás, sua família está aqui? - pergunta Kusanagi ainda a olhar para os lados analisando cada objeto.
_ Não, estão mortos. - responde ainda inexpressivo, a dupla de forasteiros arregala os olhos mais uma vez.
_ Sentimos muito por isso. - diz Hana envergonhada.
_ Era o tempo deles, é natural do meu clã. - nesse momento o mordomo entra com um food trolley (carrinhos para servir comida) cheio de bolos, tortas, doces, cremes e várias sobremesas. Hana, apaixonada por doces, tinha até se esquecido do que estavam a falar e olhava fascinada cada uma daquelas sobremesas tão bem confeitadas, sua boca salivava só de imaginar experimentar cada um daqueles doces.
_ Itadakimasu. - sorria ela a comer feliz uma pequena fatia de bolo de frutas, a loira comia em média um terço que uma pessoa normal, mas ao se tratar de doces ela podia comer até três vezes mais.
_ Lady Hana, por que me chamastes? - pergunta o homem inexpressivo.
_ Hm? - sonoriza ela a mastigar e após engolir continua.
_ Eu? Chamei? - pergunta ela a levar mais bolo à boca.
_ Sim, sinto como se você me chamasse, mas não da forma como imaginas, você me chama como um cervo indefeso chama por um predador, como o Yin chama pelo Yang, como a sombra clama pela luz. - falava ainda inexpressivo.
_ Quem é você? O que você deseja de nós? - pergunta Kusanagi irritado.
_ Já falei, eu não tenho nome, não tenho idade, não tenho verdades, não tenho mentiras, não tenho sentimentos, até mesmo minha existência é questionável. - responde com um olhar vazio.
_ Hana-chan, vamos sair daqui. - levanta-se o jovem a puxar a irmã pelo braço, mas ela não se move.
_ Hana-chan, vamos. - e novamente ele tenta puxar, mas percebe que ela não demonstra interesse em se levantar.
_ Não quer sair, não é mesmo, Lady Hana? Estás interessada em saber mais sobre mim, ou estou enganado? - ao perguntar isso a garota vira o rosto entristecido, ele estava certo, ela queria saber mais. _ Sente que estamos conectados de alguma forma, correto? - pergunta com os olhos vazios e imóveis.
_ Hana-chan... - Kusanagi solta o braço da garota, senta-se a olhar para baixo, só queria proteger a irmã.
_ Assim como um bom cão deve obedecer sua dona. - fala o homem misterioso.
_ Mais respeito com meu irmão. - diz Hana a interromper.
_ Perdão. - responde o homem.
_ Pois então, vamos fazer um pacto? - pergunta ele a apertar os olhos.
_ Eu digo tudo sobre mim, em troca... vocês permitirão que eu viaje com vocês. - ao perguntar isso instantaneamente Kusanagi intervém.
_ Jamais! - responde o irmão.
_ Eu não sinto uma boa energia vinda dele, com certeza não é alguém que possamos confiar. Tenho certeza, Hana-chan, ele não é uma boa pessoa. - fala muito irritado.
_ Ele não é uma boa pessoa... mas será que isso faz dele uma má pessoa? - responde Hana com o rosto inexpressivo.
_ O fato de alguém não ser bom, não faz dele mau, ao menos é o que acredito. Além do mais sinto uma ligação com esse homem, como se ele fosse alguém importante para mim, depois que aconteceu o incidente com o Mangekyougan consigo ter alguns sonhos estranhos, em um deles apareceu esse homem, ele sorria e me agradecia, estava um pouco diferente, mas esses olhos... tenho certeza que se tratava dele. - fala a garota que agia de forma um pouco estranha ao comum.
_ Pois então aceitas esse pacto? - pergunta o homem.
_ Vamos chamar de acordo. Pacto me dá calafrios. - responde ela a mostrar o dedo mindinho. O homem olha estranho para aquilo, mas vê um sorriso na garota e ela acena com a cabeça a mostrar novamente o mindinho, ele compreende, e os dedos se cruzam a selar o pacto.
