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Hora da acção. - Agora que sabia a localização do alvo, Daisuke preferiu não se distanciar da cozinha e utilizou um de seus jutsus doton para se misturar à rocha, viajando velozmente para a última localização conhecida de Saijin. Não demorou muito até que, surgindo somente com a cabeça no tecto do local, o nukenin percebeu que acabara de entrar num imenso salão subterrâneo que estava mergulhado na penumbra, iluminado apenas por algumas tochas esparsas que perfiladas mostravam apenas as tampas dos túmulos mais próximos ao púlpito central. Não havia nada de pomposo o elegante. Apenas um quadrilátero de pedra maciça em volta por centenas de elevações onde eram entalhados os nomes e mensagens àqueles que já foram. Sentado exactamente no centro do púlpito, o monge já tinha seus olhos tranquilos no invasor que viu seus seis homens, que até então estavam ajoelhados em oração, levantarem-se às pressas e buscarem suas armas num estreito hack preso a uma das colunas que mantinham o tecto no seu devido lugar.
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Esperem! O problema do estranho é comigo... Deixe-nos à sós. - Comandou.
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Mas mestre...?! - Um dos discípulos não se conteve. Ele queria lutar. Sair dali e deixar seu sensei à mercê daquele invasor não lhe era de bom grado. Contudo, mostrando firmeza, Saijin acenou para os seus que contra vontade carregaram seus equipamentos para fora das catacumbas. Respirações ofegantes e olhares de ódio e estranheza fitavam Daisuke que permanecia parada no tecto como um espelho da maldade. Não demorou muito até que o ruído da imensa porta de metal fosse cerrada para que ninguém mais entrasse. Finalmente teriam uma luta digna de ser escrita nos anais do mundo shinobi. O famoso Saijin, o costureiro-da-paz, seria enfrentado com todo o seu poder. Não havia porque se controlar. Era tudo ou nada. Fazia tempo que o Hiroshi não sentia tamanha excitação. Aliás, ele até estava sentindo falta da, uma vez chamada, "emoção humana" e parecia que finalmente teria a oportunidade de senti-las numa completa epifania.
Era realmente estranho estar sentindo aquilo novamente. Seu interior fervia e exterior ferviam de ansiedade. -
Não quero saber quem o enviou. Não importa. De qualquer maneira, apenas um de nós sairá deste salão. Seja o que o destino quiser. - Comentou o idoso, num ar solene que mais parecia uma oração fúnebre. Sorrindo com o canto da boca, Daisuke levantou os pulsos numa posição de luta em flagrante desafio. Agora a coisa acabara de ficar bem séria. A arena estava pronta para a batalha final. As poucas tochas que ainda restavam acesas ainda eram suficientes para iluminar os arredores do santuário onde o santo se sentava. -
E então velho... É para hoje? - Reclamou, ansioso para começar o embate. Contudo, com os olhos fechados em oração, o homem-santo juntava forças para enfrentar seu nêmese.
Estou pronto. Novamente o velho abriu os olhos na direcção do insolente. Buscando a bengala deitada ao seu lado, Saijin apoiou seu peso no objecto e num gemido de esforço conseguiu se levantar.
Largando a bengala e juntando as mãos ao se inclinar numa reverência de respeito ao adversário, o monge aprumou eu corpo antes curvado e puxou os braços fortes pelas largas mangas da indumentária para libertar seu torso musculoso e coberto por cicatrizes. -
Porra... O velho é forte. - Sussurrou para si o Akatsuki, em flagrante surpresa. E ela tinha razão. Onde antes Daisuke esperava lutar contra um velho quase incapaz, com essa revelação seu alvo poderia lhe dar mais trabalho do que o esperado. Nesse momento o monge inclinou o corpo lateralmente e balançou os braços formando o símbolo de Yin-Yang em pleno ar. O ninja podiam jurar que viram uma espécie de aura dourada vinda daquelas mãos enquanto realizavam o movimento. -
Que nosso destino seja decidido agora. - Concluiu Saijin. Sua voz transmitia calma e profundidade. Como um poço límpido que acabara de ser remexido.
Agora é a hora! - Concluiu para então disparar a toda velocidade contra o alvo que permanecia na mesma postura de luta.
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Não me subestime, assassino! - Bradou o velho, fixando sua postura com firmeza, aguentando o primeiro chute nos joelhos - ele nem se moveu - e logo o Akatsuki rodopiava e quando se preparava para golpear-lhe a nuca pela retaguarda, Saijin levava o cotovelo para receber o nukenin com muita força. A pancada estalou no peito do bandido om tanta força que quase esmagou seu externo. Com os olhos arregalados, Daisuke foi jogado contra uma das colunas de sustentação num forte impacto causando uma pequena cratera na rocha firme e enquanto ele retornava cambaleante ao chão.
Ele está compensando a falta de mobilidade com força e resistência. - Analisou, esticando seus membros para garantir que seus ossos ainda estavam em perfeito estado. Se sua análise estiver correta, ele só precisaria manter distância e utilizar suas armas em arremessos. Então, utilizando chakra nas marcas dos pulsos, o loiro invocou dezenas de shurikens e kunais das quais arremessava com toda força contra o velho em sucessivos ataques.
