Rima remexia-se na cama, os lençóis revoltados e o endredon no chão. Gotas de suor escorriam pela sua face abaixo e tinha uma expressão alarmada no rosto. Uma figura observa a cena do lado de fora da janela, silenciosamente, abre a janela entreaberta e senta-se na cama ao lado de Rima, afagando-lhe o cabelo.
- Mãe… - Murmurou Rima, a figura deposita-lhe um beijo na testa e coloca um envelope na mesa-de-cabeceira, saindo pela janela novamente.
- Mãe! – Rima acorda subitamente, olhando em seu redor, os cortinados oscilavam com a brisa devido à janela aberta. A kunoichi olhou o relógio, eram 7:57 da manhã. Levantou-se e fechou a janela, quando ia voltar para a cama viu algo que lhe chamou a atenção: um envelope, movida pela curiosidade pegou no envelope e abriu-o. Ao fazê-lo algo caiu do envelope, parecia ser uma ponta de uma estrela, colocou-a na mesa-de-cabeceira e começou a ler a carta que jazia dentro do envelope:
“Sei que procuras a tua mãe, e que deves ter muitas perguntas a seu respeito. Não tenhas pressa, irás saber tudo a seu tempo. O amuleto que estava no envelope, é uma ponta de uma estrela, a tua mãe tem uma das suas pontas. Vai a Kumogakure e pergunta pela Hiroko, ela tem algo da parte da tua mãe para ti.
Não percas a fé.”
Rima releu a carta uma e outra vez, com os olhos esbugalhados de espanto. Sempre era verdade, a sua mãe estava viva. E estava algures à sua procura, afinal não a abandonara. Um sorriso invadiu-lhe o rosto e foi preenchida por uma alegria reconfortante.
Excitada e feliz não conseguiria adormecer, foi tomar um duche e saiu à rua.
- Rima!
- Oh, Olá Sasame. – Cumprimenta Rima, com um sorriso.
- Tudo bem?
- Sim, e contigo?
- Também, também. Saudades minhas? – Pergunta Sasame colocando um braço nos ombros de Rima. Nesse instante Zero passa com Kikuko, de mãos dadas, Zero olha para as duas kunoichis e Kikuko segreda-lhe algo ao ouvido.
- Sim. Muitas. – Responde Rima por fim, colocando as mãos na cara de Sasame, beijando-a. Zero observa a cena, estupefacto e furioso, puxando Kikuko pela cintura e beijando-a também.
Quando Rima e Zero acabaram o beijo, Sasame e Kikuko respectivamente, olhavam-nos de coração nos olhos. Zero e Rima olhavam-se cheios de ódio e raiva. Shizuna e Genji chegam entretanto, olhando surpresos para a cena.
- Vamos embora Kikuko. – Diz Zero agarrando no pulso da loira e arrastando-a literalmente dali, não sem antes lançar um olhar faiscante a Rima que retribuiu com um gesto obsceno.
- Sim, vai-te embora seu fdp de m*rd*, Deus queira que essa c*br* te pegue os chatos. – Murmura entre dentes afastando-se e dirigindo-se para a pensão, Shizuna despediu-se dos dois irmãos e correu atrás da amiga.
- Que raio foi aquilo? Beijaste a Sasame? Disseste que gostavas do Zero. – Declara Shizuna, visivelmente confusa.
- Eu gosto do Zero, mas eu odeio-o tanto!
- Não estás a fazer sentido…
- Porra, eu odeio por não o conseguir odiar, ok? E porque é que ele tinha de ir logo a correr para os braços da outra? Era suposto fazê-lo sofrer uns diazitos e depois ia tudo ficar bem…
- Tens de te deixar desses planos estúpidos…
- Como queiras… Ah porra! Eu beijei mesmo a Sasame… - Diz Rima, apercebendo-se do que tinha feito e jogando as mãos à cabeça.
- Não tens pena de ser parva? – Pergunta Shizuna.
- E agora o que faço? Eu não quero nada com ela! – Diz Rima, começando a desesperar.
- Então porque é que a beijaste?
- Sei lá. Vi o Zero agarrado àquela loira burra, e foi a primeira coisa que me passou pela cabeça.
- Tens de falar com ela. E acho que o irmão vai dar cabo de ti.
