- Citação :
- “Queria três quartos por favor.”, pediu Taka na recepção da estalagem.
“Sim, minha senhora. Acompanhe-me.”, disse a velha retirando três chaves do chaveiro com um tique nervoso estranho de rodar o pulso cada vez que retirava uma chave. “Este é o quarto maior.”
“Nagatsu este fica para ti e para o Seirei.”, disse Taka.
“E a Miya-chan e a sensei ficam onde?”, perguntou Seirei querendo saber onde ficaria.
“O outro quarto é para a Miya, e o outro para mim. O festival dura uma semana, dou-vos permissão para usarem os dias para fazerem o que quiserem, mas durante a noite deverão estar cá para escoltar-mos Koringa-sama."
Miya tinha passado a hora seguinte ao anúncio a desmanchar a mala, preparar alguma comida para Ten e organizar o seu equipamento para a escolta dessa noite. Acabara de organizar a roupa que trouxera dentro de um pequeno armário quando alguém bateu na porta de papel.
Taka - Miya, ainda por aqui? - Entrou após arrastar a porta.
Miya - Estive a organizar as tralhas, Taka-sensei.
Taka - Estou a ver que sim, mas vai dar uma volta pela vila. Durante o dia podes ver toda a população num alvoroço para preparar o festival, nunca a vila tem tanta actividade como nesta altura do ano. - Pegou no pequeno Ten e deu-lhe algumas festas pelo focinho. - Além do mais, acho que o Ten está a precisar de esticar as pernas.
Miya - A pouco ia perguntar ao Seirei-kun se não queria companhia num passeio... Mas ele foi-se logo embora.
Taka - Não lhe ligues, estava em pulgas para sair. Vá anda - Empurrava Miya pelo corredor da estalagem até o hall e punha-a lá fora. - Vai divertir-te um pouco mulher! - Após isso fechou a porta e desapareceu.
Miya - Não temos grande escolha, não é Ten? - Olhou inutilmente para o lince à espera de uma resposta enquanto ele apenas se coçava.
Assim, sem outra alternativa, começou a dar um pequeno passeio pela vila. Sentia-se o ambiente festivo nas decorações de todas as casas, as pequenas lojas de doces extendiam-se pela rua, os bares punham pequenos bancos na rua para os clientes aproveitarem o ar livre. Como ainda era o primeiro dia, alguns dos habitantes ainda andavam atarefados a tratar dos preparativos de última hora. Notava-se que cada bairro tinha organizado o seu próprio espectáculo e pequenas barraquinhas rodeavam um palco de madeira em cada quarteirão da vila. Num desses palcos, um grupo de raparigas parecia estar a praticar o seu número para uma das noites da festa. Todas dançavam alegremente, cada uma usava um simples kimono de uma cor e faziam uma dança simples e ritmica. O que atraía mais a atenção era como controlavam pequenas pétalas de flores, sendo que cada uma das cinco raparigas usava pétalas de flores diferentes e tornava a actuação em algo calmo, relaxante e belo. Do lado do palco, os rapazes, todos de uniforme, tocavam pequenos instrumentos. Miya sentou-se numa das cadeiras mais longe do palco, a música agradava-lhe e ver aquela actuação deixava-a contente por a sensei a ter expulso da estalagem.
Miya - Não gostas da música Ten-kun? - Ia pegar no felino quando nota que não estava consigo! - Ten!
Era já tarde demais. O pequeno lince estava já a subir os degraus do palco, o fascínio pelas flores a pairar chamava-o. Ao entrar no palco, tentava apanhar as pétalas mais próximas dele. Saltava pelo ar, abocanhando ar ou às vezes uma ou outra pétala. Quando as dançarinas notaram o pequeno intruso, assustaram-se um pouco e fugiram para um dos cantos do palco. Uma delas, de kimono rosa, cabelos castanhos longos e soltos, revelava um braço esquerdo coberto de ligaduras e após um selo usou as pétalas para criar um pequeno bastão. Ia para acertar em Ten que continuava distraído com as pétalas agora caídas no chão do palco, quando uma kunai se pôs no caminho do bastão. Com um shunshin Miya chegava a tempo de defender o seu animal de estimação.
Miya - Perdão! - Retirava a kunai arrumando-a de novo na sua bolsa. - Ele ainda é novo, é muito curioso. - Agarrava Ten e prendia-o entre os braços e o peito. - Por favor, perdoem-nos por estragarmos o vosso ensaio, foi sem querer. - Inclinava-se numa pequena vénia e obrigava o lince a baixar também a cabeça.
A reacção não era a esperada, visto que as raparigas do grupo saíram do seu canto de imediato para dar festas ao pequeno lince. "Que giro!" e "É tão fofinho", eram frases repetidas entre elas enquanto o animal era raptado a Miya. A rapariga do bastão deixava-o desmanchar-se em várias pétalas e esclarecia o mal-entendido com a Gennin de Kumo. A conversa fluíu naturalmente e pouco depois, já toda a gente se ria do acontecido. Miya sabia já também que a actuação fazia parte de um conjunto de actuações feitos em toda a vila. Uma vez por noite, dois dos bairros escolhidos da vila teriam a honra de puder actuar para os turistas e talvez para a própria Daymio.
Passaram ali a manhã, Miya pôde conhecer melhor a rapariga do kimono rosa, chamava-se Miria e vivia com o irmão e o pai numa casa nas redondezas. O lince fez notar o passar das horas, chamando-a para lhe dar que comer. Despediram-se e voltaram para as ruas da vila.
Palerma #1 - Olá miuda, o teu pai deve ser pasteleiro para fazer um doce como tu.
Palerma #2 e 3 - Boa, bem mandada!
Palerma #1 - Então miuda e que tal irmos dar uma voltinha ali? - Agarrava no braço de Miya, esta debatia-se mas não tinha força suficiente. - Vá, é só irmos ali! - Um dos outros dois agarrarou-a no outro braço e um enxutou um Ten atiçado.
Miria - Ei! Ó palermas! Deixem-na onde está! - Aparecia a correr vinda do largo onde tinha sido o ensaio.
Palerma #2 - Esta também quer vir! Posso ficar com ela?
Palerma #1 - Podes... Mas nessa eu não ajudo. - O seu colega ia a festejar quando levou um pontapé nas partes baixas. Um bastão formava-se a partir de flores e com ele, Miria espancava os outros rapazes.
Miya - Arigatou Miria-chan. - Fora ver o estado de Ten que estava caído no chão.
Miria - Rapariga, tens que aprender a defender-te! Hoje à tarde vou-te buscar à estalagem onde estás e depois vou-te ensinar algo útil!