- Spoiler:
Treino nº4:
- Parece que podemos dar o treino por acabado, não? – Perguntou Sayuri, desviando o olhar para o seu neto, que se encontrava de costas voltadas para esta.
Katsuo deixou escapar um sorriso, segundos antes de desmaiar. A intensa dor na zona superior das costas voltara, mas desta vez não deu tempo a Katsuo de estremecer sequer.
Sayuri rapidamente correu para o seu neto. Assim que chegou à sua beira, retirou-lhe a camisola verificando as costas do rapaz.
- Está a desaparecer... – Murmurou Sayuri, num tom melancólico e preocupado.
Katsuo acordara do seu desmaio apenas na manha do dia seguinte. Abriu lentamente os olhos vendo algumas imagens distorcidas. Assim que tinha a sua visão normal viu um tecto branco e já um pouco degradado.
Observou o espaço que o rodeava, avistando o sofá onde estava deitado, uma televisão e uns quantos moveis já com aspecto de serem antigos. Apercebera-se que estava em casa da sua avó, agora a razão porque lá estava de novo, e como lá chegou, não se lembrava.
Ergueu apenas o seu tronco um pouco danificado do sofá, tentando ainda se lembrar do que se tinha passado. Recordava-se que tinha estado a treinar e gasto muitas das suas energias, mas não o que acontecera depois. Rodou o seu corpo, ficando sentado no sofá. Levou as mãos à cabeça e esfregou os seus olhos azuis com uma nuance de verde.
Olhou para a cozinha e viu a sua avó a tomar o pequeno-almoço. Levantou-se do sofá e caminhou até ela, sentando-se à sua frente.
- ...Podes dizer-me o que aconteceu ontem? – Perguntou Katsuo, um tanto hesitante.
Sayuri parou de comer e permaneceu calada por uns momentos, pensativa.
- ...Treinas-te muito. Estavas sem energia e desmaias-te. – Disse Sayuri, levantando-se da mesa e arrumando o seu prato.
- Estranho... – Pensou o rapaz – Nunca desmaiei por cansaço, estaria tão mal ontem...?
Katsuo esqueceu então o assunto e foi tomar um banho. Assim que saiu deste foi preparar algo para comer. Sentou-se na mesa e começou a comer, quer dizer...devorar, pois aquilo não era maneira normal de se comer. Não comia desde o fim da tarde do dia anterior e estava por isso com mais fome do que o normal, o que ate ali parecera impossível.
Assim que acabou a sua refeição levantou-se da velha cadeira, que condizia com a antiguidade de toda a mobília da casa, e dirigiu-se para a porta.
- Vou para casa avó, obrigado pela refeição. – Disse Katsuo, num tom de voz elevado, pois Sayuri encontrava-se em outra divisão da casa.
-Tudo bem, vai com cuidado. – Retribuiu Sayuri, espreitando pela porta da divisão onde se encontrava.
No caminho para casa, Katsuo encontrou o que aparentava ser um gennin da sua idade num beco, para o qual olhara por mero acaso. Entrou no beco e encontrou o gennin em muito mau estado. Sangue escorria-lhe pela face, tinha feridas por todo o corpo e mal conseguia falar.
- O que te aconteceu?! – perguntou Katsuo preocupado com o estado deste outro rapaz.
- Por favor...leva-me de volta para lá e não me perguntes nada. – sussurrou o rapaz.
- Para lá...isso fica exactamente onde? – Perguntou Katsuo, pondo o gennin às suas costas.
- Vai seguindo este beco, eu dou-te as direcções. – Replicou o rapaz.
Katsuo foi então seguindo as direcções do rapaz pelo beco. À medida que avançava, cada vez mais escuro o beco ficava. Tinha umas pequenas luzes, embora fossem poucas as que funcionavam, paredes degradadas e um piso bastante irregular. Um ar aterrador e frio pairava naquele beco, parecia que lá estar preenchia o corpo com um enorme sentimento de melancolia.
- É aqui... – disse o gennin ferido num tom baixo, quando Katsuo passou por uma porta bem escondida naquele beco despojador de felicidade.
Assim que abriu a porta, Katsuo encontrou um pequeno armazém onde se encontrava uma grande roda de pessoas e no centro estavam dois gennin, um no chão inconsciente, outro em pé mas gravemente ferido. As pessoas em roda gritavam e incentivavam aquele massacre, como se os ninjas lá no meio não passassem de seres abaixo de animais.
Assim que um homem que aparentava ser jounnin e se encontrava na roda notou a presença de Katsuo, dirigiu-se imediatamente a ele.
- Estas mesmo mal rapaz... – Disse o homem, olhando para o rapaz às costas de Katsuo.
- Sim, na... não poderei lutar. – Referiu o rapaz, hesitante e assustado.
-Terei de encontrar alguém para te substituir. – Declarou o homem.
- Mas que raios se passa aqui? – Perguntou Katsuo , olhando para o espaço que o rodeava.
- Já estás aqui e já... – Referiu o homem – Isto é um dos sítios onde organizamos combates entre ninjas de vários grupos e ganhamos dinheiro. Esse rapaz que trazes às costas e aquele que vês no chão fazem parte do meu grupo. Se o meu grupo ganhar, eu ganho dinheiro.
- Mas isso não é ilegal?! – Questionou Katsuo.
- Sim, é. E por isso é que não o irás dizer a ninguém. – Retribuiu o homem , sorrindo forçadamente.
- Se vocês ganham o dinheiro...o que ganham os ninjas que lutam para vocês? – Perguntou Katsuo.
- O direito a viver. -Respondeu o homem, sorrindo ainda mais. – Que tal seres tu o substituto desse rapaz?
- Não. Nunca me associarei a coisa tão macabra. – Retorquiu Katsuo, virando as costas e andado em direcção à porta.
O homem apareceu de repente em frente ao jovem, pondo uma kunai ao pescoço deste.
- Aquilo era uma pergunta retórica. Não tens opção de escolha. – Disse o homem, desta vez sério.
- Wow...estou surpreso por saberes sequer o que uma pergunta retórica é... – Declarou Katsuo, sorrindo.
- Queres armar-te em esperto rapaz? – Perguntou o homem.
Num movimento rápido deu um soco no estômago de Katsuo, pondo este no chão instantaneamente, ofegante.
- Ao fim da tarde quero uma resposta. Se te juntas de livre vontade ou não. Quero saber se terei de magoar pessoas que te são queridas.
O jovem foi atirado de lá para fora e seguiu o seu caminho para casa, obviamente perturbado.
Assim que chegou foi imediatamente para o seu quarto, não dirigindo uma palavra a ninguém.
Kazuya ficou preocupado, mas sabia que se fosse tentar falar com o seu filho, acabaria mal. O melhor seria deixa-lo em paz.
Passado umas horas o sol já se estava a pôr, pintando uma paisagem linda naquela zona. Katsuo saiu de casa apressado, ia em direcção ao beco. Teria uma vez mais de passar por aquele melancólico local.
Entrou então pela porta para o armazém, onde já só estavam apenas algumas pessoas.
- Tudo bem, eu aceito... – Declarou Katsuo.