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Ainda tentei olhar para a entrada mas também já havia sido apoderado por aquela vontade de dormir e a única coisa que consegui ver antes de cair no chão foi o vulto de um rapaz que aparentava estar a tocar uma flauta.
Passados alguns minutos acabei por acordar, os clientes e o empregado continuavam a dormir. Embora faltassem algumas garrafas que se encontravam na prateleira atrás do balcão e o dinheiro que se encontrava à vista tivesse sido roubado, tudo o resto estava normal. Aproximei-o do empregado e tentei acordá-lo com um abanão.
- Está bem? - Perguntei, assim que vi que ele começava a abrir os olhos.
- Sim... - Respondeu ele ainda meio confuso e tentando verificar o que é que havia sido roubado.
- Afinal, o que é que se passou aqui? Parece que já conhecia aquele som.
- Sim, ultimamente tem havido vários roubos na cidade e todos eles ocorrem da mesma forma. - Retorquiu o barman, enquanto acordava os restantes habitantes da aldeia que se encontravam no café. - Primeiro, ouve-se o som de uma flauta e, no minuto a seguir, já está toda a gente a dormir. Normalmente apenas dinheiro e coisas de pouco valor são roubadas mas, há dois dias atrás, assaltaram o museu da aldeia e roubaram o quadro mais valioso que lá se encontrava... o Presidente da aldeia até já colocou um cartaz a dizer que oferece uma pequena recompensa a quem o conseguir recuperar.
- Hmm, eu não me importaria de fazer esse trabalho mas para isso preciso de mais informações acerca do ladrão.
- Ninguém sabe muito mais sobre ele, alguns já o viram de relance mas apenas conseguem dizer que parecia ser um rapaz jovem e não conseguiram ver a sua cara devido ao carapuço que ele estava a usar.
- Ouvi dizer que amanhã vão trazer para esta aldeia uma jóia rara que foi encontrada junto ao país da água, aposto que o ladrão não irá perder essa oportunidade. - Disse um rapaz de cabelo preto e um tapa-olho no lado direito da face, que se encontrava numa mesa junto à entrada à espera de ser atendido. Apesar de parecer que ele já estava ali desde que eu tinha acordado, ainda não me tinha apercebido da sua presença por isso ele não deveria ser apenas uma pessoa comum.
- Quem és tu e como sabes desse assunto? - Perguntou o empregado, agitado com a presença daquele indivíduo.
- Estou apenas de passagem por esta aldeia e não é difícil descobrir que algo se passa aqui, basta estar atento à preocupação que está evidente nas caras dos habitantes. - Respondeu o rapaz com uma atitude calma e paciente. - Depois disso só tive de pesquisar um pouco e acabei por descobrir o motivo por detrás de tanta agitação.
- Por acaso não viste o rapaz com uma flauta que esteve aqui à poucos minutos atrás? - Perguntei-lhe na tentativa de saber mais sobre o ladrão.
- Não, quando eu cheguei ele já estava a sair e não lhe consegui ver a cara mas, como já disse, duvido que ele perca a oportunidade de roubar uma jóia rara e amanhã pode ser a altura perfeita para o apanhar.
- O Presidente ainda deve estar há procura de ajuda para proteger a jóia que chega amanhã, o melhor é irem falar com ele. - Concluiu o funcionário do café.
Saí do café acompanhado do rapaz de cabelos pretos e dirigimo-nos à Câmara Municipal, onde esperávamos encontrar o Presidente e oferecer a nossa ajuda para a protecção da jóia.
- O meu nome é Rekishika Shijou. Como é que te chamas? - Perguntou Shijou, com um sorriso, enquanto caminhava-mos.
- Tenjin, prazer em conhecer-te. - Respondi também com um sorriso.
- Não precisas de usar falsos sorrisos comigo, Tenjin. - Retorquiu ele mantendo uma cara alegre. - Hmm, isso surpreendeu-me, és das poucas que não ficam admiradas por eu ler o seu comportamento...
- É preciso bem mais do que isso para eu ficar admirado, sou um membro do clã Hakujou. Para além disso já percebi que és um ninja habilidoso ao conseguires estar perto de mim sem eu sentir a tua presença de forma natural. - Afirmei, com uma cara séria. - Mas porque é que alguém como tu vai aceitar um trabalho destes?
- Hakujou, isso é um clã interessante embora tenha sofrido uma valente queda nos últimos anos. Eu poderia fazer-te a mesma pergunta mas o meu motivo é o facto de me interessar por objecto e pessoas que tenham poderes interessantes, e pode-se dizer que o ladrão da flauta captou a minha atenção.
Antes que pudéssemos falar mais, chegámos à Câmara Municipal e pedimos para falar com o Presidente explicando qual era o assunto que nos trazia aquele local.
- Boa tarde, jovens, ouvi dizer que querem ajudar na protecção da jóia que será trazida a esta aldeia amanhã. - Disse o Presidente, cumprimentando-nos e expressando a sua alegria por ver que alguém finalmente se oferecia para a protecção daquela peça de valor incalculável.
- Sim, senhor. É isso mesmo que pretendemos. - Respondeu Shijou.
- Segundo o que o empregado do café local me disse, vocês parecem ser rapazes de confiança e também não tenho muitas mais opções a não ser confiar em vocês, por isso, espero que não me desiludam. Vamos para o meu gabinete, onde vos irei explicar os pormenores sobre o que irá acontecer na nossa aldeia no dia de amanhã. - Entrámos no escritório e o homem continuou a falar. - Uma jóia de grande valor será trazida à nossa aldeia amanhã. Os homens que a transportam deverão repousar aqui durante uma noite e depois seguem viagem para a mansão do Lorde Feudal do país do Fogo, onde a jóia será entregue. Escusado será dizer que pretendemos manter isto no maior dos segredos e mostrar a jóia a público o menor número de vezes possível...
- Desculpe, Presidente, mas julgo que devíamos fazer exactamente o contrário. - Interrompi-o de forma a poder expor a minha opinião.
- Exacto, eu sou da mesma opinião. - Anuiu o rapaz de cabelos pretos. - O melhor é fazer uma apresentação pública da jóia na praça e anunciá-la por toda a vila. O ladrão da flauta não deixará fugir esta oportunidade e assim conseguiremos proteger a jóia e talvez ainda recuperar o quadro roubado.
- Não estou seguro se isso será o melhor a fazer mas parece-me ser um bom plano. - Respondeu o Presidente, ainda meio desconfiado. - Bem, sendo assim, vou anunciar essa apresentação para amanhã à noite e organizar todos os homens disponíveis para a proteger durante essa altura. Espero contar com a vossa ajuda. - Concluiu, despachando-nos dali após combinar encontrar-se connosco no dia seguinte pelas 20 horas.