(...)No grande quarto de hóspedes era possível ver Hana a pentear o cabelo sentada à beira de um móvel com espelho, seu irmão andava de um lado para o outro a rodear as duas camas enormes e visivelmente confortáveis.
_ Hana-chan, sabes que o que fez é algo perigoso, o nome dos Dragões Celestiais estão vinculados diretamente à sacerdotisa suprema, à liderança do país. - diz Kusanagi que quase nunca ia contra o que sua irmã decidia, mas dessa vez não estava contente com a escolha.
_ Nii-san, minha decisão já foi tomada. Wakana-san deixou bem claro que eu podia fazer o que bem entendesse se utilizasse os poderes que adquiri para o bem do País do Demônio. Enquanto eu possuir algumas das memórias da sacerdotisa e poderes do Mangekyougan tenho total liberdade em minhas decisões, por isso digo que aquele homem a partir de hoje será conhecido como o Grande Dragão Negro. - responde Hana com um olhar vazio para o próprio reflexo.
No outro dia a carroça guiada por Kusanagi já estava na frente do castelo, o homem misterioso queria cavalos melhores assim como meio de transporte, mas Kusanagi não abriu mão, já tinha criado uma espécie de vínculo com os dois cavalos e logo Hana saía com o homem de cabelos negros daquele grande castelo.
_ Nossa que demora, parece uma moça para se arrumar. - implica Kusanagi.
_ Haha, se eu não obrigasse ele a sair acho que demoraria mais uma hora. - ria Hana a pegar a mão do irmão para subir na carroça.
_ Vocês são um pouco irritantes. - diz o homem agora a demonstrar um pouco de expressão.
_ Ah, Kusanagi onii-san este é Mikael, Mikael este é meu irmão Kusanagi. - sorria Hana a apresentar os dois.
_ Ahn? Então ele tem um nome. - fala Kusanagi que sabia não ser possível alguém sem nome.
_ Na verdade eu que inventei esse nome, seria chato viajar com alguém que não tem nome. Ah, agora ele tem personalidade também, foi divertido criar uma. - ria ela.
_ O que raios vocês ficaram fazendo enquanto fui buscar os cavalos? - murmura Kusanagi sem entender nada daquilo e de repente uma mala é jogada em cima de si.
_ Para de tentar pensar e coloca minha mala em algum lugar, trabalhos físicos combinam mais com você do que intelectuais. - diz Mikael inexpressivo, mas era muito perceptível que sua aura estava diferente.
_ HEY! Não sou seu empregado, coloque você mesmo. - e Kusanagi joga a mala de volta no homem vestido de negro.
_ Baka, você é o fortão sem cérebro que cuida de todo trabalho braçal. - responde Mikael a jogar a mala no Dragão Dourado.
_ AHN?!?! E quem você pensa que é? - pergunta Kusanagi a encarar Mikael muito próximo ao seu rosto.
_ Você é o idiota do trabalho braçal, Hana-chan é a nossa musa responsável pelo trabalho espiritual e eu sou o guardião pessoal dela que estará sempre ao lado dela para protege-la de qualquer perigo. - e Mikael tira uma rosa a entregar para Hana que ria sem conseguir se controlar.
_ Nem a pau que vou permitir que um pervertido seja guardião da minha irmãzinha, é visível que és um tarado querendo abusar da pureza dela, se eu fosse você ia para o banheiro e se enforcava para me poupar um pouco de trabalho. - diz Kusanagi a cuspir de lado e mexer as mãos como quem prepara um soco.
_ Olha só, o brutamontes sem cérebro consegue ter uma imaginação fértil. - responde o Dragão Negro a mexer as mãos como quem prepara um soco também.
_ Madame, está tudo bem? - pergunta o mordomo para a moça, ela controla um pouco o riso, olha bem a cena que se encontravam e responde.
_ Está tudo ótimo. - sorria ela de olhos cerrados.
- Spoiler:
Como disse, essa saga foi feita para ser rápida, não serão tão poucos fillers, mas tudo acontecerá de forma mais ágil nela sem muita enrolação