****** Parte II ******
Não havia tempo a perder. Disparando pela floricultura, a ninja rapidamente subiu as escadas enquanto retirava o uniforme médico que ficava pelos degraus até que adentrou em seu quarto. -
Uniforme... Uniforme... - Hana sussurrava com ansiedade tentando se lembrar onde o tinha guardado. Já fazia algum tempo que ela não saía em missão e quando isso finalmente acontece, será para ajudar a conter a chamada "Praga da Folha", como a mensagem de Suna indicava. A jounin lembrava vagamente de ter estudado sobre ela na época de sua especialização, mas como que esta chaga fora tratada como um mal de um passado longínquo, a importância de se aprofundar no assunto era pouca ou quase nenhuma.
Preciso levar alguns rascunhos. - Concluiu a loira, abrindo suas gavetas para puxar alguns pergaminhos empoeirados da época de sua iniciação como médica. Selando seu material rapidamente, Hana mal podia acreditar no que acontecia. A ideia de uma epidemia que pudesse ameaçar todo o mundo ninja lhe causava calafrios. Então, após todos os preparativos, a moça conseguiu tempo para falar com seus parentes. Coisa pouca. Alguns cuidados que deveriam tomar para evitar contato com pessoas estranhas. Ela sabia que quando a notícia se espalhar, o medo será predominante em todos os lugares. -
Tome muito cuidado, Hana. - Despediram-se calorosamente.
Correndo na direção do ponto de encontro, Hana sorriu ao ver algumas crianças brincando no parque. A temperatura já estava caindo e logo a neve chegaria. Konoha sempre ficava linda nessa época do ano. Os pinheiros e luminárias multicoloridas. Sorrisos fartos e o calor humano quebravam um pouco sua preocupação. Era por tudo isso que ela lutava, fora para protegê-los que ela virou uma ninja e essa vontade de fogo a fazia seguir em frente na direção do desconhecido e do perigo invisível. -
Vamos lá! - Animava-se já vendo a equipe médica ao longe que já se reunia para partir em viagem. O caminho seria longo e o quando antes chegassem seria melhor, pois a cada dia o grau de contágio aumentaria e consequentemente faria suas vítimas. -
Equipe médica, vamos partir! - Comandou o Jounin comandante, fazendo a equipe disparar em velozes shunshins por entre as árvores da densa floresta que cercava Konoha. Àquela altura, todos da equipe sabiam o que enfrentariam. Os dez estavam sérios e como indicava a mensagem, eles encontrariam a equipe médica de Suna que já estava no local fazendo o isolamento no vilarejo de Yoshin, a única passagem no deserto a qual a praga poderia estender seus tentáculos... Pelo menos era isso que contavam.
Espero que estejamos preparados. - Pensava a loira, dando a última olhada para Konoha por cima do ombro.
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E lá vão eles. - Dizia o carroceiro, apontando para o grupo de ninjas que acabara de sair às pressas da vila. Aproximando-se da entrada principal, o homem transportava mais uma carga de graus vindo do País do Vento. Sempre sorridente, ele já sabia todos os trâmites aduaneiros e já foi interrompendo a viagem para conversar com os ninjas responsáveis pela entrada e saída da carga. Buscando os papéis da encomenda por trás do banco onde cochava seus dois cavalos, ele tateou na penumbra do depósito quando sua mão esbarrou por um instante numa poça quase ressequida de sangue. PUxando a mão rapidamente, o carroceiro limpou o vermelho pegajoso num dos lenços que amarrara nas ancas do veículo momentos antes do primeiro ninja se aproximar. Acenando, ele levou o ninja para a parte traseira onde os barris de grãos descansavam. -
Abra um deles, por favor. - Inquiriu o fiscal. Sem pestanejar, o estranho buscou sua faca e forçou o tampão, quando a fuligem do trigo escapou sobre os dois. Um momento hilário para os dois que tossiram por um instante e sorriram pelo infortúnio. -
Tudo bem, pode ir. - Liberou. O estranho sorriu e estalou o chicote para que os animais puxassem o estribo adentrando na Vila. O carroceiro estava satisfeito. Afinal, a paz deixou as Vilas enfraquecidas quanto a sua segurança. -
Infecção entregue. - Comemorou o estranho.