Agora você terá que se mover. - Concluiu, já imaginando para qual lado o velho sairia. E aconteceu. Estapeando os primeiros projécteis com rápidos movimentos de suas mãos, Saijin não teve escolha em sua postura senão rolar lateralmente para sair da trajectória dos arremessos. -
Agora! - Gritou o nuke, disparando à toda velocidade ao encontro do alvo que não teve tempo para manter a postura defensiva, tentando somente proteger suas partes vitais dos sucessivos socos e pontapés que começavam com uma forte cotovelada a machucar seus braços rijos do outro quando a aura dourada começou a se tornar mais evidente.
Mas o que é iss... - Nesse momento uma grande mão dourada interrompeu sua investida e com o grande impulso atingiu Daisuke com um poderoso golpe. O estrondo do impacto fez tremer o tecto da catacumba, que com tanta movimentação começava a desprender cascalhos de todas as partes. Lançado para o outro lado, já com danos espalhados, Daisuke conseguiu frenar atirando a mão no solo, levantando-se para arregalar os olhos assim que toda poeira dissipou.
Aquela imagem era assustadora e ao mesmo tempo intimidadora. A frente do assassino estava uma escultura feita de energia dourada e gigante de Amida, com seus inúmeros braços serpenteando a área onde o homem-santo se encontrava. Seu brilho ofuscante chegava a iluminar todo o salão e só agora a marionete conseguia ver detalhes de toda área. De lá Daisuke conseguia ver o final da catacumba e a grande pedra que selara o cómodo funesto. Ao seu redor, centenas de lápides no chão eram vigiadas por estátuas de monges em posições de luta. -
Ok velho, impressionou-me. - Comentou o nukenin. Contudo, ele sabia que sua missão não era admirar a imagem e sim matar aquele que dera origem a ela.
Mas como proceder? Sem aguardar mais, o Hiroshi saltou lateralmente e momentos antes de buscar a protecção de uma coluna, invocou e arremessou uma kunai com papel explosivo na direcção do tecto. A imagem gigante agiu instantaneamente com uma simples mudança de postura de Saijin, fazendo-a interromper o avanço da kunai que pretendia derrubar o tecto em cima de todos ali. A explosão mais uma vez fez o salão tremer, quando o Akatsuki circundou o pilar de rocha à toda velocidade na direcção do velho. Na verdade, aquele explosivo tinha intenção de apenas tirar a atenção dele e assim criar uma abertura para atacar. -
Agora é min... - Sussurra ao ser alvejado por um, dois, três, quatro, cinco, braços de energia dourada vindos do lado em que se aproximava. A cada golpe sua armadura era testada ao máximo, e a cada projecção criava as crateras com as marcas de seu corpo que era arrastado até alguns metros de distância.
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Hahahahahaha! Você não conseguira passar pelas minhas defesas! - Gritou o velho, ainda dentro da imagem.
Seu corpo já reclamava pelo intenso
stress causado pela recente barreira de ataque. Levantando-se com dificuldade, o estratega pelo menos conseguiu definir a distância máxima que os braços gigantes da imagem alcançavam, pois há mais de trinta metros ela parou de atingi-lo.
Mas essa informação não é suficiente. - Reclamou para si. Assim, a fim de conhecer os limites do inimigo, Daisuke invocou seu makimono e após injectar chakra nos selos fez eclodir suas dez marionetes-vermelhas. Agora ele poderia testar os ataques sem se machucar. -
Ataquem! - Ordenou ao seu pequeno exército, que reagiu ao ser suprido pelo chakra do usuário. O velho parecia não se importar com a recente movimentação e aos poucos a nukenin percebia que a imagem se aproximava lentamente. Em breve a distância segura não existiria. O ninja sabia que precisava ganhar aquilo com rapidez. Nesse momento suas dez marionetes dispararam contra o inimigo dourado quando Saijin novamente mudou sua postura de combate de dentro da imagem.
Amida abriu seus olhos e num espectáculo de brilho e golpes, uma a uma das marionetes eram destruídas à medida que avançavam quando restou apenas uma há uma distância de cinco metros da imagem. -
Agora é a hora! - Gritou ao mesmo tempo em que enviou chakra para o selo hiraishin preso em sua última marionete. E num instante, Daisuke já usava uma grotesca quantidade de chakra sobre o punho esquerdo, instigando-o contra a imagem numa manobra única. Agora era a vez do velho arregalar os olhos, o impacto do okashô deslocou com a explosão uma imensa quantidade de ar que acabou por derrubar todos os pilares que sustentavam o tecto da catacumba que veio logo abaixo.
