Membro | Iwa
Sexo : Idade : 26 Número de Mensagens : 281
Registo Ninja Nome: Kaneko Mokusei Ryo (dinheiro): 1000 Total de Habilitações: 24 | Assunto: O sono da razão produz monstros — Filler 1. Qua 10 Fev 2016 - 20:08 | |
| Uma pequena sala iluminada pela luz vacilante de uma vela abrigava duas pessoas, que absortas em tamanha conversação ignoravam o fato de que a chama já estava quase em seu fim; assim como o dia fizera há muitas horas atrás. Era tarde da noite. Ao redor, através da penumbra, via-se o restante do cômodo quase vazio, exceto na parede as costas do cabeludo, encostada nela havia uma estante cheia de livros e alguns outros apetrechos inconcebíveis pela escuridão.
Os dois estavam no centro, sentados sobre um tapete branco retangular com finas bordas carmesim, um de frente para o outro. A medida com que o fogo tremeluzia, em cima do tapete, sobre um pequeno prato alvo ao lado dos dois, suas faces eram iluminadas vagamente. Um deles, ostentava meia idade e cabelos levemente grisalhos e curtos, um óculo com grande armação preta sobre o nariz comprido conforme seus olhos permanecem firmes no outro ser, reproduzia uma voz gutural que rompia o silêncio da noite. A outra pessoa também era um homem, um rapaz para dizer a verdade, parte de sua face coberta por uma longa franja, um nariz longo e olhos profundamente escuros, que ainda sim, mascaravam certa jovialidade, afinal, tinha só doze anos. Ele parecia tomar notas mentais do que o homem lhe dizia, certamente escreveria o que estava sendo-lhe passado em seguida, para talvez meditar; sabe-se lá como, era o que a sua feição representava.
— Então, tu acha que o que limita o homem está manifestado dentro dele próprio? Ou é ele mesmo? Não entendo, pai. — Precipitou-se o rapaz, um pouco deprimido, interrompendo o mais velho de súbito, que ficara um pouco surpreendido pelo que parecia a primeira intervenção do garoto. Mas ele sorriu em seguida, ajeitando o óculo, se preparando para um longo discurso novamente.
— Bem — pigarreara — acredito realmente que sim, o maior obstáculo do homem é ele mesmo. Mas, antes que você faça cara de descrente de novo, eu lhe digo os motivos que me levaram a questionar sobre. Irei te explicar o que é um homem de conhecimento, e os quatro maiores antagonistas do ser. Muito bem, um homem de conhecimento é aquele que se esforçou o máximo que pôde para desvendar os segredos do universo, é uma ponte que pode ser construída por qualquer um, mas que poucos são aqueles que a fazem de caminho próspero e que não derrubam a quem ali passar. No princípio, aprender nunca é como pensamos, então, quando aprendemos estamos tecnicamente expandido as barreiras da percepção, e quando você percebe que o que está ao seu redor é infinitamente maior que você, você teme. Logo, cada tarefa realizada, é um novo passo que te aproxima do medo, que é o teu primeiro inimigo. — Novamente uma pausa para que o garoto o acompanhasse. — Contudo, o segundo inimigo é basicamente o contrário, trata-se da clareza, aquela que dá ao homem a indubitável certeza sobre todas as suas ações, e que também o cega completamente, tornando-o um fanático, ele não questiona mais a si mesmo. Veja que, ambos, o medo e a clareza são teoricamente complementares, logo, percebe-se que o primeiro passo para se tornar um homem de conhecimento, é ter equilíbrio.
O garoto parecia empolgado, ao mesmo tempo vidrado. O seu pai continuou, todavia.
