Filler 13
Yuu bateu com a porta do quarto atrás de si, sentando-se quase de imediato à única secretária que se encontrava no seu quarto. Não conseguia acalmar-se, e bufava como nunca antes havia feito. Estava confusa e não conseguia acreditar no que acabara de acontecer. Era simplesmente bizarro de mais, e não fazia qualquer sentido um corvo tomar conta do corpo de um humano…
-Já disse que não quero falar contigo agora. – Respondeu Yuu às batidas na madeira da porta.
Sabia que após ter passado meses fora de casa e da vila, era suposto que fosse um pouco mais amistosa para com o seu pai e aceitasse as “boas-vindas” que este lhe havia oferecido. Mas a vontade de falar com o seu pai diminuiu ainda mais no momento em que este ignorou o seu pedido e entrou para o interior da divisão.
-Não tenho paciência para isso agora. – Disse Yuu num tom directo e pouco agradável, deixando bem claro que não tinha qualquer interesse no que quer que fosse que o seu pai tivesse para dizer.
-É óbvio que estás perturbada, e não te vou perguntar nada sobre isso. – Respondeu o pai após alguns segundos, sentando-se na cama da sua filha. – Queria só falar contigo sobre o Exame Chuunin. Como correu?
-Foi uma boa experiência. – A rapariga parecia ter ficado mais clama após ouvir que o pai não a iria forçar a falar sobre o que acabara de acontecer. Mesmo assim, continuava sem grande vontade para falar com quem quer que fosse, independentemente do tema da conversa.
-Ouvi rumores de que andaste por lá a treinar…
-Com Kazuki-san, sim. Foi… Bastante educativo.
-Aprendeste bastante, suponho?
-Cresci bastante.
O silêncio longo e incómodo que era tão característico daquelas conversas entre pai e filha assentou sobre os dois. Yuu não tinha vontade de falar, e Hyun… Tinha receio de que o que quer que dissesse atiçasse a sua filha e o impedisse de construir “tréguas” pacíficas. Após vários minutos daquela quietude, e não tendo Hyun pensado em algo de construtivo que pudesse dizer, decidiu que talvez fosse boa altura para dar as “últimas notícias” à sua filha e deixá-la sozinha por algum tempo.
-Bem, Yuu… Tens uma carta para ti algures aí em cima, vieram entregar-ma durante a tua ausência. E… Não te comprometas com nada para amanhã à noite. Tenho algo para te mostrar.
Yuu ainda ergueu o rosto para encarar o seu pai, mas por esta altura já ele havia saído do quarto outra vez. Endireitou-se na cadeira, levantando a cabeça do tampo da mesa e olhando para o topo da mesma. Uma carta…
Acabou por, finalmente, encontrar o envelope amarelado e fino que, tal como o pai informara, se encontrava sobre a sua secretária. Abriu a carta como que receosa do que pudesse encontrar no seu interior, e descobriu uma simples nota escrita a letras negras com uma caligrafia apressada. Quando leu o conteúdo, ergueu uma sobrancelha. Estranho. Estava habituada a receber aquele tipo de correspondência em scrolls, não em simples cartas. Atirou o envelope e o seu conteúdo de novo para o topo da secretária, e sem delongas atirou-se para a cama.
Respirou pesadamente, fechando os olhos e tentando não pensar demasiado depressa. Não conseguia perceber o que havia acontecido com Itari, e de certa forma sentia-se culpada por se encontrar na ignorância. Sentia-se responsável, deveria conseguir ajudá-lo… Mas nada disso importava. Não quando Kentai, que agora ocupava o corpo do rapaz, lhe dissera explicitamente que não a queria por perto. Não entendia porquê. ”Quanto mais longe estiver de ti menos problemas arranjo”. Yuu não sabia de que “problemas” estaria ele a falar. Afinal de contas ela nunca havia contribuído para algo que o tivesse metido em trabalhos… Certo?
E para além disso… Yuu sentia-se profundamente amargurada por saber que não poderia falar com Itari tão cedo. Não tivera oportunidade de ter uma conversa decente com ele quando o encontrou pela primeira vez na Vila da Folha, e desta última vez… Não estivera propriamente preocupada com conversas. E pensar que aquele beijo, o primeiro beijo verdadeiro de toda a sua vida, seria possivelmente o último…
Yuu apertou a almofada por entre as suas mãos, tentando a todo o custo acalmar-se e não pensar em tudo aquilo. Assumira - tivera uma esperança - que as coisas entre ela e Itari teriam uma possibilidade de correr decentemente, e tomara isso por garantido. Não podia acreditar que, mais uma vez, o que assumira como certo acabaria por revelar-se uma completa desilusão. E não entendia o porquê de toda aquela fixação que a prendia a Itari. Nunca antes se sentira assim, e ter algo daquela magnitude a acontecer-lhe apenas contribuía para o aumento das suas dúvidas e do seu medo. Se ao menos houvesse uma forma de fazer as coisas regressarem ao que eram antes de se tornarem aquela poça de confusão…
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Well... Mais um para encher chouriços : P E, aproveito para agradecer a quem leu o anterior \o