Uma casa em Kumogakure – 8:06
Uma mulher de cabelos negros curtos fumava numa cadeira da cozinha olhando uma fotografia. A sua cara parecia rude e masculina, mas tinha uns olhos lindos cor-de-mel. Se olhassem com mais atenção veriam que esta não tinha o braço esquerdo e uma cicatriz em forma de “x” na face esquerda. Ouve-se bater à porta, no entanto a mulher não se move, levando o cigarro à boca. Tornaram a bater à porta, a mulher tentou uma vez mais ignorar mas as batidas tornavam-se cada vez mais irritantes.
- Hiroito! Podes ir ver que é? – Grita a mulher por fim.
- Vou já! – Responde uma voz masculina, o homem era bastante alto, mais do que a mulher. Era encorpado, olhos azuis e cabelos loiros, e parecia um guarda-costas daqueles mesmos maus. Se não fosse o avental cor-de-rosa que trazia vestido. Ouve-se novamente bater à porta.
- Raios partam! Quem será? – Resmunga a mulher.
O homem abre a porta e olha para a mulher de cabelos ruivos, a mulher tira a peruca. O homem olha-a com espanto e começa a chorar, sem dizer nada, levanta a mulher no ar e abraça-a, quase a sufocando.
-Hiroito quem é? – Pergunta a mulher.
- Hiroki tens de vir cá! Não vais acreditar em quem nos veio visitar! – Responde o homem emocionado, colocando a mulher no chão.
- Espero que seja alguém importante, porque eu não tenho paciência para… - Hiroki que tinha um cigarro na boca, deixa-o cair ao abri-la de espanto. – Tu!
Suna, Pensão, Quarto de Rima – 8:09
- Ajuda-me Shi, por favor! Espera tenho de te contar uma coisa! – Diz Rima, como nesse instante haviam chegado ao quarto de Rima, esta abre a gaveta da mesa-de-cabeceira e tira de lá a carta que recebera. Deu-a a Shizuna. – Lê.
Shizuna leu a carta, e tomou uma expressão de espanto, entregou a carta a Rima de boca aberta.
- O que vais fazer? Vais para Kumo? – Perguntou Shizuna por fim.
- Sim. E também vai ser assim que me vou safar deste problema.
- Como queiras. Quando partes?
- Hoje logo.
- E vais ficar onde? E mais importante: sabes como chegar a Kumo?
- Vou sozinha e arranjo um mapa. Problema resolvido.
- Tu tens noção de que quando voltares, vais ter de resolver isto?
- Calma, uma coisa de cada vez. Quando voltar logo trato disso.
- Tu lá sabes…
Suna, Pensão, Quarto dos irmãos Kurohoshi. – 8:15
- Ela beijou-me… - Diz Sasame de corações nos olhos deitada na cama.
- Eu acho que ela só o fez para, fazer ciúmes àquele rapaz. – Declara Genji.
- És mesmo mau, mano…
- Eu só quero que arranjes alguém que te ame de verdade. – Responde o mano, abraçando-a.
- Mas eu gosto dela… Pode ser que resulte.
- Ou então não. Tens muita sorte em ela continuar a ser tua amiga. A última rapariga que dizias que era a tua alma gémea, assim que soube que eras lésbica, nunca mais te falou.
- Mas agora é diferente. Eu sinto-o!
- Sabes que tens o meu apoio. Se ela te magoar, mato-a.
- Mano!
- Pronto! Apenas vou magoá-la. Está melhor assim? – Sasame dá um beijo ao irmão e sai do quarto, sorridente.
Casa em Kumogakure – 8:23
A mulher que se chamava Hiroki olhava a recém-chegada.
- Orihime? – Perguntou Hiroki com uma voz emocionada.
- Sim. – As duas mulheres abraçaram-se, no meio de lágrimas e sorrisos. O homem limpava as lágrimas a um lencinho amarelo com dois passarinhos.
- O que viste cá fazer? Pensei que só viesses quando… Espera, já chegou o momento? – Pergunta Hiroki.
- Sim, ela deve vir cá à procura de respostas. Quero que lhe entregues a carta e “aquilo”.
Hiroki e o marido olham Orihime com caras mais sérias, Orihime despediu-se do casal e partiu. Hiroki olhava, pensativa ao ver a amiga partir.
