Aquela voz teve em Eubi um efeito electrizante, fazendo seu corpo estremecer por dentro, deixando todos os seus músculos dormentes, seus olhos regalados e seu coração a palpitar a tal frequência que este nunca antes o sentira, nem quando percorreu cinco dias com o mais intenso sol sobe si até ao esconderijo dos hunters.
- Vais te esconder durante muito tempo cobarde? Ou devo eu ir buscar-te a força? – Continuava Precea, impacientemente.
Eubi pousou a mão no tronco da árvore onde estava escondido e aos poucos ia se revelando. Ao vê-a, pela primeira vez na vida, Eubi entendeu o significado da expressão “efeito borboleta”. Este manteve-se imóvel a olhar-lhe nos olhos, prestando finalmente atenção ao mundo que o rodeava quando uma forte rajada o impulsionou por trás, como se até a natureza entendesse o seu desejo.
- Aquela conversa que tivemos no nosso último encontro, lembras-te? – Perguntou ela exaltadamente, fechando bem forte o punho na sua frente. – Não passou tudo de uma mentira, já sei que voltas a ser um Ruthen. Por momentos ainda achei que tinhas algum senso de humanidade, mas pelos visto vocês são todos iguais.
Eusébio deu um passo, e até parecia ter as pernas altamente compridas por ter surgido a frente da vampira.
- Deixa-me explicar-te, não estas a compreender. – Dizia ele a pressa, pronunciando mal algumas palavras. Este queria dizer-lhe algo, mas nem sabia como o exprimir. Quanto a sua pose, este apenas deixava as mãos juntas atrás das costas, dando-lhe a entender que não queria lutar.
- Não te quero ouvir! – Vociferou ela, já no auge da sua paciência, empregando-lhe um violento murro que o obrigou deslizar sobre o denso relvado daquele mato, que parecia nunca ter sido arranjado.
O corpo de Eubi abriu um caminho de terra sobre o relvado por onde passava, mas parecia não se importar com aquele golpe, levantando-se como se nada fosse e metendo novamente as mãos atrás das costas. Precea não entendia o que pretendia ele, mas não dava a si mesma tempo para reflectir sobre o assunto, voltando a dirigir-se para ele e empregando-lhe um combo de diversos murros, pelo tronco e rosto, e o ex ANBU nada fazia para se defender, apenas tentava dizer-lhe algo, mas era constantemente e violentamente interrompido.
O tempo passava e nada mudava. Precea não lutava a serio, apenas agredia aquele homem até ele reagir mas, por algum motivo, este recusava-se. Estava já todo ferido e com dificuldades em respirar, e já quase nem conseguia abrir o olho esquerdo.
- Mas porquê? Porque não atacas? Não era esse o teu objectivo ao juntares-te ao clã Ruthen?! – Interrogou ela, dando finalmente algum fôlego a Eubi para dizer algo.
- Não percebes, e durante muito tempo nem eu percebia “coff” mas não aguentava viver na angústia de pensar que nunca mais te poderia ver, só me juntei a eles para consegui-lo mais facilmente.
A expressão da vampira reflectiu um misto de sentimentos de espanto e confusão, não mais confusos do que aqueles que esta intimamente sentia. Era algo semelhante ao sentimento de ódio que usufruía por ele e, ao mesmo tempo, era algo completamente oposto. A confusão imobilizava-a e seu coração oscilava mais em cada passo de Eubi na sua direcção.
Finalmente chegaram os “companheiros” de Eubi, vendo-lhe em tão mau estado frente aquela vampira e não tardaram a reagir contra esta, usando seus karyuu edans e sincronizadamente.
- Emboscada. – Pensou Precea que, apesar de seus apurados sentidos, não os sentiu aproximar-se devido a outras distracções.
Esta já magicava uma maneira de se safar de tanto ataque, mas não foi necessário: Eubi surgiu a sua frente e, com sua espada, desintegrou as chamas. Os vários conjuntos de filamentos da sua arma estavam agora a arder e, nu movimento vertical, Eubi lançou desta uma gigantesca bola de fogo, com forma de uma cabeça de pantera. Os seus três companheiros não demoraram a sair da trajectória daquela cabeça de fogo, mas de nada serviu: A bola se dissociou em varias figuras, aparentemente panteras de fogo, que pareciam até ter vida própria, seguindo-os até os atingir, explodir e eliminar.
