J1 - Estrangeiros

O contraste da cultura medieval com a industrialização de Amegakure sempre tinha fascinado a mente de Sikira, mas agora que ela própria trajava um belíssimo quimono de seda azul com contornos ondulados e adornos abundantes não podia resistir a sentir-se um tanto nervosa.
Além da sua maquilhagem empunhava quatro penas azuis presas no cabelo, representando a sua kuchiyose por entre as diferentes famílias de invocação que se relacionavam com o clã.
Neste momento ela e a sua irmã mais velha Fujin encontravam-se nos acentos traseiros de uma carroça, guiadas por um pacato senhor de meia idade que em respeito ignorava por completo a conversa das passageiras, limitando-se a cofiar o seu bigode branco e encaracolado que reforçava o seu largo sorriso.
Esta carroça era transportada por um cavalo de pelo branco e aspecto imponente, que a cada passo esmurrava as estradas de Amegakure com os seus cascos delicados.
— Mana, eu sei que chateei toda a gente nos últimos dias que a cerimónia não devia ter sido adiada. — Disse ela um tanto envergonhada. — Mas tenho medo de que corra mal.
— Porque é que havia de correr mal! Praticaste isto milhões de vezes, a única coisa que tens que fazer é dizer uns juramentos. — Tentou ela acalmá-la com a sua resposta excitada.
A pequena Genin desviou a cara para o céu e observou como este estava belo, uma sorte considerando o péssimo clima que se tinha imposto na última semana. — E se eu me esquecer no momento? Ou não o conseguir dizer com toda a pressão? — Questionou-se ela sempre pessimista.
— Isso não vai acontecer. — Fujin acariciou a face da irmã mais nova com ambas as suas mãos e fez com que esta olhasse para si. — É o teu dia, relaxa, quando fui eu também me senti assim e acabei por perceber que os nervos eram injustificados. — Retirou do seu bolso duas flores de lótus laranja que estavam anexados a ganchos e prendeu-as no cabelo de Sikira. — Perfeito! Estas flores vieram do vale dos flamingos e apanhei-as a pensar como ficariam belas em ti.
A pequena corou sem resposta e o chauffeur aproveitou esse momento para lhes informar algo. — Vêm aquele palácio? É ali que será a cerimónia, pertence a um burguês do país do demónio de onde o vosso clã bebe bastante cultura. — Disse ele apontando para um edifício gigantesco que saltava à atenção devido à diferença de arquitectura com o resto da aldeia. — Chegamos lá em um minuto.
— Um minuto. Um minuto? Um minuto! — Repetiu Sikira com a sua inquietação a aumentar gradualmente.
— Sabes que mais? Sei exactamente do que precisas. — Dito isto, Fujin pegou numa garrafa cujo rótulo era extremamente exótico, uma larga folha dourada com o naipe de espadas no centro. Podia-se assumir que o conteúdo estava extremamente fresco pelas gotas de água que escorriam pelo vidro, relembrando orvalho.
— «Gōsutorikyūru». O que'ê!? — Exclamou ela quase em estado de choque a apontar para a bebida. — Isso é álcool!?
— Sim, mas também é usado para remover tinta. Só um gole não te deve fazer muito mal. — Exclamou enquanto que utilizava um jutsu fuuton para projectar a rolha fora da carroça, e com enorme tranquilidade serviu um copo à sua irmã.
— Não sei se é boa ideia. — Disse obviamente preocupada, cheirou o licor e acabou por fazer uma careta.
— Nunca tinha tido uma ideia tão boa! — Incentivou Fujin ao observar o líquido que estava agora nas mãos da irmã, tinha um tom cinzento prateado extremamente invulgar. — Estás demasiado inibida por isso vamos lá partir essa concha!
Vendo o edifício a que se destinavam cada vez mais próximo, Sikira teve um momento impulsivo e decidiu provar a bebida. Apesar da textura cremosa ser agradável o mesmo não podia ser dito para a sensação de ardor que lhe preenchia toda a boca, garganta e até esófago. Instantaneamente as suas bochechas tornaram-se rosáceas e sentiu-se tonta, como se tivesse levado uma devastadora martelada. Fujin apenas gargalhava.
— Bleh! Sabe a veneno... azedo! — Reclamou ela enquanto que sofria uma guerra civil no seu estômago, combatendo a vontade de vomitar.
— Vais ver, um dia vais aprender a gostar e vou ter de ser eu a impedir-te de beber mais!
Fujin retirou-lhe o copo da mão e preparava-se para beber um pouco, mas tinha sido impedida pela voz do condutor. — Podem sair aqui, sigam o trilho até à entrada e os mordomos vão guiá-las à sala de baile. Eu vou estacionar a carroça mais à frente.
Agradeceram a boleia e caminharam pelo belo pátio, a irmã mais velha abstraía-se com conversas e bebida enquanto que Sikira apreciava a arte utilizada na jardinagem e decoração do exterior.
A sala de baile era quadrada e de dimensões colossais, o chão era de mármore polido mas havia um tapete carmesim de formato anelar que cobria as zonas próximas à parede. Estava tão cheia de adultos e os seus trajes medievais que a mente da genin fugiu para pensamentos aleatórios. «Tanta gente, é bastante provável que parte deles tenham claustrofobia e esses devem estar a passar um mau bocado.»
O mais impressionante era o facto de que apesar de ser uma festa para celebrar a sua ascensão a genin, não conseguia identificar ninguém. Concluiu que a maioria das pessoas vinham do país do demónio pois não as reconhecia nem de vista. Interrogou-se se eles sabiam sequer o propósito da festa.
«Ao menos não preciso de me preocupar em fazer balhana', não vou voltar a ver esta gente. Mas os outros Eleison já cá deviam estar.»
— Mana, ainda falta mais de meia hora para a cerimónia, não queres ir à procura dos pais? — Perguntou ela, mas quando virou a cara apercebeu-se que a sua irmã mais velha tinha desaparecido. Encontrá-la no meio da densa multidão seria desnecessariamente cansativo. — Ainda mal a festa começou e ela já desapareceu... com a bebida. — Comentou para si própria realizando uma feição de descontentamento.

