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Passámos a noite e a tarde do dia seguinte a descansar no quarto do hotel que o Presidente gentilmente nos cedeu em sua casa. No entanto, por volta das 19:45h saímos da casa e começámos a caminhar em direcção à praça da vila, onde o Presidente nos aguardava. Esteve calor durante todo o dia e, mesmo agora ao anoitecer, ainda se fazia sentir uma leve brisa quente. Na praça da aldeia, já estava tudo pronto para a chegada e exibição da jóia recém-descoberta, um pequeno palco de madeira foi montado mesmo por cima da fonte que fica no centro da praça e inúmeras tochas iluminavam o local. À medida que o tempo ia passando, aproximando-se da hora marcada para a chegada da comitiva que trazia a jóia, a praça ia ficando cada vez mais cheia de gente, vindas até de aldeias e localidades vizinhas, dificultando a movimentação das pessoas no local.

- Eles devem estar quase a chegar, fiquem atentos a qualquer movimento estranho. - Avisou-nos o Presidente, que se encontrava atarefado com vários afazeres, entre os quais a preparação de um pequeno discurso de introdução.
- Continuo a achar que é uma maluquice expôr a jóia quando temos um ladrão na cidade, ninguém conseguirá deter aquele que usa o artefacto mágico... - Murmurou um velho num tom profético enquanto se sentava confortavelmente e esperava pelo começar do "espectáculo".
- Desculpe, está-se a referir ao rapaz que tem cometido os roubos recentemente? Que artefacto mágico é esse? - Perguntou Shijou, aproximando-se do homem.
- Sim, jovem. Estou a falar daquele que possui a flauta mágica, Lullaby.
- Lullaby? O que é isso? - Perguntei, mostrando algum interesse no assunto.
- É apenas uma lenda mas, a meu ver, é bastante real. Diz-se que existe uma flauta capaz de adormecer qualquer um que escute o seu harmonioso som e o seu nome é Lullaby. - Falava o homem enquanto acompanhava o seu discurso com largos gestos. - Após ouvir sobre os pormenores acerca dos recentes roubos, não há dúvida de que o ladrão está a usar esse infame objecto.
- O que achas-te desta história? - Murmurou-me Shijou ao ouvido.
- Interessante mas não passa disso, uma história. - Respondi prontamente. Era realmente uma lenda de grande interesse mas, após já ter ouvido aquele som por uma vez, tinha outra teoria que me parecia mais provável e credível. - Está atento a movimentos suspeitos e prepara-te para atacar a qualquer momento. - Avisei eu, ao ver a agitação em que aquela multidão se lançou assim que foi possível avistar a carroça em que a jóia estava a ser transportada.

O Presidente, acompanhado de três guardas da sua confiança, aproximou-se da carroça assim que esta parou junto à praça e os guardas transportaram aquele tesouro, que se encontrava sobre uma pequena e redonda mesa de madeira coberta por um pano, para o palco que foi montado no centro da praça. Após pedir o silêncio das pessoas presentes, o Presidente começou o seu discurso falando da importância daquele evento e do grande orgulho que era para ele receber e apresentar a jóia na sua pacata aldeia.

- Bom, sem vos querer fazer aguardar mais, vamos agora passar à apresentação da jóia. - Finalizado o discurso, o Presidente retirou o pano revelando o brilhante diamante que despertara a atenção de todos, mesmo daqueles menos desejados como o "Ladrão da Flauta". A música da sua flauta fez-se ouvir assim que a jóia foi mostrada ao público ali presente e, sem conseguirem perceber de onde vinha o som, a multidão começava a cair num sono profundo em poucos segundos.

Mais uma vez senti o sono a apoderar-se do meu corpo, enquanto via a silhueta de um rapaz que se dirigia ao palco, onde a jóia se encontrava. Contudo, era altura de pôr em prática o plano que eu havia concebido para contra-atacar o som da flauta. Aumentei drasticamente a circulação de chakra no meu corpo, tentando elevá-la ao seu máximo. Era necessário um grande esforço para manter todo aquele fluxo activo e ainda tentar aumentá-lo, sentia o chakra a correr pelo meu corpo e, num instante, parei-o com grande esforço. Tal como eu havia pensado, assim que usei o Genjutsu Kai, o sono desapareceu por completo e não tardou para que eu me recuperasse, mesmo a tempo de ver o ladrão pegar na jóia e desatar a correr com ela. Olhei para o lado e apercebi-me de que Shijou também tinha percebido de que aquilo era um genjutsu e preparava-se para ir atrás do rapaz com a jóia, que tentava passar pelo meio da multidão com algumas dificuldades.

