Ayame entrou no edifício de vidro e arrepiou-se. O ar quente do interior da estufa entrara em contacto com a sua pele gelada pelo frio da manhã. Rapidamente sentiu o calor a voltar à sua face e pensou para si mesma que devia estar mais corada do que estava normalmente.
O sol aquecera naturalmente aquele espaço verdejante, atribuindo-lhe um clima artificial necessário para a conservação daquelas plantas. A maioria eram plantas medicinais, encontradas pela sua família durante missões mais calmas ou durante uma ida propositada a certas vilas ou florestas onde sabiam que as podiam encontrar. O stock era enorme e estava sempre pronto a ser usado devido ao plano de plantação e rega concebido pelos seus avós. Os vasos estavam diligentemente colocados em prateleiras, que, por sua vez, foram encostadas às paredes de modo a fazer corredores. No centro da estufa estava uma grande bancada feita de madeira, algo escurecida pelo uso. Em cima dela, encontravam-se vários materiais de laboratório, como tubos de ensaio e caixas de petri, bem como vários suribachi e surikogi, e também vários produtos já elaborados, cuidadosamente identificados e arrumados nos armários colocados no centro da mesa. Todos os produtos estavam catalogados em dossiers, muitos deles iniciados gerações antes, devidamente guardados para não se estragarem. Nadeshiko bem tentava manter o seu local de trabalho arrumado, com os materiais nas respectivas gavetas e os frascos nas prateleiras, mas, com uma família tão ligada à natureza e à medicina, tal era quase impossível. Havia uma sala contígua à estufa que fora construída para albergar alguma kuchiyose que necessitasse de um ambiente mais calmo por uns tempos.
A jovem gennin vestiu uma das batas brancas penduradas no cabide junto da entrada e avançou. O pai estava a movimentar-se entre vários produtos e a sala contígua. Não conseguia perceber pela expressão dele o que se passava, por isso resolveu perguntar-lhe.
- A Haru deu à luz estes dias e precisava de ficar em repouso por aqui. Estou a tentar ajudá-la no que posso. Entretanto, o pequenito precisa também de atenção. Se quiseres fazer isso… - explicou ele, não terminando a frase. Não fora necessário para que a rapariga percebesse o que o Seishirou, o seu pai, queria dizer.
Já não via Haru há uns dias. Estavam ansiosa para a ver e falar com ela. Sempre apreciara aquele sentimento maternal que ela nutria por todos aqueles que gostava, não importava se eram humanos ou raposas. Era uma amiga bastante especial. Agora ela tivera mais um filho. Como seria a pequena raposa? Aproximou-se da porta da sala e espreitou para o seu interior. Haru, a raposa dourada de fogo, estava deitada num canto com uma pequena cria cinza enrolada junto a si. Pelos vistos, o pequenote era como o pai e a irmã.
- Podes aproximar-te, Ayame. Ele é bastante calmo – assentiu a grande raposa, encostando o focinho ao seu filhote como que a beijá-lo.
Ayame juntou-se às raposas, abraçando Haru.
- Tive saudades tuas – confessou ela, com carinho.
- E eu tuas, minha pequena – disse a raposa num tom maternal.
A ninja sentou-se junto de ambos, olhando para a pequena bola de pêlo cinza. Era tão pequenino. Já não se lembrava de ver uma das kuchiyoses da família tão nova. Talvez Daichi, mas não se lembrava de ele ser assim.
- Como é que ele se chama? – questionou ela.
- Kousetsu. Significa neve. Achei que se adequava a ele, visto ter uma pelagem clara e ter nascido numa noite de nevão – respondeu Haru, com um baixo som vindo do fundo da sua garganta. Parecia que se estava a rir. Aquela gargalhada da raposa fê-la sorrir. – Vá, não queres pegar nele? Sei que estás em pulgas para o fazer ou eu não te conhecesse bem.
O quanto ela estava certa… No entanto, não queria acordá-lo. Curiosamente, Kousetsu começara a acordar quando ela pensara naquilo. Uma feliz coincidência.
A pequena raposa abriu os olhos e espreguiçou-se como se isso o ajudasse a expulsar o sono do seu corpo. De seguida, olhou para a humana que desconhecia com os seus olhos azuis a brilhar. Ayame não resistiu mais e pegou nele ao colo. Reparou que ele tinha os olhos da mãe e da irmã, Fuu. A pequena cria era bastante amigável e o pêlo era tão suave quanto irresistível.
- Ele não fala? – perguntou Ayame, ainda a brincar com Kousetsu.
Haru pareceu ponderar como responder. Replicou segundos depois com uma intensidade divertida:
- O Kousetsu é uma raposa muito especial. Tem a sua própria maneira de comunicar. Parece que ele gostou de ti, por isso há-de te falar não tarda muito.