***
Pés ligeiros deslizavam pelas dunas na direção do vilarejo no horizonte. Sentindo a temperatura de seu núcleo orgânico aquecer, Daisuke sabia que aquela reação de seu sistema imunológico era a indicação de que a doença já estava em seu sistema. Saltando para atravessar o topo da estrutura de areia, a máquina rodopiava no espaço, aterrissando já do outro lado quando repentinamente seu controle de chakra oscilou.
Merda! E suas pernas perderam força, fazendo seu corpo de titânio cair e rolar pelo solo até conseguir frear no fundo das ondulações arenosas. Estava passando mal. Um misto de enjoo e tontura. Teria vomitado se ainda tivesse estômago. O nukenin estava ainda mais furioso, afinal, apesar de todas as suas transformações, ainda estava preso à fraqueza da carne. -
Preciso chegar logo nesse vilarejo. - Torceu enquanto suportava os sintomas durante a subida final. Braços a frente e perna coordenadas, ele enfim estava numa distância suficiente para ter uma melhor visão de seu destino.
Bem-vindo à Yoshin - Dizia a placa na entrada. Contudo, para sua decepção, não havia nenhuma movimentação externa a não ser por um... Nesse momento o barulho de vários shunshins sob a areia chamou sua atenção. Rolando lateralmente, Daisuke viu há distância cerca de dez ninjas se aproximando do mesmo Vilarejo.
Médicos... Essa não! - Desesperou-se.
A equipe de médicos da Folha já estava cansada pela longa viagem. Rostos avermelhados pela longa exposição ao sol, o líder era seguido pelas areias na direção da Vila que já despontava próxima após a última duna atravessada.
Ainda bem, estamos chegando. - Agradecia Hana, já ansiosa para começar a por em prática todos os protocolos de saúde que estudara nos casos de epidemia. Precavidos, a equipe já vestia seu uniforme especial de cor alaranjada que não permitia o contato de qualquer agente externo contra sua epiderme, bem como um pequeno capacete de onde uma camada plástica protegia seus rostos, respirando através de filtros especiais. Estariam seguros contra a praga, pelo menos em teoria, mas toda essa parafernália cobrava seu preço: O traje não lhes permitia uma boa visão periférica. Um erro fatal. Ofegante, estava concentrada no caminho quando tudo começou. Um a um, seus companheiros simplesmente sumiam a sua volta. Quatro, cinco, seis, sete... O seu número diminuía a cada passo quando o líder finalmente ordenou a parada ao levantar o punho. -
Onde estão os outros? - Perguntou aos outros dois. Nem Hana e o outro souberam responder. Percebendo que estavam sob ataque, o capitão ordenou uma formação triangular, mas assim que se aproximaram um alçapão se abriu e alguma coisa puxou o capitão que sumiu na areia.
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Não se mexam! Não se mexam! - Gritava alguém que se aproximava numa velocidade estonteante. De costas um para o outro, Hana e seu aliado já tinham em mãos suas lâminas, mas não conseguiam ouvir o que o estranho dizia quando a jovem não sentiu mais a presença do aliado após um rebuliço de um piscar-de-olhos. Agora os nove ninjas desapareciam na areia. Ela era a última. -
Não se mexa! - Repetiu o estranho, já ziguezagueando entre os diversos alçapões que se abriam para pegá-lo, mas não conseguiam. Mesmo assim, desconfiada das intenções do corredor, a ninja não teve alternativa senão alçar voo usando sua telecinese. O ar em sua volta se tornou mais denso e assim que seus pés se desprenderam do chão, uma aranha gigante eclodia de um alçapão mais próximo. Presas e patas pegajosas alcançaram seus pés e com uma força descomunal a puxaram de volta ao buraco muito antes que pudesse perceber.
Não! Não! Não posso morre aqui! - Ela se debatia, envolvendo-se com um escudo rosado que recebia os sucessivos ataques das presas do aracnídeo que esperava saciar sua fome. A saída era difícil, mas tão rapidamente quando entrara no alçapão, uma mão mecânica arrombava a tampa do buraco, puxando-a com violência para cima. Os dois olhos se encontraram. O estranho tinha rosto humano, mas olhos frios de uma máquina. Pondo-a nas costas, o estranho saltou alto na direção da vila, logo após as armadilhas.
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Quem é você?! O que aconteceu com meus amigos!? - A garota estava aterrorizada.
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Aranhas-Alçapão. Quem as colocou aqui, sabia o que fazia. - Respondeu Daisuke.
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Muito bem! Vocês escaparam dos meus bichinhos, mas agora é comigo. - Interrompeu outro ninja, ressurgindo através da areia.
CONTINUA...