- Katon: Kurohyou Endan. – Proferiu ele, revelando o nome do jutsu apenas depois de o utilizar, e sem nenhuma das vítimas o poder saber.
- Mas, porquê? – Perguntou Precea, que se situava atrás dele. As suas acções, as suas palavras, todas elas pareciam ser verdadeiras. – Mas estavas mesmo a falar a serio, porque chegaste a tanto.
Eubi espetou a espada no solo, virou-se devagar devido as dores de costas, olhou-a em seus arrepiantes, mas belos olhos avermelhados e roubou-lhe um beijo, capaz de cortar a respiração da vampira que, quando deu por si, empurrou-o pelos ombros, sem nunca os largar. No entanto, ficara sem força para lhe responder.
- Porque eu amo-te. Desde o dia que te vi que sei que sim, e quanto mais o tempo passava, mais desesperado por te ver ficava. Tinha que te dizer isto. – Aliviou ele de uma vez.
Da maneira que Precea estava, permaneceu. Estava a ouvir, no entanto parecia que não.
- Porra! – Proferiu ela por fim, quando a voz parecia finalmente ter voltado.
- Nani? – Disse ele, algo confuso, sobretudo por ela ainda não o ter chutado.
- Acho que. – Fazendo uma pequena pausa, para pensar bem no que iria dizer, chegando a conclusão que já não haviam duvidas. Eu também te amo. – Confessou ela, apertando violentamente os ombros do ex caçador e puxando-o para si.
E ambos beijaram-se loucamente, como se sua vida dependesse disso. Já não havia nada a dizer, apenas deixaram-se levar pelos instintos. Eubi encostou-a ao tronco de uma árvore, sem nunca afastar nem dois dedos dos lábios da vampira, como se uma força atractiva não o permitisse. As suas costas deslizaram pelo tronco a medida que se baixavam e sentava no confortável relvado, deixando a blusa da vampira erguida até abaixo do peito. Uma mão não largava a anca daquela mulher, erguendo-a para levantar o pouco eu restava, enquanto que a outra deslizava lentamente por toda a perna dela. Precea largou-lhe finalmente os lábios, beijando-o ao longo face até ao pescoço e...
-- Oro..tiazinha – Interrompeu Broly, que apesar de não ser visto, estava presente no local, como espírito, e sem vontade alguma de saber ao pormenor o como foi feito. – Importa-se de passar um pouco a frente, please…
Seu pedido fora concedido por Melody e algumas horas se passaram. Agora já era de noite e o mais recente casal estava sentado a beira de um rio, apreciando o som da corrente, a luz do luar e, sobretudo, a companhia.
- Ainda não acredito que isto aconteceu. – Disse Precea a rir, mostrando que tinha outras facetas, alem das que tinha mostrado até ao momento.
- Também não acreditaria, mas tenho catorze buracos no pescoço como testemunha. – Retorquiu ele, queixando-se um pouco do mesmo.
- Baka. – Replicou ela, dando-lhe uma cotovelada no estômago. – Acho que sabes que o que fizemos é considerado por muitos um pecado. Se nos apanham, é o nosso fim.
- Sei. Não te preocupes, já tenho o que queria. Agora tenho de ser cuidadoso, arranjar uma boa desculpa para a morte dos meus “colegas”, dar cabo do clã ruthen e fugir contigo, para sempre. No que depender de mim, ninguém saberá antes de estarmos a salvo.
- De mim também. – Respondeu ela, ficando com um ar pensativo quando olhou para um morcego que se situava no topo de uma árvore. – Quer dizer, acho que já há uma pessoa que sabe, mas não creio que haja problema…
- Spoiler:
Dêem-me um desconto, não tenho jeito para isso x''D
E já estou a ficar cansadinho do flashback, espero terminar isso no próximo
Cya!)