— Eleison, Sikira? — Disse uma voz doce por trás dela.
Era uma menina de cabelos louros brilhantes, provavelmente da mesma idade que ela. Vestia um quimono roxo com laços vermelhos e um corset' com um padrão de flores desenhado nele. Os olhos dela eram como avelãs maduras.
— Sou eu. — Respondeu ela sem saber se devia perguntar primeiro como é que ela sabia ou quem é ela.
— Não pareces entretida com a festa, queres fazer algo diferente?
— Calma lá nisso. Quem és tu? Como sabes quem sou eu?
— Ó! Desculpa a minha má educação. O meu nome é Mercedes Rediun. Sei que o motivo da festa é a tua ascensão e como não há aqui muitas raparigas da nossa idade a probabilidade de seres tu era bem alta. Arrisquei e acertei!
— Certo. — Disse um pouco aborrecida. — E o que é isso «diferente» que queres fazer?
Antes de lhe responder, a loura colocou a mão direita na sua manga esquerda e com um movimento suave fez surgir um baralho de cartas.

---

Estou com alguma dificuldade a escrever o próximo filler da outra saga, ora fica demasiado lamechas ora fica insuficientemente lamechas. Não querendo deixar a história presa decidi colocá-la em standby e iniciar a próxima saga. Finalmente vou ser genin em fillers e não ter de entrelaçar a timeline toda

Sub: @Rich

Um filler simples. Não há muito a dizer Como sempre, gostei da escrita.

A Sikira stressa demasiado hahahaha e claro, tinha de haver alguém a aproveitar esse facto para a encaminhar para a má vida hahaha

Vamos lá saber porquê que a família mais próxima desapareceu e o será que esta rapariga quer com a Sikira. Hmmm... Será que o "exame" já começou sem darmos conta?

Adiciona-me como subscritor!

Gostei. Simples, fácil de ler e deixou bastantes pontas soltas, o que me deixa a espera do próximo. So fiquei com uma pequena dúvida, elas são de tempos medievais? É que pela descrição dos fatos medievais deixou-me isso a boiar na cabeça.

No entanto gostei imenso e fico à espera do próximo.