Espada de água
Abriu a mochila que trazia consigo retirando uma longa espada que fez os olhos de Atsuko brilharem de entusiasmo. Com um sorriso, Tomoko estendeu-lhe a arma ao que o rapaz atendeu com um sorriso rasgado. De seguida, retirou um scroll novamente de dentro da mochila, entregando-o a Aruko e, por fim, estendeu outro scroll a Emi.
- Bem, acho que está na hora de evoluírem as vossas habilidades.
- Não devíamos ter começado a evoluir há mais tempo? – perguntou o rapaz, num tom acusador.
- Por isso – continuou, ignorando a interrupção – eu vou explicar-vos o que têm que fazer e vocês vão dedicar-se a 100% para me tentarem igualar.
Sem esperar qualquer resposta, pôs-se à frente de Emi. Realizando rapidamente o conjunto de selos necessário, criou uma esfera de raios na mão e elevou-a à altura dos seus olhos antes de permitir que esta se desvanecesse – Esta técnica chama-se Raikyuu e é óptima em batalhas a média distância, porque não precisamos de ter contacto directo com o inimigo, bastando-nos apenas lançar esta esfera em direcção destes. Os selos que tens que executar estão explícitos no scroll que te dei. – esclareceu, antes de caminhar em direcção de Aruko.
Executando um novo conjunto de selos, partículas de água apareceram na sua mão aglomerando-se em segundos numa espada estreita, um pouco menor que o tamanho do seu braço. A rapariga permaneceu a fitá-lo, atónita. – Este jutsu chama-se Mizu Kuri no Yaiba e consiste na criação de uma espada totalmente feita de água que só se mantém nesta forma graças à quantidade constante de chakra que o utilizador emite. Se quebrares o fluxo, a espada desfaz-se nas tuas mãos. Os selos que precisas de aprender estão no scroll, mas mais importante que isso, tens que aprender a controlar o teu chakra para conseguires fazer o jutsu decentemente.
Desviou a sua atenção da aluna para o rapaz ao seu lado. – Vi essa espada ontem e achei que era perfeita para ti. Como já deves ter reparado, o seu peso é considerável o que te torna mais lento. Portanto, tens que arranjar uma estratégia para cobrir essa desvantagem. Agora, -abriu os braços e esboçou um sorriso rasgado – comecem.
O rapaz correu de imediato em direcção a uma árvore, começando a fustigar entusiasticamente o tronco da mesma. Aruko trocou um olhar com Emi, antes de lhe virar as costas e caminhar igualmente para uma das árvores. Abriu o scroll e decorou os selos rapidamente antes de o fechar de novo e atirá-lo ao chão. Respirou fundo, concentrando a maior quantidade de chakra possível na palma da mão. Realizou os selos necessários e subitamente, um jacto de água surgiu na sua mão começando a tomar forma, mas acabou por explodir nas suas mãos, molhando-lhe grande parte do casaco. Usei demasiado chakra. Parece que não vai ser tão fácil como parece. Que óptimo.
Voltou a fazer os selos após concentrar uma menor quantidade de chakra na mão, fazendo com que o jacto de água não fosse maior que metade do seu braço. Concentrando-se ao máximo, viu a base da espada começar a tomar forma, antes de se despedaçar de novo. Olhou para o lado esquerdo, vendo Emi formar uma pequena bola de electricidade e lançá-la em direcção ao tronco de madeira sem qualquer dificuldade.
Lançou-lhe um olhar irritado antes de se virar de novo para a frente. A humidade insistia em abraçá-la, como se se divertisse imenso com a irritação que teimava em invadir a morena. Fez novamente os selos inscritos no scroll aos seus pés, concentrando de imediato chakra na sua mão, vendo a água a tomar a forma de uma espada estreita. Estava quase completa, quase perfeita…
- ARUKO-CHAN, OLHA PARA O QUE EU FIZ!
O grito do rapaz aos seus ouvidos fez com que ela se sobressaltasse, quebrando a concentração que reunira. Olhou para a sua mão que segundos antes segurara a espada de água, vendo-a vazia. Girou sobre si e deitou um olhar furioso a Atsuko, que apontava entusiasmado para os estragos que provocara na árvore onde treinava.
- Eu estava quase a conseguir, até TU me interromperes!
- Calma, Aruko-chan. De certeza que ele não fez de propósito. – intrometeu-se Emi, com a sua habitual voz musical que, Aruko descobriu nesse momento, a irritava solenemente.
- Ela tem razão. – apoiou Atsuko, escondendo-se atrás da loira.
Aruko revirou os olhos antes de se voltar de novo para a árvore. Não gosto dela. Definitivamente, não gosto dela.Repetiu os selos concentrando de novo o chakra na sua mão direita. A espada formou-se mais rapidamente do que da última vez que o fizera, mas estava longe de atingir a velocidade de formação da espada do Tomoko-sensei. Concentrando-se o máximo possível de forma a conseguir manter a mesma quantidade de chakra na sua mão, desferiu um golpe na árvore, vendo o tronco sofrer um golpe profundo. Um sorriso vitorioso surgiu nos seus lábios. Levantou de novo a espada para voltar a atingir o alvo quando um riso cristalino ecoou nos seus ouvidos.
Virou-se para trás, vendo que Emi não voltara ao treino, limitando-se a observá-la com um sorriso nos lábios. – Qual é a piada?
A loira abanou a cabeça, como se desvalorizasse o assunto, antes de cravar os seus olhos nos dela. Aruko tentou inconscientemente não pensar em nada, pois os olhos cor de mel perscrutavam os seus, como se estivessem a ler a sua mente. Ao fim do que pareceu uma eternidade, Emi desviou o olhar, fazendo a morena suspirar de alívio.
- Já está a escurecer. – relembrou, apontando para o Sol que se teimava em esconder atrás das árvores da clareira. – É melhor acabarmos por hoje.
Apesar das suas palavras fazerem parte de um mero conselho, o seu tom deixava claro que a morena devia fazer o que ela acabara de dizer, sem objecções. Franziu as sobrancelhas antes de lhe voltar as costas.
- Vai tu. Eu fico mais um bocado. – retorquiu, com um leve tom de desafio na voz.
Emi não respondeu, limitando-se a ficar no mesmo sítio. Aruko voltou a fazer o jutsu, investindo de novo contra a árvore indefesa. A cada novo golpe, mais ofegante ficava a sua respiração. O tronco apresentava agora um padrão aleatório que ela teimava em criar, até que parte da espada se desfez. Já estou a ficar sem chakra?!
Deixou que o seu braço descanssasse ao lado do seu corpo, aproveitando para fechar os olhos e regularizar a respiração. Quando sentiu o seu ritmo cardíaco abrandar, permitiu que a espada se desfizesse nas suas mãos pela última vez naquele dia.
- Vamos para casa, então. – informou a Emi, mas, para sua estupefacção, ao virar-se constatou que estava completamente sozinha na clareira.[b]