Selim acordou cedo uma vez mais. As três semanas findavam, por fim, e era tempo de voltar a Suna. Voltava maior, mais maduro, mais forte, mas mais triste do que nunca. Agora que tinha aprendido uma vez mais o que significava ter… um amigo.
Levantou-se sem acordar o pequeno Uchiha que dormia ao seu lado. Preparou-se sem um ruído e, aproximando-se dele, afastou-lhe o cabelo comprido dos olhos, calmamente.
- Sayonara, tomodachi. – murmurou.
Com isto saiu de casa silenciosamente, com um nó na garganta um aperto no peito. E de repente a insignificância esmagou-o. Konoha continuaria, sem ele, Hayato tornar-se-ia mais forte, sempre. Ele seria apenas mais um shinobi que por ali passara. E tudo perderia significado, tudo seria o mesmo que nada.
Aproximou-se do portão amarelado, em silêncio.
- Hooooooooi! Selim! – gritou uma voz.
O pequeno Uchiha corria a toda a brida para ele. O rapaz de Suna parou sorrindo.
- Baka! Ias embora sem dizer nada? – inquiriu ele escandalizado.
- Não gosto de despedidas, a tua cara é tão adorável que podia não resistir socá-la se soubesse que era a última vez que a via – ironizou o outro.
Hayato socou-o brincando.
- Selim. Eu, espero que voltes cá. – afirmou o Uchiha – eu quero, lutar contigo.
O de Suna ficou surpreendido com aquilo, não esperava tal coisa do jovem Hayato.
- Ha. – disse – eu também, quero lutar contigo.
De repente o jovem de cabelos negros parou, estático. Os medos do rapaz desfilavam na mente de Selim.
- Kuso. – exclamou cortando o fluxo de chakra para os olhos, libertando o rapaz em seguida. – Hayato? Estás bem?
- O que foi isso? – perguntou ele ainda espantado com a experiência.
- Isto foi, o meu instinto. – revelou o rapaz sorrindo.
E com isto saiu pelo portão amarelo. Nas sombras dele, no exterior, estava Ryuku.
- Boa-sorte Selim. – desejou sorrindo.
- Arigato, sensei. – respondeu o Genin emocionado. Depois abalou, para Suna.

Suna

Passou pelo grande portão, cumprimentando os chuunin da guarda. Caminhou pelas ruas estreitas e deixou os trouxas em casa. A sua mãe não estava. Saiu, decidindo procurar por Takashi. Correu por isso para o armazém que tinha sido a sua base antes “d’O Assalto”.
Estava escuro, ou melhor, o ambiente parecia alaranjado. Não via Eru ou Daitsu. Em vez disso estava um rapaz de cabelos claros sentado numa mesa, de costas. Na parede lateral estava uma massa branca disforme. Aproximou-se do rapaz de cabelos claros, que puxou o capuz branco para cima, cobrindo o cabelo e ocultando-lhe as feições também.
- Senta-te, Selim.
A voz familiar causou-lhe um arrepio na espinha. Musical e bela, sempre o achara. Puraido. Que raio estava ele a fazer no meio de Suna?!
Sentou-se à sua frente. Sobre a mesa estava um tabuleiro de xadrez. Não compreendia o que diabo se estava a passar, mas sentou-se à sua frente.
Puraido mexeu um peão confiante, enquanto fitava Selim através do capuz. O outro não prestava atenção ao jogo. No caixão estava Takashi, inconsciente, completamente inserido numa pasta branca. Kibaku Nendo. Entre a mesa onde estavam e o caixão estava uma balança de pratos.
- O que significa isto, Puraido?
- É simples, Selim – disse ele mostrando os dentes brancos num sorriso – cada peça que eu tome, tua, será posta na balança. Se apanhar as 16, o peso chega ao limite e ele explode. Caso eu apanhe o rei, explode na mesma.
- E se eu tomar as tuas 16?
- Nesse caso o chakra no Kibaku Nendo será drenado pelo caixão e passará a ser apenas barro inútil.
Selim mexeu o seu peão, então. Puraido continuou a jogar, contra o jovem High Genin. Este temia pela vida do sensei e não se podia concentrar devidamente no jogo. As peças negras foram desaparecendo, uma por uma.
- Tens medo Selim. Alguém com medo não me pode vencer.
- Chega.
O jogo continuou, e o peso no prato de Puraido foi subindo bastante, relativamente ao da balança de Selim.
- Xeque-mate.
Agarrou o rei com leviandade perante os olhos assustados de Selim. A sua mão ia a pousar sobre o prato da balança, quando o outro finalmente falou.
- Pára. O que queres de mim?
- O que estás disposto a dar? – perguntou Puraido brincalhão, rodando o rei na mão.
Os olhos verdes do rapaz prenderam-se naquela peça, a peça que ceifaria a vida do seu sensei.
- Tudo.
- É tão simples quanto isto, Selim. Apenas tens de me deixar treinar-te, vem comigo. – pediu sorrindo friamente.
O rapaz de Suna fitou-o perplexo. Qual a vantagem em treiná-lo? Por que quereria Puraido fazê-lo? Não sabia, não fazia ideia. Talvez apenas quisesse levá-lo, raptá-lo, usá-lo, quiçá. Mas não estava em posição de retaliar, independentemente das intenções do outro.
- Assim seja.
Com o consentimento do rapaz, Puraido levantou-se calmamente e apontou um dedo ao Kibaku Nendo, enquanto o ar se tornava alaranjado. Caixão e barro desfizeram-se em partículas negras que voaram para longe, pela janela, resultando na queda de Takashi. Puraido ergueu-o no ar, com um gesto de mão, sentando-o na cadeira onde estava.
- E agora Selim, vamos.
O rapaz sentiu-se leve de repente, enquanto as suas pernas braços e todo o corpo se desfaziam em partículas negras. A sua visão passou para uma perspectiva vertical, e depois passou apenas a ver manchas coloridas, tal a velocidade a que se deslocavam. Em apenas alguns segundos deixou de ter consciência de qualquer imagem, perdeu a sensação de calor e frio. Era diferente de tudo o que tinha experimentado.
De repente o peso atingiu-o como uma bala, enquanto se materializava no centro de uma sala branca. Havia sete cadeiras dispostas em espiral, ocupadas por seis figuras negras e uma vestida de branco, no topo, Puraido.
- Trouxe um convidado – anunciou alegremente – ele ficará connosco e vamos todos ser amáveis com ele. Ikkuso, Selim.
Selim não o compreendeu, mas a afirmação de Puraido era uma ordem dissimulada. Nenhuma daquelas figuras negras o magoaria, ou consentiria que fosse magoado na sua presença, pelo menos enquanto ali estivesse. O rapaz de branco agarrou-o pela mão e levou-o por alguns corredores ricamente mobilados, iluminados por candelabros a espaços regulares. Naquele labirinto de corredores andaram, descendo a subindo escadas, até desembocarem num enorme pátio, uma arena.
- É aqui que vamos treinar. Selim, compreendes o poder que a família tem nas ilusões, certo?
- Domino bem Genjutsu, se é isso que queres dizer.
- Claro, tens uma afinidade especial para isso. Mas até agora exploraste apenas os cantos mesquinhos desse poder, eu vou-te ensinar, o poder da ilusão na nossa realidade.


Eu ponho a ost amanhã, agora não tenho tempo, perdão ^^

Maravilhoso, despediste de Konohagakure maravilhosamente.
Depois chegaste a Suna e uma surpresa, agradável ou não depende das circunstancias, apareceu. O que vai sair deste treino ?