— O terceiro maior inimigo é conhecido como poder, acredite ou não, a maioria das pessoas não sabem lidar com esse tipo de fardo. O poder é aquele que corrompe o indivíduo, transmutando até mesmo as mais dóceis criaturas para cruéis ditadores ou tiranos, o homem que não tem controle sobre o poder, não tem poder sobre si, tampouco sabe como usá-lo. É a perca da consideração pelo próximo na maioria das vezes, a humildade desaparece. E por fim, o quarto inimigo é o também mais pertinente, aquele que nem mesmo o mais sábio dos homens pode se desvencilhar, é a velhice. — O garoto rira irônico. — O inimigo que é impossível de afastar fisicamente, mas que pode ser anulado nas esferas mentais do ser. — Ele parecia ter finalizado, então, olhou para o seu filho e disse. — Tolkien, tu ainda não vês? — Tolkien permaneceu em silêncio, mas em sua cabeça havia euforia. — Desculpa, mas não. O que vejo é que, os inimigos são manifestados fora do homem, não é uma criação dele. Me explique, por favor. — Seus olhos clamavam por uma resposta do pai, mas ele não a conceberia tão fácil assim, aliás, ele não a conceberia de modo algum. — Perdoe-me filho, mas essa é uma resposta que tu deves encontrar dentro ti, é tu quem deve responder isso, e não eu. Não é mais um fato que me atormente, agora quem será atormentado é tu, é claro, se valer a pena pra ti.
O garoto pareceu não acreditar no que ouvia, por que caralhos ele me disse tudo isso então?, pensara, mas o que saiu de sua boca fora diferente. — Entendo. — Revelara ali que, na realidade não havia entendido nada. Afinal, era só um pré-adolescente de doze anos de idade, ou não? Talvez seu pai via algo nele que nem mesmo ele via, ou talvez só fosse burro o bastante para menosprezar a si. Ele não sabia, e isso iria matá-lo.
Seu pai riu. — Muito bem então, se quiser ter um pai vivo amanhã, é melhor irmos dormir, caso contrário, o tormento de verdade será a tua mãe. Porra, são quase quatro horas da manhã! — E nisso, os dois se levantaram, atravessaram o quarto escuro, depois de apagar a vela. À porta de correr, cumprimentaram-se e seguiram para lados opostos num corredor iluminado por umas janelinhas em ambas extremidades, que deixavam ali penetrar, a fraca luz do luar. — Boa noite filho. — Boa noite pai.
No caminho para o seu quarto, Tolkien passara os olhos ligeiramente pelo o quarto do irmão mais velho, Reuel, a porta estava aberta e dentro estava vazio. Ele tinha partido para uma missão mais cedo, já era um Chunin "responsável". Seus pais por outro lado, não eram ninjas, diziam que as lutas eram ciclos viciosos e que você raramente encontrava alguém disposto a quebrar a reação em cadeia. Ele não entendia muito bem o que significava, era por isso que ele e o pai sempre ficavam até tarde da noite conversando, os dois gostavam daquele tipo de situação, eram parecidos de certo modo. Ao chegar ao quarto, o garoto pusera rapidamente a mão num caderno já completo de rabiscos, e anotara algumas coisas ali que determinara importante. Apagara em sua cama, em seguida.
Em alguns minutos, o seu subconsciente e o seu inconsciente agiriam em conjunto, era um processo que a sua própria mente desenvolvera com o tempo, não era uma projeção astral, a explicação mais simples é que, o seu self ou a sua instância interna conhecedora, lhe proporcionava os resultados de suas maiores dúvidas através do simbolismo guardado no inconsciente e das memórias que lhe formavam o subconsciente. Nem mesmo ele sabia como aquilo funcionava, também não tinha a mínima ideia de como interpretar os seus sonhos. Lembra-se que, um dia sonhara em estar sendo abduzido por extraterrestres, falavam que atravessavam a galáxia através de um processo semelhante ao salto quântico de uma partícula; ou seja, não atravessavam. Tolkien, lamentavelmente não sabia ao menos àquela época o que era uma partícula. Seja lá o que for, aquilo tudo teria de ter um sentido e um ponto de partida. Do contrário, era meramente fruto do inconsciente coletivo.
