Estava um lindo dia e Katsuo ainda não tinha acordado. Preguiçoso como era, dormia bastante tempo e, quando acordava, ficava ainda a dormitar por mais algum.
Kazuya, seu pai, entrou no quarto e abriu as cortinas de repente, deixando os raios de sol entrarem no quarto de Katsuo, iluminando a cara deste e acordando-o.
-Isso faz-se?! - perguntou Katsuo, um tanto irritado por ter sido acordado de maneira tão brusca.
-Tens de acordar, preguiçoso! Ultimamente não fazes nada de jeito e não te vejo a treinar. Pelo menos, levanta-te e faz algo de útil para esta casa. O leite acabou; preciso que vás buscar mais – ordenou o pai.
- O quê?! Acordaste-me apenas para ir buscar leite? Isso é ridículo!
- Vai lá, antes que te feche no quarto e nem de casa sais.
- Tudo bem então, vou só dormitar um pouco – resignou-se o rapaz, voltando-se para o outro lado.
- Já! – exclamou o seu pai, atirando um pacote de leite vazio à cabeça de Katsuo.
Katsuo então levantou-se e vestiu-se. Dirigiu-se ao seu pai para receber o dinheiro para comprar o leite.
- Pega - disse Kazuya, entregando-lhe dinheiro para a mão. - Aproveita e compra qualquer coisa para comeres.
Katsuo pegou no dinheiro e dirigiu-se à vila para comprar o leite. No caminho de volta, vinha ainda irritado por ter sido acordado, com as mãos nos bolsos e, olhando para o chão, murmurou:
- Raio do cota que me foi acordar para vir buscar leite e dizer que não faço nada de jeito...
Chutou uma pedra que estava no chão sem sequer olhar para o que estava à sua frente ou para onde esta se dirigia e ouviu um vidro a partir. Olhou para cima e, ao ver um vidro de uma casa partido, resmungou:
-Boa! Só o que me faltava para fazer o meu dia perfeito!
Uma velha apareceu à janela e começou a reclamar com Katsuo. Este, por sua vez, apenas começou de novo a andar e ignorou a velha, até que ouviu uma voz dizendo:
- Deixe estar, minha senhora, eu pago os danos causados, não se preocupe.
Katsuo virou-se e viu que era a sua avó que estava a tratar do assunto. Sayuri acercou-se dele e perguntou-lhe o porquê de ele ter partido um vidro.
- Estava irritado por causa de um assunto e chutei uma pedra. Não sabia que iria fazer isto -respondeu Katsuo.
- Então pede desculpa à senhora, levas as compras para casa e depois vens até minha casa para falarmos do assunto que te irrita.
Katsuo estava irritado, mas o respeito que tinha pela sua avó obrigou-o a pedir desculpas e a acalmar-se de imediato.
Chegando a sua casa, pousou rapidamente as compras e avisou o seu pai que ia um pouco a casa da sua avó.
Ao chegar lá, viu tinha um lanche preparado e sentou-se com a sua avó a comer.
- Queres falar sobre o assunto que te estava a incomodar antes? – perguntou Sayuri.
- É o meu pai... Disse que eu ultimamente não fazia nada de jeito e que não me via a treinar...
- Sabes que ele, de certa forma, tem razão. O que treinas agora é pouco ou nada...
Katsuo fez uma pausa momentânea, pensando no que a avô lhe dissera.
-... Desde que a minha mãe morreu que perdi gradualmente o interesse por treinar. Era ela quem me ensinava tudo. Apesar da vida ocupada que tinha, fez sempre tudo que pôde para estar presente e agora nunca mais o estará. Treinar sozinho apenas me fazia pensar no quanto dava valor aos momentos que passava com ela e que agora não viverei mais. É normal ficar sem vontade de treinar assim…
- Compreendo... - disse a sua avó. - Mas e que tal se eu treinasse contigo?
- A sério? -perguntou Katsuo, muito surpreendido. - Mas tu és um pouco velha e, ainda para mais, o que me poderias ensinar?
- Velha?! – exaltou-se Sayuri, dando um murro na parte de cima da cabeça de Katsuo. - E como achas que a tua mãe aprendeu? Foi comigo. Sei tudo que ela sabia e até mais, portanto não tens motivos de queixa. Queres ou não?
- Claro, claro – respondeu o rapaz, ainda com a mão na cabeça por causa do murro da sua avó.
- Então vamos treinar!