Os estores semi-cerrados e os cortinados fechados filtravam a luz que tentava invadir a habitação, dando um tom beje pintalgado às paredes. A porta de madeira do quarto abria-se e com o seu movimento varreu um pouco do cotão do chão, dando uma permissão silenciosa a Koria que entrava pé ante pé, tentando fazer o mínimo barulho possível. Uma tábua rangeu com o passo descuidado da mãe, esta retirou de imediato o pé do local e parou por alguns segundos para ver o vulto adormecido. Ela própria convencera Yukiteru a dar espaço às filhas, deixando-lhes a responsabilidade, desde novas, a tentarem decorar o quarto de cada uma à sua maneira. Por essa mesma razão, raramente entrava naqueles quartos sem ser convidada e sempre que o fazia tinha um novo desgosto. Rodou um pouco a cabeça e viu a confusão que o quarto estava. A maior parte da mobília tinha ou gavetas abertas ou vários objectos mascarando uma larga camada de pó. A secretária de Miya mostrava-se ocupada por um universo de papéis, scrolls, armas, tintas e seus pinceis e frascos de medicamentos de variados tamanhos e cores. O equipamento usado mais recentemente, ou pelo menos Koria esperava que fosse, encontrava-se espalhado pelo soalho. A rapariga a quem pertencia o quarto permanecia a dormir. Cabeça entre as almofadas, cobertores a cobrir todo o seu corpo, criava ali inconscientemente o seu próprio mundo, o seu lar doce lar, onde podia descansar e esquecer os seus problemas...
— Miya salta! — A rapariga imitava a sua sensei para se desviar de uma nova bala de água. O homem de nuca rapada e queixo barbudo não deixava uma abertura para a dupla feminina poder aproveitar e atacar. Estavam já naquele jogo de rato e gato à cerca de meia hora, ora perseguindo-o através dos jardins do palácio, ora sendo repelidas por jutsus sortidos.— Miya... Miya acorda filha... — Uma voz suave, num tom materno de preocupação chamava-a para a realidade, mas ela debatia-se contra o chamamento.
Estava já caída no chão. Os arbustos picavam-na e arranhavam-na por toda a superfície do seu corpo. Aquele tom de pele branco, quase imaculado, que lhe era próprio era manchado pontualmente por vários círculos imperfeitos de sangue causados pelos espinhos das plantas. — Taka-sensei! — Tentou erguer-se naquele pouso pouco confortável e procurar pela Jounnin. Para seu espanto encontrara-a não muito longe de si, mas inconsciente, de roupas rasgadas e queimadas.
— Ó pobre menininha... Abandonada pela tua sensei. É por isto que nunca gostei de senseis. Ora estão ao nosso lado, prontos a proteger-nos, ora estão parados sem puderem fazer nada. Umas vezes porque simplesmente não podem, outras vezes porque têm uma kunai enfiada na garganta por sabe-se lá quem. — O homem fazia alguns selos enquanto dizia aquelas palavras e olhava para Miya. Temendo o que se seguiria, fechou os olhos firmemente. Esperou pelo estrondo, pela dor a percorrer o seu corpo, nervo a nervo e inconscientemente soltar um grito de agonia que fosse apenas dar mais prazer ao sádico que tinham que capturar. Porém, nada disto aconteceu. Ao abrir os olhos apenas viu a silhueta de um rapaz alto. Conseguiu diferenciar-lhe o cabelo castanho e o que parecia ser uma katana na sua mão direita. Um brilho forte permanecia à frente dele e mesmo antes de desmaiar conseguiu ver a enorme cúpula líquida que a protegia a ela e ao estranho rapaz...— Miya... Miya acorda filha... — Uma voz suave, num tom materno delicado e de preocupação, um abano leve e os olhos da pequena loira abriram-se lentamente para a penumbra do seu quarto. Esta retirou devagar uma das almofadas que tinha sobre a sua cabeça, virou-se para cima e olhou para o vulto que os seus olhos ainda meio sonolentos não queriam dar cor e forma.
— Bom dia Mãe. — Cumprimentou ela enquanto virava o resto do seu corpo para cima.
— Bom dia filha. Dormiste bem? — A rapariga acenou um sim meio desajeitado com a cabeça e a mãe logo sorriu. — Levanta-te e desce. A Ayame decidiu fazer ela o pequeno almoço para comemorar o teu regresso de Na no Kuni.
— Vou já descer. Não quero perder a comida da Ayame-chan. Vou só lavar a cara...
— Vou então descer. Despacha-te. — Koria levantou-se e dirigiu-se para a porta do quarto, passando o dedo por um pouco da mobília, reprovando de imediato a mancha cinzenta que ficara no seu dedo indicador.
Thump!Um som seco de algo a bater no soalho de madeira chamou atenção à mulher. A morena virou-se de imediato, assustada com o barulho repentino e inconscientemente a temer já o pior. Miya estava desmaiada no chão, de pernas dobradas algo aleatoriamente, braços debaixo do seu peito e a cabeça tapada pelos seus cabelos fartos.
Koria, com uma cara entre a surpresa e a preocupação aproximou-se rapidamente da sua filha.
—
Outra vez não... Acorda. — Pôs a rapariga de barriga para cima, suspirando entre os soluços nervosos. — ACORDA MIYA!
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Pequenino e sem OST... Apetece-me treinar, mas para isso tenho que pôr a história em dia T.T