E de súbito, duas correntes cortaram o ar abafado daquela cúpula, ansiando por sangue… mais sangueMichael encontrava-se no chão com o homem a poucos centímetros dele, parecendo estar a levitar. No entanto, o que o mantinha no ar eram as duas correntes que perfuravam divertidas o seu corpo. Uma delas entrava pelas costas e saía pelo peito, voltando depois a perfurar o pescoço de um lado ao outro. A outra penetrava um dos braços, depois dava uma volta à cabeça, tapando os olhos, e acabando por perfurar o outro braço.
Em pânico, Michael olhou para o seu irmão. Este estava de joelhos agora, com um objecto estranho espetado no seu peito. Sangue escorria da sua boca e de todas as suas feridas.
Sem saber a razão, esta memória daquela noite que o assombrava em sonhos surgiu nos seus pensamentos.
O corpo do homem feito marionete recuou até ser pousado uns metros longe de si. Estava já desprovido de qualquer vida. Ouviu a cúpula que estava em cima deles recuar até ao solo.
Para espanto dos dois shinobis de Kumo, da perna do seu adversário saiu uma corrente de aço e pontiaguda que com facilidade perfurou a cópia sem uma réstia de piedade.
Novamente sem saber o porquê, uma nova memória assolara-o. Colocou a mão sobre a sua têmpora esquerda, numa tentativa frustrada de impedir a formação daquela dor. Lentamente aquelas estranhas armas de aço iam saindo do cadáver, recuando até dois pontos distintos. Kaito e Kouta. As correntes voltaram a esconder-se sobre as roupas deles. Já sem energia, Kouta sucumbiu ao desgaste. O gémeo dele correu para o ajudar.
Michael não se tentou levantar. Estava cansado mas acima de tudo estava confuso. Simplesmente deixou-se cair no chão, fixando aquele céu de nuvens tristes. Porque é que ele teria de morrer? As razões pelas quais estava a lutar eram válidas. Quer dizer, lutar por amor era bom, certo? Que razão mais pura e singela poderia haver para iniciar uma luta?
Estava cansado mas acima de tudo estava confuso. Fechou os olhos para sentir somente a sua própria respiração. Não valia a pena questionar tudo isto agora pois de qualquer forma, estava já tudo acabado.
Depois de terem ajudado os aldeões a repor a normalidade à localidade, os quatro shinobis estavam prontos para partir de volto para Kumo, levando com eles o homem que tinham questionado momentos dias antes.
Durante toda a viagem de regresso, Michael estranhou a relação aparentemente muito boa entre Kouta e Kyra. Os dois eram assustadoramente iguais e só o facto de estarem juntos causava arrepios ao rapaz ruivo. Talvez pelo facto de também se sentir como se tivesse a segurar a vela, Kaito não falara muito, o que era de estranhar.
Chegados à Vila, Kyra foi para o hospital para lhe avaliarem melhor as queimaduras que tinha ganho no braço. Kouta, acompanhou-a enquanto o seu irmão seguiu com Michael para o escritório do Raikage.
Kaito bateu à porta enquanto pedia permissão para entrar. Assim que ouviu do outro lado a voz do Kage a dar licença, os dois shinobis entraram na divisão.
─ Ah, são vocês. ─ Entrem, entrem. Onde estão os outros dois? Tiveram problemas a resolver o problema?
─ Eles foram para o hospital. ─ Disse Michael. ─ Nada de grave, apenas algumas feridas.
Denkou abanou a cabeça em sinal afirmativo. Depois olhou para o mais velho, na tentativa de arranjar as respostas para as perguntas que não fizera.
─ Um homem sobreviveu e está lá fora, caso queira saber alguma coisa dele.
Com um gesto do Kage, dois shinobis apareceram do nada, levando depois o homem para onde Michael pensava ser a prisão.
Logo ele e Kaito saíram também. Enquanto caminhavam pelos corredores, Michael começou a falar.
─ Erm, Kaito, tenho uma coisa para te perguntar. Podes-me dizer o que são exactamente essas corren…?
Calou-se assim que viu que estava a falar para o ar. Olhou para um lado e para o outro, mas o seu colega de missão tinha desaparecido. Desceu rapidamente as escadas que o levariam dali para fora. Quando chegou ao hospital, Kyra dissera-lhe que também Kouta tinha ido embora rapidamente.
Desapareceram…Uns dias depois, algures– Então o que achaste do miúdo? – Perguntou uma voz possante assim que os gémeos entraram naquela estranha montanha.
– Não gosto dele. – Afirmou Kouta quando subia a última escada.
Kaito libertou uma alegre gargalhada. – Isso é por ele responde às tuas provocações, ou porque ele parecer ser bastante amiguinho daquela Kyra?
O homem que estava à frente deles saiu da sombra e revelou os seus olhos dourados. A sua expressão denotava a sua confusão. – Então?
Kaito estava prestes a falar quando uma pequena a fina figura se distinguiu atrás do outro homem. – Não me pareceu nada demais quando lutei contra ele. Talvez não valha o esforço todo.
Embora tivesse acabado de dizer tais palavras, estava ainda a ponderar nelas. Olhou por cima do ombro, vendo o belo homem que ali estava. Era por ele que ainda estava a ponderar, porque lhe tinha pedido. Porque depois destes anos todos tinha finalmente falado e só para dizer para resgatarem um completo estranho.
Kaito encolheu os ombros e suspirou depois de colocar a mão sobre o ombro do gémeo. – Bem, irmão, no fim a decisão é tua.
Kouta percebeu que ele queria saber se o rapaz iria valer a pena. Uma palavra bastaria para deixar o jovem sozinho, à sua própria mercê. Provavelmente seria abordado pelos outros. Provavelmente viria a ser seu inimigo. Reflectiu sobre isso durante dois minutos.
Suspirou e deixou sair da sua boca o veredicto final. – Não vou gostar dele.
FIM
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Enfim, mais um fim de uma mini-mini-'saga'
Agora, quem serão estas pessoas estranhas que andam a falar mal de Michael pelas costas? O que quererão dizer com "valer o esforço"?
Desculpem se houver algum erro, mas a estas horas, ninguém tem ainda cabeça para alguma coisa