A rapariga olhou para a pequena raposa nos seus braços. Os seus olhos, azuis como o céu, cintilavam imenso. Ele realmente aparentava gostar dela. De repente, a cria levantou-se e trepou até aos seus ombros. Equilibrando-se nestes com uma precisão incrível, tocou com o focinho na rosada face de Ayame. Ela enrijeceu subitamente, apanhada de surpresa, enquanto Kousetsu saltava para o seu colo. Novamente, o som rouco vindo do âmago de Haru envolveu o silêncio da sala.
- Eu disse que ele te ia falar – disse ela, rindo-se.
- Mas… Mas… - retrucou a ninja, sem saber explicar o que se tinha passado. Respirou fundo para se acalmar e continuou. – Então o que eu vi e senti era a maneira de falar dele?
- Hum… Conta-me o que viste.
Ayame fez uma pequena pausa para reflectir na explicação.
- Quando ele me tocou, senti como se tivesse electrocutado, mas de uma maneira mais suave… - tentou explicar.
- Sim, é normal. O primeiro contacto é sempre assim. Não te preocupes, não era electricidade.
Haru soltou uma gargalhada. Achava divertido ver a reacção das pessoas à maneira de comunicar do filho.
- Depois vi-me a mim mesma. Do ponto de vista dele. Como uma espécie de memória, mas com os sentimentos embutidos nela. Não faz muito sentido…
- O que é que sentiste com a imagem? – questionou a grande raposa, bastante curiosa.
- Hum… Admiração. Afecto, talvez.
- Vês? Ele gostou de ti.
O silêncio voltou a reinar na pequena sala enquanto Ayame pensava. Kousetsu comunicava por transferência de memórias e sentimentos? Que estranho poder que aquela bola de pêlo tinha… Não compreendia como podia ele ser tão diferente, mas sabia que era algo que nunca iria compreender. Pensou que ele era como as pessoas que nasciam com um certo dom, só que em forma de raposa. Yuriko iria adorá-lo assim que o visse.
- O pai já viu este poder? – inquiriu a rapariga, afagando a pequena raposa no seu colo.
- Sim, já. Estou a ver que o queres apresentar à família – deduziu Haru, alegremente. – Podes ir, se quiseres.
Os olhos de Ayame brilharam de excitação.
- Posso?
- Claro, pequena – anuiu a raposa dourada, rindo-se.
A gennin levantou-se, levando Kousetsu no seu colo. Ele parecia tão feliz por ali estar que a contagiou inevitavelmente. Olhou para a estufa e viu-a vazia. A porta estava aberta, coisa que nunca acontecia. O seu instinto assinalou logo que algo estava errado. Movimentou-se mais para junto da porta para tentar ver o que se passava.
Um grupo de cinco pessoas acabara de sair de dentro de sua casa. Falavam algo alto, como se estivessem quase a gritar. Seishirou e Nadeshiko saíram logo de seguida, com Yuriko ao colo, como se a estivessem a proteger. Não conseguia ler as suas expressões. Eram impenetráveis.
- “A Yuriko ao colo?”- pensou ela para si mesma. Alguma coisa de mal se passava. Ia aproximar-se, mas viu que não conseguia afastar-se dali. Haru agarrara o seu kimono com a boca e puxava-a. Quando a soltou, apenas disse:
- Não é boa ideia ires ali agora.
- Porque não? Haru, sabes alguma coisa que eu não sei? – bombardeava Ayame, preocupada.
O focinho da raposa dourada entristeceu.
- Não, Ayame. É apenas instinto materno. Espera mais um pouco.
Uma rápida sombra entrou dentro da estufa sem que nenhum dos presentes no exterior reparasse e aproximou-se das raposas e da ninja. O seu chakra foi facilmente reconhecido pela gennin, que deixou a sua guarda baixa. Quando a sombra chegou perto delas e parou finalmente, revelou ser Kazuma.
- Que fazes aqui, nii-chan? Não estavas a treinar com a Mirai?
Ele olhou para ela, não sabendo se lhe devia contar ou não. Acabou por escolher não dizer nada. Não era a ele que lhe competia isso, mas sim aos pais de ambos.
- Sim, estava. Estava por perto e senti uma perturbação de chakras por aqui. Vim ver o que se passava – explicou ele.
- E a Mirai?
- Acompanhou-me até aqui e foi ter com o clã dela. Podemos ter problemas.
A voz dele não continha qualquer emoção a não ser a seriedade bem patente. Kazuma não estava divertido, o que não era normal. Aquela última frase assustou Ayame.

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Spoiler:

First!!! Again


Optimo filler ^^ A Haru é fofinha e o Kousetsu tambem ^^ Onde posso comprar uns?


Ah e andas a escrever muito bem e com um bom ritmo. Continua :3

a shibi esta on fire bom filler, sempre com uma escrita 5 *****

A Kousetsu é tão fofi

Esse acontecimento do fim...hum, espero pelo próximo para compreender melhor

Força shibi ^^

Estive a ler os dois fillers e estão excelentes, parabéns ^^
Convém que continues a escrever, com textos assim nós não nos cansamos
Quero ver o que vai sair daí

Yay mais um optimo filler ! =D

Haru is Sweeet <33

Continua a escrever, quero ver a continuação =O

Gosto muito da tua escrita, como já tinha dito antes ^^
Até estou para ver o acontece à big happy family!

Bem, vou ler o próximo ^^