" Há pequenos detalhes que nos escapam, coisas que num momento lá estão, mas no outro desaparecem. Insignificancias da vida que passam despercebidas, são estas pequenas coisas que por vezes alteram o nosso destino, que nos colocam entre a vida e a morte... porque é que tem de ser tão insignificantes?
Após uma missão exaustiva e desgastante eu e Teshiroi decidimos recolher a um bar numa das ruas mais calma de Kumogakure para conversarmos sobre os recentes acontecimentos. O bar era um lugar acolhedor, bastante feminino o que me deixara um pouco desconfortável, os tons claros, como o rosa e o camélia predominavam na sala, as mesas estavam enfeitadas com toalhas brancas com alguns bordados floridos, foi então que me apercebi que havia sido arrastado para uma casa de chá. Uma velha senhora abordou-nos com um sorriso fechado mas doce e acompanhou-nos até uma das mesas disponíveis, no centro havia uma pequena jarra com um jarro(flor) de cor branca e amarela.
- Porque me trouxeste para uma casa de chá? – Murmurei para Teshiroi, esta riu-se divertida com o meu desconforto.
- Calculei que não te irias sentir bem aqui, ao menos assim não estás no teu meio e eu tenho a vantagem. – Respondeu mantendo o sorriso trocista.
- Vantagem no que? Numa luta de chá quente? Ou vamos andar a fazer esgrima com florezinhas? – Respondi eu rispidamente.
- Vá lá, é assim tão difícil perceberes o porque? Já viste as pessoas que frequentam isto? Donas de casa desesperadas, viúvas e… acho que aquilo ali é um travesti… é impossível alguém nos espiar neste meio sem dar nas vistas. – Realmente agora tudo fazia mais sentido, no meio de tanto rosa, dificilmente se passava despercebido naquele antro de pureza e claridade.
- Aqui têm o vosso chá. – Disse a anciã colocando duas chávenas de cor carmim em cima da mesa, enchendo-os em seguida com um chá de cor esverdeada.
- Muito obrigado. – Agradecemos ambos à anciã.
Fez-se silêncio por alguns momentos, apenas se ouvia o “tiquetaque” irritante do relógio em forma de gato e o sorver de alguém na mesa de trás. Tomei um golo do chá mas de imediato afastei a caneca da boca, o chá estava a ferver, decidi esperar que arrefecesse. Os meus olhos cruzaram-se com os de Teshiroi, e ambos percebemos que era seguro falar.
- Bem, há algo que ainda não percebi, o meu Crânio e a tua Mão estão ligados de alguma forma? – Perguntei, pela expressão de Teshiroi, percebi que ela sabia tanto como eu.
- Não sei, mas é o mais provável, parece que há uma ligação entre eles, as minhas ameaças e o teu rapto, parece que alguém não quer estes elementos na nossa posse... há algo de mais sinistro por detrás disto…
- Qual será o seu interesse nestes membros? Será que são apenas peças de um esqueleto inteiro? Alguma obra de arte roubada, ou algo do género…
- Não faço a minima ideia, isso é o que mais me intriga... que mistério residirá nestas ossadas de tamanha importancia para esse tal homem? Será que tem algum poder escondido? Ou são a chave para algo...?
Fez-se uma pausa, voltei ao chá, bebendo um longo golo, desta vez o chá já estava morno e agradável de se beber. A anciã aproximou-se de nós com o habitual sorriso no rosto.
- Está tudo ao vosso gosto meninos? – Perguntou ela.
- Sim, está tudo perfeito, muito obrigado. – Respondemos na mesma simpatia.
- Tenho aqui uns bolinhos, presente daquele senhor ali… - A anciã apontou para uma mesa aparentemente vazia. – Olha… foi-se embora… era um senhor tão simpático… pronto, aqui ficam os bolinhos. – Disse ela pousando os bolos.
- Desculpe, esse homem, como era? – Perguntou Teshiroi lendo os meus pensamentos.
- Não deu bem para ver, ele trazia uns óculos escuros e um cachecol que lhe tapava grande parte da face, mas era muito simpático, até deu uma gorjeta à nossa empregada e tudo. Mas rápido se foi embora… fossem todas as pessoas tão simpáticas como ele e o mundo era um sítio melhor. – A anciã abalou perdida nos seus próprios pensamentos.
- Como foi possível nem termos dado por ele, distraímo-nos 5 minutos e deu nisto. – Disse Teshiroi baixinho, tentando dar pouco nas vistas.
- Não sei…
Debaixo dos bolos vinha uma espécie de papel, supostamente um guardanapo ou algo do género, com cuidado retirei-o do prato e lentamente abriu, no seu interior estava escrito:
“爆発”
(Explosão)
PUM!
- Cuidado! - Larguei o papel e saltei de imediato ao auxilio de Teshiroi, abraçando-a e protegendo-a da explosão com o meu corpo, senti a ser projectado pelo ar á medida que a explosão espandia e destruia toda a sala de chá, ouvia-se os gritos em pânico dos clientes e pareceu-me ouvir risos no meio de todo aquele pânico, risos de satisfação, ouviu-se o estilhaçar dos vidros das janelas e senti o calor da explosão a abater-se sobre mim... foi a ultima coisa que me recordo de ter sentido... isso... e o forte aperto dos braços de Teshiroi ao meu pescoço... ambos pressentiamos que algo de mau ia acontecer... nem nós imaginavamos o quanto certo estávamos.