Aquela era uma das noites mais frias do ano na Floresta do Sussurro. A rica e homogénea vegetação que circundava o Templo com o mesmo nome conseguia abafar toda essa humidade e frieza, deixando o ambiente totalmente tomado por uma neblina tão densa que tornava qualquer tentativa de visualizar os arredores numa tarefa impossível.
Que merda ele deve estar fazendo? - Pensava Arami, enquanto esfregava as laterais do corpo à procura do calor de seus movimentos. Seu hálito condensava a sua frente a cada suspiro de tédio quando finalmente sua companheira surgiu ao seu lado após um veloz shunshin seguido por pétalas. Vestida com uma pesada capa de chuva negra adornada por pequenos emblemas em dourado, Sasami parecia não se incomodar com aquele ambiente hostil. Olhando para o seu elegante relógio de bolso, ela agradeceu aos deuses porque conseguira chegar em tempo da investida do loiro arrogante que praticamente dispensou o auxílio dos outros membros para acabar com um templo inteiro. -
Espero que aquele idiota saiba onde está se metendo. - Reclamou ao companheiro, ansiosa para começar a criar a distracção necessária e sair dali como planeado.
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Já está na hora. - Comentou o sujeito com cabelos espetados.
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Certo. A barreira fica a poucos metros daqui. - Concordou a mulher.
Acenando na escuridão, Arami acompanhou a consorte através da floresta. Seus passos lentos mas firmes atravessavam a relva húmida e gélida na direcção da barreira invisível que protegia a região do templo. Segundo informantes, a tal barreira conseguia identificar a invasão de inimigos em potencial, contudo, esta tomava muita energia dos monges responsáveis e por essa causa a barreira somente era activada em momentos de grande ameaça. Neste caso, por exemplo.
Bem movimentado. - Olhando por cima do ombro da outra, Arami já começava a ver o paredão externo que protegia o templo dos invasores. Sob o brilho de dezenas de tochas no alto da murada, os monges zanzavam no alto da murada de um lado a outro como se aguardassem algum ataque. Realmente a segurança estava bem reforçada e pelo jeito, seria necessária a adesão de toda Akatsuki para conseguir dobrar aquela primeira linha de defesa. Um obstáculo praticamente intransponível, mas mesmo assim, a atitude que tomariam em poucos minutos seria de ultra importância para a infiltração de Daisuke que sumira já há alguns dias deixando apenas instruções sobre como proceder. De qualquer maneira, a missão fora dada a ele e Arami sabia que alguma falha agora seria mortal para o novato.
E durante sua viagem imaginária às possíveis punições que a deusa infligiria ao loiro, o Akatsuki não percebeu que a vegetação começava a ficar mais e mais escassa à medida que se aproximavam, acabando por deixar ambos protegidos apenas pela presença fantasmagórica do denso nevoeiro. Agora estavam num terreno perigoso e após mais alguns passos a ninja à frente recuou a mão esquerda para impedir o avanço do companheiro que se assustou com a frenada repentina. Mesmo assim, com o rosto repleto de estranheza, Arami lançou aquele olhar de desconfiança para Sasami como se aguardasse ela explicar o motivo pelo qual estavam parando se ainda faltavam alguns bons metros para alcançarem o muro do Templo dos Sussurros. -
É aqui que ela começa. - Sussurrou ela, explicando-se ao estender a ponta do dedo para uma grande falha na vegetação rasteira que percorria lateralmente através da floresta até se perder de vista na escuridão. Dando de ombros, pois não era novidade que ele não conseguia enxergar as barreiras de segurança, Arami efectuou alguns selos e invocou silenciosamente um grande pergaminho de sua tatuagem no pulso. -
Ok. Espera minha deixa. - Pediu, satisfeito com a boa distância que tinham com a parede externa.