Usando a minha agilidade, subi rapidamente para o telhado de uma casa usando os objectos que estavam à mão para trepar e chegar ao cimo da casa. Vi que o ladrão ainda se encontrava no meio daquele mar de gente e acompanhei os seus movimentos saltando de telhado em telhado. Não tardou para que o rapaz se apercebesse da minha presença e começou a correr em direcção à floresta com todas as forças que tinha. Assim que me aproximei o suficiente, realizei alguns selos e concentrei chakra nas mãos, enviando-os depois para o solo de forma a criar duas mãos de lama que apareceram à frente do ladrão e foram o suficiente para o fazer cair ao chão. Dei um rápido sprint para o apanhar e saltei para cima dele para que não pudesse fugir, no entanto, assim que o agarrei percebi que aquilo era apenas um tronco e vi-o sobre o tronco de uma árvore, sorrindo. Ele preparava-se para escapar mas não se apercebeu da chegada de Shijou que, com uma velocidade e agilidade impressionantes, subiu a uma outra árvore, agarrando-se depois a uma liana para se aproximar do rapaz e atacá-lo com um pontapé que não o acertou por milímetros. Todavia, aquele não era um pontapé normal mas sim um taijutsu pertencente ao estilo Gouhaya Ryuu e foi o suficiente para desequilibrar o ladrão e fazê-lo cair da árvore. Sem perder tempo, corri na direcção do rapaz, que estava no chão a contorcer-se de dores, e fazendo alguns selos e concentrando chakra criei uma espigão de terra na palma da minha mão, tendo depois agarrado o ladrão e encostado o espigão ao seu pescoço.

- Quem és tu e onde colocaste o quadro que roubaste do museu desta aldeia? - Perguntei num tom ameaçador.
- Calma, por favor, não me matem! Eu sou apenas um lacaio, apenas cumpri as ordens que me foram dadas... - Dizia o rapaz, visivelmente aflito.
- Ei, ei, acalma-te e nós não te fazemos nada. - Interrompeu Shijou, colocando-lhe o pé na boca. - Agora, diz-nos quem te enviou cá e onde o podemos encontrar.
- Eu não sei o seu nome, ele nunca mostra a sua cara e apenas me deu esta flauta para que pudesse roubar para ele.
- E onde é a vossa base? - Inquiri, exercendo maior pressão no espigão que se encontrava sobre o pescoço do ladrão.
- Eu digo tudo o que quiserem mas não me matem, por favor. Para o encontrarem basta seguirem este caminho até verem um pequeno forte mas não será uma tarefa fácil entrar lá devido aos guardas que a o rodeiam e também devem ter cuidado pois ele é muito poderoso... - Assim que lhe saquei toda a informação necessária, espetei-lhe o espigão no pescoço, calando-o finalmente.
- Ei, não achas isso um bocado cruel?! Ele contou-nos tudo o quisemos saber. - Refilou Shijou.
- É preferível assim do que deixá-lo ir avisar os seus amigos de que nós vamos atacar. É sempre melhor não deixar testemunhas, principalmente quando são tão covardes como esta. - Respondi friamente.
- Tens razão, eu teria feito o mesmo. - Retorquiu o rapaz de cabelos pretos, com a atitude relaxada que lhe era característica. - Bem, parece que esta flauta era mesmo especial mas não tanto quanto dizia a lenda.
- Qual era o truque?
- Alguém selou um genjutsu na flauta, fazendo adormecer qualquer um que oiça o seu som, ou seja, assim que alguém toca a flauta o genjutsu é activado.
- Supondo que quem o enviou cá foi a mesma pessoa que selou o genjutsu na flauta, parece que vamos ter de enfrentar um especialista em genjutsu com uma habilidade considerável.
- Tens razão, o melhor por agora é levarmos a jóia de volta para a aldeia e amanhã iremos recuperar o quadro roubado. - Concluiu Shijou, guardando a jóia e a flauta numa pequena bolsa e dirigindo-se para a vila.