Imensos pedregulhos deslizavam mortalmente para o chão abrindo espaço para o céu estrelado, enquanto soterravam os dois duelistas sem perdão. Toda aquela poeira tomou conta de todo o Templo por inteiro e demorou alguns poucos minutos até que ela finalmente começou a dissipar-se. O silêncio póstumo era esmagador. O que aconteceu? Daisuke conseguiu? Os monges começavam a se agrupar próximos à cratera quando gigantes quando a luz dourada arrebentou a camada de rocha e Amida retornava à luz. De seus braços apenas duas centenas pareciam estar funcionais e sua carapaça dourada trazia algumas rachaduras de chakra. Ofegante, Saijin sangrava pelos ouvidos e boca, pondo as mãos nos joelhos como se estivesse no limite. Ele tinha quase certeza que aquele fora um movimento impensado do inimigo que acabara com a sua aniquilação por suicídio. Ele achava. Foi quando, do lado oposto, mais rochas começaram a se mover. Todo avariado, Daisuke usava sua força para se libertar das pedras que conseguiram danificá-lo de alguma maneira.
Jogando a última rocha para o lado, o loiro sorria com um veio de sangue descendo da boca, satisfeito com a destruição que causara. Contudo, Amida e o velho ainda estavam lá. -
Você é... Um mostro! - Admirou-se Saijin. Que inimigo forte! Extremamente forte. Os dois se encararam com respeito e admiração. Foi nesse momento que Daisuke percebeu um detalhe que suas marionetes tinham mostrado mesmo sem querer: Os ângulos.
Ok... Vamos testar essa manobra. Aprumando seu corpo danificado, o nukenin buscou parte de uma naguinata que estava entre as pernas e começou a concentrar chakra nos portões. O acumulo de chakra começou a romper seus limites e um a um os portões foram caindo.
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Arrrgggghhhhh! Quinto portão! Kai! - Gritou.
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Amida! Proteja-me! - Respondeu Saijin, enviando mais energia para começar a reconstruir lentamente a imagem. Pisando firme no chão quebradiço, o ninja disparou com toda força e velocidade contra a imagem. Os monges que assistiam aumentavam de número a cada momento e ficavam pasmos com o nível daquele duelo. Quase que instantaneamente Daisuke surgiu nas proximidade da imagem e como antes, o monge alterou sua postura e os braços novamente atiraram-se sobre ele. Já prevendo esse movimento, a nukenin abanou a naguinata num golpe lateral contra os primeiros braços e utilizou a pancada do bloqueio para ser jogado propositalmente para o lado esquerdo, no alto, exactamente onde os braços da imagem ainda estavam se reconstituindo. -
O quê?! - Saijin não acreditava que aquela abertura na sua defesa fosse explorada tão facilmente. Agora o lutador estava fora de alcance de seus braços, pois todos eles, graças a seus ângulos de utilização, não conseguiriam atingi-lo. -
Sétimo portão! Kai! - Gritou ainda no alto.
Seus olhos vidrados no inimigo e a eclosão de energia começava a rachar seus membros e corpo. O limite havia sido alcançado. -
Hirudora! - Gritou por último, após um belo selo com as mãos para utilizar a pressão grotesca do ar a seu favor. O rugido e o deslocamento de ar praticamente à queima roupa derrubaram todos os expectadores e a cratera aumentou de uma maneira que começou a engolir todo o Templo do Sussurro. A explosão ensurdecedora foi ouvida à uma boa distância, chegando até aos ouvidos dos Akatsuki que viajavam de volta ao esconderijo.
Você é um mostro... - Pensou Saijin, quando a imagem de Amida ruiu sobre ele e o tigre o arrastou para o subsolo até parar formando uma gigantesca caverna com os destroços.
O templo já não existia mais. E ainda atravessando toda aquela poeira densa, sobre os corpos de alguns monges pegos desprevenidos pelo ataque incrível, Daisuke mancava e cambaleava como podia com vários ferimentos pelo corpo dos danos causados pela grande batalha. Com passos erráticos ele avançava até o cadáver do monge, passando por outros religiosos que zanzavam todos cobertos por poeira, sem mesmo perceberem que o inimigo caminhava entre eles. Não demorou muito até que desceu o terreno difícil e inclinado para ver o corpo do alvo. Saijin estava de bruços e por isso Daisuke o puxou para conferir se ele estava mesmo morto.
Está morto. Contudo, em seu rosto, uma expressão de paz destoava de toda a destruição ao redor.
Mas cuidado, a Akatsuki não deve ser considerada a responsável pelo assassinato... Pelo menos, por enquanto. - O Hiroshi se lembrava daquela parte da missão. A Akatsuki não poderia ser responsável. Mas esse combate não deveria ficar no esquecimento. Esse combate seria contado pelos próximos anos ou até séculos. Essa história não deveria ter como personagem apenas o monge assassinado. A história precisa saber dos dois lados. Então, numa atitude impulsiva, o arrogante bradou à todos: -
DIGAM À TODOS QUE HIROSHI DAISUKE DERROTOU E MATOU SAIJIN, O COSTUREIRO DA PAZ! EU! HIROSHI DAISUKE! - Terminou com fúria inumana para todos os monges sobreviventes que assistiam aquilo com temor. E quando teve certeza de que seu nome seria lembrado, o rapaz focalizou seu pouco chakra remanescente para transportar-se de volta ao seu esconderijo.
FIM
- Citação :
- Próximo Filler... Filler nº 76 - Remoção do Problema.