Olhei do topo de Kumo os verdejantes vales do país do Trovão, estendendo-se até ao horizonte, misturava-se com o azul do céu, numa harmonia de cores e sensações indescritível. Saltei para o céu, ultrapassando as próprias nuvens que já me envolviam anteriormente, recebendo o agradável calor do sol deixei-me ficar um pouco ali, caindo em queda livre, misturando-me de novo entre a fina e gélida camada de nuvens. Fiz alguns selos e bati com as mãos uma na outra, Scyth surgiu numa nuvem de fumo e rapidamente me colocou ás suas costas.
- É para onde chefe? – Disse Scyth, á medida que avançava a grande velocidade, voando sobre as íngremes cadeias montanhosas.
- Konoha. – Respondei sem pestanejar ou assumir qualquer expressão.
- Parece que temos reunião familiar, estou certo? – Scyth conseguia ler-me como um livro, não lhe conseguia esconder nada. Fruto do acordo de sangue que fizemos, um acordo tão fatal como a morte, um acordo em que se um de nós morrer, parte de nós também morre.
- Spoiler:
Para quem não se lembra a Kuchyose do Ankuko é diferente das demais, quando se faz o acordo com os Louva-a-Deus, não se assina um contrato com toda a população, apenas com um Louva-a-Deus que passa a ser seu companheiro para toda a vida. O Louva-a-Deus cresce com o companheiro, tornando assim a sua cumplicidade bastante forte.
- Sim… está na hora de os confrontar. Houve tanta coisa na minha vida que me fez esquecer completamente o meu o objectivo. Quero encontrar a minha família, quero voltar a vê-la unida, quer emendar os erros de Antetsu que destruiu o bom nome da família. Quero afasta-la das intrigas, quero que ela possa viver em paz em prosperar sem adversidades.
- Discurso bonito, mas será que consegues? Não te esqueças que toda a tua família se virou contra ti e os teus pais, achas que eles iriam agora receber-te de braços abertos e dar-te uma festa de braços abertos? – Respondeu-me Scyth, a verdade doía, não havia dúvidas disso, mas precisava que alguém me o disse-se.
- Sim eu sei, estou preparado para o que der e vier, não sei como me irão receber, nem sei quem é o actual chefe da família…
Voava-mos a grande velocidade, ultrapassando já a fronteira entre o País do Fogo e o País do Trovão, ao longe já se avistava a longa floresta que servia de berço a Konoha, Scyth diminuiu a altitude para evitar-mos sermos vistos, e decidimos aterrar no interior da floresta, ocultando a nossa presença no infindável mar verdejante.
- Scyth acho que por agora é tudo, obrigado. – Dito isto, Scyth desapareceu e eu segui o meu caminho. Saltava de tronco em tronco, cada salto deixava-me mais perto do meu destino, seria difícil reconhecer a minha família, meses de controlo mental haviam deixado marcas na minha memória a longo prazo, e era-me difícil recordar eventos aleatórios ou rostos do passado. Um movimento rápido à minha esquerda chamou-me à atenção, um brilho metálico avançava na minha direcção, rapidamente agarrei-me com as mãos a um tronco dando a volta e evitando a Agulha que vinha na minha direcção.
- Quem está ai? – Perguntei sem obter resposta. Várias armas metálicas abatiam-se sobre mim, shurikens, kunais, agulhas, etc, espetavam-se a meu redor. Usando o Kawarimi no Jutsu evitei o ataque facilmente, e desci das árvores, queria forçar o inimigo a dar a cara, nem que me tivesse de expor a mais ataques.
- Estou aqui, aparece. – Disse, desta vez ouvi o barulho de um ramo a quebrar-se, olhei em volta e vi dois homens a olhar para mim com um sorriso presunçoso na cara.
- Estás no nosso território, se não queres sair daqui ferido, aconselho-te a passares para cá os teus bens. – Disse um deles, aumentando ainda mais o seu sorriso amarelo.
- Não tenho tempo para lidar com gente como vocês, desamparem-me a loja que é o melhor para vocês. – Respondi para surpresa dos meus adversários, que esconderam o sorriso por detrás de uma expressão de alguma preocupação.
- Deves ter a mania não? – Atirou um deles.
- Vocês é que começaram, agora não sejam parvos. – Respondi com frieza e virei as costas.
- Filho da Puta! – Um dos homens ia a avançar, mas parou de imediato, apenas teve tempo para me ver a sua lado, com um dos dedos sobre a sua jugular.
- Eu sou capaz de te matar apenas com este dedo.
- Como é que te moves-te tão rápido? – Disse o homem com suor a percorrer-lhe o rosto.
- Isso não interessa. – Comecei a deixar o sangue fluir, lentamente o meu corpo foi-se desfazendo em grandes poças de sangue, cobrindo o meu adversário, que gritava em pânico. Terminado o espectáculo, olhei para o outro homem, este só via o seu companheiro a olhar para ele com os olhos inundados de sangue. Avancei sobre ele, lentamente.
- Ei que estás a fazer Ichizaru, pára, Ichizaru… - Um grito inundou a floresta, alguns pássaros afastaram-se do local. Voltei à minha forma original, deixando os dois ali. Não derramei uma única gota de sangue, nem foi preciso…