- Queres que vá procurar aquilo? – Pergunta Hiroito.
- Sim, e dá-lhe uma limpadela, tenho que ir fumar. – Responde a mulher apanhando o cigarro do chão, pondo-o no lixo e colocando outro na boca. O homem suspirou.
- Não fazes ideia do quanto odeio o cheiro do tabaco, é dificílimo tirar esse cheiro da roupa e dos tapetes! – Protesta o homem enquanto se afasta. Hiroki sorri acendendo o cigarro e aspirando profundamente, um sentimento de melancolia invadiu-a e memórias de outros tempos começaram a invadi-la. Por fim, suspirou e fechou a porta, dirigindo-se novamente para a cozinha para terminar, sossegadamente, o seu cigarro.
Flashback
Uma Hiroki mais nova e ainda com o braço e face intactos passeava por Konoha com a mulher que se chamava Orihime. Um homem alto de grandes músculos e loiro (Hiroito) passou por elas, Orihime demorou o olhar na parte detrás do homem.
- Fogo, que pão! – Exclama Orihime, quase a salivar.
- És mesmo tarada Ori… - Repreende Hiroki.
- Eu não sou cega, tá? – Responde com um sorriso 100% pervertido.
- Pensava que gostavas daquele gajo do teu clã. – Diz Hiroki, sentando-se num banco do campo de treinos com a amiga.
- De quem? Do Isshin? – Pergunta Orihime.
- Não, do Manel. – Goza Hiroki, recebendo um carolo da amiga.
- Não sei… Somos primos em 4º grau… Não seria incesto?
- És mesmo croma… mesmo que fossem primos-irmãos acho que não fazia mal. E outra coisa, mais que tu te ralavas se a vossa relação fosse incestuosa!
- Hiro! Até parece que sou alguma tarada sem moral. – Diz Orihime num falso tom afectado, Hiroki ri-se e abraça a amiga que corresponde ao abraço.
- Aquele loirinho até era giro… - Declara Hiroki, com um sorriso inocente.
- Eu sabia! Eu sabia! Ninguém é de ferro! – Grita Orihime histérica.
- Não grites sua louca, daqui a nada toda a vila vai pensar que sou uma tarada como tu. – Pede Hiroki tapando a boca da amiga com as mãos, mas Orihime consegue escapar-se e foge de Hiroki com os braços no ar.
- Ero Hiroki! Ero Hiroki! – Berra Orihime fugindo para fora do campo de treinos.
- Anda cá sua louca! Quando te apanhar mato-te! – Grita Hiroki começando a correr atrás de Orihime, enquanto riam as duas como loucas.
Fim de Flashback
- Hiroki? – Chama Hiroito, fazendo a mulher despertar do seu transe.
- O que foi? – Pergunta.
- Enches-te o tapete de cinzas. – Queixa-se o homem apontando para o cigarro o qual era agora uma beata, Hiroki apaga-a no cinzeiro. E coloca os braços em redor do pescoço do homem.
- Amo-te Hiroito. – Declara com um sorriso. Hiroito sorri e acaricia-lhe a face.
- Eu também te amo Hiroki. – Diz o homem, beijando-a.
Portões de Suna – 9:06
Rima e Shizuna dirigiam-se para os portões da magnífica vila da Areia, Rima já havia feito as malas e preparava-se para partir.
- Tu não páras… - Diz Shizuna.
- Não páro? Como assim? – Pergunta Rima confusa.
- Estiveste uma data de tempo em Konoha, e agora pouco tempo depois de teres voltado já vais embora outra vez…
- Oh amiga, eu não faço isto por diversão… De certeza que não queres vir comigo?
- De certeza, porta-te bem. – Diz Shizuna abraçando a amiga. – E não arranjes mais nenhum pseudo-romance.
- Shi! Até parece! – Diz Rima fingindo-se ofendida, as duas amigas riem-se e Rima parte acenando à amiga que suspira ao vê-la partir.
- Porque é que será que tenho a sensação de que ela vai arranjar sarilhos? – Pergunta a si própria, acabando por voltar para casa.
Fim.
Bolas… Acho que este foi o meu filler mais longo até à data…
Espero que tenham gostado, comentem. ^^