Gostaria de introduzir a história dando esse dilema ao personagem, e já retratando como é o ambiente familiar e tudo mais, por isso deve ter ficado meio tedioso ler, whatever. |
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Membro | Kiri
Sexo : Idade : 25 Número de Mensagens : 19
Registo Ninja Nome: Shalom Adonai Ryo (dinheiro): 1000 Total de Habilitações: 27,75 | Assunto: Re: O sono da razão produz monstros — Filler 1. Qua 10 Fev 2016 - 21:15 | |
| Interessante. Sua escrita é um bocada difícil de ler (isso é um elogio), e tens bastantes características o que me deixa curioso a saber mais sobre a sua personagem! Força a futuros Filler's e continuar a desenvolver uma história interessante que eu estarei acompanhando! |
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Administrador | Iwa
Sexo : Idade : 37 Localização : Porto / Coimbra Número de Mensagens : 8005
Registo Ninja Nome: Jüjigata Érika (J'éki) Ryo (dinheiro): 0 Total de Habilitações: 39 | Assunto: Re: O sono da razão produz monstros — Filler 1. Qui 11 Fev 2016 - 6:36 | |
| ... Me desculpe o erro... Olha, Eu odeio escrever 2x a mesma coisa, então o comentário que tinha escrito para ti falava de todo o ambiente envolvente e quase sombrio, presente também na imagem de início... Em suma, gostei muito... Vou tentar não me enganar a comentar da próxima vez...
Última edição por GhosTTerroR em Sáb 13 Fev 2016 - 1:46, editado 2 vez(es) |
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Administrador | Nukenin
Sexo : Idade : 28 Localização : Marinhais (Santarém) Número de Mensagens : 1301
Registo Ninja Nome: Kaguya 'Shiro' Shirogane Ryo (dinheiro): 850 Total de Habilitações: 24 | Assunto: Re: O sono da razão produz monstros — Filler 1. Qui 11 Fev 2016 - 13:40 | |
| Sim senhor gostei muito do pai de Tolkien e da tua escrita e digo até que foi o melhor "primeiro filler" que leio em bastante tempo. Foi uma excelente introdução que nos deu a conhecer o gennin, a sua relação com o seu pai e a opinião dos parentes sobre combates etc...
Essa conversa dos inimigos do homem está soberba e imagino que tenha algumas pistas para o futuro da história. A velhice impossível de afastar fisicamente? Não para aqueles que se substituem por uma marioneta, roubam corpos de outros, aceitam a bênção de Jashin ou tornam-se imortais por outros meios mais extravagantes. E não quero tirar conclusões cedo porque posso estar completamente errado, mas julgo que Tolkien ou um dos personagens secundários chegados a ele vão procurar por essa imortalidade.
Opa... gostei mesmo do pai e tenho de admitir que apesar de ainda só teres um filler, se decidisses que ele havia de morrer no próximo filler já seria bastante emocional... por favor não o faças, quero ler mais sobre o pai dele e beber da sua sabedoria! x) |
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Administrador | Konoha
Sexo : Idade : 29 Localização : Brasil Número de Mensagens : 676
Registo Ninja Nome: Hyuuga Kamus Ryo (dinheiro): 1625 Total de Habilitações: 205 | Assunto: Re: O sono da razão produz monstros — Filler 1. Seg 15 Fev 2016 - 2:33 | |
| que belo primeiro capítulo, ainda mais para um role play de Naruto. eu sinceramente não esperava encontrar esse tipo de coisa por aqui. a ambientação no início está bastante bonita, e olha que eu costumo ter um olhar meio de esguelha por descrições pormenorizadas de cenários, pois elas tendem a se esvaziar com o monte de adjetivos à torto e à direita.
estou meio sem tempo para discutir questões de epistemologia (e que beiram ao existencialismo e à metafísica, que seja), mas vejamos... irei te acompanhar.
boa sorte |
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