Há muito tempo que dou por mim a pensar que seria da minha vida se não possui-se este estranho poder. Se Antetsu não tivesse matado os meus pais, numa tentativa cega e desesperada de adquirir algo que não era seu por direito, algo que me pertencia apenas a mim. Se eu não tivesse ido para Suna, se eu não tivesse entrado naquele recinto para enfrentar o meu cruel destino. Dou por mim a pensar de como seria a minha vida se eu... não fosse eu.
Se tivesse crescido como uma criança normal, confortado pelo calor paternal, rodeado por uma família do mesmo sangue que eu. Se tivesse uma vida normal… não estaria aqui agora.
Percorria lentamente as ruas de Tanigakure, como se quisesse adiar aquilo que à muito esperava, observando os avanços de uma vila que até há pouco tempo se escondia nas sombras mas que agora se revelava novamente ao mundo. Estava praticamente terminada, as casas de ar tradicional perfilavam as ruas de terra dourada que se perdiam de vista, ainda deserta, já possuía um certo encanto, algo naquela vila convidava a um sorriso a um estado de pura calma e tranquilidade. Talvez o esforço de todos aqueles que derramaram suor e lágrimas para a reconstruir ainda vagueasse de mãos dadas com a leve brisa que se fazia sentir.
Sai da vila ainda era cedo, o sol afigurava-se um borrão amarelo no horizonte, encandeando-me com o seu leve reflexo num dos lagos que cercavam a vila. Eram 3 no total, oeste, sul e nordeste, apesar de os 2 últimos estarem mais afastados que o primeiro. Iniciei a escalada em direcção a Kumogakure, encontrando-se Tanigakure num extenso vale, era praticamente obrigatório atravessar as montanhas para se poder viajar para outras vilas. Segui o rio, num passo mais ou menos acelerado, que me levaria até ás imediações de Kumo, uma viagem mais longa, tendo em conta os diversos desvios que o curso de água sofria, mas não me importava, até agradecia esses supérfluos minutos. Algum tempo depois Kumogakure surgia, imponente no topo de uma das montanhas mais altas da cordilheira. Entrei vila a dentro, tendo como destino os aposentos do RAikakage, iria anunciar a minha viagem até Konoha por tempo indefinido.
Entrei no edifício, guiado por um Jounin pelos já mais que conhecidos corredores.
- Não é preciso que me guie, eu sei o caminho. – Avisei.
- Tem havido alguns acontecimentos estranhos ultimamente, peço desculpa Ankuko-San, mas são as normas. – Respondeu-me. Assenti afirmativamente.
Raikage encontrava-se sentado em frente à sua secretária, rodeado de papelada intocada, pois este encontrava-se focado no vazio, contemplando algo que não ali estava. A minha presença pareceu acorda-lo do transe.
- Ah, Ankuko, bons olhos te vejam. – Respondeu-me, surpreso pela minha presença.
- A sonhar acordado Denkou? – Perguntei, avançando na sua direcção. Denkou era uma pessoa calma, havia sido rara a vez em que o vi perturbado com algo, desde o dia em que me aceitou em Kumogakure e me acolheu como um dos seus, criei uma forte empatia com ele, mas ele nunca confiou totalmente em mim. Pouco a pouco, fui ganhando a sua confiança acabando mesmo por me tornar num dos seus homens de confiança.
- Nem eu sei, mas com certeza que não vieste saber dos meus sonhos, sejam eles acordados ou adormecidos. – Respondeu, rindo-se num sorriso semi-aberto.
- Venho falar contigo sobre a minha futura ausência na vila. – Respondi, consegui ler nos olhos de Denkou que não se mostrava surpreso.
- E o que te levará a Konoha, pode-se saber? – Perguntou, adivinhando as minhas intenções.
- Pretendo ir ao encontro da minha família, desde que parti para Suna, que nunca soube nada sobre ela. Nem quando Antetsu me levou de volta para Konoha, sempre ocultou a minha presença aos restantes membros. Por isso, quero os confrontar, ver o estado em que se encontram após a morde do meu pai e chefe da família. – Respondi num tom sério, quis-me convencer que era a atitude correcta a tomar.
- Se é essa a tua vontade, quem sou eu para te impedir? Estás dispensado dos compromissos até ao teu retorno. Mas já sabes que depois, vais trabalhar a dobrar. – Respondeu com um sorriso malandro na cara.
- Nem eu esperava outra coisa. Obrigado. – Dito isto, sai do escritório quase a correr, uma longa viagem esperava-me, mas levava na alma a esperança de que voltaria mais leve, com respostas para as perguntas que me pesavam na alma.
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Pequenino, apenas uma introdução. Mas também tem vários texto corrido, dando a ideia que é pequeno.