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Estou pronto. - Disse após poucos segundos. Então, oxigenando os pulmões para aprontar seu corpo para acção, Sasami efectuou uma breve cadência de selos e elevou as duas mãos que ganharam uma ligeira luminosidade por causa de todo aquele chakra envolvido quando as atirou na direcção da barreira invisível. Um estalo furioso aconteceu assim que as duas técnicas se chocaram, fazendo a barreira crepitar e rachar no local tocado como numa taça de cristal açoitada por uma frequência continua e destruidora. Num grito inumano, Sasami se esforçava para manter a pressão energética tempo suficiente para que seu colega agisse. Arregalando os olhos com toda a movimentação, o outro Akatsuki fitou o alto da murada e percebeu uma imensa movimentação de monges. Armados com lanças e arco-e-flechas, eles pareciam aguardar o impasse para poder atacar os invasores. Não era difícil perceber que a mulher estava sofrendo para quebrar a barreira e por isso Arami decidiu agir. Abrindo e arremessando o grande pergaminho para o alto, acima da linha das árvores da floresta, o ninja efectuou um rápido selo com a mão livre e esbracejou: -
Destruição dos Céus! - Quando uma imensa quantidade de kunais e papéis explosivos dispararam contra a barreira já em frangalhos, destroçando-a num grande espectáculo de destruição enquanto o restante dos projécteis começava açoitar o paredão exterior.
***
Três dias atrás...
- Citação :
Prosseguindo na para o salão do salão, Saijin aproveitava a caminhada para inspeccionar o local. - O carregamento de comida já chegou? - Perguntou ao monge responsável pela cozinha. O homem acenou positivamente, apontando na direcção de uma pequena fileira de empregados que carregava os suprimentos na direcção da cozinha.
O chão do velho templo tremeu e alguns cascalhos começaram a desprender o tecto e cantos de parede.
Finalmente consigo senti-lo. - Comemorou o estrategista. Ainda em seu esconderijo, Daisuke dividia sua atenção aos seus novos projectos quando a hora chegou e ele pôde sentir o selo hiraishin implantado nos caixotes da dispensa do templo. Com a queda da barreira, a informação do selo alcançou seu criador através das dimensões, indicando que aquele momento era a hora de agir. Então, num longo suspiro à procura de concentração, o jovem accionou o portal que o levou diretamente para onde queria.
Cheguei. Num turbilhão de emoções soltas pelos corredores, os gritos dos monges mais experientes que instigavam seus discípulos às armas eram ouvidos à grande distância. Centenas de pés apressados e barulhentos faziam destoar de toda paz e tranquilidade que houvera há pouco. Eles se preparavam para a guerra que viria e essa guerra era a resposta para seus incansáveis treinamentos.
Tudo como planeado. - Comemorou novamente em pensamento. E por causa desse planeamento, a cozinha estava vazia. Afinal, quem se preocuparia em comer numa hora daquelas? Era o que o estratega tinha se apegado. Se invadisse, mesmo que fosse bastante furtivo, ainda seria descoberto pela barreira e rapidamente estaria às voltas com todo o contingente do mosteiro pronto para a luta... Mais uma explosão.
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Aquele suborno valeu à pena. - Sussurrou, já escondido entre as estantes da dispensa. Mal os monges sabiam que o invasor já estava dentro do mosteiro sem que eles percebessem, através de um selo hiraishin implantado dentro das mercadorias transportadas para suprir as festividades que acompanhariam a reunião de paz. Um passo muito inteligente, até mesmo para os melhores estrategas. Contudo, o plano de infiltração só teve êxito por causa da derrubada da barreira e por isso, e só por isso, o arrogante lutador solicitou a ajuda dos colegas de organização. -
Não tenho tempo a perder. - Comentou. O nukenin sabia que pedira a distracção apenas por alguns minutos. O suficiente para que pudesse sair dos esconderijos sem ser descoberto. E fora o que aconteceu. Momentos após a última explosão, o silêncio novamente se tornou evidente.
Nesse momento, os monges estarão alertas e possivelmente perseguirão os atacantes. - Concluía o Akatsuki, dirigindo-se à saída da cozinha. A porta rangeu um pouco ao ser aberta o suficiente para que ele pudesse verificar se o corredor estava vazio. Não havia ninguém ali. Então, para confirmar suas suspeitas, o nukenin juntou as mãos em selos e moldou seu chakra doton o qual espalhou pelo solo para tentar localizar seu alvo. -
Encontrei. - Concluiu com ansiedade.
CONTINUA...